Texto de Estudo
Apocalipse 2:20:
20 Mas tenho contra ti que toleras Jezabel, mulher que se diz profetisa, ensinar e enganar os meus servos, para que se prostituam e comam dos sacrifícios da idolatria.
INTRODUÇÃO
Salomão, dotado com a sabedoria que Deus lhe deu, disse certa feita: “Qual mosca morta faz o unguento do perfumador exalar mau cheiro, assim é para a sabedoria e a honra um pouco de estultícia” (Eclesiastes 10:1). Salomão usou este exemplo para ensinar que basta um pouco de insensatez para que virtudes como a sabedoria e a honra sejam corrompidas ou afetadas. É impressionante como o pecado cobra um alto preço!
É possível uma Igreja que traz em si tantas marcas positivas como a fé, o serviço, o amor e a perseverança ser golpeada letalmente por pequena e camuflada dose de pecado? Ao lermos a carta à Igreja de Tiatira, descobrimos que é possível sim o doce fragor de Cristo numa Igreja ser rivalizado com o mau cheiro do pecado.
Tiatira não era uma cidade muito grande nem tinha tanta importância política e religiosa como era o caso de Éfeso. Quando examinamos mais de perto a carta a esta Igreja, descobrimos que a perseguição nem era o maior problema enfrentado por ela. Parece que até desfrutavam de certa liberdade e sossego. Afinal de contas, qual era o perigo enfrentado por esta Igreja? O perigo não eram os inimigos ou os fatores de vindos de fora; a ameaça vinha de dentro da Igreja. Vejamos qual foi a mensagem do Senhor Jesus Cristo para esta Igreja.
A IGREJA EM SEU CONTEXTO
Tiatira foi uma significativa cidade sob o domínio do Império Romano. Sua atual localização é no oeste da Turquia. Só que não mais com o mesmo nome. O nome atual é Akhisar, que significa “castelo branco”. A grande importância atribuída a Tiatira, na época em que João escreveu o Apocalipse, era justificada pelo seu posicionamento geográfico e por ter sido um forte centro comercial.
Tiatira era importante geograficamente porque estava no caminho que unia Pérgamo com Sardes, e que seguia até Filadélfia e Laodicéia, numa rota por onde podia chegar-se até Esmirna e Bizâncio. Era o caminho por onde viajava o correio imperial; por esse caminho se realizava todo o intercâmbio comercial entre a Europa e a Ásia. Tiatira também era estratégica do ponto de vista militar, pois ficava no meio da rota de acesso à capital da província: Pérgamo. Servia, pois, como um muro de contenção ou uma guarnição que acabava protegendo Pérgamo de um eventual ataque.
Quanto ao comércio, Tiatira era importante porque tinha representação nas áreas de tinturaria, feitura de vestes, cerâmica e trabalhos em bronze. Lídia era uma mulher natural de Tiatira (Atos dos Apóstolos 16:14). Lucas diz que ela era vendedora de púrpura, provavelmente uma mercadoria feita com lã tingida, conhecida simplesmente pelo nome da tintura: púrpura. Provavelmente Lídia expandiu o mercado de vestimentas tiatirense para a cidade de Filipos.
Outra informação importante diz respeito às associações comerciais (ou guildas). Estas guildas funcionavam como verdadeiros sindicatos ou associações comerciais. Seu objetivo era proteger os interesses comerciais e profissionais dos trabalhadores que faziam parte dessa rede. Os ramos da atuação comercial eram bem variados. Em Tiatira, havia guildas de operários da lã, do couro, do linho e do bronze, de modistas, de tintureiros, de oleiros, de padeiros e de traficantes de escravos. Além da proteção econômica e dos direitos dos trabalhadores, estes sindicatos também tinham fins recreativos.
UMA IGREJA DINÂMICA SOB A APRECIAÇÃO DE JESUS
Antes da mensagem propriamente dita endereçada à Igreja de Tiatira, nós encontramos três descrições que Jesus faz de si mesmo (cf. 1:12-16). Esta apresentação é para que não restem dúvidas sobre quem é o remetente.
