Contexto

A História não tratou bem o Povo de Israel e eles estavam em declínio. Uma superpotência militar, a Babilônia, os fustigou e então, deixando sua cidade e templo em um monte de ruínas, os conduziu ao exílio. Anos mais tarde uns poucos judeus em Jerusalém estavam tentando recompor as peças, uma após outra década exaustiva.

 

Isso soa familiar? O contexto histórico dos israelitas era de uma vida como um povo em declínio político e social, tentando encontrar um meio de sobrevivência, e ser um povo que honrasse ao Senhor. Mas as coisas não pareciam ir bem. Eles estavam por um fio. Então, Esdras chegou.

Este é um caso extremo de uma história familiar, repetida com variantes por muitos séculos e em muitos lugares no mundo. Às vezes, o Evangelho é mostrado como algo que vai solucionar seu problema e tornar a vida mais fácil. Isso não coincide com as circunstâncias históricas do povo de Deus, seja do Antigo ou do Novo Testamentos. O povo do tempo de Esdras e de Neemias estava sob desafios e ameaças constantes, algumas vezes por investida hostil e outras por seduções sutis e sorridentes. Fosse por investidas ou por seduções, o povo de Deus chegou perigosamente, por diversas vezes, próximo da destruição. Nunca estamos fora de perigo, portanto, é bom fitarmos exemplos como os de Esdras e Neemias para nos encorajar quando encaramos esses tipos de desafios.

Devido a Esdras e Neemias, Israel sobreviveu aos tempos difíceis. Deus não deixou a Esdras a incumbência de fazer isso sem ajuda. O Senhor lhe deu ajuda substancial e crítica na pessoa de Neemias, cujo trabalho, providencialmente, convergia para o de Esdras. A identidade do povo de Deus foi recuperada e preservada. Esdras usou a adoração (culto) e as Escrituras para isso. Ele engajou-os na adoração a Deus, o ato mais totalmente absorvente e compreensivo no qual homens e mulheres podem se alistar. Foi assim que nossas identidades formadas em Deus se tornaram mais profundamente engastadas em nós. Esdras os levou a uma escuta obediente das Escrituras. Ouvir e seguir a revelação de Deus são os caminhos principais nos quais nos mantemos atentamente obedientes à presença viva do Senhor entre nós. Esdras deixou sua marca: Adoração e Palavra continuam a ser os fundamentos para recuperar e manter a identidade como povo de Deus. É o lugar para onde devemos ir como batistas do sétimo dia, para reter ou recuperar a fidelidade por toda nossa Conferência e igrejas.

Origem histórica

Presume-se que os israelitas se agruparam no ano da chegada de Neemias, 445 a.C. Esdras já estaria lá, então, há treze anos. O sétimo mês Tishri (Setembro-Outubro) é o começo do Ano Novo civil e o mês em que o Yom Kippur1 e a Festa dos Tabernáculos são celebrados. Isso nos dá alguma base do motivo pelo qual a determinação do tempo da leitura da Escritura por Esdras era tão importante. Muitos sábios acreditam que o texto que Esdras estava lendo é o que temos agora como Deuteronômio.

As treze pessoas mencionadas em 8:7 eram Levitas, que eram os responsáveis pela interpretação da Lei (2 Crônicas 17:7-9). Eles também traduziram o texto, presumivelmente do hebreu pré-exílico para o aramaico, que era a língua comum no século V a.C. na Palestina. Também é possível que a palavra traduzida signifique que os Levitas dividiram o texto ou, em outras palavras, traduziram ou interpretaram o texto parágrafo por parágrafo. Observe o cuidado tomado para ajudar as pessoas a entender as Escrituras. Em nosso mundo de imediatismo, de comidas rápidas, podemos achar difícil ajudar as pessoas a diminuir o ritmo suficientemente para entenderem as Escrituras. Uma forma de ajudá-las a entenderem as Sagradas Letras é pedir-lhes para comparar boas traduções em português. Essa boa prática pode ajudá-las a estudar cuidadosamente uma passagem.

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1 Yom Kippur significa, literalmente, “dia da mudança de sorte”. É uma festa instituída nos dias da rainha Ester, quando os judeus tiveram sua sorte mudada. Hoje é celebrado como o dia do perdão.

Aplicação

A tarefa principal de Esdras era fazer com que o Povo de Deus focalizasse a Palavra de Deus e a colocassem em prática. Algumas vezes, corremos o risco de nos tornarmos bibliófilos – pessoas que sabem muito sobre as Escrituras, mas que não têm muito compromisso em vivê-las. Poderemos ser tentados a encarar as Escrituras como um livro a ser usado, e não como uma forma de escutar ao Senhor. Se fizermos isso, isolaremos o livro do ato divino de falar em linguagem de aliança; nós separaremos o livro do ato humano de escutar, que Deus pode transformar em fé, seguimento e amor. Se fizermos isso, seguiremos o caminho do Fariseu – um perigo muito real para pessoas em igrejas “estabelecidas”.

A reconstrução da vida requer o restabelecimento de relacionamentos corretos. Quais relacionamentos são importantes para restaurarmos? Esdras desafiou os israelitas retornados do exílio a restabelecer seu relacionamento de aliança com Deus e entre si.

Cogitar qualquer relacionamento significativo na Igreja envolve necessariamente pessoas em relacionamento de aliança entre si.

É igualmente importante reconhecer a correlação entre adoração e obediência. Em nossos dias, em que a Igreja é cada vez mais vista como uma opção de estilo de vida e não como peça central de vida e fé, precisamos ser lembrados disso. Assumir o compromisso de “voltar à igreja” e participar regularmente na vida da Igreja é um sinal de compromisso de aliança com ambos, Deus e as pessoas que ele colocou em seu caminho para comunhão. Isto incluirá tanto a alegria quanto o pesar de relacionamentos quebrados e restaurados por este processo.

Era objetivo dos líderes espirituais transformar o povo de Deus em um povo concentrado na Palavra, uma recuperação da centralidade da Palavra na adoração. Freqüentemente fazemos alguma espécie de entretenimento dentro de nossos cultos de adoração. Na consagração ou reconsagração de suas igrejas locais, certifique-se de que a Palavra seja uma parte central daquele esforço.

Quando renovamos nosso compromisso de aliança em uma Igreja local descobrimos que é confuso fazer esses compromissos. Nem sempre gostamos de todos aqueles com quem somos chamados para fazer aliança, mas devemos amá-los, a despeito de sua inadaptação e da nossa própria, no convite para vivermos com mais fé neste mundo moribundo. Uma forma de fazermos isso é valorizarmos o Batismo e a Ceia do Senhor em nossa vida de adoração na comunidade. Eles são lembretes poderosos da fidelidade de Deus e nossa chamada para vivermos em sua aliança uns com os outros.

 

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