Texto de Estudo

Mateus 28:19-20:

19 Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; 20 Ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém.

 

INTRODUÇÃO

Quando Jesus falou para Pedro voltar ao mar e lançar novamente as redes, depois de uma noite frustrante, sem ter pescado peixe algum, este não imaginava aonde essa ordem o levaria. Depois do grande milagre feito por Cristo, Pedro prostrou-se diante do Senhor e reconheceu sua pequenez e indignidade. Diante dessa atitude de humilhação, Jesus chamou Pedro para ser um de seus seguidores com as célebres palavras: “serás pescador de homens” (Lucas 6:10).

A forma usada por Jesus para chamar Pedro ao seu ministério foi sugestiva, “pescador de homens”. Na pesca, um bom pescador sabe que, para poder pegar bons peixes, é necessário saber algumas técnicas, como as características dos peixes, a temperatura ambiente, tipo de iscas, etc. Assim também é com relação à pesca de homens para o Reino de Deus. 

Se quisermos cumprir nossa missão de pregar o evangelho e salvar almas da perdição, precisamos compreender que, além da pregação do evangelho, precisamos nos preocupar com o ensino, com o companheirismo e também com a comunhão. De nada adianta trazer pessoas à Igreja se elas não compreenderem o que significa ser cristão. Saber distinguir a melhor forma de discipular os membros é o que faz a diferença entre os que conseguem manter os fiéis na Igreja e os que não conseguem. 

Nesta lição, estudaremos o motivo de devermos fazer discípulos e ver algumas formas de levá-los para Jesus e conservá-los na Igreja.

 

ESTABELECENDO UMA ESTRATÉGIA

Na sequência deste estudo, identificaremos que existem muitas formas de discipular alguém. Por isso, antes de iniciar o discipulado, é preciso estabelecer uma estratégia de trabalho. 

Quando Jesus iniciou seu ministério e comissionou os discípulos, ele já tinha em mente qual o método que utilizaria. No caso específico dos 12, o Mestre utilizou-se do discipulado pessoal, por ser um dos métodos mais eficazes. A escolha de Jesus era baseada nas seguintes estratégias:

Convite: Os textos bíblicos que relatam o chamado de Jesus aos discípulos mostram que o ingresso ao discipulado apresentava-se sob a forma de convite (Mateus 4:18-22; Marcos 1:14-20; João 1:43). Nesse método, (discipulado pessoal) o ingresso dos discípulos deveria ser voluntário.

Convivência: Não há como ser discipulado pessoal sem que haja convivência. Por isso, não somente os discípulos deixavam suas famílias para seguir Jesus, mas o próprio Jesus deixou sua família de criação para dispensar tempo ao seu grupo.

Ser o modelo: Jesus propôs-se como modelo para que seus discípulos agissem em conformidade com sua forma de agir (João 13:14-15 e 34).

Distribuir responsabilidades e acompanhar os resultados: O discipulado de Cristo baseava-se em ensino e prática. Seus alunos precisavam se responsabilizar e pôr em ação o que aprendiam com o Mestre. Mas Jesus sempre acompanhava de perto o desenvolvimento das ações dos 12, fazendo as correções necessárias a fim de aperfeiçoá-los. (Mateus 17:14-210)

Jesus tinha uma estratégia, um plano, um método. Por isso, seja qual for a forma de aplicarmos o discipulado, precisaremos fazer de maneira organizada. Estabelecer uma estratégia é importante para que não comecemos uma caminhada e paremos na metade do caminho. (Lucas 14:28-33)

 

FORMAS DE SE FAZER DISCÍPULO

Existem diversas formas de discipulado pessoal. Cabe a cada um de nós buscar o jeito que melhor se enquadra a nossas características pessoais. Ninguém será desculpado por não fazer uso de seus dons para fazer discípulos (Mateus 25:24-30), mas também ninguém é obrigado por Deus a pregar o evangelho usando meios que não se enquadram ao seu perfil (1 Coríntios 12:12-27). Nem todos levam jeito para aplicar estudos bíblicos, ou sair de porta em porta para alcançar os perdidos. Mas para todos existe uma forma possível de discipulado a ser usada para salvar as almas da perdição. Precisamos saber em qual delas nos encaixamos melhor. Se procurarmos fazer discípulos usando um instrumento que esteja de acordo com nossas características, conseguiremos discipular mais pessoas e fazer menos esforço. Analisaremos algumas dessas formas.

Pequenos grupos: O pequeno grupo é, talvez, a melhor forma de fazer discípulos. Quando Jesus disse que, onde estivessem duas ou mais pessoas reunidas em seu nome, ali ele estaria (Mateus 18:20), estava falando dos pequenos grupos. No início do cristianismo, os seguidores de Jesus não tinham templos para freqüentar, como temos hoje. A perseguição, a falta de recursos e o número pequeno de seguidores espalhados pelos diversos países facilitaram a reunião dos crentes nas casas. Há relatos de igrejas nos lares de Priscila e Áquila (Romanos 16:19) e de Filemon (Filemom 1:2). O resultado dessas reuniões foi a expansão do cristianismo por todo o mundo conhecido de então.

