Ententendo e Vivendo
A encarnação de Jesus
- Detalhes
- Ir. Fabrício Luís Lovato
- Entendendo e Vivendo
Portanto o mesmo Senhor vos dará um sinal: Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho, e chamará o seu nome Emanuel.
Isaías 7:14
INTRODUÇÃO
Em 2017, a revista Aventuras na História publicou a matéria “Monstros e gênios: as 10 pessoas mais influentes da História”. O artigo trouxe os resultados de um levantamento sobre as 10 pessoas que mais contribuíram para a construção de nosso mundo contemporâneo. Em primeiro lugar? “De certa forma, nenhum outro personagem desta lista existiria sem ele. É quase impossível imaginar a história do mundo ocidental sem Jesus Cristo. Apesar de Jesus ser a pessoa mais relevante em nossa história”8 , a Sua existência não se deu no início da concepção ou nascimento. Desde a eternidade, Cristo estava com Deus e era Deus. Tudo foi criado por meio d’Ele e para Ele (João 1:1-3; Colossenses 1:15-17; Hebreus 1:3).
Em Jesus, Deus tomou sobre Si a natureza humana, o que o capacitou a receber a penalidade que todos merecíamos por nossa rebelião no pecado. Ao assumir a humanidade, Jesus acrescentou a Si uma nova natureza, sem nada subtrair de Sua natureza divina. NEle, “habita corporalmente toda a plenitude da divindade” (Colossenses 2:9). 3.
C. S. Lewis declarou que “o Filho de Deus tornou-Se homem, para possibilitar que os homens se tornem fi lhos de Deus”. Quem poderia desvendar o mistério de que o frágil bebê nascido de Maria e colocado em uma manjedoura era o soberano Senhor de todo o universo? Ao longo dessa segunda lição, iremos aprender mais sobre o nosso maravilhoso Salvador, Jesus, o perfeito Deus-Homem!
UM DEUS EM CARNE
Deus sempre procurou estar junto ao ser humano. No estado de perfeição do Éden, as Escrituras declaram que o ser humano tinha um relacionamento pessoal face a face com o seu Criador, o qual só foi rompido com a entrada do pecado no mundo (Gênesis 3:8).
Quando ocorreu a libertação do povo de Israel da escravidão do Egito, Deus ordenou a construção do tabernáculo, o santuário móvel do deserto. “E farão um santuário para mim, e eu habitarei no meio deles” (Êx 25:8), foram as palavras divinas a Moisés. Cada peça da mobília, sacerdote, festa, ritual e sacrifício apontavam para Aquele que havia de vir, o “cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (João 1:29)
Ao longo do Antigo Testamento, diversas promessas foram realizadas a respeito do dia em que o próprio Deus habitaria pessoalmente entre o Seu povo. “Exulta, e alegra-te ó fi lha de Sião, porque eis que venho, e habitarei no meio de ti, diz o Senhor” (Zacarias 2:10); “Minha morada estará com eles; eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo” (Ezequiel 37:27); “E o Senhor a quem vocês estão procurando vai chegar de repente ao seu Templo. E está chegando o mensageiro que vocês esperam, aquele que vai trazer a aliança que farei com vocês” (Malaquias 3:1).
Como isso aconteceria? Isaías profetizou a vinda do Messias divino através do nascimento de um bebê, o qual viria através da linhagem do rei Davi: “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre os seus ombros, e se chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz” (Isaías 9:6). Jeremias também declarou: “Dias virão’, declara o Senhor, ‘em que levantarei para Davi um Renovo justo, um rei que reinará com sabedoria e fará o que é justo e certo na terra. Em seus dias Judá será salva, Israel viverá em segurança, e este é o nome pelo qual será chamado: O Senhor é a Nossa Justiça” (Jeremias 23:5-6).
Daniel viu em visão alguém “que vinha nas nuvens do céu como o filho do homem”. Esse ser divino-humano se achegou até o Ancião de Dias (Deus, o Pai), e “foi-lhe dado o domínio, e a honra, e o reino, para que todos os povos, nações e línguas o servissem; o seu domínio é um domínio eterno, que não passará, e o seu reino tal, que não será destruído” (Daniel 7:13-14). O Novo Testamento refere-se a Jesus como o “Filho do Homem” nada menos que 88 vezes!
