Testo de estudo

Atos dos Apóstolos 6:7:

7 E crescia a palavra de Deus, e em Jerusalém se multiplicava muito o número dos discípulos, e grande parte dos sacerdotes obedecia à fé.

 

INTRODUÇÃO

 

O que promove a multiplicação na Igreja na questão numérica e na espiritual? Como obter resultados reais de crescimentos físico e espiritual? Qual o modelo que devemos seguir? Será que não estamos confundindo multiplicação com aglomeração? A aglomeração é resultado da busca imediatista de observadores ou simpatizantes de um sistema. A multiplicação é resultado do discipulado eficaz. É ovelha gerando ovelha, ou seja, discípulo gerando discípulos. É matemática básica: um gera dois; dois geram quatro; quatro geram oito... Esse é o projeto de Jesus para sua Igreja. Projeto este que teve início com apenas 12 homens. Hoje, o resultado dessa multiplicação é incalculável!

 

CUMPRINDO O PLANO DO MESTRE

 

Qual seria a melhor estratégia para promover o crescimento da igreja? Programas de inclusão social, grupos familiares, dinamismo nos cultos, uma boa mensagem, cultos televisionados? Há muitas formas, e todas as citadas são válidas. Mas qual foi a estratégia implantada por Cristo para que a Igreja, que se iniciou nele, se desenvolvesse e crescesse com qualidade? 

Observe que suas mensagens atraíam multidões (Lucas 4:42), suas obras sociais atingiam inúmeras pessoas (Marcos 6:44; 8:8-9), sua autoridade na hora de pregar a Palavra deixava as pessoas perplexas (Mateus 7:28-29). Contudo, Jesus lançou mão ao discipulado como meio de desenvolvimento do seu objetivo.

Sabendo que seu tempo era curto, o Mestre preocupou-se em discipular 12 homens. Jesus não estava preocupado apenas em formar alunos; seu objetivo era preparar aquele grupo de homens para que os mesmos se tornassem mestres, ou seja, discipuladores. Em uma das últimas conversas com eles, Jesus disse: “eu vos escolhi a vós outros e vos designei para que vades e deis fruto” (João 15:16). E, após a sua ressurreição, afirmou: “sereis minhas testemunhas” ( Atos dos Apóstolos 1:8). 

Aqueles 12 homens, posteriormente 11 por causa do suicídio de Judas, iniciaram sua caminhada com Cristo como discípulos. Porém, ao cabo de três anos, já eram discipuladores. O momento da Grande Comissão, narrado em Mateus 28:19 foi a “Colação de Grau” do grupo. A ordem “Ide, portanto, fazei discípulos” demonstra que o tempo de aprendizado havia acabado, e o tempo de ensinar e de fazer outros discípulos iniciava-se. A época da multiplicação havia sido inaugurada. Ou melhor, o momento da frutificação havia iniciado.

Embora a Igreja de hoje aplique muitas formas e vários programas para atingir crescimento em todos os sentidos, o método do discipulado ainda é a melhor estratégia, justamente por causa do efeito de multiplicação. Mas não é apenas a multiplicação numérica que acontece; o aumento da qualidade espiritual da Igreja também é notório, pois não se multiplicam apenas vidas, mas o ensino. Vale muito mais você ter 12 pessoas instruídas do que uma multidão leiga. 

 Se seguíssemos à risca o método de discipulado proposto por Jesus, teríamos um crescimento incalculável nas nossas igrejas. Por menor que seja uma comunidade, em três anos, ela poderia aumentar pelo menos 1.000% o número de convertidos se cada um se comprometesse a frutificar.

 

MULTIPLICANDO COM QUALIDADE

Uma das vantagens do efeito da multiplicação que o discipulado proporciona é a uniformidade qualitativa da Igreja. Como sabemos, não basta quantidade; é preciso ter qualidade, e o discipulado cristão proporciona ambas. Vejamos como isso ocorre. 

a)Qualidade: porque a fonte do ensino e o efeito do mesmo provêm de Cristo. Ele disse: “Eu sou a videira, vós os ramos”. (João 15:5). Como foi abordado na lição cinco, Jesus é a raiz do discipulado. Então, tudo que é gerado dele, consequentemente, possui qualidade. Uma igreja doente espiritualmente não está ligada à Videira verdadeira. É impossível que aquele que está ligado a ela produza fruto ruim. Outro fator que gera qualidade é que o chamado ao discipulado é seletivo, não no sentido de acepção, mas no que se refere às exigências da caminhada. Ou seja, não adaptamos o discipulado às nossas vontades, mas nos adaptamos às exigências do discipulado. 

b)Quantidade: Isso vem como consequência da frutificação. Jesus também disse: “quem permanece em mim, e eu nele, esse dá muito fruto”. A frutificação é o resultado do ensino de qualidade. “Um ensino transformador”, como estudamos na lição oito. Ramo que não produz fruto é ramo que não está ligado: “todo ramo que, estando em mim, não der fruto, ele o corta”. (João 15:2) A multiplicação pela frutificação não é uma obra feita por nós, mas por meio de nós, pela ação do Espírito de Deus, como aponta o texto de Atos dos Apóstolos 2:47: “Enquanto isso, acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos”. Quando a igreja não cresce (mesmo que seja em pequena proporção), alguma coisa está errada.