Nos dias atuais, algumas denominações cristãs também fazem uso do discipulado em pequenos grupos, tendo grande êxito. O exemplo mais conhecido é o da Igreja do Evangelho Pleno, situada em Seul, na Coreia do Sul. Essa denominação, que tem mais de 50 anos de existência, saiu de uma condição de poucos membros para uma Igreja de mais de um milhão de membros! E não estamos falando de membros espalhados por diversas igrejas; e, sim, de uma única igreja local com um milhão de membros. O crescimento exponencial dessa denominação ocorreu única e exclusivamente pelo método de pequenos grupos. 

Mas por que isso acontece? Porque, nos pequenos grupos, existe comunhão entre os participantes, apoio mútuo para enfrentar as dificuldades, estudo da Palavra fixando o conhecimento das escrituras entre os participantes, liderança cristã, louvor, oração e amizade. Quando isso acontece em um mesmo lugar, e é experimentado por todas as pessoas, a tendência é que tenhamos crescimento dos membros. Quando se criam vínculos no grupo menor (o pequeno), a tendência é que estes se estendam ao grupo maior (a igreja).

Estudos Bíblicos: Fazer discípulos por meio de estudo bíblico é muito importante para o crescimento da Igreja. Esse tipo de discipulado é essencial por dois motivos:

1. É preciso haver membros bem preparados e conhecedores das doutrinas da Igreja para ensinar a outros a respeito da Palavra (Atos dos Apóstolos 17:11). Portanto, antes de alguém querer ensinar, deve ser ensinado e, assim, tornar-se um bom manejador das Escrituras.

2. Quem está aprendendo a respeito da Palavra de Deus deve ser bem ensinado a respeito do caminho da salvação. Deve crer e ser batizado. Como Batistas, compreendemos que o batismo deve ser ministrado apenas àquelas pessoas que entenderam a sã doutrina de Jesus e colocaram-na em prática (Marcos 16:16). Se tivermos novos crentes que realmente entenderem e aceitarem os ensinamentos bíblicos, não haverá um número grande de apostasias por motivos doutrinários.

Jesus Cristo deu um estudo bíblico para os discípulos que iriam para Emaús (Lucas 24:25-27). As Escrituras dizem que lhes ardia o coração enquanto Jesus falava (Lc24:32). Isso aconteceu, porque a “verdade liberta”. Ao darmos estudos bíblicos, libertamos homens e mulheres da escravidão do pecado e da ignorância espiritual.

Produção de Livros e lições: A produção de livros e lições para que a Igreja possa ser orientada quanto à doutrina bíblica e à forma como se deve viver uma vida de santidade é muito importante. Embora não possamos ser sectários e devamos respeitar o que outras denominações ensinam em seus escritos, precisamos ter uma identidade e crer no que a Igreja ensina. Isso ajuda os membros a conhecerem a heresia quando ela se apresenta. Como evitar o êxodo de nossa Igreja se não for produzindo material que possa mostrar e comprovar as crenças de nossa denominação? A lição da escola sabatina tem procurado fazer esse papel de orientação. Não existe discipulado sem conhecimento, e o conhecimento vem pela leitura. Se não temos livros de nossa amada Igreja, ou temos poucos, mostrando o que pensamos sobre ciência, família, doutrinas, alimentação, sexo, etc, a tendência é buscarmos esse conhecimento em outras fontes que, na maioria das vezes, não estão em sintonia com nossa fé.

Internet: Nesta era tecnológica e informatizada, na qual os homens estão cada vez mais distantes uns dos outros, o cristianismo pode fazer da internet um meio de aproximação, de comunhão e ensino da Palavra, fortificando a convicção na doutrina cristã. As distâncias tornaram-se pequenas. Assim, é possível fazer discípulos mesmo em locais onde não exista um Batista do Sétimo Dia. 

Um dos objetivos da Igreja é que os crentes apoiem-se mutuamente. Para se encontrar esse tipo de apoio, nos tempos de nossos pais, bastava somente ter um grupo de cristãos próximo à localidade onde se morava. Hoje já não é mais assim. É possível morar em um lugar bem retirado e ainda ter comunhão com os irmãos. Para que isso ocorra, a Igreja precisa criar canais de comunicação pelos quais os crentes possam manter contato uns com os outros. Atualmente, tal método é mais do que necessário, pois vivemos em um mundo globalizado. Existe um número grande de pessoas que não tem condições de congregar em um templo, mas pode assistir a cultos on-line, escutar pregações e aprender.

Visitação em hospitais: É muito importante o discipulado em hospitais. Esse comprometimento é indicado em Tiago 5:14-15, e deve ser levado a sério. Trata-se de um trabalho para abrandar a dor dos irmãos em momentos difíceis. Não existe momento em que o ser humano esteja mais fragilizado; portanto, necessitado de atenção, oração e orientação espiritual do que quando está no leito de um hospital. Quando alguém se encontra nessa situação, a alma está sedenta de atenção, comunhão e oração. Quando damos atenção à dor de nossos irmãos, estamos dividindo parte de nós mesmos com quem precisa de ajuda. Muitos crentes afastam-se da Igreja porque, quando mais precisavam, foram esquecidos pelos irmãos em Cristo. 