Miqueias, profetizando sobre a localidade do nascimento do Messias, profetizou: “E tu, Belém Efrata, posto que pequena entre os milhares de Judá, de ti me sairá o que governará em Israel, e cujas saídas são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade” (Miquéias 5:2). Jamieson, Fausset e Brown afirmam que, juntos, esses “termos transmitem a mais forte afirmação de duração infinita da qual a língua hebraica é capaz.”
Zacarias, por sua vez, afirmou que chegaria o dia em que o Espírito Santo seria derramado sobre o povo hebreu, o qual perceberia que haviam assassinado ao próprio Deus! “Mas sobre a casa de Davi, e sobre os habitantes de Jerusalém, derramarei o Espírito de graça e de súplicas; e olharão para mim, a quem traspassaram; e prantearão sobre ele, como quem pranteia pelo fi lho unigênito; e chorarão amargamente por ele, como se chora amargamente pelo primogênito” (Zacarias 12:10).11 Os comentaristas Keil e Delitzsch destacam que “a transição da primeira pessoa para a terceira aponta para o fato de que a pessoa morta, embora essencialmente uma com Jeová, é pessoalmente distinta do Deus Supremo”12, o que nos relembra a abertura do Evangelho de João, de que Jesus estava com Deus e era Deus (1:1).
A revelação do Novo Testamento apresenta como essas profecias se cumpriram com a chegada de Jesus. A Bíblia é explícita em ensinar que Jesus é plenamente Deus (João 1:1 1:14, 20:28, Romanos 9:5 Colossenses 2:9, Tito 2:13 2 Pedro 1:1). Muitos dos nomes e títulos aplicados a Deus Pai no Antigo Testamento (como “rocha”, “luz”, “pastor”, “esposo”, “redentor” e “o primeiro e o último”) são aplicados a Cristo no Novo Testamento.13 Cristo compartilha com o Pai os atributos da divindade. Ele é eterno (Colossenses 1:17), onisciente (Apocalipse 2:23), onipotente (Mateus 28:20), onipresente (Mateus 18:20), santo e justo (Atos dos Apóstolos 3:14), imutável (Hebreus 13:8) e verdadeiro (Apocalipse 3:7). Participou com o Pai na obra da criação do universo (Gênesis 1:26 João 1:1-3, Colossenses 1:16-17). Na Terra, recebeu adoração (Mateus 15:25 28:17, João 9:38 Hebreus 1:6), algo do qual apenas Deus é digno (Isaías 42:8), bem como perdoou pecados (Marcos 2:10). Em Jesus, Deus cumpriu da forma mais perfeita possível a Sua promessa de habitar entre nós!
NASCIDO DE MULHER
Quando Adão e Eva quebraram a lei de Deus, trouxeram maldição sobre toda a criação. Mas em meio à condenação pelo pecado do ser humano, houve também a manifestação da graça. Na primeira profecia da Bíblia, conhecida como o proto-Evangelho (“primeiro Evangelho”), Deus declarou a Satanás, manifestado na serpente: “Porei inimizade entre você e a mulher, entre a sua descendência e o descendente dela; este lhe ferirá a cabeça, e você lhe ferirá o calcanhar” (Gênesis 3:15). Adão e Eva morreriam, mas não teríamos de sofrer a justa condenação de Deus. Da própria linhagem de Eva, Deus suscitaria um “descendente” para “destruir as obras do diabo” (1 João 3:8). Na cruz do Calvário, Satanás feriu o calcanhar de Cristo (um ferimento não-mortal), mas teve a sua cabeça esmagada (um ferimento mortal). “Foi na cruz que Cristo se livrou do poder dos governos e das autoridades espirituais. Ele humilhou esses poderes publicamente, levando-os prisioneiros no seu desfile de vitória” (Colossenses 2:15 NTLH).
Muito tempo depois daquela primeira profecia, no oitavo século antes de Cristo, Acaz era o rei de Judá. Uma aliança política havia sido formada contra ele entre Rezin, rei da Síria, e Peca, rei de Israel. O objetivo era destronar Acaz e colocar em seu lugar um rei vassalo, Tabeal, da Síria (Isaías 7:5-6). Isso foi motivo de grande desespero para a casa real em Judá, que descendia de Davi (v. 2). Contudo, por meio do profeta Isaías, Deus mandou avisar a Acaz que os planos de tal conspiração seriam frustrados (v. 7). Para confirmar a Sua palavra, Deus disse que Acaz poderia pedir qualquer sinal, em cima nas alturas ou embaixo nas profundezas, que lhe seria realizado (v. 11). Acaz recusou a oferta de Deus (v. 12), não porque fosse fi el e acreditasse nas promessas divinas, mas porque era infiel e não desejava um comprometimento com o Senhor.