 

Estes dois aspectos não só devem estar entrelaçados, mas precisam seguir a ordem lógica. Primeiramente, vem a qualidade e, depois, a multiplicação. Foi o que Jesus fez; ele não poderia qualificar uma multidão inteira para a obra. No entanto, com um pequeno grupo, isso seria possível. 

Não devemos esquecer que a multiplicação traz a uniformidade. Por isso, precisamos tomar cuidado, pois ovelha doente gera ovelha doente. Assim, discípulo mal treinado gera aluno mal orientado. Infelizmente, algumas igreja preocupam-se em multiplicar, mas deixam de fazer isso com qualidade, desprezando o ensino fidelizado às Escrituras. Jesus disse que devemos buscar a perfeição, pois o nosso Pai é perfeito (Mateus 5:48). 

O processo do discipulado exige paciência. Muitos se preocupam demais com quantidade e desprezam a qualidade. Não é apenas pela aplicação de um curso bíblico que discipulamos alguém. Não há qualidade sem aperfeiçoamento, e o aperfeiçoamento é um processo longo; trata-se de uma caminhada. 

Foram muitas as vezes que Jesus teve que chamar os discípulos à parte para lapidá-los, aperfeiçoá-los, corrigi-los e orientá-los com o propósito de qualificá-los. Eles seriam a Igreja; seriam os multiplicadores. Então, aquele grupo precisava de qualidade e, durante aproximadamente três anos, Jesus trabalhou com eles. E era exigente ao ponto de dizer: “Se a vossa justiça não exceder em muito a dos escribas e fariseus, jamais entrareis no reino dos céus” (Mateus 5:20 grifo nosso). Parece até um exagero, mas Jesus não poderia exigir menos daqueles que seriam os disseminadores da Igreja, como também um bom discipulador não pode deixar de exigir do discipulando. No discipulado, “qualidade” antecede “quantidade”; porém, as duas andam de mãos juntas.

 

 

MULTIPLICIDADE, MAS EM UNIDADE E ORGANIZAÇÃO

Como foi abordado anteriormente, o efeito da multiplicação gera uniformidade na Igreja. Isso não significa que as pessoas serão todas iguais; mas, sim, que todas foram orientadas no mesmo ensino, geradas pelo mesmo Espírito, caminham no mesmo caminho, olhando para o mesmo alvo: Jesus. (Hebreus 12:2). Ou seja, não é clonagem. Por isso, dentro do programa do discipulado, justamente por causa da multiplicidade gerada dentro da Igreja, é preciso saber trabalhar com a diversidade. Nisso, referimo-nos ao fato de que o resultado não só traz muitas pessoas, mas traz pessoas diferentes umas das outras, com habilidades, dons, pensamentos e estratégias diferentes.

A busca da unidade é primordial no programa discipular. Jesus buscava a unidade. Ele disse: “Eu lhes tenho transmitido a glória que me tens dado, para que sejam um, como nós o somos... a fim de que sejam aperfeiçoados na unidade.” ( João 17:22-23). Então, crescimento é importante, mas em unidade. A diversidade é natural; Paulo diz que Deus mesmo “concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas”, mas o objetivo de tudo isso é que a Igreja chegue à “unidade da fé”. (Efésios 4:11-13). Jesus trabalhou essa questão, pois cada um dos discípulos possuía características diferentes, e o Mestre soube aproveitar a peculiaridade de cada um, com vistas à unidade do grupo. Jesus não apenas potencializou as qualidades dos 12, mas tratou das deficiências. 

J.M Price afirma que Jesus lidava com um grupo de homens imaturos, impulsivos, pecadores, perplexos, ignorantes, cheios de preconceitos e instáveis . Assim, é importante que o “multiplicador” (discipulador), durante o processo de discipulado, tenha sabedoria para trabalhar as qualidades e as deficiências do aluno, com vistas à “unidade”.

Não basta crescer, multiplicar, potencializar, sem que isso acorra de uma forma organizada. Algumas igrejas sofrem, porque crescem, mas sem organização. E, quando tentam reestruturar isso, torna-se difícil, pois o que começou errado dificilmente terminará certo. Sabendo disso, em muitos momentos, Jesus tentou passar para os discípulos noções de organização e planejamento. 

