Porque derramarei água sobre o sedento, e rios sobre a terra seca; derramarei o meu Espírito sobre a tua posteridade, e a minha bênção sobre os teus descendentes.    

Isaías 44:3

INTRODUÇÃO

   “No princípio Deus criou os céus e a terra” (Gênesis 1:1 – NVI) A partir deste ponto estabelecemos em nossa cosmovisão, isto é, a maneira como entendemos o mundo, a ideia de que tudo o que existe, inclusive o próprio universo, foi criado por um ser superior, Deus, que posteriormente inspirará homens para escrever Sua sagrada palavra revelando a Si mesmo e Sua obra. A partir deste ponto, é narrado dia a dia o que o Senhor criou. No sexto dia, o Senhor decidiu dar vida a uma criatura diferente das demais: “Então disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança. Domine ele sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre os animais grandes de toda a terra e sobre todos os pequenos animais que se movem rente ao chão. Criou Deus o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou” (Gênesis 1:26-27 - NVI). O texto ainda detalha “Então o Senhor Deus formou o homem do pó da terra e soprou em suas narinas o fôlego de vida, e o homem se tornou um ser vivente” (Gênesis 2:7NVI).

 

O ÚLTIMO ADÃO

   Está criado Adão (ãdhãm), feito do pó da terra (dhamã), palavras que no hebraico estão intimamente ligadas, assim como a relação do Adão criado e a terra. Quando Paulo apresenta Jesus sendo o último Adão, faz-se necessário rememorarmos o primeiro, desde sua criação até suas obras. Por ter sido feito à imagem e semelhança de Deus, nós herdamos esta mesma semelhança de nosso ancestral-mor. Para Vicente Cheng, isto “significa ter uma mente racional, pois muitos animais correm mais rapidamente que o homem, muitos são mais fortes, e alguns podem até voar, mas nenhum pode entender silogismos dedutivos ou resolver equações algébricas.

   Mais importante, nenhum animal pode realizar reflexões teológicas.” Sendo para ele esta mente racional o ponto de contato com Deus. No entanto não são só coisas boas que herdamos dele. Em Gênesis lemos o seguinte relato: “O Senhor Deus colocou o homem no jardim do Éden para cuidar dele e cultivá-lo. E o Senhor Deus ordenou ao homem: “Coma livremente de qualquer árvore do jardim, mas não coma da árvore do conhecimento do bem e do mal, porque no dia em que dela comer, certamente você morrerá” (Gênesis 2:15-17-NVI). Adão comeu do fruto proibido e portanto pecou contra Deus. Os efeitos de seu pecado foram terríveis, pois sendo ele o representante da humanidade, sua queda representou a queda de todos. Gerando desta forma em nossa natureza o pecado e a morte.

    Paulo em sua carta aos Romanos descreve: “Portanto, da mesma forma como o pecado entrou no mundo por um homem, e pelo pecado a morte, assim também a morte veio a todos os homens, porque todos pecaram; pois antes de ser dada a lei, o pecado já estava no mundo. Mas o pecado não é levado em conta quando não existe lei. Todavia a morte reinou desde o tempo de Adão até o de Moisés, mesmo sobre aqueles que não cometeram pecado semelhante à transgressão de Adão, o qual era um tipo daquele que haveria de vir. Entretanto não há comparação entre a dádiva e a transgressão. Pois se muitos morreram por causa da transgressão de um só, muito mais a graça de Deus, isto é, a dádiva pela graça de um só homem, Jesus Cristo, transbordou para muitos! Não se pode comparar a dádiva de Deus com a consequência do pecado de um só homem: por um pecado veio o julgamento que trouxe condenação, mas a dádiva decorreu de muitas transgressões e trouxe justificação. Se pela transgressão de um só, a morte reinou por meio dele, muito mais aqueles que recebem de Deus a imensa provisão da graça e a dádiva da justiça reinarão em vida por meio de um único homem, Jesus Cristo. Consequentemente, assim como uma só transgressão resultou na condenação de todos os homens, assim também um só ato de justiça resultou na justificação que traz vida a todos os homens” (Romanos 5:12-18-NVI).

   Em 1 Coríntios, Paulo também explana o ensinamento quanto às consequências do pecado de Adão: “Pois da mesma forma como em Adão todos morrem, em Cristo todos serão vivificados” (1 Coríntios 15:22NVI). Em sua teologia, Paulo utiliza-se de uma regra hermenêutica que é comum aos escritores do Novo Testamento, indo do menor para o maior, neste caso de Adão a Jesus Cristo, sendo Adão o primeiro ser humano criado por Deus e estabelecido como o cabeça de toda a raça humana transferindo para seus descendentes qualidades físicas e morais. Ele não conseguiu atingir aquilo que Deus projetara para sua criação, a imortalidade. Tendo sido reprovado e expulso do Éden e levando consigo todos seus futuros descendentes. Sendo impossível à humanidade, pelo seu próprio esforço, redimir-se e retornar para os planos divinos, foi-nos enviado alguém capaz de redimir a descendência de Adão, Jesus Cristo. 

