Texto de Estudo

Efésios 4:8:

8 Por isso diz: Subindo ao alto, levou cativo o cativeiro, E deu dons aos homens.

INTRODUÇÃO

Nos próximos sábados nos debruçaremos sobre um assunto extremamente importante para a Igreja de Cristo: os dons espirituais. É mister ressaltarmos que, para cumprirmos o plano de Deus para sua igreja, faz-se necessário que os membros desse corpo estejam cônscios de seus dons e desejosos em exercitá-los.

Os dons são dádivas de Deus à igreja para a realização do ministério e a edificação dos santos. Não são alcançados por mérito, mas distribuídos pela graça. Não são distribuídos conforme o querer humano, mas segundo a vontade soberana do Espírito Santo. 

Nossa oração é que o Espírito Santo nos dirija neste trimestre, ensinando-nos sobre os dons e manifestando a cada um o seu dom.

 

DONS ESPIRITUAIS OU TALENTOS NATURAIS

Antes de aprofundarmos nossa discussão sobre os dons, faz-se necessário diferenciarmos os dons espirituais dos talentos naturais. Há semelhanças e diferenças entre talentos e dons espirituais. Os dois são dádivas divinas. Os dois crescem em efetividade com o uso. Os dois devem ser usados a favor de outras pessoas, não para propósitos egoístas. 1 Coríntios 12:7 diz que os dons espirituais são dados para beneficiar outras pessoas e não a nós mesmos. Como os dois maiores mandamentos são para amar a Deus e a outras pessoas, entende-se que os talentos também devem ser usados para esse propósito. 

No entanto, talentos e dons espirituais diferem em para quem são dados e quando. Uma pessoa (independentemente de sua crença em Deus e Cristo) recebe talento natural como resultado de uma combinação da genética (alguns têm a habilidade natural para música, arte ou matemática) e ambiente (crescer em uma família musical vai ajudar o desenvolvimento do talento em música), ou simplesmente porque Deus quis favorecer certas pessoas com certos talentos (por exemplo, Bezalel em Êxodo 31:1-6). Frequentemente alguém desenvolve seus talentos e depois direciona sua profissão ou hobby de acordo com esses talentos.

Entretanto, os dons espirituais são dados aos cristãos pelo Espírito Santo (Romanos 12:3-6), é ele que dá ao nascido de novo o(s) dom(ns) espirituais que deseja que aquela pessoa tenha (1 Coríntios 12:11). Os dons espirituais foram dados pelo Espírito Santo para a edificação da igreja de Cristo. Com isso, todos os cristãos devem ser ativos em fazer a sua parte na propagação do Evangelho de Cristo. Todos são chamados e equipados para serem envolvidos no “desempenho do seu serviço” (Efésios 4:12). Todos são dotados para que possam contribuir à causa de Cristo como uma forma de mostrar gratidão por tudo o que ele tem feito. Ao fazerem isso, também acharão satisfação na vida através do seu trabalho para Cristo. Os líderes da igreja têm o trabalho de ajudar a edificar os santos de modo que sejam mais bem equipados ao ministério para o qual Deus os tem chamado. O que se espera receber dos dons espirituais é que a igreja como um todo possa crescer, assim como ser fortificada e unificada, pelo que cada membro oferece ao Corpo de Cristo.

Para resumir as diferenças entre dons espirituais e talentos: 1) Um talento é resultado de genética e/ou treinamento, enquanto um dom espiritual é o resultado do poder do Espírito Santo. 2) Qualquer pessoa, cristã ou não, pode possuir um certo talento, ao passo que apenas os cristãos possuem dons espirituais. 3) Embora ambos os talentos e dons espirituais devam ser usados para a glória de Deus e para ministrar uns aos outros, os dons espirituais focam apenas nestes serviços, enquanto os talentos podem ser usados para objetivos completamente não espirituais.

 

ACERCA DOS DONS ESPIRITUAIS

Existe em toda a Bíblia Sagrada pelo menos quatorze palavras em referência a dons, cinco delas em hebraico e nove em grego. A palavra “dom” tem vários significados no texto bíblico. 