Apesar da desobediência do rei, Deus declarou que Ele daria de fato um sinal à casa de Davi. A palavra “sinal” (‘ôt) é uma indicação de algo que apenas Deus é capaz de fazer.14 “Portanto, o Senhor mesmo vos dará um sinal: eis que a virgem conceberá e dará à luz um fi lho e lhe chamará Emanuel” (v. 14). Acaz e sua corte estavam preocupados com o reinado davídico que poderia chegar a um fi m, sendo substituído por um reinado sírio sobre Judá. Contudo, isso não aconteceu. Em poucos anos, os dois reis inimigos seriam destruídos (v. 16) e em um futuro mais distante, Emanuel, “Deus conosco”, nasceria milagrosamente na linhagem real para ocupar o trono “para sempre” (2 Samuel 7:16).
O nascimento virginal seria o “mecanismo” pelo qual Deus proveria um Messias imaculado, incontaminado pelo pecado de Adão. O Novo Testamento confirma como foi o cumprimento dessa maravilhosa promessa:
“Foi assim o nascimento de Jesus Cristo: Maria, sua mãe, estava prometida em casamento a José, mas, antes que se unissem, achou-se grávida pelo Espírito Santo. Por ser José, seu marido, um homem justo, e não querendo expô-la à desonra pública, pretendia anular o casamento secretamente. Mas, depois de ter pensado nisso, apareceu-lhe um anjo do Senhor em sonho e disse: ‘José, fi lho de Davi, não tema receber Maria como sua esposa, pois o que nela foi gerado procede do Espírito Santo. Ela dará à luz um fi lho, e você deverá dar-lhe o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos seus pecados’. Tudo isso aconteceu para que se cumprisse o que o Senhor dissera pelo profeta: ‘A virgem fi cará grávida e dará à luz um fi lho, e lhe chamarão Emanuel’ que signifi ca ‘Deus conosco” (Mateus 1:18-23).
Da mesma forma quanto à Sua divindade, O Novo Testamento é bastante claro quanto à plena humanidade de Jesus. Segundo Paulo, “vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para resgatar os que estavam sob a lei, a fi m de que recebêssemos a adoção de filhos” (Gálatas 4:4-5). O corpo humano de Jesus experimentou crescimento (Lucas 2:40 52), assim como suscetibilidades físicas, a exemplo de fome (Mateus 4:2), sede (João 19:28), cansaço (João 4:6) e até mesmo a morte (Lucas 23:46).
Mesmo após a ressurreição e Sua ascensão para a glória, Jesus continua a ter um corpo físico. Ele se assegurou que os seus discípulos entendessem isso: “Vede as minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo; apalpai-me e verificai, porque um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho” (Lucas 24:39). Em sua humanidade, há apenas um aspecto em que Cristo é diferente de nós: “Ele não cometeu pecado algum, nem qualquer engano foi encontrado em sua boca” (1 Pedro 2:22).
OS MOTIVOS DA ENCARNAÇÃO
Por que Deus Se fez homem? O teólogo Batista Wayne Grudem aponta sete motivos bíblicos, os quais apresentaremos brevemente a seguir.
a) Para possibilitar uma obediência representativa. Como representante da humanidade, Jesus obedeceu em nosso lugar naquilo que Adão falhou e desobedeceu. É por isso que Cristo é chamado de “o último Adão” (1 Coríntios 15:45) e “segundo homem” (1 Coríntios 15:47). Jesus tinha de ser homem para ser nosso representante e obedecer em nosso lugar.
b) Para ser um sacrifício substitutivo. Se Jesus não tivesse sido homem, não poderia ter morrido em nosso lugar e pago a penalidade que nos cabia. O autor de Hebreus nos diz: “Pois ele, evidentemente, não socorre anjos, mas socorre a descendência de Abraão. Por isso mesmo, convinha que, em todas as coisas, se tornasse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fi el sumo sacerdote nas coisas referentes a Deus e para fazer propiciação pelos pecados do povo” (Hebreus 2:16-17).
c) Para ser o único mediador entre Deus e os homens. Precisávamos de um mediador que pudesse nos representar perante o Pai, e que pudesse representar Deus para nós. Só há uma pessoa que preencheu esse requisito: “Porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem” (1 Timóteo 2:5). E por que apenas Jesus? Justamente por Ele ser plenamente homem e plenamente Deus.
