Texto de Estudo

 

Mas que importa? Contanto que Cristo seja anunciado de toda a maneira, ou com fingimento ou em verdade, nisto me regozijo, e me regozijarei ainda.

Filipenses 1:18 

Tenho certeza de que, neste trimestre, todos nós, Batistas do Sétimo Dia, temos sido desafiados a cumprir com mais dedicação o “Ide” do Senhor Jesus. Nestes dias, somos conclamados a evangelizar nas mais diversas áreas da sociedade; louvado seja Deus por isso!

Porém, nesta introdução, faremos algumas reflexões. Será que existe um método ou uma estratégia para cumprirmos melhor esse chamado? Será que, ao falarmos de métodos e estratégias, não estaríamos “anulando” a ação do Espírito Santo de Deus? Será que Jesus e seus discípulos tinham métodos e estratégias para evangelização? Se tiveram, tais métodos poderiam ser utilizados em nossos dias?

Essas são questões suficientes a nos conduzirem a mais um tempo precioso de estudo da Palavra de Deus.

 

MÉTODOS E ESTRATÉGIAS NA EVANGELIZAÇÃO?

Esses dois termos são muito utilizados em empresas; pois, diante de um problema, alguém diz: Qual método vamos utilizar para resolver isso? E, depois de definido o método, passa-se a definir a estratégia para solução do problema.

Mas, e quanto à evangelização? Será que podemos utilizar métodos e estratégias? E quanto à ação soberana do Espírito Santo? Não estaríamos humanizando e querendo tomar o controle de uma ação que não compete a nós?

Antes de responder, é bom frisar que método e estratégia são basicamente o mesmo. A palavra método vem do latim, methodu; no grego, méthodos, que significa caminho para chegar a um fim. A palavra estratégia vem do latim strategia que, por sua vez, deriva de dois termos gregos: stratos (“exército”) e agein (“conduzir”, “guiar”). Portanto, o significado primário de estratégia é a arte de conduzir as operações militares. O conceito também é usado para fazer referência ao plano idealizado para dirigir um assunto e para designar o conjunto de regras que assegura uma decisão ótima em cada momento. Por outras palavras, uma estratégia é o processo selecionado por meio do qual se prevê alcançar um determinado estado futuro.

Enfim, o objetivo não é se aprofundar na definição dos termos. Embora haja discordância nas definições apresentadas, o fato é que vivemos discutindo o método ou qual a melhor estratégia; porém, infelizmente, na hora de agirmos, falhamos. Eis o grande problema da Igreja contemporânea.

É importante frisar que Deus não unge métodos; Ele unge homens. Nós estamos à procura de melhores métodos, e Deus está à procura de melhores homens. Porém, não é por isso que a Igreja não deve definir estratégias e métodos de evangelismo; seria irresponsabilidade sair pregando a Palavra sem antes avaliar o contexto em que pregaremos, para quem, se temos os recursos necessários, se a igreja está preparada para receber as pessoas evangelizadas. Entre outras questões, Jesus disse:

“Pois qual de vós, querendo edificar uma torre, não se assenta primeiramente a fazer as contas dos gastos para ver se tem com que a acabar? Para que não aconteça que, depois de haver posto os alicerces, e não a podendo acabar, todos os que a virem comecem a escarnecer dele, dizendo: Este homem começou a edificar e não pôde acabar. Ou qual é o rei que, indo à guerra a pelejar contra outro rei, não se assenta primeiramente a tomar conselho sobre se, com dez mil, pode sair ao encontro do que vem contra ele com vinte mil?” (Lucas 14:28 - 31).

Essa é uma lição clara e prática sobre planejamento e estratégia, porém mais importante que planejar é submeter nossa estratégia ao crivo do grande general, para que Ele confirme as obras de nossas mãos. Vejamos, na Bíblia, um caso de planejamento, mas com total submissão ao agir de Deus:

De sorte que as igrejas eram confirmadas na fé, e cada dia cresciam em número. E, passando pela Frígia e pela província da Galácia, foram impedidos pelo Espírito Santo de anunciarem a Palavra na Ásia. E, quando chegaram a Mísia, intentavam ir para Bitínia, mas o Espírito não lho permitiu. E, tendo passado por Mísia, desceram a Trôade. E Paulo teve de noite uma visão, em que se apresentou um homem da Macedônia e lhe rogou, dizendo: Passa à Macedônia e ajuda-nos. E, logo depois da visão, procuramos partir para a Macedônia, concluindo que o Senhor nos chamava para lhes anunciarmos o Evangelho”. (Atos dos Apóstolos 16:5-10)

O apóstolo Paulo planejou ir a Bitínia, mas o Espírito impediu-o e orientou-o a seguir em direção à Macedônia; ele atendeu, prontamente, a visão dada por Deus, e o Senhor confirmou suas obras. Assim também devemos agir; caso contrário, todos os nossos esforços serão em vão. Podemos planejar, mas a palavra final deve vir do Espírito Santo.

