Contexto

A famosa história de Daniel na cova dos leões é precedida pela de Belzasar e a “escrita na parede”. Este é um desenvolvimento importante para mostrar porque as ações acontecem da maneira que se desenrolam em Daniel 6 Depois da cova dos leões, vêm as visões, que incluem bestas mais assustadoras que leões! No texto que precede nossa história, Daniel é estabelecido como um intérprete preciso de sonhos. Isto dá credibilidade às visões que começam em Daniel 7 O fi rme fundamento da oração na vida do profeta o fortaleceu e é especialmente importante na história da cova dos leões. A oração capacitou-lhe a resistir aos desafi os de sua fé.

Pano de fundo histórico

Sátrapa (do grego σατρáTTης satráps, do antigo persa xšaθrapã(van), i.e. “protetor da terra/país”) era o nome dado aos governadores das províncias, chamadas satrapias, nos antigos impérios da Pérsia.

Cada satrapia era governada por um sátrapa, que era nomeado pelo rei. Para evitar a corrupção, o imperador persa possuía uma rede de espiões que foi chamada de “os olhos e ouvidos do rei”.

O sátrapa era o chefe da administração da sua província e estava rodeado por uma corte de caráter não real; ele coletava impostos, controlava os representantes locais do governo e as tribos e cidades sob sua tutela. Ele era o juiz supremo da província, diante do qual todo caso civil e criminoso podia ser levado. Era responsável pela segurança das estradas e devia controlar os desordeiros e rebeldes. Recebia assistência de um conselho de persas, para o qual também cidadãos da província eram aceitos, e era controlado por um secretário real e por emissários do rei, especialmente o “olho do rei”, que fazia uma inspeção anual.

6:7 – O Edito real

Os reis persas não eram propensos à auto-deifi cação. Além disso, os deuses foram considerados muito importantes para serem ignorados. Dario foi persuadido a emitir o decreto para “resolver” algum provável problema político/religioso. É improvável que ele pretendia proibir o que Daniel (e a maioria da população do império) estava fazendo. Heródoto descreve o ritual persa informando que nenhum altar ou fogo eram usados. Ele diz que quando o oferecimento era feito o adorador não tinha permissão para pedir qualquer coisa pessoal, ele somente poderia invocar bênçãos para o rei ou a comunidade.

6:10 – Orando três vezes ao dia em direção a Jerusalém.

Orar em direção a Jerusalém era uma prática que remonta à construção do templo por Salomão (1 Reis 8:35). A freqüência da oração na prática israelita não foi estabelecida na lei. Tanto o Antigo Testamento quanto os Manuscritos do Mar Morto não mostram nenhuma norma, a não ser o padrão estabelecido do sacrifício oferecido pela manhã e ao entardecer no templo.

6:17 – A assinatura real

Evidências atuais sugerem que os reis persas usavam selos de cilindro para selar negócios do império e anéis de selar para negócios pessoais. Um anel de selar foi usado para selar a “porta” da cova dos leões.

6:19-23 - Inocência através do “ordálio”

“Ordálio” descreve uma situação judicial em que o acusado é colocado nas mãos de Deus usando-se algum mecanismo, geralmente um que exporá o acusado ao perigo. Se a deidade intervém para proteger do dano o acusado, o veredicto então será o de “inocente”. A maioria dos julgamentos por ordálio, no Oriente Antigo, envolvia perigos com a água, o fogo ou o veneno. Quando o acusado era exposto a estas ameaças, ele ou ela estava, em efeito, sendo considerado (a) culpado (a) até que a deidade declarasse o contrário.

6:24 – Esposas e crianças incluídas na punição

Este fato é mais severo que qualquer outro encontrado nas coleções da legislação legal da Mesopotâmia, o que indica o quanto Dario ficou aborrecido! No Antigo Testamento, quando a família é incluída no castigo normalmente refl ete que a linhagem familiar está sendo exterminada. O que faz do castigo uma espécie de “legado”.

Aplicação

Daniel foi desafi ado em seu comprometimento com o Senhor. Ele foi desafi ado ao ser proibido de orar ao Deus vivo. A prática da oração e o comprometimento público com o Senhor faziam parte da vida diária dele. A oração era parte essencial da vida de fé de Daniel, e deveria ser da nossa também. Quando começamos a viver uma vida de oração “nós somos todos novatos”, diz Phillip Yancey em seu novo livro: “Oração”. Os pontos seguintes de aplicação vêm do livro dele, que eu altamente recomendo.

A oração é a atitude de buscar a realidade do ponto de vista de Deus.

Jane, uma personagem na peça “Nossa Cidade”, recebeu uma carta endereçada à sua fazenda, cidade, estado, e, então, o envelope continuou, aos Estados Unidos da América; ao Continente da América do Norte; ao Hemisfério ocidental; à Terra; ao sistema solar; ao Universo; à Mente de Deus. Talvez o cristão devesse inverter a ordem. Na oração precisamos perceber nossa oportunidade de começar com a mente de Deus. Você alguma vez considerou que as orações de Daniel eram para aprender mais da mente de Deus? Nós começamos com o Senhor, que tem em suas mãos responsabilidade primária por tudo que acontece na Terra e pergunta que parte podemos desempenhar no trabalho dele aqui na Terra. “Corra, porém, o juízo como as águas, e a justiça como o ribeiro impetuoso!”, clamou o profeta. Nós estaremos às margens ou pularemos para dentro do fluxo através de nossa vida de oração?

A oração, e somente ela, restaura minha visão da obra de Deus. Eu desperto da cegueira para ver que a riqueza espreita como um perigo terrível; desperto para ver que o valor de uma pessoa, inclusive o meu valor, não depende da raça ou do status social, mas da imagem de Deus que toda pessoa foi criada; que nenhuma quantia de esforço para melhorar a beleza física tem muita relevância para a eternidade.

A oração realinha tudo. Nós oramos para restabelecer a verdade do universo, ganhar um vislumbre do mundo e de nós mesmos pelos olhos de Deus.

Daniel também mostrou em sua vida de oração um regime – três vezes ao dia ele estava fielmente diante de Deus. Yancey diz que a oração é como um exercício: nós conhecemos o bem que ela nos faz e nos beneficiamos disto. Ainda, como um exercício, precisa ser feita com freqüência para ter um efeito melhor.

Em nosso país, freqüentemente, incluir Deus em qualquer discussão de interesse público não é visto com bons olhos. Especialmente como batistas, nós acreditamos na separação total da Igreja e do Estado. Daniel não conheceu tal distinção. Para Daniel, a oração era uma ação política. Ele tinha sido comissionado por Deus para ser fiel na influência política dele. Ele fez isto sendo abastecido pela sua vida de oração. A oração é energia social, ela é um bem público.

A vida é amoldada muito mais através da oração do que através de legislação. A única ação mais importante que contribui para qualquer saúde e força em qualquer país é a oração.

Se a oração é o lugar em que Deus e os seres humanos se encontram, então devemos aprender mais sobre ela. A maior parte das lutas na vida cristã gira em torno de dois problemas iguais: por que Deus não age do jeito que queremos e por que não ajo do jeito que Deus quer. A oração é o ponto exato para onde esses temas convergem.

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