d) Para cumprir o propósito original do homem de dominar a criação. Deus colocou o ser humano sobre a terra para subjugá-la e dominá-la como representante divino. Mas o homem não pôde cumprir esse propósito, pois caiu em pecado. O autor de Hebreus percebe que Deus pretendia que tudo fosse sujeitado ao homem, mas reconhece: “Agora, porém, ainda não vemos todas as coisas a ele sujeitas” (Hebreus 2:8). Então, quando Jesus veio como homem, foi capaz de obedecer perfeitamente a Deus, obtendo assim o direito de dominar a criação como homem, cumprindo o propósito original de Deus. Um dia reinaremos com Ele em Seu trono (Apocalipse 3:21) e experimentaremos, em sujeição a Cristo nosso Senhor, o cumprimento do propósito de Deus de reinarmos sobre a terra (Lucas 19:17 19; Apocalipse 20:4).
e) Para ser nosso exemplo e padrão na vida. Paulo nos diz que estamos continuamente sendo “transformados [...] na sua própria imagem” (2 Coríntios 3:18), avançando, assim, para o alvo para o qual Deus nos salvou: sermos “conformes à imagem de seu Filho” (Romanos 8:29). Pedro nos diz que, especialmente no sofrimento, temos de considerar o exemplo de Cristo: “pois que também Cristo sofreu em vosso lugar, deixando-vos exemplo para seguirdes os seus passos” (1 Pedro 2:21). Jesus tinha de tornar-se homem como nós para viver como nosso exemplo e padrão na vida.
f) Para ser o padrão de nosso corpo redimido. Esse novo corpo ressurreto que Jesus possuía quando ressurgiu dos mortos é o padrão do que será nosso corpo quando formos ressuscitados dos mortos, porque Cristo é “as primícias” (1 Coríntios 15:23) - uma metáfora agrícola que compara Cristo à primeira amostra da colheita, que demonstra como será o outro fruto daquela colheita. Temos agora um corpo físico como o de Adão, mas teremos um como o de Cristo: “assim como trouxemos a imagem do que é terreno, devemos trazer também a imagem do celestial” (1 Coríntios 15:49).
g) Para compadecer-se como sumo sacerdote. O autor de Hebreus lembra-nos de que “naquilo que ele mesmo sofreu, tendo sido tentado, é poderoso para socorrer os que são tentados” (Hebreus 2:18; 4:15,16). A condição humana de Jesus Lhe permite ser capaz de conhecer por experiência própria o que sofremos em nossas tentações e lutas nesta vida. Porque Ele viveu como homem, é capaz de compadecer-Se mais plenamente de nós em nossas experiências.
O DIVINO E O HUMANO NA PESSOA DE JESUS
Ao longo de toda a história cristã, a plena humanidade e divindade de Cristo têm sido atacadas, de uma forma ou de outra. Nos primeiros séculos, a seita dos ebionitas, por exemplo, negava tanto o nascimento virginal quanto a divindade de Jesus, ensinando que Ele era apenas um profeta justo e que o apóstolo Paulo havia sido um apóstata. Os docetistas, por outro lado, negavam a humanidade de Jesus. Para eles, o corpo de Cristo era apenas uma “ilusão”, e sua crucificação teria sido apenas aparente. Já os nestorianos tanto destacavam a distinção entre as naturezas que faziam parecer que Cristo era duas pessoas diferentes em um único corpo.
No ano de 451 d.C., os líderes da Igreja se reuniram em um Concílio na cidade de Calcedônia, na Ásia Menor, que se tornou o mais importante na história do Cristianismo ocorrido até então. Nessa reunião, diversas posições equivocadas sobre a pessoa de Jesus foram refutadas e, à luz das Escrituras, se declarou que:
1 - Jesus Cristo é plena e completamente divino.
2 - Jesus Cristo é plena e completamente humano.
3 - As naturezas divina e humana de Cristo são distintas.
4 - As naturezas divina e humana de Cristo estão completamente unidas em uma única pessoa.
Tal compreensão não era uma inovação na Igreja, mas um esclarecimento daquilo que havia sido crido pelos cristãos desde o princípio, conforme algumas poucas citações são sufi cientes para se demonstrar.
