Revisão

Texto de Estudo: Rute 4:1-10

Na semana passada vimos como Noemi, Rute e Boaz mostraram hesed, ou fidelidade à aliança, em suas ações. Esta semana veremos como essa ideia de hesed é demonstrada por meio do entendimento do conceito de um parente resgatador.

Introdução

Quando começa o capítulo 4 de Rute, vemos novamente a mão providencial de Deus em ação. Boaz fora até o portão da cidade, para encontrar uma maneira pela qual pudesse cumprir os requerimentos legais, para que se casasse com Rute. Assim que chegou lá, "eis que o remidor de que Boaz tinha falado ia passando" (v. 1). A pessoa com quem ele precisava negociar estava passando. Para o olho não treinado, isso poderia parecer uma coincidência. Porém, na realidade, Deus estava preparando o caminho.

Um acordo legal

Depois que Boaz encontrou o "parente próximo", ele reuniu 10 anciãos e colocou o assunto perante eles. Ele lhes disse que Noemi estava se preparando para negociar a terra de seu esposo morto. Ele, então, apresentou a oportunidade ao "parente próximo", que, por sua vez, disse que resgataria a terra. Como parente vivo mais próximo do marido de Noemi, esse era tanto seu direito como sua responsabilidade.

Nesse ponto, Boaz não mencionou Rute e Noemi. O leitor é deixado para questionar seus motivos. Ele estava tentando ser enganoso? Esse era o costume nos negócios? De qualquer forma, Boaz finalmente revelou que quem tomasse a terra também teria a responsabilidade moral de tornar-se o parente resgatador e salvar a linhagem familiar de Elimeleque.

O parente resgatador

Um parente resgatador era alguém que cumpria a lei do levirato, como explicado em Deuteronômio 25:5-10. Se um irmão morresse e deixasse uma viúva sem um herdeiro, o irmão ainda vivo devia casar-se com ela. Quando um herdeiro era produzido, a criança teria o nome do irmão morto, não de seu pai biológico. Dessa forma, nome, linhagem e segurança da casa do falecido seriam preservados.

Agora, se presumirmos que Boaz e o "parente próximo" não eram irmãos de Elimeleque, então eles não seriam obrigados por lei a resgatar sua linhagem. Contudo, Boaz deixou claro que eles tinham obrigação como parentes, porque era a coisa certa a fazer. Quando apresentado à escolha, o homem declinou a oferta, afirmando que "prejudicaria sua própria herança" se assumisse a responsabilidade (v. 6).

Daniel Block especula que isso provavelmente significava que ele não estava disposto a permitir que qualquer dos filhos que Rute tivesse dele levasse o nome de Malom, em vez do seu. Dessa forma, sua futura herança morreria, porque se tornaria de Malom.12 A ironia aqui é que o nome do homem nunca é mencionado. O homem que se recusou a resgatar a propriedade de Elimeleque, por causa de si mesmo, terminou não tendo seu nome de qualquer forma, enquanto o nome de Boaz continua vivo. Deus recompensa os humildes.

Selado com um sapato

Depois de chegar a um acordo, Boaz e o "parente próximo" tornaram a decisão oficial pela troca de um sapato (v. 7). Os termos do acordo foram anunciados e os anciãos e outras testemunhas os confirmaram. A multidão, então, conferiu uma bênção sobre Boaz e Rute. Pediram que o Senhor tornasse Rute como Raquel e Léa, muito provavelmente referindo-se à fertilidade delas, uma vez que elas "edificaram a casa de Israel"(v. 11).13 A referência das testemunhas a Perez, Tamar e Judá provavelmente não é um encorajamento ao incesto, mas o reconhecimento de que usaram a prática do levirato.14

Nesse ponto, um paralelo pode ser traçado entre o "parente próximo" e Orfa. Ambos escolheram fazer o que seria a coisa mais natural: uma retornou à sua família, o outro escolheu a família em lugar de ajudar uma estranha. O "parente próximo" se coloca em contraste com Boaz como Orfa colocou-se em contraste com Rute. O livro não louva nem condena suas ações. Ambos simplesmente se relegaram ao mero cenário do relato e nenhum dos dois foi incluído na linhagem de Cristo.

As decisões deles foram certas ou erradas? Talvez não seja essa a pergunta a ser feita. Certamente o Senhor usou a situação para trazer à tona Seus objetivos desejados, mas pode-se ponderar se as decisões deles foram as melhores. Que nosso objetivo nunca seja simplesmente evitar agir errado, mas nos esforçarmos para fazer o melhor em cada situação!

A bênção de Deus

A próxima parte da passagem do livro de Rute avança pelo menos nove meses. Boaz e Rute casaram-se e, embora Rute tenha estado com Malom por dez anos e nunca tenha concebido, ela pôde conceber de Boaz e ter um filho. O Senhor foi realmente gracioso com eles.

Essa criança recebeu o nome de Obede, que significa "aquele que serve".15 E ele de fato serviu. Ele serviu ao preservar a linhagem real de Davi e serviu sua avó, Noemi, dando-lhe conforto e proteção em sua idade avançada. As mulheres da cidade chegavam a chamar Obede de parente resgatador de Noemi! Quando a narrativa se encerra, a genealogia aponta para Davi. E sabemos que a linhagem real de Davi chegou até Cristo, o resgatador de todos nós.

Aplicação pessoal

O Senhor é gracioso para com Seus fiéis. Noemi e Rute tinham passado por turbulências impensáveis. Contudo, Deus não as abandonou. E, no fim, Ele as redimiu de sua miséria. Você já teve momentos em que parecia não haver esperança? Como você agiu? O Senhor já redimiu uma área de sua vida de modo tão prático? Confie no resgatador para cuidar de cada área de sua vida.

 

12 BLOCK, Daniel L. Obra citada, p. 716,717.

13 BLOCK, Daniel L. Obra citada, p. 722.

14 BLOCK, Daniel L. Obra citada, p. 724.

15 BLOCK, Daniel L. Obra citada, p. 732.

 

 

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