Texto de Estudo

Êxodo 20:8-10:

8 Lembra-te do dia do sábado, para o santificar. 9 Seis dias trabalharás, e farás toda a tua obra. 10 Mas o sétimo dia é o sábado do SENHOR teu Deus; não farás nenhuma obra, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o teu estrangeiro, que está dentro das tuas portas.

INTRODUÇÃO

Em nosso estudo hoje veremos mais um ponto fundamental de nossa fé: o sábado. É um assunto que exige nossa atenção, quer gostemos ou não. E, no tocante a esse assunto, nossa mente é muitas vezes bombardeada por questões que se afloram. O que é o sábado? A “não referência” à guarda do sábado entre o período patriarcal e o mosaico torna o sábado irrelevante? Teria os milagres de Cristo, em dias de sábado, evidenciado  que nosso Senhor estava abolindo este mandamento? A observância do sábado diz respeito aos cristãos? Que princípios deveriam nortear a guarda contemporâneado sábado? Essas são perguntas continuamente feitas e para as quais nós devemos ser capazes de dar uma resposta decisiva.

 

A ORIGEM DO SÁBADO

 

A palavra sábado é a tradução do hebraico shabbath e significa descanso, inatividade, desistência. De acordo com o relato da criação, o sábado é um período no tempo para cessação de certas atividades, revigoramento e descanso dos seres humanos (Gênesis 2:1-3).

A narrativa de Gênesis nos mostra claramente que houve um dia de cessação das atividades criadoras até então realizadas naquela semana. Este era o sétimo dia. Portanto, a sequência cronológica de tempo, em um ciclo limitado por dias, encontrou seu ponto final no sexto dia. No sétimo dia, algo diferente foi feito. E que ação foi essa? A ação de abençoar e santificar o sábado (Gênesis 2:3). 

Sendo assim, a partir de Gênesis podemos inferir que:

1. O sábado foi instituído no fi m da criação. A bela história da criação, no primeiro capítulo de Gênesis e no começo do capítulo dois, prepara o terreno para o sábado e suas implicações espirituais e morais na vida do homem. Este permanece como o ápice da história da criação e como um lembrete do poder de Deus. É o clímax do mais significativo evento da vida do homem e conduz a uma conclusão da mais perfeita expressão dos poderosos atos de Deus. Foi na criação que Deus manifestou seu maior desejo, e o sábado torna-se o memorial da realização deste desejo. No fim da semana da criação, quando os três reinos (mineral, vegetal e animal) tinham saído com absoluta perfeição da mão do Criador, ele estabeleceu o sábado.  

A observância do sábado não era desconhecida antes da entrega da Lei no Sinai, como supõem muitos cristãos. Também não é uma instituição privativa dos judeus. O sábado é uma instituição que existe desde a criação. Ele é parte da ordem da criação e tem sua origem naquele tempo.  

No princípio, criou Deus os céus, a terra, o homem e o sétimo dia, o sábado. O sétimo dia foi a única parte da criação testemunhada por um ser humano. O descanso divino no sétimo dia seria o primeiro exemplo para o homem que, mais tarde, Deus esperaria que seu povo seguisse. Karl Barth afirma que “Deus descansou no sétimo dia, e o abençoou e santificou. É o primeiro ato divino que o homem teve o privilégio de testemunhar; e ele mesmo pode guardar o sábado com Deus, completamente livre do trabalho. É a primeira palavra dita a ele, a primeira obrigação colocada sobre ele”. 

2. O sábado foi abençoado e santifi cado por Deus. Neste primeiro sábado da semana da criação, Deus descansou e se deleitou com sua criação e com seu relacionamento com o homem. A história da criação divina do sábado mostra-nos três coisas que Deus fez com o sétimo dia (Gênesis 2:2-3). 

Em primeiro lugar, Deus descansou no sétimo dia. O Deus todo-poderoso não estava cansado da criação dos céus e da terra. No entanto, a Bíblia mostra que ele descansou no sétimo dia. Santificar o sábado por meio do descanso foi o primeiro exemplo divino para o homem. Aqui “descanso” simplesmente significa que Deus parou ou cessou seu trabalho criativo. O descanso de Deus não foi o descanso da inatividade. Foi um descanso para distinguir seus atos de criação realizados nos seis dias anteriores. 