Inácio de Antioquia (50-117 d.C.): “Pois nosso Deus, Jesus Cristo, foi concebido por Maria de acordo com o plano de Deus, tanto da semente de Davi quanto pelo Espírito Santo.” (Carta aos Efésios 18:2)
Justino Mártir (100-165 d.C.): “O Pai do universo tem um Filho; o qual também, sendo a primeira Palavra de Deus, é Ele próprio Deus. Na antiguidade, Ele apareceu em forma de fogo e na semelhança de um anjo a Moisés e aos outros profetas; mas agora, nos tempos de Seu reinado, tornou-se homem por meio de uma virgem.” (Primeira Apologia 63)
Taciano (110-172 d.C.): “Não agimos como tolos, ó Gregos, nem como contadores de contos totalmente inúteis quando anunciamos que Deus nasceu em forma de homem.” (Aos Gregos 21)
Tertuliano (160-225 d.C.): “Apenas Deus é sem pecado; o único homem sem pecado é Cristo, pois Cristo é também Deus.” (Tratado Sobre a Alma 41)
Orígenes (185-254 d.C.): “Jesus Cristo [...] nos últimos tempos, se despojando de Sua glória, tornou-se homem e encarnou-se apesar de ser Deus, e enquanto feito homem permaneceu o Deus que Ele era.” (De Principiis, Prefácio, 4).
Atanásio (293-373 d.C.): “Ele, que é eternamente Deus [...] também se tornou homem por nossa causa.” (Contra os Arianos III).
Obviamente, a encarnação de Jesus é um assunto que jamais poderemos ser capazes de compreender em toda a nossa finitude humana. Afinal, “o fato de o Filho de Deus, infinito, onipresente e eterno tornar-se homem e unir-se para sempre a uma natureza humana, de modo que o Deus infinito se tornasse uma só pessoa com o homem fi nito, permanecerá pela eternidade como o mais profundo milagre e o mais profundo mistério em todo o universo.”
CONCLUSÃO
No livro “A Cruz de Cristo”18, John Stott (1921-2011) cita uma peça intitulada “O Longo Silêncio”. No fim dos tempos, bilhões de pessoas estavam em uma planície, perante o trono de Deus. Muitas discutiam sobre o mal que haviam sofrido em suas vidas. Uma jovem marcada com uma tatuagem que recebeu em um campo de concentração nazista. Um rapaz linchado por ser negro. Uma moça que havia engravidado contra a sua vontade. Um artrítico deformado. Assim, cada um tinha uma reclamação específica contra Deus. Que autoridade tinha Deus para julgá -los?! O que Ele sabia sobre o sofrimento? Não tinha estado toda a eternidade no céu, onde tudo é alegria e paz? 1. Esse grupo decidiu que, para que pudesse julgá-los, Deus deveria ser condenado a viver na Terra como um homem! “Que Ele nasça judeu. Que haja dúvidas acerca da legitimidade de Seu nascimento. Seja dado a Ele um trabalho tão difícil que, ao tentar realizá-lo, até mesmo Sua família pensará que Ele está louco. Que Ele seja traído por Seus amigos mais íntimos. Que enfrente acusações falsas, seja julgado por um júri preconceituoso, e condenado por um juiz covarde. Que seja torturado. Finalmente, que Ele conheça o terrível sentimento de estar sozinho. Então, que morra. Que Ele morra de tal forma que não haja dúvida de que tenha morrido. Que haja uma grande multidão de testemunhas que o comprove.” 2. Quando a última pessoa forneceu a sua sugestão, tudo o que houve foi um grande silêncio... Todos perceberam que Deus já havia cumprido a Sua sentença. Ninguém pode entender você melhor do que Jesus. E ninguém pode amá-lo mais do que Ele. Apenas Ele é “Emanuel, Deus conosco”. Nas palavras de Billy Graham, o acontecimento mais importante da história não foi o homem ter pisado na Lua; foi Deus ter pisado na Terra.
QUESTÕES PARA DISCUSSÃO EM CLASSE
1. Apresente evidências bíblicas, do Antigo e do Novo Testamento, quanto à plena divindade e humanidade de Jesus Cristo.
R.
2. Qual é a importância teológica do nascimento virginal de Cristo?
R.
3. Os judeus acreditam que a profecia de Isaías 7:14 se refere ao nascimento de Ezequias, fi lho do rei Acaz, e não a Jesus. Como você poderia refutar tal explicação?
R.
4. Explique algumas das razões pelas quais a Encarnação de Cristo foi necessária.
R.
5. Qual era o erro teológico dos ebionitas, dos docetistas e dos nestorianos? Qual é a posição bíblica?
R.
6. Como você responderia à seguinte questão: “O que Deus entende de nosso sofrimento?”
R.