No Antigo Testamento, escrito em hebraico, há várias palavras que traduzem o sentido de “dom”. Dentre elas, destacamos os termos mattan, com o sentido de alguma coisa oferecida gratuitamente, ou “um presente”, como em Provérbios 19:6; 21:14; ou como dote, dádiva (Gênesis 34:12). Há o termo maseth, que também significa “presente”, “dádiva” (Ester 2:18; Jeremias 40:5); porém, a mais usada é minchach, que ocorre duzentas e nove vezes, com o significado de “oferta”, “presente” (SI 45:12; 72:10). Em todas as ocorrências, o sentido é sempre o de algo que é dado ou oferecido gratuitamente. No Antigo Testamento, os dons eram concedidos a pessoas específicas, chamadas por Deus para cumprir determinadas missões. Os dons não estavam à disposição de todo o povo de Deus. 

Já em o Novo Testamento, a palavra “dom” assume de igual modo significados diversos. O termo “doma” indica a oferta de um “presente”, “boa coisa” (Mateus 7:11); o “pão nosso” é uma dádiva de Deus (Lucas 11:13); “dons”, concedidos por Deus aos homens (Efésios 4:8), com base no Salmos 68:19. A palavra grega cháris indica “dom gratuito”, ou “graça” (2 Coríntios 8:4). O termo charisma é muito utilizado em estudos bíblicos, pois tem o significado de “dons do Espírito”, concedidos pela graça de Deus, com propósitos muito elevados; é relacionado ao termo ta charismata, utilizado em 1 Coríntios 12:4-9,28,30,31, que tem o sentido de “dons da graça”. A definição ativa da graça (charis) é Deus nos dando o desejo e a força para cumprir sua vontade. É a capacitação sobrenatural, sobre-humana (unção) para realizar a vontade de Deus. Em o Novo Testamento, os dons de Deus estão à disposição de todos os que creem, com a finalidade de promover graça, poder e unção à Igreja no exercício de sua missão, de forma que Cristo seja glorificado. Os dons são dados soberanamente pelo Espírito de Deus. Ele os distribui como quer. A salvação foi o maior dom de Deus ao mundo (João 3:16), o dom da vida eterna, em Cristo Jesus. 1 Coríntios 12:7 diz: “Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um para o que for útil”, logo, essas manifestações visam à edificação e à santificação da igreja.  Quanto aos dons, algumas verdades merecem ser destacadas. 

Em primeiro lugar, a origem dos dons espirituais. Os dons espirituais não procedem do homem, mas de Deus. Não podem ser confundidos com talentos naturais. Não é um pendor humano nem uma habilidade inata que alguém desenvolve. Os dons espirituais são concedidos aos membros do corpo de Cristo, pelo Espírito Santo, quando creem em Cristo, e são desenvolvidos à medida que os fiéis os utilizam para a glória de Deus e edificação dos salvos. Nenhuma igreja pode conceder os dons. Nenhum concílio eclesiástico tem autoridade para distribuí-los. Os dons espirituais são dádivas de Deus à igreja. São distribuídos segundo a vontade do Espírito e não conforme as preferências humanas. Eles vêm do céu e não da terra; emanam de Deus e não dos homens.

Em segundo lugar, a natureza dos dons espirituais. Os dons espirituais são uma capacitação sobrenatural dada pelo Espírito Santo aos membros do corpo de Cristo para o desempenho do ministério. Nós somos individualmente membros do corpo de Cristo. Cada membro tem sua função no corpo. Nenhum membro pode considerar-se superior nem inferior aos demais. Todos os membros são importantes e interdependentes. Servem uns aos outros. Pelo exercício dos dons espirituais as necessidades dos santos são supridas, de tal forma que, numa humilde interdependência, todos os salvos crescem rumo à maturidade, à perfeita estatura do Varão perfeito, Cristo Jesus.

