Mas, quando vier aquele, o Espírito de verdade, ele vos guiará em toda a verdade; porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará o que há de vir.    

João 16:13 

INTRODUÇÃO

Chegamos à décima lição falando sobre o Espírito Santo de Deus. Podemos observar o quanto já aprendemos e como em cada lição vamos vibrando de alegria sobre este tema inesgotável! Claro, Ele é Deus. O evangelista João nos informa através das palavras de Jesus que o Espírito Santo desceria, onde fortaleceria e habitaria com a igreja. Podemos ver claramente a continuação da execução do plano Divino. O Pai que enviou o Filho, o Filho que implantou o propósito do Pai, e agora o Filho retorna ao Pai e envia para nós o outro ‘Consolador’. O que o Espírito Santo diz à igreja e ao novo convertido é aquilo que Cristo pensa “...Porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido...” (João 16:13), e neste caso, Jesus Se apresenta como o orador, de forma que não pode haver dúvidas que o Pai, o Filho e o Espírito Santo trabalham juntos no mesmo propósito para a redenção. Hoje veremos a atuação do Espírito em quatro ministérios: Ensino, orientação, convicção e intercessão.

 

O MINISTÉRIO DE ENSINO

Mas, quando vier aquele Espírito da verdade, ele vos guiará em toda a verdade” (João 16:13). Não poderíamos ter um professor melhor para nos ensinar as grandezas de Deus. Ele, o autor e inspirador de toda Escritura Sagrada. A própria bíblia revela que “homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo” (2 Pedro 1:20). Jesus sempre foi um grande conhecedor e incentivador da Palavra. Durante sua oração, conhecida como ‘oração sacerdotal’ (João 17), Ele orou ao Pai pedindo que os Seus discípulos fossem santificados na Sua verdade eterna e imutável. Observemos que Jesus não roga ao Pai e deixa ao encargo dos discípulos a santificação, mas ele diz “santifica-os na tua verdade; a tua palavra é a verdade”, e toda esta verdade era inspirada pelo Espírito Santo. Importa-nos notar que o próprio Senhor e Salvador Jesus Cristo, conferiu autoridade e magnitude suficiente para o que a Palavra ensina, e esta por sua vez nos revela as verdades que o Espírito ouviu do Pai e do Filho.

No Antigo Testamento, o Espírito Santo preparava o povo escolhido para aguardar a redenção através da pessoa do Messias prometido. Esta ação foi manifesta através do ensino dos profetas e dos autores bíblicos que ensinaram e capacitaram os homens e Mulheres a crer no Messias vindouro. Após a vinda do Messias, a ação do Espírito Santo continuou sendo a mesma, com a diferença de que os redimidos, diferente dos tempos do Antigo Testamento, agora creem no Cristo exaltado, que cumpriu as profecias que haviam sido anunciadas nas Escrituras.

Deus o Pai planejou e elegeu seu povo, o Filho executou o plano salvífico, e o Espírito Santo confirma a obra da redenção, aplicando os benefícios da salvação aos redimidos. Estes justificados, pelo Espírito Santo são regenerados, santificados e edificados. Logo, todos os esforços na evangelização e no discipulado só são produtivos pela ação do Espírito Santo, que atrai o pecador à mensagem do Evangelho. Nenhum de nós estaria estudando a Palavra de Deus se não fosse a ação d’Ele. Não haveria um convertido sequer na face da terra se o Espírito Santo não os tivesse convencido. Só Ele pode transformar um filho das trevas em filho da luz.

 

O MINISTÉRIO DE ORIENTAÇÃO

Quando nos alimentamos da Palavra, recebemos a consolação e orientação divina. Adorar a Deus deve ser uma realização pessoal de comunhão com o Pai e o Filho através do Espírito. Precisamos da ação e manifestação de Deus nas pessoas, pois as igrejas são constituídas de pessoas, e pessoas de todo tipo de pensamento, cultura, tradição, costumes e problemas. Só o Espírito Santo poderá unir um número tão variável e diferente de pessoas em um único propósito, a adoração e a santificação, sem a qual ninguém verá a Deus (Hebreus 12:2). Conhecemos pessoas de todo tipo de ânimo e elas estão envolvidas direta ou indiretamente com a igreja. Entre elas:

 

Os não crentes: Nunca receberam Cristo como Salvador e precisam do Evangelho e do pleno conhecimento da verdade.

Os Interessados: Ainda não conhecem a Verdade, mas apresentam desejo de conhecer a Palavra e ser abençoados.

Os novos convertidos: Receberam Cristo como Salvador e frequentam os trabalhos da igreja, mas ainda são meninos no conhecimento.

Os fracos na fé: Estes escolheram a Cristo, mas perderam o ânimo espiritual, quase não vão aos cultos, não leem a bíblia, oram pouco, mas não abandonaram a igreja.

