Contexto

Muitos estudiosos acreditam que a versão que temos no livro de Daniel foi escrita muito tempo depois do exílio babilônico, talvez centenas de anos depois dos judeus terem sido levados ao cativeiro. Durante este período de tempo haviam esquecido como prosperamente os judeus tinham se integrado na sociedade babilônica. Hananias, Azarias e Misael, como também o herói da história, Daniel, tinham se tornado pessoas influentes nos negócios administrativos na Babilônia (o texto não nos informa que papéis desempenharam, apenas que foram proeminentes – Daniel 3:12). É neste contexto, de ser alguém infl uente em território inimigo, que a história nos leva ao famoso episódio da fornalha ardente, no capítulo 3. Estas histórias formam um pano de fundo importante para as visões que Daniel tem, começando no capítulo 7.

Nosso texto de estudo envolve Hananias, Azarias e Misael, que preferiram arriscar suas vidas (e seu sustento) a quebrar a aliança com Deus. O incidente apresenta a adoração ao Deus verdadeiro e o uso humanístico da religião para impulsionar o poder dos regentes deste mundo. É característica da idolatria colocar o ídolo como algo à disposição do adorador para alcançar seus fi ns. Nabucodonosor não pôde ver nenhuma outra razão que não a insubordinação para a recusa da adoração como havia requerido e, portanto, não hesitou em ordenar um castigo brutal aos insubmissos.

À medida que tudo é dito e feito, o leitor tem que observar as condições com a declaração de fé que foi articulada pelos três homens: “Eis que o nosso Deus, a quem nós servimos, pode nos livrar da fornalha de fogo ardente; e ele nos livrará da tua mão, ó rei. Mas, se não, fica sabendo, ó rei, que não serviremos a teus deuses nem adoraremos a estátua de ouro que levantaste” (Daniel 3:17-18). É digno de nota que eles tiveram que sofrer a provação, serem lançados na fornalha ardente, e, não obstante, a vida deles foi poupada. Não há nenhuma sugestão aqui ou em outro lugar da Bíblia de que o crente será poupado da dificuldade ou que, quando ele passa por sofrimentos, Deus não está com ele. (Leia Isaías 43:2 João 12:26)

Pano de fundo histórico

Fornalhas na Babilônia estavam ligadas à fabricação de tijolos (Gênesis 11:3), que eram extensamente usados na ausência de pedra. O combustível era o carvão, que produzia as altas temperaturas requeridas para a queima do tijolo e para se forjar o ferro (Isaías 44:12). Algumas olarias de tijolos foram encontradas em escavações feitas perto do território da Babilônia.

Aplicação

Quando estudei a passagem fui golpeado pela repetição da lista de oficiais e dos instrumentos musicais, que alertavam a multidão acerca de quando se curvar a esta imagem. Eu imagino que o autor pode ter repetido esta frase para um efeito satírico: Aqui estão todos os grandes do império que se prostram diante de um obelisco inanimado ao som de um medley musical controlado pelo bastão deste rei. É uma marca de gênero literário repetir estas frases para basear a sátira, e mostrar quão tola é a cultura que não tem nenhuma relação com o verdadeiro criador do universo. Ao som da música eles se agrupariam para adorar esta figura sem vida.

Nós deveríamos tomar nota que o comportamento idólatra pode acontecer em fins de semana em nosso país, com a adoração dos jogos de futebol e seus jogadores pelas massas populares! Há algo semelhante em sua cidade? Eu já fui culpado desse tipo de idolatria e precisei da ajuda de outros para mostrar-me quão tolo é este tipo de comportamento. É o que, igualmente, Daniel está tentando ensinar à sua audiência!

É difícil achar cristãos sendo fisicamente perseguidos em nosso país. Eles são perseguidos ideologicamente pela grande mídia, que afirma que seus conceitos e crenças são “obsoletos” ou irrelevantes para a sociedade contemporânea. Uma das organizações que a Igreja a que eu sirvo apóia é a “Voz dos Mártires1”, que representa os cristãos perseguidos ao redor do mundo, defendendo o bem-estar e proteção deles. Quando pensamos em por que algumas pessoas arriscam tudo para permanecerem fiéis às suas convicções religiosas, pode vir à nossa mente os fundamentalistas islâmicos contemporâneos, que não descansarão por nada até alcançar a meta deles de derrotar os que se opõem à sua religião. Porém, devemos lembrar-nos de quantos cristãos que preferiram morrer a negar sua fé em Cristo.

Você estaria disposto a morrer por sua fé? Um de meus heróis cristãos é Dietrich Bonhoeffer. Ele estava disposto a morrer pela sua fé trabalhando contra o holocausto de Hitler e as atrocidades cometidas pela Gestapo na Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial. Bonhoeffer admitiu que, no início, foi iludido pelo discurso de Hitler, ele admitiu seu pecado e passou a defender os judeus. Foi morto em campo de concentração duas semanas antes do fim da guerra.

Você alguma vez já pensou em suas próprias escolhas na adoração como um risco à sua fé? Eu sei que tivemos, e ainda temos, confl itos em nossas igrejas sobre estilos de adoração diferentes. Nós estamos dispostos a conviver com um estilo de adoração diferente, se é para a melhoria da saúde espiritual da Igreja? Eu sei que devemos ser gratos por termos mencontrado uma tradição de fé tão rica e diversa quanto a que os batistas do sétimo dia têm.


1 Você pode conhecer melhor o trabalho da "Voz dos Mártires" acessando seu site www.vozmartir.org ou www.martirescristaos.blogspot.com

Muitas vezes, à medida que crescemos como cristãos, somos menos propensos a correr riscos. Nós precisamos nos lembrar que servimos a um Deus que correu o maior risco de todos, enviando seu próprio Filho para que morresse em prol de suas criaturas amadas. Alguns têm rejeitado e continuarão rejeitando o chamado, e isso, sim, é correr um grande risco! O risco do amor é um risco que todos deveríamos abraçar enquanto vivemos nossa vida em comunidade em nossas igrejas batistas do sétimo dia.

Como um ato prático de apoio e solidariedade aos cristãos que são perseguidos, eu convidaria você a se envolver com a Voz dos Mártires (você pode encontrá-los na Internet, no endereço www.vozmartir.org). Apoiar esta organização, seja como uma igreja ou individualmente, pode ser um passo importante para a solidariedade aos cristãos perseguidos que têm uma longa história que começa com Hananias, Azarias e Misael! Ficando familiar com a organização deles, recebendo a lista de e-mails deles, poderá prover oportunidades para se envolver com os cristãos perseguidos ao redor do globo.

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