Ele, porém, disse-lhes: Não vos assusteis; buscais a Jesus Nazareno, que foi crucificado; já ressuscitou, não está aqui; eis aqui o lugar onde o puseram.    

Marcos 16:6 

A ressurreição de Jesus é o evento mais importante de toda a história humana. Sem ela toda a esperança de uma vida após a morte seria como o conto da Branca de Neve e os sete anões. Desde aquele dia no Éden, quando nossos primeiros pais se rebelaram contra o governo de Deus, a morte se tornou nosso salário por direito (Romanos 6:23). Teríamos permanecido nessa situação se não fosse a intervenção Divina. Ainda no Jardim do Éden, Deus trouxe a primeira promessa de que a morte teria uma solução definitiva, e que essa solução estaria diretamente ligada ao descendente da mulher (Gênesis 3:15).

   Esse descendente (Jesus) seria ferido no calcanhar, e por meio dEle a cabeça da serpente (Satanás) seria esmagada. Daquele ponto em diante, as profecias a respeito desse descendente e do que aconteceria a Ele foram se tornando mais claras. Essa semana vamos estudar sobre o significado da ressurreição de Jesus e o quanto esse evento é significativo para toda raça humana. Veremos que, mesmo antes da encarnação do Verbo como homem, já estava profetizada no Antigo Testamento Sua morte e ressurreição dos mortos.

A RESSURREIÇÃO DE JESUS NO ANTIGO TESTAMENTO

   A ressurreição dos mortos não era uma novidade para os Israelitas. Tanto Isaías 26:19 como Daniel 12:2 já haviam deixado claro que o homem voltaria a vida e que uns seriam ressuscitados para a vida eterna e outros para a condenação eterna. O fato dos Saduceus não crerem na ressurreição (Mateus 22:23) demonstra o quanto esses líderes religiosos estavam longe de Deus e explica a facilidade que eles tiveram de mandar matar o Messias que eles tanto almejavam e aguardavam. Porém os fariseus criam na ressurreição. Eles tinham maior compreensão das promessas do Senhor. Mas uma parte da ressurreição lhes era encoberta. Eles não sabiam presumir qual era o preço dessa ressurreição. Achavam que a Lei era o meio de se chegar a ela. Mas mesmo no Antigo Testamento já havia sido profetizado que o Messias deveria morrer pelos pecados para trazer vida aos transgressores (Isaías 53:4-9) e depois ressuscitar dos mortos para exercer Seu direito de vencedor sobre a morte e atribuir essa autoridade aos homens que nEle cressem (Isaías 53:10-11). Portanto a ideia de um messias que deveria morrer e ressuscitar não era algo novo apenas no Novo Testamento, mas tão antigo como a promessa de Deus feita a Adão no paraíso alguns momentos antes de sua expulsão daquele lugar.

PRIMEIRA TENTATIVA DE NEGAR A RESSURREIÇÃO

   Após a ressurreição de Jesus, os soldados romanos que estavam cuidando do sepulcro correram para Jerusalém com a notícia daquilo que eles haviam presenciado com seus próprios olhos (Mateus 28:11-15). Os líderes religiosos, que haviam tramado toda a execução de Jesus, ficaram alarmados com o relato dos guardas, mas, em vez de se humilharem em arrependimento por terem rejeitado o Messias prometido e tê-lO mandado matar, sordidamente subornaram aqueles homens para calá-los. Por uma vultosa soma de dinheiro, ordenaram que eles espalhassem a notícia de que Seus discípulos vieram à noite e roubaram o corpo enquanto eles estavam dormindo.

   Foram os sacerdotes os primeiros homens a negarem a ressurreição e, por sua influência, quase todos os judeus negaram ao Messias prometido. Eles terão uma justa conta a acertar com Deus no dia do Juízo. Houvessem eles reconhecido sua falha ao executarem o Messias e Deus ainda os teria honrado pela sua humilhação. Mas o orgulho e o medo das consequências de seus atos os fizeram encobrir a maior história de todos os tempos. Até os nossos dias a mentira espalhada pelos soldados romanos é tida como verdadeira entre os judeus de todo o mundo.