Em primeiro lugar, Jesus se apresenta à Igreja como o “Filho de Deus” (2:18). Esta é a única vez em que o Senhor Jesus recebe este título no Apocalipse. Ele não é apenas o “filho do homem”, como na visão inaugural (1:14-15), mas sim o “Filho de Deus”. O título que tantas vezes foi posto em questionamento, quando no exercício de seu ministério terreno, agora retumba como a mais sólida verdade vinda dos céus, do Cristo glorificado. A deidade absoluta de Jesus serve de prefácio para esta carta, para que todos pudessem entender que ele não era qualquer um. Ele é o Filho de Deus!
Em segundo lugar, Jesus se apresenta como o que “tem olhos como chama de fogo” (2:18). Ou seja, aquele que perscruta e enxerga o que ninguém mais pode ver. Assim como no Salmos 139 Jesus, o ressurreto, se apresenta como aquele que sonda mentes e corações, aquele que avalia nossas motivações e observa nossos pensamentos secretos. Jesus se apresenta assim, porque muitas práticas vis estavam sendo toleradas secretamente dentro da Igreja de Tiatira. Mas ninguém pode esconder-se do olhar penetrante e onisciente de Jesus. Ele esquadrinha o coração e os pensamentos. No dia do juízo, ele vai julgar o segredo do coração dos homens (Romanos 2:16).
Em terceiro lugar, Jesus se apresenta como aquele que tem “os pés semelhantes ao bronze polido” (2:18). Seus pés refletem um brilho singular. Tal figura de linguagem já tinha sido usada por Daniel em suas visões (Daniel 10:5-6). O bronze fala do poder dos pés do Senhor Jesus que pisará todo o mal (Salmos 60:12). O bronze demonstra que só ele tem autoridade. Por mais alta que seja, a autoridade humana é sempre limitada, mas a de Jesus é divina, superior a todo poder deste mundo. Ao mesmo tempo, o bronze significa firmeza, estabilidade e segurança, marcando o caráter estável e poderoso do personagem. Há quem diga, ainda, que o bronze simboliza a solidez e a resistência. O reino de Cristo, o Filho de Deus, tem solidez eterna, e os demais são efêmeros. Assim, ao que parece, essa descrição aponta para o símbolo do julgamento divino. Sendo este o caso, aquela Igreja poderia ficar ciente de que seria julgada pelo justo juiz.
JESUS RECONHECE E ELOGIA AS MARCAS POSITIVAS DA IGREJA
Logo após se apresentar àquela Igreja, Jesus reconhece e tece elogios às suas marcas positivas. Ele diz: “Conheço as tuas obras, o teu amor, a tua fé, o teu serviço, a tua perseverança e as tuas últimas obras, mais numerosas do que as primeiras” (2:19). Os pontos positivos apontados por Jesus são marcantes. Jesus disse que conhecia as obras de amor, fé, serviço e perseverança. Sem sombra de dúvidas, tais marcas devem fazer parte de uma Igreja saudável.
Jesus olhou para a Igreja de Tiatira e viu que tinha cristãos firmes na fé, que estavam trabalhando mais do que trabalhavam no início, quando se converteram. Jesus também viu fiéis que realmente expressavam o amor uns pelos outros. O que faltava em Éfeso havia em Tiatira.
Dentre as sete igrejas, Tiatira é a única que é elogiada pelo seu amor. A notoriedade desse amor demonstrado a Cristo e aos irmãos fazia parte do dia a dia daqueles irmãos. João foi o apóstolo que mais enfatizou a virtude do amor. Foi ele quem disse que Deus é amor, e também: “O meu mandamento é este: que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei” (João 15:12). Este amor era tão genuíno que acabou transbordando no serviço aos irmãos em suas necessidades. A fé desta Igreja em Deus e em Jesus Cristo também produziu perseverança, qualidade tão necessária em tempos de perseguição e dificuldades.
Quem estava de fora, certamente diria: “Esta é realmente uma Igreja perfeita!”. Diante de tantas qualidades, querer congregar numa Igreja assim era simplesmente irresistível. Contudo, a Igreja de Tiatira não tinha apenas pontos positivos. Ela tinha um maligno e camuflante defeito. Mas como isso é possível? É possível porque as virtudes destacadas não eram praticadas por todos os membros daquela Igreja, mas apenas por um pequeno grupo.