   Segundo Kistemarker: “o que faltava em Adão foi agora aperfeiçoado em Cristo. Vencendo a morte, o segundo Adão alcançou a imortalidade.”71 Jesus Cristo, como último Adão, é o pleno cumprimento do primeiro. Enquanto Adão é somente um ser vivente criado por Deus que alcançou a morte, Cristo, ao ingressar no mundo como homem, tornou-se Aquele, que embora tenha sofrido a morte, venceu-a por meio de Sua ressurreição, tendo autoridade para conceber esta dádiva divina a todos os Seus. Destaca-se também que quando Ele derrotou a morte, obteve um corpo humano transformado, que é espiritual. Paulo nos ensina em 1 Coríntios que Jesus Cristo “é as primícias dentre aqueles que dormiram” (1 Coríntios 15:20NVI). No Antigo Testamento, as primícias eram os primeiros frutos colhidos na estação, que o povo oferecia a Deus em reconhecimento por Sua fidelidade em providenciar as safras na devida estação. Ressurgindo dentre os mortos, Jesus é o primeiro fruto e portanto garantia da colheita que está porvir. 

 

JESUS O CABEÇA DA IGREJA

   Sendo então Adão o cabeça da raça humana que nos conduziu a uma vida decaída e limitada pelo pecado, Jesus Cristo é apresentado como o cabeça do Povo de Deus, ou seja de Sua Igreja, conduzindo Seu povo para uma vida redimida e plena. Paulo, em Colossenses, descreve Cristo como sendo a cabeça do corpo: “Ele é a cabeça do corpo, que é a igreja; é o princípio e o primogênito dentre os mortos, para que em tudo tenha a supremacia. Pois foi do agrado de Deus que nele habitasse toda a plenitude, e por meio dele reconciliasse consigo todas as coisas, tanto as que estão na terra quanto as que estão no céu, estabelecendo a paz pelo seu sangue derramado na cruz” (Colossenses 1:18-20-NVI). Enquanto nos livros de 1 Coríntios e Romanos, especificamente no capítulo 12 de cada carta, Paulo visa a descrever a Igreja como corpo de Cristo com vários membros e portanto com muitas funções distintas para cada membro e como cada um deveria utilizar seus talentos para benefício do próprio corpo.

   Nesta passagem de Colossenses, ele destaca a supremacia e preeminência de Cristo como a cabeça do corpo. Sendo por intermédio de Cristo que a Igreja é reconciliada com Deus mantendo-se viva e em crescimento. Em Efésios 1:22 Paulo nos ensina que Deus colocou todas as coisas debaixo dos pés de Cristo e O designou como cabeça de todas as coisas para a Igreja. Isso significa que Jesus Cristo é e sempre será Soberano sobre Sua Igreja. E a Igreja sempre dependerá exclusivamente de d’Ele. Para Hendriksen não há melhor ilustração do que a de Cristo como a cabeça do corpo, pois é da cabeça que provém os hormônios responsáveis pelo crescimento do corpo, seus tecidos, cartilagens e ossos. Além de estar associada com a ideia de liderança, é por ela que são dirigidas as ações e os pensamentos do corpo. Desde as atividades conscientes como a leitura deste texto até as ações inconscientes como respirar e a frequência de nossas batidas cardíacas. Portanto nós como membros deste corpo devemos buscar as coordenadas de Cristo cumprindo a função para nós designada.

 

JESUS A VIDEIRA VERDADEIRA

   “Eu sou a videira, vós as varas; quem está em mim, e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer” (João 5:15NVI). Nosso Salvador Jesus Cristo, no capítulo 15 do evangelho de João, ensina por meio da alegoria da videira que nós cristãos somos como ramos de uma videira, que é Ele próprio. Nessa alegoria, há especificados 2 tipos de ramos, aqueles que produzem frutos e aqueles que não produzem. O que há de comum a estes dois grupos é o contato com Cristo e o evangelho, o povo de Deus é identificado pelos ramos que permanecem na videira produzindo frutos sem nunca perecer.