Os desviados: Este grupo por sua vez escolheu Cristo como Salvador, tornaram-se membros da igreja, permaneceram por algum tempo, mas por diferentes motivos deixaram de ir aos cultos e afastaram-se da comunhão, alguns ainda voltam a praticar certos vícios.

Os crentes novatos: São irmãos crentes em Cristo Jesus que migraram de outros grupos para as igrejas Batistas Do Sétimo Dia recentemente.

 

A vida espiritual de uma pessoa vai muito além de frequentar uma igreja ou participar de atividades dentro desta comunidade. A ação do Espírito Santo na vida dos convertidos é fundamental “porque Deus é o que opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade” (Filipenses 2:13). Mediante um número tão variável de pessoas que estão a nossa volta, como podemos manter a fé e a sã doutrina? Como viver de uma maneira que agrade a Deus e possamos cumprir a carreira que nos está proposta? Somente sob a orientação do Espírito Santo.

É Ele quem vai nos orientar e direcionar na Verdade eterna. Os profetas de Deus já sabiam e ensinavam que: “Quer você se volte para a direita quer para a esquerda, uma voz atrás de você lhe dirá: “Este é o caminho; siga-o” (Isaías 30:21). Em poucas palavras, Martinho Lutero forneceu uma excelente resposta sobre quem é o Espírito Santo, ao dizer que por sua própria razão ou força ele jamais poderia crer em Jesus ou vir a Ele, mas o Espírito Santo o chamou pelo Evangelho, o iluminou com seus dons, o santificou e conservou na verdadeira fé. No mundo atual, a igreja precisa mais do que nunca da revelação profunda da vontade de Deus

As igrejas têm organizações internacionais, nacionais, estaduais, regionais e locais. Cada grupo organizado, seja grande ou pequeno, faz parte da Igreja multiforme, desde que creia em Cristo como Salvador e viva segundo a Sua Palavra. Porém, temos vivenciado um momento muito difícil em meio ao povo de Deus, cada vez mais a igreja se parece com uma empresa e menos com o propósito inicial, ou melhor, fundamental, ‘ir e fazer discípulos’. A igreja de Cristo esta sobrecarregada de eventos, produções, construções, reuniões e programações. Seus líderes vivem esgotados e sobrecarregados. Estes por sua vez já não são apenas líderes espirituais, mas precisam tornar-se promotores de eventos. Além de cuidar da parte espiritual da igreja, precisam atentar para a parte física da mesma. E depois de tantas dívidas, reuniões, preocupações e stress, quantas pessoas verdadeiramente estão sendo transformadas?

A resposta a esta pergunta não é fácil, pois cada um pode ter uma resposta, dependendo do ponto de vista. Mas a questão primordial é que: Você ou eu, líder ou não, não fomos chamados para convencer e transformar as pessoas. Por mais que algumas pessoas pensem assim, nós não temos este poder, ele é único e exclusivo do Espírito Santo “E, quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, e da justiça, e do juízo”. Não pode haver uma inversão de papeis. Nós fomos chamados para amar e proclamar a vontade do Pai, sendo assim é o Espírito Santo quem convence e orienta. Tudo que fizermos para alcançar as pessoas depende da ação do oleiro, pois barro não molda barro!

 

O MINISTÉRIO DE CONVICÇÃO

A convicção do convertido se dá através do estudo e convencimento intelectual e espiritual. Para isso, o Espírito Santo usará a Palavra, pois “Toda Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça” (2 Timóteo 3:16), e assim o cristão pode confrontar seus pensamentos e desejos pela direção do Espírito. Por vezes ouvimos crentes dizendo que não estão preparados para realizarem alguma obra em prol do Evangelho. Entretanto, a Escritura desafia todos os crentes a estarem preparados para a execução das boas obras. Há outros que, quando indagados por um descrente sobre a fé, dizem que não sabem defender sua crença. O apóstolo Pedro faz um alerta aos cristãos: “E estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós” (1 Pedro 3:15).

Devemos buscar viver uma comunhão plena com o ‘Consolador’. Paulo, na sua carta aos Romanos, deixa bem claro que a sua fé não era variável. Ele estava convicto de que nem a morte, a vida, os anjos, os principados, as potestades, o tempo, as leis da física ou alguma outra criatura poderia separar, mudar ou colocar alguma dúvida em sua fé, ou na sua convicção espiritual e intelectual (Romanos 8:38). Antes, o conhecimento que Paulo tinha procedia de escolas rabínicas e leituras. Depois do chamado ao ministério apostólico, ele recebeu um conhecimento superior que o levou ao aperfeiçoamento (Filipenses 3:7-8). Assim, todos nós precisamos da ação do Espírito Santo em nossa vida, ajudando-nos, fortalecendo e confirmando nossa fé. A bíblia nos alerta a tomar cuidado com os conselhos que ouvimos. O profeta Isaías alertou o povo sobre este tipo de atitude, “Ai dos filhos rebeldes, diz o Senhor, que tomaram conselho, mas não de mim! E que se cobriram com uma cobertura, mas não do meu Espírito, para acrescentarem pecado a pecado!” (Isaías 30:1).