JESUS REPROVA A TOLERÂNCIA AO PECADO DENTRO DA IGREJA
Os cristãos de Tiatira aparentemente estavam no rumo certo. Pareciam crescer no conhecimento da Palavra, desenvolviam os mais diversos serviços dentro e fora da Igreja. Mas, apesar do elogio inicial, esta Igreja estava dando espaço para algo muito grave. E, os pontos negativos da Igreja de Tiatira emergiam de uma mesma fonte, a conduta e os ensinos de Jezabel: “Tenho, porém, contra ti o tolerares que essa mulher, Jezabel, que a si mesma se declara profetisa, não somente ensine, mas ainda seduza os meus servos a praticarem a prostituição e a comerem coisas sacrificadas aos ídolos” (2:20).
É de se destacar que Jezabel não era o nome real da mulher descrita nesta carta. Isso é possível por causa do próprio gênero do livro do Apocalipse, o qual, como um todo, é fortemente dependente do Antigo Testamento em relação a grande parte de seu vocabulário e conteúdo. Outro fator que nos ajuda a entender que Jezabel não era o real nome da pessoa é a menção feita ao personagem Balaão na carta à Igreja em Pérgamo. Jesus estava citando nomes bem conhecidos de sua audiência judaica. A ideia era apresentar um referencial negativo para que os leitores da carta pudessem aquilatar o nível de pecado corrente naquela Igreja.
Jezabel é, nesse caso, um nome simbólico dado por Jesus a certa mulher que se considerava profetisa. Essa falsa profetisa estava exercendo uma influência tão nefasta na Igreja como Jezabel, esposa do rei Acabe, tinha exercido em Israel. O nome Jezabel significa “puro”, mas sua vida e conduta negavam o seu nome. Foi Jezabel quem introduziu em Israel o culto pagão a Baal e misturou religião com prostituição (1Re 16:31-33). Na verdade, ela não pregou pessoalmente, mas trouxe ao país centenas de profetas da deusa gentílica da fertilidade (1 Reis 18:19), exterminou os profetas do Senhor (1 Reis 18:4-13) e intimidou Elias. Assim tornou-se paradigma da profecia mentirosa.
O ensino veiculado pela falsa profetiza de Tiatira acabou incentivando alguns daquela Igreja a praticarem uma religião misturada. Ao que parece, os ensinos dela não visavam apartar os irmãos da fé em Cristo. Mas apenas queria que algo mais fosse implementado. A prostituição denunciada por Jesus parece que tinha a ver com este andar de mãos dadas com o paganismo. Como Jesus é retratado como o Noivo, e a Igreja como a Noiva, prostituir poderia significar aderir a elementos cúlticos de outras religiões. E o contato sexual não estava excluído destas religiões pagãs. Mas parece não ter sido o caso em Tiatira. O fato é que Jesus aponta como o erro daquela Igreja não somente a tolerância a esta mulher, como também a concessão de uma parte dessa conduta no ensino. Com seus argumentos envolventes, ela já havia levado um bom número de membros da Igreja a se desviarem dos padrões da Palavra.
Outra denúncia feita por Jesus era o fato de ela incentivar os crentes a “comerem coisas sacrificadas aos ídolos” (2:20). Aqui temos a tensão provocada pelo fator cultural. O ensino dos apóstolos era no sentido de que os cristãos deveriam “abster-se de comida sacrificada aos ídolos” (Atos dos Apóstolos 15:29 NVI; cf. 1 Coríntios 8).
Ao examinar a cultura da época, percebe-se que a questão não era tão simples assim. É mais difícil se livrar de uma concepção culturalmente difundida do que pela imposição de um imperador. Algo imposto por um soberano teria um potencial de gerar mártires fiéis. Mas uma ideologia culturalmente veiculada teria um potencial de gerar transigentes infiéis!
Como visto, Tiatira era uma cidade bem organizada quanto à sua estrutura comercial. Existiam associações da indústria manufatureira que procuravam dar suporte aos comerciantes. No entanto, em troca dos benefícios concedidos aos comerciantes, as associações contavam com a participação de todos os associados em suas festividades. E como era característico daquela cultura, tais celebrações eram acompanhadas de um “banquete dos deuses”. Antes de serem servidos aos comensais, parte dos alimentos era dedicada aos deuses pagãos.
A questão era: “Deveria o cristão, que fazia parte da rede de comércio de Tiatira, participar deste tipo de refeição comemorativa?”. Os ensinos da profetiza Jezabel diziam que sim, não obstante a abstenção de comer coisas sacrificadas aos ídolos ter sido uma ordem expressa dos apóstolos às demais Igrejas (Atos dos Apóstolos 15:20-29). Era aqui onde residia todo o perigo.