O FATO DA RESSURREIÇÃO

   Nem com todas as artimanhas do mundo o diabo conseguiu esconder a verdade sobre a ressurreição do Senhor Jesus. Muitos foram os que viram o Salvador ressurreto. As primeiras testemunhas da ressurreição foram os soldados romanos. Embora tenham aceitado espalhar um falso relato, eles não podiam esconder isso de todos. Era uma infração punível com a morte um soldado romano ser pego dormindo em sua hora de vigilância. A mentira pode ter sido espalhada entre os judeus, mas não na fortaleza Antônia. Se os soldados contassem a mentira a Pilatos teriam sido sumariamente executados, porém isso não aconteceu. E o fato dos romanos não terem mandado prender os discípulos por roubo deixa muito claro que a mentira espalhada pelos soldados era uma fraude.

   Também na madrugada daquele dia algumas mulheres foram ao sepulcro e o encontraram vazio. Não viram o Senhor naquele momento, mas tiveram um encontro com dois anjos que lhes afirmaram categoricamente que Jesus havia ressuscitado (Lucas 24:1-8). Elas creram e saíram a anunciar a ressurreição de Jesus. No mesmo dia, Maria Madalena viu o Senhor ressurreto. Enquanto chorava, o Salvador veio até ela e Se mostrou como Aquele que venceu a morte (João 20:11-18).

   Ao findar do primeiro dia da semana, dois discípulos se encontraram com o Cristo ressurreto na estrada para Emaús (Lucas 24:13-35). Eles ficaram sabendo depois que o Senhor havia Se manifestado também a Pedro naquele mesmo dia (Lucas 24:34). Por fim, Jesus Se manifestou aos dez discípulos que estavam trancados com as portas fechadas por medo dos judeus (João 20:19). Paulo relata que, posteriormente a esses fatos que ocorreram no primeiro dia da ressurreição, Jesus apareceu vivo a mais de quinhentos irmãos de uma única vez (1 Coríntios 15:6) e, porfim, a ele mesmo na estrada para Damasco (1 Coríntios 15:8). 

   Existe um argumento muito mais forte que os anteriores a favor da ressurreição. Trata-se dos mártires do primeiro século. Não estamos falando de homens e mulheres que ouviram e aceitaram o relato da ressurreição pela pregação dos apóstolos, mas sim de homens e mulheres que viveram com Jesus e foram testemunhas oculares de tudo que Ele fez (2 Pedro 1:16). Se a ressurreição foi uma fraude, por que homens e mulheres dariam a vida por uma farsa? Isso não teria lógica e é humanamente impossível. Poderíamos até mesmo admitir que um ou outro se deixassem matar por uma loucura, mas não centenas e milhares de pessoas. Somente a certeza de que essas pessoas tinham de realmente ter contemplado verdadeiramente esse evento glorioso pode explicar que eles não tivessem valor pela própria vida e alegremente morressem por essa verdade que possuíam.

A NATUREZA DO SEU CORPO RESSURRETO

   Como cristãos, temos a convicção de que Jesus de fato ressuscitou e está à direita do Todo Poderoso. Mas com o passar do tempo, dúvidas com relação ao tipo de corpo que Jesus tinha após a ressurreição começaram a correr entre os crentes. A mais perniciosa foi a levantada pelos gnósticos. Segundo esses, Jesus não ressuscitou com um corpo e sim “parecia” ter um corpo. Segundo essa seita, Jesus é espírito e tão somente espírito. Isso porque na ótica gnóstica o corpo é matéria e toda matéria é essencialmente perversa. Já o espírito é plenamente bom. Sendo assim, os gnósticos não se importavam com o pecado feito no corpo. Esse é o motivo deles ensinarem que Jesus não ressuscitou. Se tivesse ressuscitado teria um corpo feito de matéria e isso faria d’Ele um ser sujeito a toda sorte de desejos impuros.

   Contra essa seita perniciosa, escreveram tanto os apóstolos em suas cartas aos crentes como também os pais da Igreja. O evangelho de João bem como a primeira epístola de João são exemplos da defesa apostólica contra o gnosticismo. Outro segmento contrário à ressurreição de Jesus surgiu com o advento do Islamismo. Segundo essa religião, Cristo não morreu, mas foi feito parecer aos judeus que Ele teria morrido. No lugar do Salvador, teria sido morto um discípulo que aceitou a incumbência de se passar pelo Mestre. Segundo o Islamismo, Jesus não só não morreu como foi levado aos Céus e lá permanece até os dias de hoje. Não devemos esquecer também de frisar que para o Islã Jesus foi apenas mais um profeta e não o Filho de Deus.