OS MÉTODOS DE EVANGELIZAÇÃO DE JESUS

O método de Jesus baseava-se em pessoas; tudo começou quando Jesus chamou alguns homens e convidou-os a segui-lO. Esse ato era suficiente para revelar o rumo que Sua estratégia evangelística tomaria. Ele não se preocupava com projetos especiais para alcançar grandes plateias, mas com pessoas a quem as multidões deveriam seguir. É interessante destacar que Jesus começou a reunir aqueles homens antes de organizar campanhas evangelísticas, ou antes de pregar em público. As pessoas eram a base de seu método de ganhar o mundo para Deus.

Analisando o ministério de Jesus, é possível notar que Ele usava uma estratégia muito bem definida, pois como alguém poderia, em apenas três anos, mudar o mundo? Somente seguindo um plano bastante pensado e definido para que o cronograma funcionasse. Sua vida foi orientada por Seu objetivo. Tudo que fez e afirmou fazia parte de um plano preestabelecido e era revestido de relevância, porque contribuía para o propósito supremo de Sua vida: redimir o mundo para Deus. Eis a motivação que orientava Suas ações e dirigia Seus passos. O Mestre não deixou Sua visão, nem se desviou do objetivo, um momento sequer! Ele revelou a estratégia de Deus para conquistar o mundo. Tinha confiança no futuro exatamente porque vivia de acordo com aquele plano no presente. Nada foi casual em Sua vida. Nenhuma energia foi empregada em vão; nenhuma palavra foi jogada fora. Ele estava trabalhando para Deus (Lucas 2:49).

Jesus viveu, morreu e ressuscitou de acordo com uma agenda previamente elaborada. Como um general que traça um plano de batalha, o Filho de Deus planejou Sua vitória. Ele não podia apenas arriscar. Pesando cada alternativa e avaliando cada variante da experiência humana, Cristo concebeu um plano que não tinha como dar errado. Porém, embora tivesse tudo planejado, Seu Ministério era dinâmico, não estava restrito a um programa engessado. Constatamos isso ao analisar Sua forma de ensinar e, até mesmo, de realizar os milagres. Jesus ensinou andando pelo caminho, em cima de barcos, ao ar livre, nas casas, no templo... Ensinou multidões, pregou para grupos pequenos, teve conversas individuais com algumas pessoas... Seus milagres de cura eram realizados de formas diferenciadas; para alguns enfermos, ele apenas falou, e o milagre aconteceu. Em outros, ele tocou; outros, ele mandou que fizessem algo e, ao obedecerem tal ordem, o milagre aconteceu.

Em seu livro “Plano Mestre de Evangelismo”, Robert Coleman destaca oito etapas no plano estratégico de Jesus; são eles: 