   Podemos notar, à luz desta passagem, que a Igreja do Senhor Jesus Cristo só pode ser sustentada e encontrar a sua unidade espiritual e moral no Senhor Jesus Cristo. A vida dada aos ramos tem como fonte a Videira, sendo então a nossa vida terrena, quase nada comparada com a vida eterna dada por Cristo Jesus. Segundo Hendriksen, Jesus Cristo adorna aqueles que O amam com o fruto do Seu Espírito, descritos em Gálatas: “Mas o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio. Contra essas coisas não há lei” (Gálatas 5:22-23-NVI). Neste mundo atual, muitos fi lhos de Deus buscam por meio da sua própria força de vontade, ou por vezes, em técnicas de autoajuda, produzir o fruto que somente Cristo e Seu Espírito podem produzir.

   Nós não somos capazes de buscar o domínio próprio, a mansidão, ou encontrarmos o verdadeiro amor e alegria se não buscarmos na fonte correta, que é Jesus Cristo. Um realce que não poderia passar despercebido é que nosso Deus Pai é apresentado como o viticultor que cuida da videira que é Cristo para que ela possa produzir o fruto do Espírito Santo. Nossa salvação está em Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo e é em nome de cada uma das Pessoas de Deus que somos batizados.

 

JESUS CRISTO, O SUMO SACERDOTE

   “Por essa razão era necessário que ele se tornasse semelhante a seus irmãos em todos os aspectos, para se tornar sumo sacerdote misericordioso e fi el com relação a Deus e fazer propiciação pelos pecados do povo” (Hebreus 2:17NVI). O texto de Hebreus apresenta Cristo como sendo o nosso Sumo Sacerdote, função exercida no antigo testamento pela linhagem de Arão. Na aliança que o Senhor fez com Moisés, o Sumo Sacerdote entrava anualmente no Santo dos Santos no templo e aspergia o sangue do sacrifício pelo povo com o intuito de remover os pecados diante do Senhor, sendo assim mediador entre Deus e os homens. Segundo Kistemarker “Jesus é descrito como um sumo sacerdote que representa o homem diante de Deus, desvia a ira de Deus, cura o coração quebrantado, ergue o caído e ministra às necessidades de seu povo.” Jesus Se apresenta diante de Deus como um Sumo Sacerdote fi el e diante do povo como um Sacerdote misericordioso, tendo expiado os nossos pecados de forma definitiva por meio do Sacrifício de Si mesmo reconciliando-nos de uma vez por todas com o nosso Senhor.

 

CONCLUSÃO

   “Regozijemo-nos! Vamos nos alegrar e dar-lhe glória! Pois chegou a hora do casamento do Cordeiro, e a sua noiva já se aprontou.” (Apocalipse 19:7NVI). Na cultura hebraica, o rito do noivado envolvia os noivos e suas recíprocas noivas, essa promessa era feita diante de testemunhas e marcava o período de espera das bodas. Nesse período, as famílias acertavam o dote e, quando o pagamento era concluído, o noivo acompanhado por uma comitiva de amigos levava sua esposa para sua casa, onde se promoveria a festa nupcial. Segundo Hendriksen: “Em Cristo, a noiva foi eleita desde a eternidade. Ao longo de toda a antiga dispensação, as bodas foram anunciadas. Em seguida, o Filho de Deus assumiu nossa carne e sangue: os noivados se concretizaram. O preço – o dote - foi pago no Calvário. E agora, depois de um intervalo, que aos olhos de Deus não passa de pouco tempo, o Noivo regressa e “chegaram as bodas do Cordeiro”. A Igreja na terra anela por esse momento, como faz a Igreja no céu.”

   É notório nos escritos bíblicos o esforço dos autores humanos do novo testamento em apresentar Cristo de diversas formas, fazendo uso de todo tipo de recurso linguístico com o intuito de demonstrar a fundamental importância de Cristo em nossas vidas. Mesmo assim, algumas vezes, ainda agimos com rebeldia, como se Sua obra dependesse principalmente de nós. Jesus atua hoje e atuará sempre da mesma forma, restaurando nossa relação com Deus, conduzindo-nos como Seu povo, fazendo-nos crescer. O fruto espiritual e a vida em abundância não são obras nossas, mas parte da graça abundante que recebemos d’Ele.

 

QUESTÕES PARA DISCUSSÃO EM CLASSE

1. Quais são as semelhanças de Adão com Deus?

R.

 

2. Porque Jesus Cristo é chamado último Adão?

R.

 

3. Podemos dar Frutos espirituais longe de Cristo (Jo15:5)?

R.

 

4. Qual a importância de Cristo como Sumo Sacerdote (Hebreus 2:17)?

R.

 

5. Quem é a noiva de Cristo (Ap: 19:7)?

R.

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