Texto de Estudo
Neemias 3:1:
1 E LEVANTOU-SE Eliasibe, o sumo sacerdote, com os seus irmãos, os sacerdotes, e reedificaram a porta das ovelhas, a qual consagraram; e levantaram as suas portas, e até à torre de Meá consagraram, e até à torre de Hananel.
INTRODUÇÃO
Numa primeira leitura, podemos ter a impressão de que o capítulo 3 de Neemias é apenas um texto que descreve a ordem de construção das portas dos muros e a distribuição das tarefas entre os diversos grupos de trabalhadores espalhados por Jerusalém. Quando enfrentamos essa longa lista de nomes e lugares, somos tentados a pular estas páginas e continuar a leitura em Neemias 4 No entanto, este capítulo é um dos mais importantes e centrais do livro. Nele encontramos muitos princípios que se aplicam a todo trabalho humano.
Esse capítulo demonstra a estratégia utilizada na reconstrução do muro de Jerusalém. Neemias mobiliza o povo para o trabalho e torna-se o pai do chamado “mutirão”. Quando analisado com profundidade, vemos lições importantíssimas que podem ser aplicadas em nossas igrejas.
Assim, no presente estudo, a partir das experiências e atuações de Neemias, observaremos alguns ensinos bíblicos relacionados com a importância do planejamento e organização na obra de Deus.
A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO
Em qualquer atividade humana, planejar é importante porque concorre para a obtenção de um resultado pretendido, além de permitir a prevenção de problemas ou a preparação para enfrentá-los. Ao mesmo tempo, o planejamento faz as nossas ações perderem o aspecto de improvisação, aspecto esse que demonstra despreparo por parte daquele que as executa.
Há muitas maneiras de se definir o que é planejar. Em suma, trata-se de um conjunto de ações articuladas que visam solucionar um problema ou alcançar um objetivo. Desse modo, o planejamento exige a elaboração de um plano, o que inclui estudar, organizar e coordenar as ações que serão tomadas.
Todas as definições de planejamento têm um elo em comum: a ideia de se decidir hoje com base no que se espera que venha a ocorrer no futuro. Por meio do planejamento, podemos ser menos afetados por aspectos negativos e aumentar as chances de sermos bem sucedidos na execução do projeto. Diante disso, podemos propor uma definição de planejamento: planejar é definir um alvo e decidir o que deve ser feito para atingi-lo, quem irá fazer, como e quando.
Vejamos quais foram os passos que Neemias tomou antes de iniciar a execução do seu planejamento de reconstrução dos muros de Jerusalém.
1. Orar e esperar o momento certo. Neemias possuía uma grande confiança em Deus. Ele sabia que o sucesso da missão dependia da orientação do Espirito Santo. Para tanto, a primeira ação de Neemias foi orar a Deus. A oração, como tudo mais na vida cristã, tem por foco a glória de Deus e o nosso benefício, nessa ordem. Ou seja, tudo que Deus faz, tudo que permite e ordena é, em sentido supremo, para a sua própria glória. Também é verdade que enquanto Deus busca supremamente a sua própria glória, o ser humano se beneficia quando Deus é glorificado. Sendo assim, oramos para glorificar a Deus, mas também oramos para recebermos de suas mãos os benefícios da nossa oração.
Outra atitude correta de Neemias foi aguardar o tempo de Deus. Ele orou durante quatro meses, antes de solicitar ao rei a sua liberação. Não podemos perder o entendimento de que o tempo de Deus é baseado em sua vontade e, portanto, indeterminado aos olhos humanos. Antes de iniciarmos qualquer projeto de trabalho, é necessário entender qual é a vontade do Pai para a nossa vida. Orar e esperar não são atitudes anteriores ao projeto, mas sim parte integrante e fundamental dele, que será fundamentado na vontade e ação do Espírito Santo em nossa vida.