 

O MINISTÉRIO DE INTERCESSÃO

Foi Jesus quem falou que no mundo existem muitas aflições. Mas também foi Ele quem disse que venceu o mundo, ou seja, Ele venceu aquilo que pode nos fazer desviar do caminho. Só o Espírito Santo pode nos manter neste propósito. O homem sozinho tem a péssima prática de errar o alvo. O Mestre foi enfático ao mandar os discípulos rogarem ao Pai para que Ele enviasse outro “Consolador”. “O Espírito da verdade que o homem natural não pode receber e nem o vê, pois não o conhece” (João 14:16). E por que Jesus falou isso aos Seus discípulos? Porque Ele “quer que todos os homens se salvem e venham ao conhecimento da verdade” (1 Timóteo 2:4). Agora, Jesus voltou ao Pai.

Mas enviou o outro Consolador. Ele habita nos crentes, é seu intercessor, ensina-os na verdade, capacita-os dando-lhes dons espirituais, conduzindo-os à santificação contínua, guia-os em toda verdade, gera neles o fruto do Espírito que contrasta com as terríveis obras da carne e os preserva firmes até o fim, pois Ele próprio é o selo que marca o povo de Deus, a garantia que concede a certeza da salvação àqueles que foram justificados. O amor do Pai é tão perfeito que Ele providenciou um meio para que nossas orações chegassem até Ele da forma correta, pois, “também o Espírito ajuda as nossas fraquezas: porque não sabemos o que devemos e o que havemos de pedir como convém, mas o Espírito mesmo intercede por nós com gemidos inexprimíveis” (Romanos 8:26). Nas nossas orações, o Espírito Santo intercede por nós. Somos ajudados em todas as nossas fraquezas, mas especialmente quando essa fraqueza está associada a nossa vida de oração, sendo assim Ele intercede por nós, como uma pessoa que vem ao encontro, ajudar alguém que necessita de apoio. É como se o Espírito que conhece nossos confusos sentimentos, pensamentos e emoções levasse os anseios corretos e ainda intercedesse por nós perante o Trono do Pai. Oremos sempre, pois o Espírito Santo espera nosso clamor para interceder por nós. Glória a Deus!

 

CONCLUSÃO

Depois de estudarmos quatro ministérios, ou quatro atuações do Espírito Santo em nossa vida, podemos entender a instrução de Paulo aos Coríntios na sua primeira carta, onde ele diz: “Mas um só e o mesmo Espírito opera todas essas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer” ( 1 Coríntios 12:11). Então, seja no ensino, orientação, convicção ou intercessão, deixemos o Espírito Santo trabalhar tanto nas pessoas como em nós mesmos. Com certeza não queremos atropelar o tempo de ‘Deus’ que é diferente em cada indivíduo. E por fim, devemos parar de engessar a igreja com normas e regras. Somente o Espírito Santo é o dono da verdade, “pois Ele me glorificará, porque há de receber do que é meu e vo-lo há de anunciar” (João 16:14).

 

 

QUESTÕES PARA DISCUSSÃO EM CLASSE

 

  1. Estudamos nesta lição quatro ministérios do Espírito Santo. Quais foram?

R.

  1. Jesus falou que o Espírito Santo usaria algo para nos guiar. Sendo assim, qual é a ferramenta disposta no capítulo 16 verso 13? E Qual seria o caminho?

R.

  1. No ministério de orientação, foram apresentados seis grupos de pessoas que estão ligados direta ou indiretamente à igreja. Você pertence a algum deles? E se sim, qual seu objetivo hoje?

R.

  1. A igreja de Cristo esta sobrecarregada de eventos, produções, construções, reuniões e programações. Seus líderes vivem esgotados e sobrecarregados. Onde isso pode nos levar como igreja?

R.

 

  1. O que o Espírito Santo usará para a convicção espiritual e intelectual?

R.

  1. O Mestre foi enfático ao mandar os discípulos rogarem ao Pai para que Ele enviasse outro “Consolador” ( João 14:16). Por quê?

R.

 

 

1 PACKER.J.I. Na Dinâmica do Espírito. Vida Nova. 2010,p.174.

2 MACÊDO, Raimundo. Escola bíblica Integração. COMADEMI. 3°EDIÇÃO.

3 RENOVATO, Elinaldo. Dons Espirituais e Ministeriais. CPAD. Rio de Janeiro/2014, p.42.

4 SEVERA, Zacarias. Manual de Teologia Sistemática. A. D. Santos. Curitiba. 2010,p.331.

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