Em terceiro lugar, o resultado dos dons espirituais. Os dons espirituais têm dois propósitos: a glória de Deus e a edificação da igreja. Deus é mais glorificado em nós quanto mais nós nos deleitamos nele e servimos uns aos outros. Os dons espirituais não são dados para autopromoção. Nenhum membro da igreja pode gloriar-se por ter este ou aquele dom, pois os dons são recebidos não por mérito, mas por graça. Usar os dons para exaltação pessoal é dividir o corpo em vez de edificá-lo. A igreja de Deus não é uma feira de vaidades, mas uma plataforma de serviço. No reino de Deus, maior é o que serve. No reino de Deus perdemos o que retemos e ganhamos o que distribuímos. Quando investimos nossa vida, recursos e dons para socorrer os aflitos, fortalecer os fracos, instruir os neófitos, ajudar os necessitados e encorajar os santos, o nome de Deus é exaltado, o mundo é impactado e a igreja é edificada. Quando usamos os dons espirituais da forma certa e com a motivação certa, Deus é exaltado no céu e os homens são abençoados na terra.

 

O PROPÓSITO DOS DONS DO ESPÍRITO

Os dons espirituais são dados para equipar a igreja a fim de que ela desenvolva seu ministério até que Cristo volte. Paulo escreve que os coríntios não tinham “deixado de receber nenhum dom espiritual enquanto esperavam a vinda do nosso Senhor Jesus Cristo.” (1 Coríntios 1:7 NTLH). Nesta passagem, ele relaciona a posse dos dons espirituais e a situação deles na história da redenção (aguardando o retorno de Cristo), sugerindo que os dons são dados à igreja para o período entre a ascensão de Cristo e sua volta. De maneira semelhante, Paulo olha adiante para o tempo da volta de Cristo e diz “quando, porém, vier o que é perfeito, então, o que é em parte será aniquilado” (1 Coríntios 13:10), dando a entender também que esses dons “imperfeitos” (mencionados nos v. 8-9) estarão em operação até a volta de Cristo, ocasião em que serão superados por algo muito maior. De fato, o derramamento do Espírito Santo com “poder” no Pentecostes (Atos dos Apóstolos 1:8) teve por finalidade equipar a igreja visando à pregação do evangelho - algo que continuará até que Cristo volte. E Paulo lembra aos fiéis que deviam procurar progredir no uso que faziam dos dons espirituais, “para a edificação da igreja” (1 Coríntios 14:12). 

Os dons espirituais são recebidos de Deus e exercidos com Deus, por Deus e para Deus para que a igreja de Cristo tenha suas necessidades supridas e possa, assim, cumprir cabalmente sua missão no mundo. Não nos bastamos a nós mesmos. Nenhum membro do corpo de Cristo ficou sem dons e nenhum recebeu todos os dons. Devemos suprir as necessidades uns dos outros. Dependemos uns dos outros. No corpo há unidade, diversidade e mutualidade. Os membros não têm vida independente do corpo. Cada membro do corpo tem sua função. Cada membro precisa exercer o seu papel para que o corpo cresça de forma harmoniosa e saudável. O corpo cresce de forma harmoniosa e saudável quando servimos uns aos outros conforme o dom que recebemos. 

O Espírito Santo decide quem e que dons recebe: “Há diferentes tipos de dons, mas o Espírito é o mesmo... A cada um, porém, é dada a manifestação do Espírito, visando ao bem comum... Todas essas coisas, porém, são realizadas pelo mesmo e único Espírito, e ele as distribui individualmente, a cada um, como quer” (1Cor 12:7-11). Não cabe a nós decidir o dom que queremos. Isto é obra exclusiva de Deus: “De fato, Deus dispôs cada um dos membros no corpo, segundo a sua vontade” (1Cor 12:18). Porém, à medida que buscamos a plenitude do Espírito e a intimidade com ele, os dons vão sendo manifestados e desenvolvidos.