A primeira multiplicação dos pães e peixes ilustra muito bem isso (Marcos 6:34-44; João 6:1-14). Os discípulos ainda não estavam preparados espiritualmente, o suficiente, para multiplicarem pães e peixes, mas podiam aprender mais sobre organização. O texto mostra que Jesus mandou que eles fizessem um levantamento sobre a quantidade de alimento disponível. Depois, pediu que organizassem as pessoas em grupos de 100 e de 50 para facilitar a distribuição. Em seguida, ordenou que os 12 fizessem a distribuição, sem sobrecarregar ninguém. Por fim, orientou sobre o que havia sobrado, a ser guardado, evitando o desperdício. 

Podemos perceber que Jesus também procurava mostrar ao grupo a importância do planejamento. O evangelho de Lucas narra o momento em que o Mestre designou 70 homens para prepararem o caminho para ele: “Depois disto, o Senhor designou outros setenta; e os enviou de dois em dois, para que o precedessem em cada cidade e lugar onde ele estava para ir” (10:1). Ele comissionou tais homens (os 12 ficaram à parte, com Cristo), deu-lhes poder e autoridade e dividiu-os em duplas, pois havia muitos lugares e cidades para receber o evangelho. Eles iam à frente, promovendo a chegada de Cristo; assim, cada cidade esperaria ansiosamente. Como foi dito, não basta multiplicar; é preciso que isso ocorra de forma organizada. Então, o planejamento é essencial. E é dever do multiplicador trabalhar isso no processo do discipulado.

O livro de Atos mostra que a Igreja foi se multiplicando e se organizando. O capítulo 6 narra que o número de discípulo aumentava a cada dia, e a Igreja começou (precisou) se organizar. Nesse episódio, foram instituídos os diáconos. Na medida em que o evangelho foi se expandindo, a Igreja foi trabalhando de forma planejada. 

No capítulo 13 de Atos, fala-se que a Igreja espalhava-se muito além das fronteiras, ao enviar de forma estratégica, sob a direção do Espírito Santo, Paulo e Barnabé para uma viagem missionária. Assim, o evangelho foi se difundindo, e a Igreja multiplicou-se.

 

ÁRVORES SEM FRUTOS

O evangelho de Lucas narra a parábola da figueira estéril (13:6-9). A história contida expressa muito bem a situação do cristianismo atual. Vejamos.

As pessoas vão à igreja, frequentam as programações, seguem a doutrina, devolvem os dízimos, leem a Bíblia e fazem orações. Mas muitas delas nunca ganharam a alma para Cristo. Qual é a função da frutificação? A principal, pensando botanicamente, é produzir sementes para que essas sementes gerem outras árvores. Fazendo, assim, a disseminação da espécie. 

Uma árvore que não produz frutos, por mais que seja bela, frondosa e cheia de folhas, não serve para nada, a não ser cortada para lenha, como descrito na parábola. Passar a vida inteira lustrando banco de igreja é ser como uma árvore estéril ocupando terreno inutilmente. O cristão deve ser como “árvore plantada junto à corrente de águas que, no devido tempo, dá o seu fruto”. (Salmos 1:3

Uma hora ou outra, o discípulo precisa discipular, ou seja, frutificar. De forma contrária, não estamos cumprindo o projeto de Cristo para igreja: “Ide e fazei discípulos”. Ficar a vida toda dentro da igreja, orando para que as pessoas creiam em Deus não basta. “Como crerão naquele de que nada ouviram? E como ouvirão se não há quem pregue? E como pregarão, se não forem enviados?” (Romanos 10:14-15). Todo ramo que está em Cristo tem de produzir frutos (João 15:5). O homem sem Deus é como oliveira brava (Romanos 10:17) e não produz frutos bons. Mas, ao ser enxertado na oliveira verdadeira, tem que frutificar, e com qualidade.

 

CONCLUSÃO

Vivemos dias difíceis. De um lado, observamos algumas igrejas morrendo gradativamente. De outro, enxergamos algumas crescendo exponencialmente, mas fora do propósito inicial, multiplicando-se numericamente, mas sem qualidade. O plano mestre de Jesus tinha como objetivo o efeito da multiplicação. Tanto a pequena igreja quanto as megas precisam valer-se desse plano. Quando a pequena não cresce, e a grande cresce de forma incorreta, alguma coisa está errada.

Está na hora de desenvolvermos o verdadeiro discipulado. Retomarmos o objetivo proposto por Jesus: que a Igreja multiplique-se com qualidade, em unidade e de uma forma organizada. O dono da vinha está vindo a passos rápidos colher os frutos. Aproveitemos o tempo que ainda temos para frutificar. 

 

 

 

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