Em segundo lugar, Deus abençoou o sétimo dia. Isto significa que o Criador conferiu ao sétimo dia uma marca especial de bondade. Ele criou um tipo de benção para o sétimo dia, não concedida a nenhum outro dia da semana. Repare que nenhum outro dia da semana foi abençoado, somente o sétimo dia. 

Em terceiro lugar, Deus santificou, ou tornou santo, o sétimo dia. Ao santificá-lo, Deus declarou e tornou o sétimo dia um tempo santo, separado ou consagrado. Este foi o ato final de Deus durante a semana da criação. Ele tomou o último dia da semana da criação (o sétimo dia) e o separou como um dia especial. Deus fez do sétimo dia, o sábado, um dia especial ao abençoá-lo e separá-lo dos outros seis dias. Abraham Joshua Heschel, um notório erudito judeu contemporâneo, declara que “as coisas criadas em seis dias ele considerou boas, mas o sétimo dia ele tornou sagrado”. 

Igualmente, é bom frisar que nosso Deus maravilhoso pensou no bem estar do ser humano desde a sua criação. Tendo ele nos criado, sabia que precisaríamos de um dia para descansar e para nos dedicarmos à comunhão com ele, com nossa família, com nossos irmãos. 

Herbert Saunders diz que há uma marca distinta naquele que regularmente guarda o sábado. O sábado, guardado fiel e conscientemente, gera qualidades distintas à vida. O sábado nos traz descanso de corpo e mente. Ele nos traz o privilégio do louvor divino e da adoração santa, e nos dá a oportunidade de aprendermos mais sobre Deus e seu Filho, Jesus Cristo, nosso Salvador, e mais do trabalho do Espírito Santo no mundo. O sábado nos convoca a um reconhecimento da vida da alma, a feitos de misericórdia, às bênçãos da comunhão da vida familiar e, em momentos apropriados, à visitação amistosa.

 

O SÁBADO NO ANTIGO TESTAMENTO

 

Conforme vimos anteriormente, o texto de Gênesis 2:1-3 já lançava luz sobre a importância do sábado na vida do ser humano. Mesmo que a Lei ainda não tivesse sido entregue, o sábado já encontrava seu lugar na ordem da criação. 

 

Vejamos outras duas passagens veterotestamentárias importantes no tocante ao dia de descanso.

 

1. O sábado e o maná (Êxodo 16:16-30). A Bíblia não menciona nada sobre o sábado desde a queda do homem até a época de Moisés. Deus não havia abandonado o sábado. Ele esperou até que seu povo estivesse pronto para recebê-lo. Deus tirou os israelitas da escravidão do Egito e os levou ao deserto. Então, ensinou-lhes o princípio da guarda do sábado. Deus escolheu ensinar a este povo obstinado o princípio da guarda do sábado por intermédio do estômago deles. Ele usou o maná como lição prática, o qual prepararia os Israelitas para receberem o quarto mandamento. O maná foi uma lição de fé ensinada por Deus concernente ao seu dia. Deus deu instruções a respeito da colheita do maná no sábado. As instruções eram específicas e requeriam fé por parte dos ouvintes. O maná foi uma lição sobre fé e guarda do sábado. 

Segundo Larry Graffius, ao unir a obediência da guarda do sábado ao fato de que o povo estava com fome, Deus empregou um dos métodos mais eficazes de ensino, pois segundo estudos modernos aprendemos muito mais quando fazemos, e o maná foi um treinamento na prática. 

2. O sábado na outorga da Lei (Êx 20:8-11). No encontro do povo com Deus, no Sinai, é indiscutível a forma de um mandamento explícito. O Senhor diz de forma positiva que o sábado deve ser lembrado. E tal lembrança conduzia à implicação de santificá-lo. Estava nítida a intenção de Deus de que esse dia fosse encarado como um dia especial. 

Como na ocasião da criação não foi intenção do autor destacar as atividades semanais destinadas ao homem, senão o fato de que ele deveria cultivar a terra que o Senhor havia preparado, coube ao Senhor especificar na Lei do Sinai quais atividades deveriam ser evitadas no dia de sábado, para que dessa forma ele fosse santificado: “Não farás nenhum trabalho, nem tu, nem o teu filho, nem a tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o forasteiro das tuas portas para 

dentro” (Êx 20:10).

A observância do sábado é eminentemente uma questão bíblica, e em nenhum lugar a questão é mais articuladamente expressa e respondida que no decálogo. Reiterando a importância da observância do sábado, ordenada na criação por Deus, e dadas as implicações sociais de quando a doação do milagre diário do maná era suspensa apenas no sábado, o decálogo  pôs o sábado no coração do relacionamento do homem com Deus e do relacionamento do homem com outros homens. O decálogo representa tudo o que um homem deve ser no aspecto espiritual, moral e ético.