  1. Recrutamento: O método de Jesus baseava-se em pessoas. Ele chamou esses homens antes de organizar campanhas evangelísticas.
  2. Associação: Jesus ficava com Seus discípulos. Depois de ter chamado tais homens, tornou uma prática estar com eles. Eis a essência do Seu programa de treinamento – apenas deixar os discípulos O seguirem. O conhecimento era obtido por associação, antes que fosse entendido por explicação.
  3. Consagração: Ele exigiu obediência. Jesus esperava que as pessoas que estavam com Ele O obedecessem. Elas não tinham de ser inteligentes, mas deveriam ser leais. Eram chamadas de Seus “discípulos”, o que significa serem “aprendizes” ou “pupilos”. Naquele momento, eram solicitadas a seguir a Jesus.
  4. Transmissão: Ele deu de Si mesmo. Por que as exigências de Jesus sobre a disciplina foram aceitas sem argumentação? Os discípulos entenderam que não estavam apenas guardando uma lei, mas respondiam a Alguém que os amava e queria Se entregar por eles.
  5. Demonstração: Jesus demonstrou-lhes como se deve viver. Sua forma de ensinar era prática. Ele não pediu a ninguém para fazer ou ser algo que Ele, primeiramente, não tivesse demonstrado na Sua vida.
  6. Delegação: Jesus distribuiu trabalhos entre os discípulos. Ele nunca era prematuro em Sua insistência em agir; ao contrário, mostrava-Se paciente. Seu método era levar os discípulos a uma experiência vital com Deus e mostrar-lhes como trabalhava, antes de dizer-lhes que eles precisavam fazê-lo. Eles receberam tarefas, como responsabilidades manuais de conseguirem comida e acomodação, assim como serem enviados em uma atividade de pregação.
  7. Supervisão: Ele acompanhou o trabalho dos apóstolos. Jesus costumava encontrar Seus discípulos após Suas jornadas de serviço para ouvir os relatos e compartilhar a bem-aventurança do ministério ao fazer o mesmo. Nesse sentido, pode-se dizer que Seu ensinamento alternava entre instrução e atividade. Quando estava com eles, ajudava-os a entender o motivo de alguma ação anterior, ou os preparava para alguma experiência nova. O que é visto aqui, tão vividamente nessas sessões de acompanhamento subsequentes às visitas dos discípulos, apenas mostra, em grande evidência, uma estratégia de Jesus, usada ao longo do Seu ministério. À medida em que Ele revisava uma experiência dos discípulos e trazia uma aplicação prática daquilo para suas vidas.
  8. Reprodução: Ele esperava que os discípulos se reproduzissem. Jesus queria que produzissem Sua semelhança na e por meio da Igreja, sendo congregada no mundo. Assim, Seu ministério no Espírito seria duplicado muitas vezes pelo ministério nas vidas dos discípulos. Por eles, e por outros iguais a eles, Seu ministério continuaria a se expandir em uma circunferência sempre crescente, até que as multidões pudessem conhecer, de modo semelhante, a oportunidade que eles tiveram com o Mestre.

A IGREJA PRIMITIVA, OS MÉTODOS E AS ESTRATÉGIAS DE EVANGELIZAÇÃO

Lendo o livro de Atos, com plena certeza concluímos que os métodos e as estratégias utilizadas por Jesus funcionaram. Todos nós devemos concordar que o movimento evangelístico, iniciado pelos 12 discípulos de Jesus, deve ser examinado mais profundamente; afinal, originou-se com esses homens e transformou o mundo, tornando-se a religião oficial de uma civilização. É impressionante notarmos a eficiência e o sucesso conquistados; foram milhares de conversos das mais diferentes raças, sexos, condições sociais, culturas... Isso nos faz crer que temos muito a aprender em relação a Seus métodos, estratégias, táticas e formas de abordagem.

Observando a Igreja Primitiva, nesse contexto, fica evidente que sua meta prioritária era a evangelização. Sentia-se profundo amor e compaixão pelas pessoas que ainda não tinham conhecimento de Jesus, demonstrando grande flexibilidade quanto à recepção dos novos conversos e suas limitações, opondo-se, porém, a qualquer espécie de sincretismo.

Todos aceitaram o chamado de Cristo, e a ordem que foi dada à grande comissão:

“Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo” (Mateus 28 19).

Um aspecto importante, e que não pode passar despercebido, é a consciência da Igreja Primitiva quanto ao papel do Espírito Santo no processo de evangelização. Ela rendeu-se completamente à guia do Espírito Santo, permitindo que ele conduzisse todos os passos da expansão evangelística. Encontramos várias situações que comprovam essa verdade, relatadas no livro de Atos. O Espírito Santo era o elemento motivador. Individualmente, esperava-se que cada pessoa que houvesse aceitado a Cristo como Senhor e Salvador fosse uma testemunha natural a sentir o privilégio de partilhar sua experiência. E isso acontecia. Elas testemunhavam de maneira entusiasmada, pois entendiam o privilégio de repartirem o que haviam recebido de graça. Fica muito fácil imaginar o impacto do “trabalho” realizado por essas pessoas que haviam tido suas vidas transformadas pelo poder do Evangelho. Na verdade, a História é testemunha da “revolução religiosa” resultante da missão desenvolvida por esses homens e mulheres destemidos. A mensagem apresentada pela Igreja Primitiva possuía três aspectos essenciais:

  1. Era cristocêntrica, ou seja, Jesus era o centro de tudo que proclamavam;
  2. Era flexível, capaz de atingir as mais diferentes pessoas, no próprio contexto cultural;
  3. Era definida, ou seja, sem concessões, sincretismo ou aberturas para meias verdades.