   Que Jesus possuía um corpo ressurreto é fato pela própria narração bíblica que não deixa dúvidas com relação a isso. No Evangelho de Lucas, que foi escrito para o público greco-romano suscetível ao gnosticismo, é dito que quando Jesus Se manifestou entre os discípulos, após a ressurreição, eles temeram porque achavam se tratar de um espírito. Mas Ele procurou tranquilizá-los pedindo para que O tocassem. Como eles ainda não acreditavam, de tanta alegria que sentiam, o Senhor pediu para que Lhe dessem algo para comer. E comeu na frente deles para que eles tivessem a certeza de que não se tratava de um espírito, mas sim d’Ele mesmo ressurreto (Lucas 24:36-42).

   Que tipo de corpo Jesus possuía depois da ressurreição? Essa é uma resposta difícil de dar porque não existe nenhum texto bíblico que diga isso claramente. Mas podemos ter por certo que não é diferente do corpo que os santos possuirão mediante a ressurreição ou a transformação do corpo mediante a vinda do Senhor(1 Coríntios 15:51-52). Quando Jesus veio a esse mundo como homem, recebeu um corpo igual ao nosso. Claro que esse corpo possuía as mesmas deficiências, fraquezas e restrições que o nosso corpo mortal possui, um corpo de carne e sangue. É justo dizer que como nosso irmão mais velho, Ele não perderá esse parentesco conosco. Então certamente o mesmo corpo que possuiremos na eternidade será o mesmo que Ele recebeu na ressurreição. A primeira Carta aos Coríntios no capítulo quinze é de fato uma defesa extraordinária de Paulo com relação à ressurreição do corpo. Mas não só fala ele da ressurreição, mas também da espécie de corpo que receberemos quando a eternidade começar.     Ele diz enfaticamente que esse corpo é incorruptível, glorificado, poderoso e espiritual (1 Coríntios 15:42-44). Ainda afirma que carne e sangue não podem herdar o reino de Deus (1 Coríntios 15:50). Levando isso em conta, podemos presumir que o corpo de Jesus após a ressurreição era totalmente diferente do que possuímos hoje. Como podemos explicá-lo? Não temos como fazer isso, somente aceitar que assim será. Esse corpo é tão diferente do que possuímos atualmente que Jesus pôde desaparecer na frente de dois discípulos (Lucas 24:31) e atravessou a porta (ou parede, como preferir) de uma casa fechada por dentro (João 20:19). Enfim, temos a certeza, pelas Sagradas Escrituras, que Jesus ressuscitou com um corpo glorificado e transformado semelhante ao que receberemos quando da Sua vinda a essa terra para nos resgatar desse mundo de pecado. Qualquer outra afirmação é especulação e heresia.

O SIGNIFICADO DA RESSURREIÇÃO

a) Para Cristo

   O significado da ressurreição para Cristo foi a de que Ele venceu a morte. Em apocalipse, João diz claramente que Jesus possui as chaves da morte e do inferno (Apocalipse 1:19). Na cruz, Ele esmagou a cabeça da serpente conforme profetizado em Gênesis 3:15; e na ressurreição, Ele ressurgiu como Aquele que Se tornou digno de receber o poder, a riqueza, a sabedoria, a força, a honra, a glória e o louvor (Apocalipse 5:12). Conforme profetizado por Isaías 53:11 Ele verá o resultado do Seu sofrimento e fi cará satisfeito quando tiver os salvos pelo Seu sangue ao Seu lado por toda a eternidade.

b) Para todos os homens

   A ressurreição de Jesus torna os homens indesculpáveis diante de Deus. Quando Adão e Eva pecaram, a miséria, sofrimento, dor e morte passaram a fazer parte deste mundo. Deus não seria considerado um tirano por permitir que o homem enfrentasse a punição correspondente aos seus atos, a saber, a morte (Romanos 6:23). Mas na Sua infinita misericórdia o Senhor não permitiu que o homem permanecesse nesse grande infortúnio. Desde a eternidade já havia um plano para o resgate da humanidade se essa tivesse falhado como de fato aconteceu (Apocalipse 13:8). Quando Jesus veio, encarnou, viveu, morreu e ressuscitou, tornou todos os homens indesculpáveis diante de Deus (Romanos 1:19-22). Rejeitar tamanha graça é tão terrível que não haverá no inferno nenhum homem que poderá dizer que o Senhor agiu de forma arbitrária para com os pecadores. Somente irá para esse lugar tenebroso quem quiser, aqueles que por livre vontade decidiram não aceitar a Jesus como Senhor e Salvador de suas vidas.