2. Identificar a situação atual e propor objetivos. No capítulo 2, os versos 11 a 18 revelam que Neemias, durante três dias, analisou os escombros de Jerusalém e definiu a situação atual da cidade e dos moradores: “Bem vedes vós a miséria em que estamos, que Jerusalém está assolada e que as suas portas têm sido queimadas” (v.17a). O passo seguinte foi definir o objetivo final: “Vinde, pois, e reedifiquemos o muro de Jerusalém e não estejamos mais em opróbrio” (v.17b).
A partir da experiência de Neemias, é possível perceber que para melhor planejar é necessário ter resposta a duas perguntas básicas: onde estou? Para onde quero ir? Tendo essas respostas podemos planejar o que devemos fazer para sair de “onde estou” (situação atual) para chegar à situação de “onde quero ir” (situação objetivo). Portanto, podemos considerar o ato de planejar como a utilização de ferramentas que nos auxiliam a passar de uma situação atual para uma situação objetivo, como mostra o gráfico a seguir:
Evidentemente existem obstáculos que dificultam a passagem da situação atual para a situação objetivo. Quem quiser ampliar as possibilidades de superar esses obstáculos, deverá utilizar as estratégias mais adequadas. Também é necessário salientar que nem sempre o ato de planejar significa que iremos atingir os objetivos estabelecidos. Uma das razões para o fracasso é o mau planejamento, feito sem conhecimento e sem reflexão sobre a passagem da situação atual para a situação objetivo. Esse conhecimento e essa reflexão devem acompanhar todo o processo de planejamento, para que se possa avaliar os efeitos positivos e os negativos das ações a serem levadas a efeito.
COORDENANDO A EXECUÇÃO DO PLANEJAMENTO
Uma vez identificada a situação atual e a situação objetivo, no capítulo 3, vemos que Neemias coordenou a execução do planejamento. Este é um ponto de suma importância, pois quase sempre as estratégias são perfeitamente formuladas e planejadas, mas acabam não saindo do papel ou da mera intenção. O problema geralmente está na execução do planejamento estratégico. Para resolver este problema, é necessário recorrer ao princípio da coordenação.
Neemias nos ensina quatro atitudes fundamentais se quisermos ser bem sucedidos na aplicação do princípio da coordenação. Vejamos:
1. Faça uma descrição detalhada das tarefas a serem executadas. A primeira pergunta a ser respondida pelo líder, para que haja um planejamento bem sucedido, é: como fazer? Esta pergunta diz respeito, basicamente, aos procedimentos a serem utilizados para a realização de determinada tarefa. Nada mais é do que a definição da sequência de passos ou de etapas que deverão ser rigorosamente seguidas pelos cooperadores para a execução do projeto.
Os muros da antiga cidade de Jerusalém possuíAmós 12 grandes portas. A reconstrução dos muros seguiu em sentido anti-horário, começando e terminando na Porta das Ovelhas (vv. 1, 32), que ficava próxima ao tanque de Betesda (João 5:2). Iniciar pela Porta das Ovelhas foi uma estratégia importante para servir de mola propulsora de toda a reconstrução do muro. A nova muralha, em sua porção oriental, tinha um arco mais curto e localizava-se numa porção superior em relação ao muro antigo. Naquela situação, ou seja, com um monte de entulho pesado ao lado do vale, com a diminuição da importância de Giom, devido ao desenvolvimento de cisternas eficientes de armazenamento, e com uma população bem pequena para defender a cidade, Neemias tinha toda razão para encurtar as linhas de defesa e conservar-se no terreno alto.
2. Coloque pessoas certas no lugar certo. Estabelecido como as tarefas serão executadas, cabe ao líder indicar quem são as pessoas que irão realizá-las. As pessoas escolhidas deverão apresentar características adequadas ao trabalho a ser executado. Para facilitar a execução do planejamento, e para que responda à pergunta quem vai fazer?, o líder deve ter um profundo conhecimento da capacidade, experiência, conhecimento e deficiência de cada cooperador. Portanto, o segredo para uma execução bem-sucedida é nomear as pessoas certas para trabalhar nos lugares certos.