Quanto ao método, Michael Green verifica algo muito interessante na seguinte afirmação:

Parece não ter havido nada muito notável na estratégia e na tática da missão cristã primitiva. Na verdade, não é certo nem mesmo que tenham tido uma estratégia e uma tática. Não creio que levassem um esquema planificado.

Em seguida, Green apresenta o segredo do sucesso evangelístico da Igreja Primitiva:

“Tinham, sim, uma convicção inabalável de que Jesus era a chave da vida e da morte, da felicidade e do propósito, e simplesmente não podiam silenciar-se acerca d’Ele. O Espírito de Jesus que habitava no interior deles levou-os a empreender a missão”. 

Podemos afirmar que, quanto à estratégia adotada por eles, alguns aspectos podem ser assim definidos: eles trabalhavam do centro para fora; deixavam-se envolver, mas eram dinâmicos. Usavam de sua influência e exerciam supervisão. Eles produziam testemunhas. Resumindo, a Igreja Primitiva tinha plena consciência de sua missão de evangelizar e entendia que sua obra consistia em partilhar a salvação resultante do relacionamento com Cristo, assistindo ao desenvolvimento espiritual dos novos conversos, auxiliando-os a tomarem decisões que os levassem a firmarem um compromisso íntimo com Deus, respondendo positivamente ao chamado do Mestre para viverem uma vida santa.

MÉTODOS E ESTRATÉGIAS DA IGREJA CONTEMPORÂNEA

Não é possível limitar os métodos de evangelização, pois as esferas e formas de se apresentarem as “boas-novas” são múltiplas, e os métodos e as abordagens devem variar conforme as circunstâncias. Um bom exemplo disso é o apóstolo Paulo que encontrava oportunidades de partilhar o Evangelho nas mais diferentes situações. Nós o encontramos pregando por meio de suas cartas, ou em praças, igrejas, rios, prisões e muitos outros lugares. O certo é que ele não perdia uma oportunidade de anunciar a salvação em Cristo Jesus.

Eis uma boa lição para todos que se envolvem na pregação do Evangelho. O princípio não muda; porém, devemos estar atentos às mudanças pelas quais não só o mundo, mas também as pessoas passam. Vivemos em uma sociedade em constante transformação, e cabe a nós nos adaptarmos às mudanças de modo a sermos relevantes a fim de encontrarmos possibilidades de anunciar o Evangelho a todos que ainda não ouviram falar de Jesus.

Observando as igrejas de nosso tempo, poderíamos listar as muitas estratégias utilizadas no evangelismo. Vale ressaltar que vários recursos estão longe de serem corretos ou parecidos com as estratégias utilizadas por Jesus e pela Igreja do primeiro século. Por outro lado, há igrejas sérias utilizando boas ferramentas para ganharem almas para o Reino de Deus.

MÉTODOS E ESTRATÉGIAS BATISTAS DO SÉTIMO DIA, NO EVANGELISMO

Evangelizar é a missão primária da igreja, em toda e qualquer época. São muitos os métodos e as estratégias que podemos utilizar para alcançarmos mais pessoas para o Reino de Deus. Vejamos algumas programações realizadas por nossas igrejas, além dos tradicionais cultos:

  •  Chá e Rosas, ou Reunião de Mulheres
  • Encontro de Homens
  • Escola Bíblica de Férias
  • Retiro de Jovens
  • Acampamentos e Acampadentros
  • Curso Bíblico
  • Retiro de Mulheres
  • Culto nos Lares
  • Árvore do Amor
  • Parada Evangelística

Essas programações podem ser grandes ferramentas de evangelização. Talvez, em sua igreja, existam outras atividades a serem compartilhadas com as demais para que cumpramos o “Ide” do Senhor.

CONCLUSÃO

Já ouvi muito que a nossa denominação não é uma igreja evangelística; na verdade, creio que até já falei isso... Mas é preciso entendermos que evangelizar não é papel só de alguns; é necessário que paremos de dar desculpas e comecemos a fazer nossa parte na empreitada. Lembremos que Deus não abençoa métodos e estratégias; Ele abençoa pessoas que se dispõem a fazer a obra d’Ele. Que cada um faça sua parte e motive outros a fazerem também, organizando-se e deixando o restante com o Espírito Santo..

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