FÁCIL DE SER DESENCORAJADO

Uma das coisas mais desencorajadoras que eu encontro ao ler o Antigo Testamento é o ciclo contínuo de Israel de “pecado, castigo, arrependimento e libertação”. Henry Blackaby e Claude King destacam dois desses ciclos, em Juízes 2 e 3, para explicarem o contexto (veja Juízes 2.7-18 e 3.7-11). Primeiramente, as pessoas servem ao Senhor. Depois, abandonam seus caminhos. Deus, então, derrota-as usando seus inimigos. Eventualmente, elas gritam por ajuda. Finalmente, o Senhor tem compaixão e salva-as. Algumas vezes, esse processo necessita de cativeiro.

 

Infelizmente, o mesmo ciclo repete-se no Novo Testamento. Blackaby e King mencionam quatro das sete igrejas, em Apocalipse 2 e 3, em Éfeso (2.4-5), em Pérgamo (2.14-16), em Sardes (3.1-3) e em Laodicéia (3.15-19). Eles, então, continuaram a definir sete fases de renovação e de tomada de consciência espiritual que vem apenas por meio do arrependimento. Deus primeiramente chama as pessoas para um relacionamento com ele e acompanha seu trabalho. As pessoas (em ambos os testamentos) tendem a se afastar dele, dedicando-se a substitutos. Aí, o Senhor disciplina-as por causa do seu amor. Elas, então, choram e clamam por ajuda. Deus responde, chamando o povo a arrepender-se e para voltar para ele ou perecer. Nos casos de arrependimento, ele restaura-as para um relacionamento correto com ele, cujo resultado, em sua exaltação, é a Salvação dessas pessoas (ibid, pp. 58-60). Há uma dimensão individual e uma coletiva nesse conceito que chamamos de “arrependimento”.

EXPLICAÇÃO DAS ESCRITURAS

O chamado de Jesus ao arrependimento, apontado em Lucas 13 3, na verdade ocorre no meio de uma referência a dois incidentes desconhecidos, mencionados somente aqui. Um é o caso do homem nascido cego, em João 9 O povo judeu de sua época está imaginando qual pecado fora cometido pelo cego para causar-lhe tal calamidade. Pilatos é aparentemente muito cruel ao matar os galileus que foram ao templo oferecerem seus sacrifícios durante os dias sagrados especiais. Talvez eles estivessem fora de ordem ou tenham quebrado uma de suas regras.

Ao invés de responder a suas perguntas, Jesus simplesmente diz que os galileus não eram mais pecadores do que eles, “mas, a menos que se arrependam, vocês todos do mesmomodo perecerão.” O mesmo é verdadeiro aos 18 que foram mortos quando a “Torre de Siloé” caiu. Ele tira o foco ao comparar uns aos outros e enfatiza a necessidade de arrependimento individual. Em muitos casos, as pessoas a quem Jesus dirigia-se não achavam que precisavam se arrepender por causa de sua piedade religiosa extrema.

Depois de repetir o chamado ao arrependimento, no versículo 5, Jesus conta uma parábola para dar efeito à sua causa principal. Um homem planta uma figueira e não vê fruto portrês anos completos; assim, nosso Senhor diz ao trabalhador para cortá-la porque está ocupando o solo à toa. O trabalhador, porém, pede a oportunidade de esperar por um outro ano. Jesus ensina um conceito similar em João 15 falando da “videira e dos ramos”. No versículo 6, aparece: “Quem não permanece em mim é lançado fora, como a vara, e seca; tais varas são recolhidas, lançadas ao fogo e queimadas.” Isso é uma metáfora da infertilidade.

No Antigo Testamento, Deus é paciente vezes após vezes com Israel, restringindo freqüentemente seu julgamen-to por causa de seus arrependimentos. Pedro ensina o mesmo conceito em 2 Pedro 3:9: “O Senhor não retarda sua promessa, ainda que alguns a tenham por tardia; porém é longânimo para convosco, não querendo que ninguém se perca, senão que todos venham a arrepender-se.” Isso leva auma resposta àqueles que perguntam por que a segunda vindade Jesus está atrasada: Deus está chamando, antes, os pecadores ao arrependimento.

ARREPENDIMENTO – UM CONCEITO MUITO BÍBLICO

O Novo Testamento está repleto de chamados ao arrependimento. É a base para João, o Batista, preparar as pessoas à chegada de Jesus (Mateus 3:2); é a declaração sumária para o ministério de Jesus entre Mateus 4:17 (Arrependeivos, porque é chegado o reino dos céus.) e 16.20; está presente nas doze pregações (“Esses homens devem se arrepender”, Marcos 6:12); Pedro prega o arrependimento em Pentecostes (Atos dos Apóstolos 2); Paulo dá a mesma mensagem aos gentios (Atos dos Apóstolos 17:30; 26.20). Ademais, é a mensagem conclusiva de Jesus em Lucas 24:47 e para aquelas igrejas no Apocalipse 2-3. Novamente, tenha cuidado em observar tanto os elementos individuais quanto os corporativos.

Talvez a melhor ilustração de viver o arrependimento, no Antigo Testamento, seja a confissão de Davi, no Salmos 51 Há a confissão e um desejo de ser poupado do julgamento final de Deus. Contudo, observe que Davi oferece mais; ele pede a Deus: “Lava-me completamente da minha iniqüidade, e purifica-me do meu pecado.” Davi quer que o Senhor dê-lhe sabedoria “na parte escondida”, a qual produzirá “verdade no íntimo do ser”. Há também o desejo de restauração da alegre camaradagem (versículos 8.12-15), de um coração limpo e do espírito constante (versículo 10), da presença de Deus e do poder do Espírito (versículo 11) e, ainda, do sacrifício espiritual de um “espírito quebrantado” e “um quebrantado e contrito coração” ao invés de um ritual religioso (versículos 15 a 17).

Crescendo, ouvi um sermão pelo falecido Dr. Adrian Rogers. Relatou-se como as pessoas iriam lhe perguntar: “Que é isto, arrependimento ou fé?” Sua resposta sempre foi: “Eles são dois lados da mesma moeda; você não podeter fé genuína sem arrependimento, e não pode ter arrependimento sem fé.” Fé e arrependimento estão ligados pelas Escrituras. Quando um pecador vem a Cristo em estado de regeneração, vai haver frutos. Fé é o aspecto positivo da Salvação, na qual nos voltamos a Cristo como Senhor e Salvador. Arrependimento é a negativa; por ele, desenvolvemos sofrimento e aversão pelos pecados a tal ponto que voltamos para Deus. É “propósito e empenho para caminhar em todas as direções dos seus Mandamentos.” (Confissão Westminster, Artigo XV.2)

LIÇÕES PARA A VIDA

1. Preocupe-se com sua vida ou com a de sua igreja.

2. Reconheça que Deus julgou e continua julgando o pecado do não-arrependimento, tanto individual como corporativamente.

3. Entenda que o arrependimento é mais do que apenas se arrepender “da boca para fora” ou dizer “Sinto muito”.

4. Perceba que a genuína fé salvadora envolve um desejo de servir a Deus e e de viver em santidade.

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