Esse princípio é percebido pela longa lista de nomes dos cooperadores envolvidos no projeto, a descrição do que fizeram e o local onde cada um deles trabalhou. Neemias sabia onde cada pessoa devia trabalhar e o que devia fazer. No processo dessa tarefa, ele foi guiado por Deus para nomear obreiros para as várias partes do projeto. Neemias designou os homens de Tecoa, Gibeom, Jericó e Mispa para as partes do muro em que não havia residentes próximos. Alguns tinham a responsabilidade de reconstruir os muros desde o alicerce, enquanto outros deviam apenas fazer alguns reparos. Todos, porém, tinham um trabalho a fazer. Cada um sabia qual era a sua tarefa, onde deveria estar, qual era a sua responsabilidade e o que se esperava de si. Em todo o trabalho, houve coordenação de esforços. Essa estratégia fixa responsabilidades para cada parte da tarefa. Também cria equipes de trabalho que aprendem a trabalhar cooperativamente; e isso anima a competição, não entre indivíduos, mas entre as equipes.
3. Promova o trabalho em equipe. A base da execução do planejamento é a correta organização das atividades de todos os liderados envolvidos a partir da definição de com quem será realizada a obra e onde determinado grupo executará o trabalho. Quando a tarefa é diferente ou exige novos conhecimentos ou experiências, cabe ao líder montar a equipe de acordo com as características pessoais de cada colaborador em comparação com o trabalho a ser executado.
As expressões “junto a ele”, “ao seu lado”, “junto deles”, “depois dele” demonstram que todos os cooperadores trabalhavam em equipe. Na reconstrução dos muros, foi notável o esforço dos que se dispuseram a trabalhar. Não havia o sentimento de individualismo, o de¬sejo de mostrar-se nem o de reclamar posição na obra. Não havia disputas, ciúmes, brigas ou melindres. Ninguém estava buscando glória pessoal. Todos trabalhavam com um mesmo propósito: a reconstrução da cidade. Portanto, um dos segredos do sucesso na execução do planejamento é o trabalho em equipe. Os membros da equipe completam-se uns aos outros; jamais competem uns com os outros. Se o todo prospera, também o individual prospera.
4. Otimize os recursos humanos existentes e suas competências. As expressões “defronte de sua casa” e “defronte de sua morada” (vv. 21-23, 28-30) revelam que Neemias aproveitava as facilidades. Não tinha gente viajando de um lado de Jerusalém para o outro. Os únicos viajantes eram os que moravam fora da cidade (Neemias 4:12). As tarefas foram distribuídas de acordo com a localização dos lares de cada grupo ou família. Neemias organizou o trabalho dos muros designando seções para as famílias, vizinhos e mesmo associações de negociantes (vv. 1-32). Isto evitaria que os trabalhadores cruzassem a cidade, gerando perda de tempo e energia em locomoção, além de aumentar a produtividade e eficiência, facilitando a alimentação em suas próprias residências e proporcionando segurança às famílias. Isso aliviava o operário de ansiedades desnecessárias e assegurava que cada um se esforçasse o máximo naquilo que fazia.
MOTIVANDO A COOPERAÇÃO PARA A EXECUÇÃO DO PLANEJAMENTO
O segundo princípio de sucesso na execução do planejamento de reconstrução dos muros de Jerusalém encontra-se na cooperação conseguida por Neemias. O verdadeiro líder é aquele que motiva as pessoas a abraçar o seu projeto. E Neemias, como um exímio administrador, conhecia muito bem a arte de motivar e mobilizar as pessoas. Vejamos aqui três princípios importantes:
1. Envolva todas as pessoas possíveis. É notável a habilidade de Neemias de agrupar e direcionar seus liderados ao trabalho mais adequado a cada um. Ele conseguiu envolver grande parte dos moradores da cidade, e de todos os níveis sociais. Homens de lugares diferentes e de diferentes ocupações trabalharam juntos na reconstrução do muro. Isso incluía sacerdotes (vv. 1, 22), levitas (v. 17), governadores de distritos de Jerusalém e seus filhos (v. 9, 12, 14-16, 18, 19), ourives e perfumistas (v. 8, 31, 32), comerciantes (v. 32), empregados do templo (v. 26), porteiros e guardas (v. 29), e mulheres (v. 12).