Deus levanta ministros, pastores, ensinadores e líderes, para que se encarreguem da edificação espiritual, moral e doutrinária da igreja. Eles precisam de dons espirituais. A igreja é, em seu conjunto, o “... edifício de Deus” (1 Coríntios 3:9). Após afirmar que os cristãos são “edifício de Deus”, Paulo demonstra que foi comissionado, pela graça de Deus, “como sábio arquiteto”, para estabelecer “o fundamento” da igreja, com seus ensinos, exortações, pregações e discipulado. E diz que “outro edifica sobre ele”, ou seja, ele não seria único, como obreiro, a cuidar da edificação da igreja; haveria outros que tomariam parte na edificação espiritual da igreja, segundo a mesma graça que lhe fora concedida. Mas fez solene advertência: “mas veja cada um como edifica sobre ele” (1 Coríntios 3:10); “porque ninguém pode pôr outro fundamento, além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo” (1 Coríntios 3:11).

Todos os que nascem de novo se tornam membros do Corpo e recebem dons. Assim, todos têm uma função. Não existe membro sem função! A finalidade específica dos dons é o serviço, nunca a ostentação, vanglória e orgulho – “Cada um exerça o dom que recebeu para servir aos outros...” (1 Pedro 4:10). A negligência no uso dos dons revela egoísmo, preguiça e falta de amor. Servir é manifestar amor. O serviço de uns aos outros, em amor, através dos dons tem como finalidade “...preparar o povo de Deus para o serviço cristão, a fim de construir o corpo de Cristo. Desse modo todos nós chegaremos a ser um na nossa fé e no nosso conhecimento do Filho de Deus. E assim seremos pessoas maduras e alcançaremos a altura espiritual de Cristo.” (Efésios 4:12-13, NTLH). O exercício dos dons torna a igreja saudável e crescente! 

O Corpo de Cristo não é aleijado! Jesus distribuiu os dons de forma organizada, por isso nem todos têm a mesma função (1Cor 12:27-30). Todos os cristãos devem ter o mesmo fruto do Espírito (Gálatas 5:22-23), mas nem todos têm o mesmo dom. Quando um membro não exerce sua função, ele se torna atrofiado. Portanto, a edificação da igreja acontece quando todos os membros funcionam, servindo uns aos outros em favor do todo.

 

OS DONS DEVEM SER PROCURADOS

Os dons espirituais são tão importantes e necessários à edificação da igreja que Paulo diz que devemos procurá-los. Diz o apóstolo: “Portanto, procurai com zelo os melhores dons; e eu vos mostrarei um caminho ainda mais excelente” (1 Coríntios 12:31). O termo traduzido por “melhores” significa simplesmente “mais relevantes”. Alguns dons são de maior relevância do que outros, e é apropriado o cristão almejar esses dons (1 Coríntios 14:1). Paulo dá grande valor à profecia, mas os coríntios valorizavam o dom de línguas. Paulo coloca esse dom no fim da lista. Neste parágrafo, Paulo ressalta que há uma “lista de prioridades” para os dons, pois alguns são mais relevantes do que outros. Mas esse fato não contradiz a lição já ensinada – a de que cada dom é importante e cada cristão como indivíduo também é importante. Os dons devem ser procurados com zelo, com interesse real, e não apenas passageiro, em eventos “de avivamento”. A exortação é para que experimentemos os dons de maneira sobeja, abundante. “Assim, também vós, como desejais dons espirituais, procurai sobejar neles, para a edificação da igreja” (1 Coríntios 14:12).  

Na expressão “busquem com dedicação os melhores dons”, Paulo não estava ensinando que existem dons melhores do que outros. O contexto se refere às reuniões da Igreja, o que fica claro no capítulo 14. O que o apóstolo estava dizendo é: “saibam escolher com sabedoria os dons a serem usados, na hora certa, da maneira certa e às pessoas certas”. 

Mas como devemos procurar mais dons espirituais? Primeiro, devemos pedi-los a Deus. Em seguida, pessoas que buscam mais dons espirituais devem ter motivações corretas. Se os dons espirituais forem buscados só para que a pessoa seja mais proeminente ou tenha mais influência ou poder, isso com certeza estará errado aos olhos de Deus – veja o exemplo de Simão em Atos dos Apóstolos 8:19. É algo terrível desejar dons espirituais ou proeminência na igreja só para nossa glória, e não para a glória de Deus e benefício dos outros. Portanto, aqueles que buscam dons espirituais devem primeiro perguntar a si mesmos se os estão buscando por amor aos outros e pelo interesse em ser capazes de ministrar-lhes em suas necessidades; pois se alguém tiver grandes dons espirituais, mas não tiver amor, não será nada aos olhos de Deus. 