Esta mulher tinha uma grande influência no seio da Igreja. Ela soube cativar aqueles irmãos. Sendo tão bem aceita naquela Igreja, seus argumentos eram tidos em alta conta. Tinham peso de autoridade. Afinal de contas, por que os membros da Igreja de Tiatira precisariam se tornar sujeitos antissociais? Por que deveriam as famílias se abster das reuniões das associações? Não seria mais lógico participar da vida cultural pagã, intentando assim ganhá-los para Cristo? Será que a Igreja não ficaria mais cheia se ela se dirigisse aos não cristãos com uma mensagem de “tolerância” em vez de uma mensagem evangelística que repudia traços culturais tão inofensivos? Não seria injusto um comerciante sofrer represália das associações e ter seu produto impedido de circular no mercado, comprometendo a alimentação e bem-estar de sua família?
Esta sedução argumentativa soa familiar para você? Nossa cultura também não argumenta como o mesmo tipo de raciocínio? Que o Senhor possa nos livrar das garras de uma cultura consumista, pragmática, erótica e materialista!
JESUS DÁ A OPORTUNIDADE PARA A IGREJA SE ARREPENDER
O Senhor Jesus desmascarou o pecado de Jezabel, a falsa profetisa, e a conivência dos crentes em relação aos seus ensinos. Porém, só fez isso porque amava aquela Igreja. Tanto que afirmou: “Dei-lhe tempo para que se arrependesse; ela, todavia, não quer arrepender-se da sua prostituição” (2:21). O pecado da Igreja de Tiatira era ainda mais sério, porque esta mulher havia sido repreendida anteriormente e havia se recusado a arrepender-se, e a Igreja silenciara a respeito.
A paciência do Senhor Jesus havia chegado ao limite. Se ela não se arrependesse assim como os seus seguidores, todos ficariam prostrados na cama (2:22). Literalmente, o texto grego diz: “Eis que vou lançá-la num leito, e numa grande aflição os que cometeram adultério com ela”. Possivelmente uma referência à condição em que ficariam quando a doença recaísse sobre eles. No Antigo Testamento era muito comum o Senhor punir a rebeldia dos homens com enfermidades. Somado a isso, ainda seria trazida muita tribulação sobre eles e também a morte.
A justiça de Jesus é imparcial, pois ele diz: “vos darei a cada um segundo as vossas obras” (2:23). O Senhor alerta que a falta de arrependimento implica necessariamente a aplicação inexorável do juízo: “Matarei os seus filhos, e todas as igrejas conhecerão que eu sou aquele que sonda mentes e corações, e vos darei a cada um segundo as vossas obras” (2:23). Esse castigo a ser aplicado à falsa profetiza Jezabel e a seus seguidores precisa ser entendido em um sentido espiritual. Os filhos dela são a sua descendência espiritual, e o Senhor disse que iria exterminá-los, se não houvesse arrependimento.
E por que Jesus seria tão severo? Porque para a profetisa e seus seguidores eles eram guardiões de uma espécie de doutrina profunda. A expressão usada por Jesus, possivelmente em tom pejorativo, foi: “coisas profundas de satanás” (2:24). Tratava-se de um ensino gnóstico, ou seja, um conhecimento religioso privilegiado, de que não se podia vencer o pecado sem conhecê-lo profundamente pela experiência. A questão não era apenas uma incorporação de princípios mundanos imorais, mas certa presunção com relação ao que criam. Viver para o mundo, da forma como Jezabel ensinava, era uma doutrina profunda. Assim, esta profetisa conseguiu dar um caráter dogmático aos seus ensinos pervertidos. Não é de se admirar tamanha façanha alcançada, mesmo dentro da Igreja.
Infelizmente, a falsa profetiza Jezabel não quis se arrepender. Ela desprezou o tempo da sua oportunidade. A Igreja de Tiatira não aceitou a correção do Senhor e se desviou de vez da verdadeira doutrina cristã, seguindo costumes imorais, e abrindo a porta para outras heresias, como o montanismo, por volta do ano 150 d.C. A consequência foi desastrosa, pois, no final do século II, deixou de existir ali qualquer Igreja cristã.