Chama-nos a atenção o envolvimento das filhas de Salum na empreitada (v. 12), pois naque¬les dias a mão de obra feminina não era valorizada e as mulheres não realizavam trabalhos normalmente atribuídos aos homens. Além disso, as mulheres raramente eram mencionadas pelos escritores no antigo Oriente Médio. Esta menção é tão surpreendente que alguns estudiosos, incapazes de acreditar no que diz o texto, afirmam que estas “filhas” são uma referência às “vilas” dependentes de Jerusalém. Esse argumento não é razoável, pois não há nenhum indício neste texto que aponte para esse significado. O mais certo é que as mulheres trabalharam como operárias naquela parte do muro. O fato de Neemias relatar as atividades das mulheres evidencia algo de muito significativo para nós: todos podem trabalhar na obra de Deus!
Neemias também conseguiu envolver os homens das cidades de Jericó, Tecoa, Gibeom e Mispa, Zanoa e Bete-Haquerém, Bete-Zur e Zelá. Eles tinham pouco ou quase nada a lucrar com a reconstrução dos muros de Jerusalém, e poderiam ter facilmente permitido que suas próprias preocupações os distraíssem de participar de uma tarefa sem lucros pessoais. É também interessante notar que certos homens solteiros cooperaram na reconstrução do muro, mesmo não tendo mulher e filhos para proteger. Isto fica evidenciado pelo fato de que Benjamin e Hassube trabalharam próximo à casa em que moravam (v. 23).
2. Os líderes precisam dar o exemplo. O sumo sacerdote Eliasibe foi o primeiro da lista a abraçar a obra. A narrativa diz que ele e os demais sacerdotes “dispuseram-se a reconstruir a Porta das Ovelhas” (v. 1). É interessante notar que eles se “dispuseram”, ou seja, o trabalho foi voluntário e não imposto. O envolvimento do sumo sacerdote foi significativo e decisivo para a cooperação dos demais na reconstrução do muro, porque, depois do exílio, sua posição passou a ser considerada de suprema importância. Sua elevada posição religiosa não o isentou do trabalho, mas o fez exemplo para os demais. E o fato de que Eliasibe e os sacerdotes consagraram sua parte da obra ressaltou a natureza do empreendimento inteiro.
Os sacerdotes, de igual forma, lançaram mão à obra (vv. 22,28). Eles não apenas trabalharam nela, mas fizeram mais do que se esperava deles. Eles poderiam ter-se omitido do trabalho com a desculpa da sua consagração especial para as coisas sagradas. Porém, não o fizeram! De igual modo, os ourives também se envolveram com a obra (vv. 8,31). Eles também poderiam ter se desculpado, dizendo: “Nós temos as mãos finas, só trabalhamos com coisas delicadas”. Afinal de contas, eles estavam acostumados a trabalhos de perícia e delicadeza. Mas eles pegaram em pedra bruta e assentaram tijolos. Sua disposição para cooperar com os demais é digna de nota. De forma semelhante, os governadores de dois distritos também se dispuseram a trabalhar (vv. 9,12,14,15,16). Eles deixaram seus aposentos de conforto para trabalhar ombro a ombro com as classes operárias. Trabalharam sem rivalidades ou ressentimentos.