Toda pessoa que buscar em Deus mais um dom espiritual deve sondar seu coração com frequência, perguntando por que deseja esse dom específico. É realmente por amor aos outros e pelo desejo de edificar a igreja e ver Deus glorificado? Depois disso, é bom procurar oportunidades para experimentar o dom, a exemplo de uma pessoa que tenta descobrir o seu dom, como foi explicado acima. Estudos bíblicos em pequenos grupos, ou reuniões de oração nos lares, muitas vezes proporcionam um bom ambiente em que as pessoas podem experimentar dons de ensino ou oração intercessória ou exortação ou profecia ou cura, por exemplo. Finalmente, aqueles que buscam mais dons espirituais devem continuar a usar os dons que já possuem e ficar satisfeitos se Deus resolver não lhes dar mais. O senhor aprovou o servo cuja mina “rendeu dez”, mas condenou aquele que escondeu sua mina e nada fez com ela (Lucas 19:16-17, 20-23) - com certeza nos mostrando que temos a responsabilidade de usar e tentar aumentar qualquer talento ou aptidão que Deus tenha concedido a nós, seus mordomos. 

 

DESPENSEIROS DOS DONS

O apóstolo Pedro exortou a igreja sobre como o dom de Deus deve ser administrado. Diz ele, “Cada um administre aos outros o dom como o recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus. Se alguém falar, fale segundo as palavras de Deus; se alguém administrar, administre segundo o poder que Deus dá, para que em tudo Deus seja glorificado por Jesus Cristo, a quem pertence a glória e o poder para todo o sempre. Amém” (1 Pedro 4:10,11). Para ilustrar, ele usou a figura do despenseiro, que, antigamente, era o homem que cuidava da despensa. Tinha que ser homem de total confiança do patrão. Ele cuidava da aquisição dos mantimentos; zelava pela sua guarda, para que não se estragassem, e distribuía-os para a alimentação da família. Ele tinha a chave da despensa. 

Dessa forma, os despenseiros de Deus, ministros ou membros da igreja, que é a “família de Deus” (Efésios 2:19), precisam ter muito cuidado no uso dos dons concedidos pelo Senhor para provisão, alimentação espiritual e edificação. 

 

DIVERSIDADE DE MINISTÉRIOS NA IGREJA

As cartas do Novo Testamento alistam dons espirituais específicos em seis passagens. Veja a tabela abaixo. 

 

1 Coríntios 12:28

1. apóstolo

2. profeta

3. mestre

4. milagres

5. variedades de curas

6. socorros

7. administração

8. línguas

 

1 Coríntios 12:8-10

9. palavra da sabedoria

10. palavra do conhecimento

11. fé

(5) dons de curar

(4) milagres

(2) profecia

12. discernimento de espíritos 

(8) línguas

13. interpretação de línguasEfésios 4:11

(1) apóstolo

(2) profeta

14. evangelista

15. pastor-mestre

 

Romanos 12:6-8

(2) profecia

16. serviço

(3) ensino

17. encorajamento

18. contribuição

19. liderança

20. misericórdia

 

1 Coríntios 7:7

21. casamento

22. celibato1 Pedro 4:11

“...todo aquele que fala” (abrangendo vários dons) e 

“todo aquele que serve” (abrangendo vários dons)

 

É óbvio que essas listas são todas bem diferentes. Nenhuma lista tem todos os dons, e nenhum dom, exceto a profecia, é mencionado em todas as listas (a profecia não é mencionada em 1 Coríntios 7:7, em que apenas o assunto do casamento e do celibato está em discussão, mas com certeza está incluída na frase “se alguém fala” de 1 Pedro 4:11). Na realidade, 1 Coríntios 7:7 menciona dois dons que não se encontram em nenhuma outra lista: no contexto em que fala de casamento e celibato, Paulo diz: “... cada um tem de Deus o seu próprio dom, um, na verdade, de um modo; outro, de outro”.