c) Para os crentes 

A ressurreição do Senhor é a grande certeza da ressurreição dos crentes. Paulo diz claramente que se Cristo não houvesse ressuscitado, seria vã nossa fé e os que morreram em Cristo estariam perdidos (1 Coríntios 15:12-18). Ele vai além e diz que se de fato não cremos que Jesus ressuscitou devemos aceitar o fato de que viveremos apenas aqui nessa terra por um curto espaço de tempo e portanto somos as mais miseráveis das criaturas (1 Coríntios 15:19). A ressurreição é o fato mais importante para todos os crentes de todas as eras. Sem ela, todos estaríamos invariavelmente perdidos. Exemplifiquemos isso com dois fatos bíblicos.

   A Palavra de Deus diz que Enoque e Elias foram arrebatados ainda em vida para o Céu (Gênesis 5:24; 2 Reis 2:9-14). Mas tanto Enoque como Elias eram pecadores, sendo então merecedores da mesma morte que todos os fi lhos de Adão merecem. Mas eles foram levados ao Céu e não podemos imaginar que eles estão lá vivendo até os dias de hoje com seus corpos mortais que possuíam aqui nessa terra. Já vimos que carne e sangue não podem herdar o Reino de Deus. Sendo assim, provavelmente, tanto um como o outro foram transformados antes de entrarem nos portais eternos. Mas eles ainda tinham um preço a pagar pela sua herança herdada de Adão. Então como se deu a entrada deles no reino eterno? Embora a Bíblia não diga isso de forma clara, podemos dizer que esse fato se deu por penhor.

   As suas entradas na eternidade se deu pela promessa de que viria um substituto que tomaria o lugar de ambos (assim como de toda humanidade). Esse penhor era o próprio Messias prometido que Se faria homem e morreria pelos filhos e filhas de Adão. Mas se Cristo não tivesse vencido a morte o que seria de Enoque e Elias? Nada mais restaria a eles senão descer novamente a essa terra pecaminosa e morrer como todos os homens devem fazê-lo um dia. Foi a ressurreição de Jesus que garantiu que a herança recebida por esses dois grandes homens de Deus não fosse perdida. Portanto a ressurreição de Jesus é o fato mais importante relatado na Bíblia para todos os crentes de todas as eras.

CONCLUSÃO

   Concluímos a lição dessa semana reforçando que a ressurreição de Jesus é o fato mais importante não só para o cristianismo, mas também para a humanidade. Sem esse grande acontecimento, todos os homens ainda estariam sem esperança e condenados à eterna perdição. Aqueles que negam a ressurreição e dizem crer em Jesus Cristo não são diferentes dos saduceus, duvidam do poder de Deus. Não crer no Cristo crucificado e ressurreto é negar o mais importante e vital ensinamento do cristianismo. A própria essência de ser cristão está diretamente relacionada a esse evento que Paulo chama de escândalo para os judeus e loucura para os gentios (1 Coríntios 1:23). Como cristãos devemos lutar contra toda a heresia que tente pôr em dúvida a mais importante e fundamental doutrina cristã sem o qual não teríamos motivos para existir como movimento religioso.


QUESTÕES PARA DISCUSSÃO EM CLASSE

  1. Existe alguma profecia no Antigo Testamento que apontasse para uma morte e ressurreição do Messias?\\
  2. Os líderes judeus tentaram esconder a ressurreição de Jesus mentindo que os discípulos roubaram o Seu corpo. Cite alguns argumentos que demonstram a fragilidade desse embuste criado por eles.
  3. Como é o corpo ressuscitado do Salvador?
  4. A ressurreição era necessária para a obra da redenção ser completa ou não haveria necessidade desse evento após a morte substitutiva de Jesus no calvário?
  5. Por que negar a ressurreição de Jesus é o mesmo que negar a própria essência do cristianismo?

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