Neemias também participou ativamente dos trabalhos. Ele não disse “vá e construa”, mas “vinde e construamos!” (Neemias 2:17); não só liderava, mas também fazia parte da equipe. Ele era um grande e admirável exemplo para o seu povo. Jamais deixou de labutar junto a ele: “E nem eu, nem meus irmãos, nem meus moços, nem os homens da guarda que me seguiam largávamos as nossas vestes; cada um ia com suas armas à água” (Neemias 4:23).
O líder precisa estar sempre à frente. Ele não pode querer que os demais abracem a obra se ele mesmo não está à frente. Privilégio e responsabilidade caminham juntos. O líder é aquele que se identifica com o povo, é exemplo para o povo e trabalha com o povo. Líder não é o que manda, mas o que comanda. Líder não é o que ordena: “façam”, mas o que motiva dizendo: “façamos”. O pseudo líder esbraveja: “Aqui, quem manda sou eu!”. Quem assim age, jamais será um líder, mas sim um capataz.
3. Não espere por unanimidade. É importante saber que, em termos de cooperação, Neemias não conseguiu um apoio integral. Na obra de Deus, o líder não deve esperar por unanimidade. Os nobres de Tecoa, cidade natal do profeta Amós, não quiseram se submeter à liderança de Neemias, não apoiaram o projeto de reconstrução nem contribuíram com a sua parte na reconstrução do muro (v. 5). Eles se achavam bons demais para ajudar; não moveram uma só palha, não assentaram um único tijolo, não quiseram arriscar as suas vidas na reconstrução dos muros. A versão Almeida Revista e Corrigida diz que eles “não meteram o seu pescoço ao serviço de seu senhor”.
Todavia, Neemias não permitiu que a rejeição dessas pessoas tirasse seu entusiasmo e otimismo. Ele trabalhou com quem estava disposto. Não podemos permitir que a omissão ou a ausência de alguns nos tirem a alegria da presença de outros, nem podemos permitir que o desestímulo de alguns desvie os nossos olhos do alvo. Devemos nos alegrar mais com aqueles que estão conosco do que nos entristecermos com aqueles que estão de braços cruzados.
DEMONSTRANDO A APROVAÇÃO PARA COM OS OBREIROS
Um terceiro princípio para o sucesso na execução do planejamento pode ser visto na aprovação que Neemias demonstrou para com os obreiros. O que ele fez é de significado especial para hoje. Vejamos quais são esses princípios:
1. Trate as pessoas pelo nome. Hoje vivemos o fenômeno da despersonalização, da massificação, em que as pessoas são conhecidas por uma série de números sequenciais. Isto faz com que percamos nossa identidade. Mas nós não somos apenas um dado estatístico!
Nesse capítulo, Neemias demonstra claramente a necessidade de nos interessarmos pessoalmente pelas pessoas que estão participando de algum projeto no qual também estamos envolvidos. Isto se evidencia pelo seu conhecimento dos nomes daqueles que trabalharam nos muros, por ele saber onde eles trabalhavam e o que faziam. Ele os tratou como pessoas, não como objetos. Se quisermos obter êxito em nossa liderança, precisamos nos interessar particularmente pelas pessoas que trabalham conosco.
2. Estimule a motivação dos cooperadores. O que nos chama a atenção em todo o livro é a motivação com que os trabalhadores realizaram a tarefa. As circunstâncias negativas e opositoras à reconstrução dos muros não foram suficientes para desmotivar aquele povo determinado a alcançar o objetivo final.
No planejamento de Neemias, percebe-se que a organização do trabalho gerou aos trabalhadores tranquilidade e segurança para execução da obra, dando vitalidade à motivação de cada pessoa. Ao mesmo tempo, Neemias eliminou uma atmosfera permeada de elementos que potencializam a desmotivação. Ele sempre buscava o interesse dos trabalhadores: trabalho proporcional, trabalho com a família, trabalho perto de casa. Neemias identificava-se com eles e estava sempre pronto para encorajá-los quando as coisas iam mal. Ele sabia que uma pessoa motivada e alegre produz muito mais.