Esses fatos indicam que Paulo não estava tentando elaborar listas exaustivas de dons quando especificou os que enumerou. Embora haja às vezes sinais de alguma ordem (ele coloca os apóstolos em primeiro lugar, os profetas em segundo e os mestres em terceiro, mas as línguas em último em 1 Coríntios 12:28), parece que em geral Paulo ia alistando aleatoriamente uma série de diferentes exemplos de dons, à medida que lhe vinham à mente.

Além disso, há certo grau de superposição entre os dons alistados em vários lugares. Sem dúvida, o dom de governo (kybemêsis, 1 Coríntios 12:28) é semelhante ao dom de liderança (ho proistamenos, Romanos 12:8), e provavelmente ambos os termos podem ser aplicados a muitos que têm o ofício de pastor-mestre (Efésios 4:11). Além disso, em alguns casos Paulo alista uma atividade e, em outros casos, um substantivo relacionado que descreve a pessoa (tal como “profecia” em Romanos 12:6 e 1 Coríntios 12:10 mas “profeta” em 1 Coríntios 12:28 e Efésios 4:11). Outra razão para pensar que Paulo poderia ter feito listas muito mais longas se quisesse é que alguns dons alistados têm muitas expressões diferentes à medida que são encontrados em pessoas diversas. Com certeza o dom de servir (Romanos 12:6) ou de prestar ajuda (1 Coríntios 12:28) assumirá muitas formas diferentes em situações diversas e entre pessoas distintas. Alguns podem servir ou ajudar dando conselho sábio, outros preparando refeições, outros cuidando de crianças ou amparando um necessitado dentro da igreja.  

Esses dons diferem grandemente. Entre aqueles que possuem o dom de evangelização, alguns vão bem em evangelização pessoal entre os vizinhos, outros se destacam na evangelização escrevendo folhetos e literatura cristã, e outros em evangelização por meio de grandes campanhas e reuniões públicas. Outros ainda vão bem em evangelização por meio de rádio e televisão. Esses dons evangelísticos não são todos idênticos entre si, mesmo que sejam classificados na categoria mais ampla de “evangelização”. O mesmo poderia ser dito sobre dons de ensino ou de administração. Tudo isso significa simplesmente que não há duas pessoas cujos dons sejam exatamente iguais.

Então, quantos dons diferentes existem? Simplesmente depende do quão específicos desejamos ser. Podemos fazer uma lista muito curta com somente dois dons como Pedro faz em 1 Pedro 4:11. Nessa lista de apenas dois itens ele inclui todos os dons mencionados em todas as demais listas, pois todos eles encaixam-se em uma dessas duas categorias. O objetivo de tudo isso é simplesmente dizer que Deus dá à igreja uma variedade admirável de dons espirituais, e todos eles derivam de sua multiforme graça. De fato, é isso mesmo que Pedro diz: “Servi uns aos outros, cada um conforme o dom que recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus” (1 Pedro 4:10). A palavra “multiforme” aqui é poikilos, cujo significado é “que possui muitas facetas ou aspectos; que possui rica diversidade”. O resultado parcial dessa discussão é que devemos estar dispostos a reconhecer e apreciar as pessoas que têm dons diferentes dos nossos, mesmo que esses dons não cumpram nossas expectativas com relação a como eles devem ser. Além disso, uma igreja sadia terá uma grande diversidade de dons, e essa diversidade não deve levar à fragmentação, mas à maior unidade entre os salvos na comunidade. 

 

CONCLUSÃO

A Igreja de Cristo Jesus, nestes tempos que antecedem à sua vinda, precisa mais do que nunca do exercício e da experiência concreta dos dons espirituais e ministeriais. Espiritualidade sem organização ministerial pode levar a práticas fanáticas de falsos exemplos de espiritualidade. O exercício dos ministérios, sem a demonstração do poder de Deus, atuando pelos dons espirituais, seguramente leva à frieza institucional, transformando igrejas em meras instituições religiosas.