O CUSTO DO DISCIPULADO

 Quando as pessoas perguntam-me quais são meus passatempos, invariavelmente respondo que adoro ler nãoficção, particularmente biografias de heróis cristãos da fé. Há exemplos incontáveis, como o dos missionários Hudson Taylor e William Carey; mártires da Palavra de Deus como Wycliffe, Tyndale e Huss; e figuras mais contemporâneas, como Corrie Ten Boom ou Irmão André. Um outro favorito é o Pastor e autor alemão Dietrich Bonhoeffer, que foi preso e enforcado pela Gestapo, em 1944. Ele escolheu permanecer na prisão quando poderia ter conseguido um refúgio seguro no Oeste se tivesse simplesmente retirado sua oposição ao Socialismo Nacional e a suas atividades exterminadoras. Bonhoeffer escreveu uma série de cartas da prisão que foram traduzidas no livro O custo do discipulado. Seu heroísmo silencioso, nas horas mais sombrias, serve como inspiração para mim. À proporção que você estuda Lucas 14 pense sobre duas profundas afirmações que realmente se aplicam à geração do “eu primeiro”.

A primeira idéia é que o discípulo quer seguir, mas sente-se obrigado a insistir em seus próprios termos, considerando- se o entendimento humano. O discípulo coloca-se à disposição do Mestre, mas ao mesmo tempo retém o direito de ditar seus próprios termos.

Bonhoeffer também comenta, em Lucas 14:26 que, pelo chamado de Deus, os homens tornam-se individuais. Todo homem é chamado separadamente, e deve seguir sozinho. Mas eles têm medo da solidão e tentam se proteger mergulhando-se na sociedade e num ambiente material. Não estão desejando se colocar diante de Jesus e serem compelidos a decidir com seus olhos fixados somente nele. (p.105).

Bonhoeffer viveu numa época na qual a maioria dos “cristãos” racionalizavam maneiras de suportar Hittler, porque a própria segurança pessoal e a riqueza eram mais importantes que a verdade e a fidelidade a Deus. Eu acredito que nossa geração tem se sentido bem semelhante sobre esse conceito de discipulado; nós fazemos isso com nossos próprios termos e em nosso próprio tempo. E você?

EXPLICAÇÃO DAS ESCRITURAS

De acordo com 14.25, grandes multidões seguiram Jesus. Talvez as pessoas tivessem ouvido sobre seu ensinamento poderoso. Muitas eram, sem dúvida, conduzidas pelos milagres feitos. Outras eram convencidas de que ele seria um líder revolucionário a derrubar o Império Romano. Qualquer que fosse o caso, elas estavam lá. Jesus colocava- se a caminho de Jerusalém para morrer na cruz, mas não para dar a elas mais emoções. Jesus conhecia as condições do coração daquelas que o seguiam fisicamente, e ele estipulou exigências que teriam de conhecer para serem consideradas verdadeiras seguidoras.

Jesus, intencionalmente, usou de cara uma hipérbole vívida que relatou aos seus mundos, dizendo-lhes que tinham que “odiar seu próprio pai, mãe, esposa, filhos, irmãos e irmãs, sim, e mesmo sua própria vida” para obterem esse padrão. Essa devoção à pessoa de Cristo também implicava aceitar a cruz.

Bonhoeffer adverte:

“Se recusamos tomar nossa cruz e submetemo-nos ao sofrimento e à rejeição nas mãos dos homens, perdemos nossos companheiros em Cristo e deixamos de seguilo. Todavia, se perdermos nossas vidas a seu serviço e carregarmos nossa cruz, encontraremos nossas vidas outra vez nos companheiros da cruz em Cristo. O oposto do discipulado é ter vergonha de Cristo, de suaCruz e toda a ofensa que a cruz traz em sua comitiva (ibid p. 101).

Assim, somente aqueles que estão desejando serem obedientes a Cristo a qualquer custo, e que se identificam com seu sofrimento, são merecedores do discipulado (Mateus 10 38). Eles estão desejando se separarem das coisas consideradas importantes nesta vida. De volta a Lucas 9:23 Jesus enfatiza isso, mais adiante, estabelecendo que discípulos verdadeiros têm de negar-se e de tomar a cruz diariamente, mostrando uma dedicação contínua.

Nos cinco versículos seguintes, ele usou duas ilustrações humanas para se fazer entender. O construtor assegurava que tinha dinheiro suficiente para terminar o projeto antes mesmo que o começasse, e o rei afirmava que era forte o suficiente para vencer uma batalha, mesmo que excedesse em número.

Jesus não está procurando os que professam meramente com os lábios, mas aqueles que vivem como discípulos verdadeiros. Na, talvez, mais famosa de todas as passagens da Grande Missão, ele diz aos onze para “fazei discípulos de todas as nações” que são aqueles que seguem na obediência do batismo e observam seus ensinamentos e os Mandamentos (Mateus 28:19-20).

Em estudo recente da Bíblia, nosso grupo de soldados discutiu Hebreus 11:6. Um dos homens comentou uma frase - “Porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe” - dizendo que há muitosacutiu, tanto na igreja quanto no mundo, que podem não ser ateus teológicos, porém o são na prática. Eles cultuam a Deus da boca para fora, falam da noção de um poder maior, contudo não vivem suas vidas como se Cristo fizesse a diferença, isto é, viver pela fé, confiando “que é galardoador dos que o buscam”. Essas pessoas vão atrás de outras coisas ao invésde submeterem tudo a seu serviço. Essa noção de ateísmo prático é tão perigoso quanto já era nos dias de Jesus.

LIÇÕES PARA A VIDA

1. Tudo nesta vida tem de ser secundário para Cristo. Isso inclui relacionamentos, seu trabalho, dinheiro, posses, atividades de lazer... Submeta tudo a ele. Não tente ser um cristão com um coração dividido, tentando agarrar- se ao mundo enquanto se intitula um seguidor.

2. Pense nas áreas específicas de sua vida nas quais se sente privilegiado por sofrer por Cristo. É diferente para todos. Avalie como você é abençoado por carregar sua cruz.

3. Pergunte a você mesmo se é um discípulo digno de confiança, utilizável para o trabalho do Reino, ou apenas um crente nominal satisfeito com seu local de conforto terreno.

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