3. Demonstre reconhecimento pelas grandes e pequenas coisas. A consciência que Neemias tinha do esforço dos outros é digna de nota. Encontramos isto na expressão “reparou a outra parte” (v. 11, 19-21, 24-27, 30). Neemias era rápido em notar e apreciar o zelo e o esforço daqueles que trabalhavam com ele. No que tange à aprovação, esperaríamos que Neemias louvasse Hanum e os moradores de Zanoa, pois eles repararam a Porta do Vale e mais 500 metros de muro (v. 13). Mas justamente ao lado deles estava Malquias que, trabalhando sozinho, restaurou e assentou apenas a Porta do Monturo (v. 14). Eles trabalharam lado a lado, mas Neemias louvou os esforços de ambos. Ele atribuiu o mérito a quem era devido. Demonstrar aprovação às pessoas pelos seus esforços honestos é uma das chaves mais valiosas para o sucesso nas relações humanas.
Outro exemplo a ser mencionado é o de Baruque. Neemias observou que ele fez o seu trabalho com “grande ardor” (v. 20). Esta expressão, no hebraico, tem o sentido de “incandescer”. Baruque trabalhou com bastante entusiasmo na reconstrução do muro e, por isso, seu exemplo foi registrado para nós.
Creio que o único propósito pelo qual Neemias escreveu o terceiro capítulo foi o de demonstrar o valor do reconhecimento pessoal. O reconhecimento dado por um líder aos seus subordinados cria um sentimento de participação, de pertencimento. Faz com que se sintam seguros. Este sentimento de segurança é absolutamente essencial quando surgem dificuldades.
A IMPORTÂNCIA DA COMUNICAÇÃO NA EXECUÇÃO DO PLANEJAMENTO
Outro princípio relacionado ao sucesso da execução do planejamento é o da comunicação. Duas coisas nos chamam a atenção na atitude de Neemias:
1. Dê instruções claras. Neemias coordenou suas atividades dividindo o muro em 38 diferentes grupos de trabalho. A cada pessoa foi designada uma secção do muro. Dividindo o trabalho em partes, Neemias pôde supervisionar as tarefas e comunicar-se com uma parte de cada vez. O que era antes uma situação complexa tornou-se relativamente simples quando foi subdividida.
2. Delegue autoridade a outros. Neemias delegou tarefas e responsabilidades a grupos específicos e o resultado foi surpreendente. Os grupos de obreiros tinham chefes de secção. Hanum chefiava os moradores de Zanoa (v. 13), e Reum chefiava os levitas (v. 17). O poder de decisão foi delegado aos líderes de cada grupo. E cada líder foi capaz de assumir responsabilidades por sua secção do muro. Se este não tivesse sido o costume de Neemias, ele teria ficado sobrecarregado com decisões triviais e nunca teria conseguido coordenar as atividades de todos os grupos.
O verdadeiro líder é aquele que vê o potencial de cada pessoa e a motiva a acreditar em si mesma. O líder que delega poder leva as pessoas a níveis mais altos.
CONCLUSÃO
Neemias não teria conseguido ir muito longe, se não tivesse conseguido a colaboração do povo de Jerusalém que o ajudou a reconstruir os muros. Ele obteve sucesso na execução do planejamento porque deu valor aos trabalhadores e seguiu os princípios básicos importantes da liderança eficaz. Ele coordenou os esforços dos obreiros, garantiu a cooperação dos diversos grupos, mostrou apreciação pelo trabalho bem feito, batalhou para que a comunicação fosse adequada e, por fim, verificou que cada tarefa designada foi executada de maneira satisfatória. Cada um sabia o que se esperava de si. Cada um trabalhou no seu lugar e terminou aquilo que começou.
Que os princípios aprendidos neste estudo possam ser aplicados em nosso dia a dia. Amém!