É geralmente reconhecido que o decálogo é o código moral legal mais elevado na história do homem. Tem implicações sociais e morais que alcançam muito além do judaísmo ou do cristianismo. É o fundamento das grandes leis do mundo e estabelece as prioridades para o comportamento humano. É significativo, então, e mais importante, que a Lei sabática seja parte deste código fundamental. Seja isto reconhecido ou não, o sábado e suas próprias implicações morais dão ao homem o ímpeto de ser o que ele deveria ser. 

Há algo no sábado que exige que este se torne uma parte da vida moral do homem. E esse algo é a qualidade espiritual dada na criação. Como assevera A. H. Lewis, um dos mais proeminentes autores batistas do sétimo dia, “o sábado não é sagrado porque sua observância é ordenada. Sua observância é ordenada porque ele é intrinsecamente sagrado”. Aqui está a representação de Deus na vida do homem – que lhe dá qualidade espiritual e o dota de uma natureza como a de Deus. Este mandamento reitera que o sábado foi ordenado e criado por Deus e dado ao homem para seu renovo moral e espiritual. 

Mas há algo muito mais significativo no sábado que nos lembra da qualidade que ele tem. “O mandamento sabático”, escreve M. L. Andreasen, “é o único mandamento na observância do qual Deus poderia se unir ao homem. [...] O homem pode guardá-lo; Deus pode guardá-lo. Assim o sábado é o lugar de encontro de Deus e do homem”. 

Há uma profunda qualidade espiritual no sábado simplesmente porque Deus e o homem podem observá-lo juntamente na comunhão espiritual: “Lembra-te do dia de sábado, para santificá-lo... Mas o sétimo dia é o sábado do Senhor” (Êx 20:8,10). É o dia de Deus, mais do que o dia do homem. Sua santidade comemorativa foi dada por Deus e este foi oferecido ao homem para seu renovo espiritual e reflexão moral. 

 

O SÁBADO EM O NOVO TESTAMENTO

 

Vejamos suscintamente a relação de Jesus e os apóstolos quanto ao sábado.

1. Jesus e o sábado. Jesus foi categórico ao afirmar que não veio destruir nem a Lei nem os profetas. Antes veio cumpri-los (Mateus 5:17). Sem sombra de dúvidas, sua messianidade se destacou quando fez o que realmente era lícito fazer no sábado. O preceito positivo de Cristo para a observância do sábado é o seguinte: “É lícito fazer bem aos sábados” (Mateus 12:12). 

Aos olhos dos fariseus, Jesus era um transgressor da Lei (cf. João 9). Porém, ao contrário do que os fariseus pensavam, Jesus veio resgatar a dimensão original do sábado como um dia para honrar a Deus e para a alegria do ser humano. Os milagres que ele operou aos sábados não tinham o mero objetivo de provocar a ira do sinédrio ou anular o mandamento do sábado. Muito pelo contrário. As curas não iam contra a perspectiva do programa sabático de Deus. Mas sim, realçavam a intenção original de Deus, que sempre foi buscar o bem-estar espiritual e físico da humanidade. Jesus não veio trazer apenas um ideal de descanso. Jesus não quis apenas usar o sábado como uma ilustração para o descanso eterno e escatológico. Antes, ele levantou em cada sábado semanal (pelo menos naqueles em que realizou curas e ministrou ensinamentos) um memorial da redenção. E isso estava de pleno acordo com o conceito e ideal da criação (Gênesis 2:1-3). 

Quando Jesus afirmou ser o Senhor do sábado (Marcos 2:28), ele não estava autorizando uma mudança do dia de descanso. Antes, estava legitimando a continuidade do sábado como santo dia de Deus para benefício do ser humano. Seu senhorio sobre o sábado era a base para o cumprimento, e não para alteração. Seu senhorio autorizava a maneira como o sábado deveria ser guardado. Por isso é que, à luz do sentido que Jesus deu ao sábado, os cristãos sabatistas de hoje não devem pensar na observância deste dia em termos de regras proibitivas apenas. 