A situação seria diferente se, nos momentos de doença, procurássemos nossos companheiros de jornada espiritual e gastássemos tempo lendo a Palavra, ensinando a verdade bíblica e orando em favor deste e de sua família. Nessas horas, poderíamos dar atenção aos filhos desses enfermos e brincar. Amar e orientar esses pequeninos deveriam ser missões importantes de todo aquele que diz amar a Jesus (Mateus 19:13).

Oração nos lares: Outro método de discipulado é o de intercessão nos lares. Vivemos em um mundo egoísta, em que cada um cuida dos próprios interesses. Quando as pessoas percebem que nos preocupamos com elas, e oramos com elas e por elas, ficam sensibilizadas. Lembro-me da história de uma irmã em Cristo que, não sabendo ler, nem escrever, ia de porta em porta, na pequena cidade onde morava, e perguntava se aquela família iria se importar de ela entrar e orar por eles. Todos aceitavam o oferecimento e, assim, ela ia trabalhando por seu Senhor. Muitos foram auxiliados, espiritualmente, por essa irmã maravilhosa. Por seu intermédio, eles aprenderam a ir aos pés de Jesus e tornaram-se amigos de Cristo.

Rádio e TV: Esses veículos de comunicação também podem ser instrumentos de discipulado. Existem muitas distâncias que só podem ser superadas por meio desse tipo de contato espiritual. Algumas pessoas não acessam internet, mas é difícil encontrar alguém que não tenha casa um rádio e/ou uma televisão. Tem também quem viva sozinho, mas não seja solitário, pois mantém comunhão com seus irmãos por meio da emissora de TV de sua denominação. Pela TV ou pelo rádio, as pessoas oram, recebem orientações, riem, escutam música, vêm mensagens espirituais e sentem-se parte de uma comunidade. Nem sempre o discipulado é feito com alguém presente; é possível discipular de forma diferente, em nossos dias. Tanto a TV como o rádio têm um papel importante nesse novo processo em que estamos inseridos no século XXI.

Escolas e universidades: A educação sempre foi uma preocupação que os crentes das diversas ramificações cristãs tiveram. Essa ansiedade ocorre pela necessidade de educar as crianças para a sociedade (Provérbios 22:6), sem que as mesmas sejam influenciadas pela ciência de nossos dias. Sendo assim, é comum que as denominações - como a Católica, a Luterana, a Batista, a Presbiteriana, a Metodista, a Adventista, entre outras - tenham criado para si redes de escolas e universidades. Em termos de discipulado, esse tipo de trabalho é muito importante para fazer discípulos. Faz com que a Igreja seja respeitada na sociedade e ajuda a manter os jovens na crença da denominação. 

Quando uma determinada igreja possui escolas e universidades, há a possibilidade de manter seus filhos e agregar novos. E também a vantagem de criar mentes pensantes que muito contribuirão com a direção da igreja e com sustento da obra. É importante termos homens e mulheres que pensem conforme as crenças, e isso é possível quando possuímos escolas e universidades com professores que ensinem nossa fé e temam a Deus acima de tudo. O exemplo de tais educadores fará com que os jovens sintam o desejo de se colocarem nas mãos de Deus, e estes lutarão pela causa de Cristo. Mas, se nossas crianças estão nos colégios públicos ou em escolas de outras denominações, que tipo de comprometimento com nossa igreja estão aprendendo a ter?

A Igreja Batista do Sétimo dia sempre teve a educação em alta conta. Nos Estados Unidos, chegou a ter três universidades no fim do século XIX e n início do XX . Na China, uma das primeiras ações que os nossos missionários fizeram ao chegarem lá foi construir uma escola e um hospital. Como resultado dessa prática desses pioneiros, a Primeira Igreja Batista do Sétimo Dia de Xangai era, em 1949, a maior igreja local de nossa denominação no mundo, com aproximadamente 670 membros .

 

CONCLUSÃO

Existem várias formas de se fazer discípulos. O que apresentamos até aqui é apenas um pequeno leque de opções que a Igreja, tanto local quanto em termos de Conferência, pode utilizar para fazer com que os membros comprometam-se com a obra de salvação. Mas não podemos deixar de frisar que nenhuma forma de discipulado tem valor se não for acompanhada por uma vida transformada pelo Espírito de Deus. 

Uma igreja que forma discípulos tem de ser constituída por homens, mulheres e crianças que tenham Jesus como “autor e consumador da fé” (Hebreus 12:2). Não estamos mais vivendo em um tempo que pode ser desperdiçado com bobagens, como ciúme, inveja, preconceito, egoísmo, inimizades; elementos que, infelizmente, estão presentes entre o povo de Deus. Devemos deixar esses rudimentos e avançar com a intenção de sermos exemplos para outros seguirem. Como é maravilhoso sabermos que as pessoas estão fazendo a obra do Senhor por causa de nosso exemplo! O lema de todo o cristão deveria ser a afirmação que Paulo fez a respeito de si mesmo: “Sede meus imitadores, como eu mesmo o sou de Cristo”. (1 Coríntios 11:1)

 

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