A IGREJA É ENCORAJADA A SER FIEL ATÉ O FIM
Da leitura desta carta aprendemos que é possível manter-se firme na doutrina mesmo quando outros se desviam: “Digo, todavia, a vós outros, os demais de Tiatira, a tantos quantos não têm essa doutrina e que não conheceram, como eles dizem, as coisas profundas de Satanás” (v. 24). Alguns membros da Igreja não apenas tinham tolerado o ensino e as práticas imorais de Jezabel, mas também estavam seguindo os seus ensinos para a sua própria destruição. Porém, havia na Igreja um remanescente fiel. Eram pessoas que permaneceram firmes, mantendo a sã doutrina, agarradas na verdade. Alguns crentes de Tiatira tinham-se curvado aos ensinos pervertidos de Jezabel e iam às festas pagãs para comerem carnes sacrificadas aos ídolos. E assim se corromperam moralmente. Porém, havia nessa mesma Igreja irmãos que buscavam a santificação. A santidade de vida e de caráter é uma marca da Igreja verdadeira. A santidade não é apenas a vontade de Deus, mas seu propósito. Deus nos escolheu para sermos santos (1 Pedro 1:16).
Para termos uma vida cristã vitoriosa, é preciso entender que já temos tudo em Cristo para uma vida plena. Jesus diz àquela Igreja: “Apeguem-se com firmeza ao que vocês têm, até que eu venha” (2:25, NVI). Em outras palavras: retenham a fé cristã que já foi estabelecida. Aqui é confirmada a importância de permanecer nos ensinamentos expostos na Palavra de Deus.
Um dos grandes enganos de Satanás é induzir os crentes a pensar que precisam buscar novidades no mercado da fé para terem uma experiência mais profunda com Deus. O que importa hoje é sentir arrepios, é ouvir falsas profecias e revelações. Outros crentes querem, ainda, encher a igreja de legalismos, de salvação por meio de obras. Jesus é categórico: “Não porei outra carga sobre vocês” (2:24, NVI). A verdade de Deus é suficiente. Não precisamos de mais nada. Tudo está feito. O banquete da salvação foi preparado. O que precisamos não é de novidades, de buscar fora das Escrituras coisas novas, mas tomar posse da vida eterna, conhecer o que Deus já nos deu e nos apropriarmos das insondáveis riquezas de Cristo. A provisão de Deus para nós é suficiente para uma vida plena até a volta de Jesus. Precisamos permanecer firmes e fiéis, conservando essa herança até o fim.
JESUS PROMETE QUE A IGREJA FIEL SERÁ RECOMPENSADA
A promessa feita aos vencedores, que não aderiram à doutrina da falsa profetisa e fizerem a vontade do Pai, foi dupla: “autoridade sobre as nações” e “a estrela da manhã” (2:26,27).
O que significam estas promessas? A primeira está relacionada com o Salmos 2:8-9. Por ser um salmo messiânico estava associado à vitória e à autoridade que o Messias exerceria sobre todos os povos. Jesus então o retira de seu contexto militar na época dos reis e o aplica à Igreja vitoriosa. O triunfo será da Igreja de Cristo e não de seus inimigos. Que bela promessa para quem estava em minoria dentro de uma Igreja que havia se vendido para a cultura dominante!
A segunda promessa é a de que os salvos receberão “a estrela da manhã”. Esta estrela profetizada é o próprio Cristo, luz da humanidade. Significa a glória que os crentes conhecerão na vitória. Não apenas receberão corpos gloriosos, que vão brilhar como as estrelas no firmamento, mas também vão conhecer a Cristo, “a resplandecente estrela da manhã” (22:16), na sua plenitude.
CONCLUSÃO
Jesus disse numa parábola que o joio cresceria junto do trigo. Isso se aplica diretamente à Igreja de Tiatira e às igrejas de todas as épocas, nas quais as vãs sutilezas do diabo se infiltram. Queremos ser uma igreja relevante. Mas a que custo? Estar no mundo sem ser do mundo tem se revelado o maior desafio para os santos de Deus.
Uma Igreja de impacto não é aquela que negocia sua fé, mas a que a faz brilhar em meio às trevas. Como bem disse certo homem de Deus, a prosperidade tem sido mais nociva à Igreja que as próprias perseguições. Tiatira era uma Igreja cheia de ação, mas sem zelo doutrinário. Seu campo de atuação marcou pontos com o comércio da cidade. Porém, perdeu todos os pontos com o Senhor da Glória. Oremos para que jamais vendamos nossa primogenitura por um guisado de lentilhas!