A abordagem de Jesus, em relação ao sábado, foi de restauração. Ele veio para restabelecer o sábado à posição que tinha no princípio dos tempos e ao significado moral do tempo de Moisés, uma posição agora sobrecarregada com exigências não naturais que nem a letra nem o espírito do quarto mandamento exigiam. Ele desejava restaurar o sábado ao seu lugar justo e assim encaixá-lo para o serviço no amor, e não sobrecarregá-lo com requerimentos ritualísticos. 

Jesus não ensinou o abandono do sábado. Jesus nunca sugeriu uma mudança no sábado. Por outro lado, ele trabalhou para restaurar e aprofundar seu significado espiritual. Jesus resgatou o sábado tornando-o prático, assim o fez para servir ao homem. E fez deste dia um símbolo do propósito refinado e nobre de todas as disciplinas e práticas religiosas. Ele fez do sábado uma oportunidade para obras de misericórdia e ministério cristão. O sábado é um símbolo do ministério expansivo e amável de Jesus para o bem-estar do homem. 

2. Os apóstolos e o sábado. Os seguidores de Jesus continuaram a observar o sábado após sua morte (Lucas 23:54-56). “Preparação” é a palavra judaica para sexta-feira. As mulheres prepararam as especiarias e unguentos - substâncias aromáticas usadas para ungir o corpo dos mortos - antes do sábado, enquanto esperavam uma primeira oportunidade para uma visita ao túmulo. Porém, “no sábado repousaram conforme o mandamento”. Como Mateus relata que a primeira visita deu-se ao pôr-do-sol no dia de sábado (Mateus 28:1), entende-se que o verdadeiro sábado bíblico é o período de vinte e quatro horas do pôr-do-sol da sexta- feira ao pôr-do-sol do sábado (Levíticos 23:32; Neemias 13:19; Marcos 1:21).

De igual forma, o sábado continuou sendo observado pelos apóstolos em Antioquia (Atos dos Apóstolos 13:14-15,42-44). Essas reuniões, ocorridas num período de dez anos (entre 45 e 55 d.C.), eram realizadas no sábado. Por que Lucas relatou todas essas reuniões que os apóstolos realizaram no sábado, sem dizer uma só palavra sobre alguma mudança com relação ao dia de guarda? Por certo, se houvesse algum conselho inspirado para prestar culto noutro dia ou para não prestar culto em dia algum, Lucas teria mencionado isso. 

Um incidente interessante na vida de Paulo ocorre em Filipos. Paulo, Lucas e os demais companheiros descobriram que não havia sinagoga em Filipos, mas ouviram falar de um lugar fora dos muros da cidade à beira de um rio “onde nos pareceu haver um lugar de oração” (Atos dos Apóstolos 16:13). Havia mulheres lá e eles lhes falaram de Cristo. Foi neste lugar, em um sábado, que Lídia tornou-se a primeira cristã convertida na Europa. Mais uma vez, o evangelho do Cristo ressuscitado foi dado a alguém no sábado, sem hesitação e sem nenhuma qualificação. Foi enquanto eles estavam a caminho deste lugar para adorar que Paulo curou uma menina escrava que tinha um “espírito adivinhador” (Atos dos Apóstolos 16:16). Tomando o exemplo de seu Senhor, Paulo fez o que era “bom” no sábado e restaurou uma jovem à plenitude da vida. Eles não foram lá porque o lugar era conveniente, ou para se encontrarem com judeus, e, sim, porque nesse local lhes “pareceu haver um lugar de oração”. O relato demonstra que os apóstolos observaram o sábado como dia de oração e testemunho.

Alguns cristãos creem que Paulo ia às sinagogas no dia de sábado só porque podia encontrar ali uma assistência de judeus dispostos a ouvir o evangelho. Sem dúvida, Paulo usava as sinagogas como centro evangelístico; mas ele guardava o sábado, quer fosse à sinagoga, quer não. O sábado foi também observado em Tessalônica e Corinto (Atos dos Apóstolos 17:1-2; 18:1,4,11). A. H. Lewis oferece um bom resumo da situação do sábado nas igrejas paulinas:

Se houvesse alguma mudança feita ou começando a ser feita, ou se qualquer autoridade para a revogação da Lei sabática houvesse, os apóstolos saberiam. Alegar que havia é, portanto, acusá-los de deliberadamente ocultarem a verdade, e também de reconhecerem e referirem-se a um dia como sábado, não sendo o sábado. Mas alguns dirão, “Cristo e seus apóstolos fizeram tudo isto como judeus, simplesmente.” Se isto for verdade, então Cristo viveu e ensinou simplesmente como judeu e não como o Salvador do mundo. Pelo contrário, ele estava em guerra com as noções falsas e extravagantes do judaísmo em relação à verdade e ao dever. Se Cristo não fosse um “cristão”’, mas um “judeu”, o que é feito do sistema que ele ensinou? Se seus seguidores, que arriscaram tudo por ele e selaram sua fé com o próprio sangue, fossem apenas judeus, ou pior, fossem dissidentes, fazendo aquilo que cristãos não devem fazer por causa de política, onde os cristãos serão encontrados? A ideia morre por sua própria inconsistência. Mais que isto, a história bíblica repetidamente afirma que os gregos foram ensinados sobre o sábado na mesma medida que os judeus, e nessas igrejas onde o elemento grego predominava não há traço de quaisquer ensinos ou costumes diferentes neste ponto. Os judeus mantiveram suas instituições nacionais, como a circuncisão e a páscoa, enquanto todos os cristãos aceitaram o sábado como uma parte da Lei de Deus… Cristo reconheceu-o sob o evangelho, assim como reconheceu cada uma das outras Leis eternas com as quais o sábado está associado no Decálogo; reconheceu-as como as palavras eternas de seu Pai, cuja Lei ele veio para magnificar e cumprir. 

 

A INSTITUIÇÃO DO DOMINGO COMO DIA DE GUARDA

 

Na primeira parte do quarto século, Constantino, o imperador romano, tornou-se cristão. Ele ainda era pagão quando decretou que os escritórios do governo, cortes e as oficinas dos artesãos deveriam fechar no primeiro dia da semana, “o venerável dia do sol”, como era chamado. E foi naquele mesmo século que o Concílio de Laodicéia (321 d.C.) expressou a preferência pelo domingo. Uma vez que muitos cristãos tinham sido adoradores do sol antes de sua conversão ao cristianismo e guardavam o primeiro dia da semana há séculos, tornar o domingo um costume cristão seria uma vantagem para a igreja.  

Assim, por vários séculos, ambos os dias foram observados lado a lado. De fato, essa prática paralela continuou até o século VI com o verdadeiro sábado sendo observado em muitas áreas do mundo cristão. Mas com o paganismo se infiltrando na igreja, sob a influência tanto da popularidade como da perseguição, o domingo foi enfatizado cada vez mais, e o sábado cada vez menos. Os escritos dos pais da igreja primitiva nos contam a história. Eles traçaram o caminho da apostasia. Eles registraram as práticas da igreja primitiva. Nenhum  escritor eclesiástico dos primeiros três séculos atribuiua origem da observância do domingo a Cristo, nem aos apóstolos.

Segundo Samuelle Bacchiocchi, em sua tese sobre a mudança do sábado para o domingo, é digno de nota que a liturgia e o repouso dominical começaram a ser praticados gradualmente, seguindo o sábado. De fato, a implicação completa do mandamento do sábado em um repouso físico ao domingo não foi conseguido antes dos séculos quinto e sexto. Isto corrobora nossa posição de que o domingo tornou-se o dia de repouso e culto não em virtude de um preceito apostólico, mas antes por autoridade eclesiástica exercida particularmente pela igreja de Roma. No passado, esta explicação foi considerada virtualmente por teólogos e historiadores católicos como um fato estabelecido: a observância do domingo tomou o lugar da observância do sábado, não em virtude de preceito, mas pela instituição da igreja católica. 

Portanto, podemos concluir que as razões para a mudança do sábado para o domingo são históricas, sociais e políticas, mas não são bíblicas. 

 

UMA PALAVRA FINAL

 

Como devemos observar esse dia tão gracioso e bendito? Em primeiro lugar, reservemos esse dia da semana para adorarmos a Deus. Isso envolve o nosso culto, estudo da palavra, orações e comunhão na igreja. E, em segundo lugar, como um dia para servirmos ao próximo, pregando o Evangelho, e dando assistência integral no tocante às mais variadas necessidades do ser humano. Se fizermos isso, cumpriremos toda a Lei.  

O sábado não deve ser encarado como um dia de folga, segundo os padrões de nossa cultura, mas um dia para nos dedicarmos a Deus de maneira mais acentuada do que podemos fazer durante a semana. Façamos de Deus a nossa prioridade e veremos que, automaticamente, estaremos desviando nossos pés de profanar o sábado. O homem não é senhor do sábado, e sim Jesus. A maneira como ele guardou o sábado também é a maneira como devemos guardar! 

 

 

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