Marcados para a Vida

Muitos cristãos usam o "peixe" como símbolo em seus negócios, carros ou camisetas, identificando-se como seguidores de Jesus Cristo. Já ouvi que essa prática data do primeiro século d.C., quando os cristãos eram fortemente perseguidos, no Império Romano, sob o governo de Nero. Para serem identificados como "pessoas seguras", com as quais se podia abertamente discutir a fé cristã, cada crente desenhava o símbolo (chamado ichthus, em grego; mas também um acróstico para “Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador”) onde outros cristãos identificariam os irmãos.

Em um mundo cheio de ansiedade, medo e desespero, há uma "marca" muito melhor, pela qual devemos ser identificados – uma perspectiva da vida centrada em Deus. Se pudermos aprender a viver tal marca, ela não somente identificará nosso compromisso cristão com os outros, mas também servirá como um poderoso testemunho para não crentes do incrível e transformador poder de Deus.

A Exortação de Paulo

Paulo começou a concluir esta carta aos filipenses com uma série de instruções. Ele convoca os leitores a responderem às circunstâncias, permitindo que a vida deles fossem "marcadas" como tendo sido transformadas por Cristo – com alegria, gentileza e paz.

Quais foram essas circunstâncias? Paulo foi direto ao ponto, confrontando uma divisão específica dentro da igreja. Qualquer que fosse o problema entre Evódia e Síntique, a partir da confrontação direta e aberta de Paulo, podemos supor: 1) alguma questão tinha afastado essas duas mulheres; 2) Evódia e Síntique eram importantes o bastante para o ministério da igreja, para garantir uma menção específica à divisão nesta carta, bem como um chamado para toda a igreja ajudá-las a resolver a situação; 3) Paulo confiava o bastante em seu relacionamento com os filipenses (e especialmente as duas mulheres), a ponto de estar disposto a arriscar as repercussões e pôr à parte a questão.

Além dessa situação com Evódia e Síntique, os filipenses experimentavam outras circunstâncias, algumas das quais foram mencionadas em lições anteriores, que exigiram as exortações de Paulo. Eles estavam preocupados como seu amigo saía-se na prisão (1:18, 19; 4:10). E eram pressionados pelas ameaças impostas por seus oponentes (1:28; 3:2, 18). Pulsando abaixo de tudo o mais, estava o poder destrutivo de suas tendências autocentralizadas.

Como é a Marca?

Paulo detalhou três componentes básicos à marca de um cristão nesta seção de sua carta – alegria, gentileza e paz. Como mencionado anteriormente, os três não podem realmente ser separados ou aplicados individualmente. Eles trabalham juntos, complementado e alimentando uns aos outros, na vida de quem entende e rende-se completamente à soberania divina. Não são sentimentos que vazam e fluem baseados em sua resposta a circunstâncias positivas ou negativas. Eles caracterizam sua vida inteira e sua perspectiva. A marca não é realmente algo que você faz, diz ou pensa, embora afete tudo o que faz, diz ou pensa. É uma atitude e uma abordagem para a vida.

ALEGRIA (v. 4): Paulo deu redundância a esse ponto importante; a vida deles deveriam ser marcadas pela alegria. Se seus leitores não haviam entendido isso a esta altura da carta, a repetição de Paulo certamente chamaria a atenção. Com frequência, confundimos alegria com felicidade. Mas felicidade é algo que sentimos. Ela vem e vai, baseado no que está acontecendo. Alegria é uma perspectiva consistente e positiva da vida, baseado no conhecimento de que se é filho de Deus. Porque "a alegria do Senhor é tua força" (Neemias 8:10), o cristão pode permanecer jubiloso em meio às circunstâncias que estão longe de serem felizes.

GENTILEZA (v. 5): É fácil sermos notados pelo temperamento. Vemos pessoas de cabeça quente e zangadas o tempo todo. Mas Paulo instruiu os filipenses a serem notados exatamente pelo oposto – sua "moderação" ou "gentileza" (NVI). Essa é uma qualidade que se torna parte de sua natureza, à medida que você permite que Deus substitua seu orgulho pela humildade. A expectativa de Paulo era que os crentes adotassem uma mentalidade que colocava os direitos e as necessidades dos outros acima de seus direitos pessoais (2:3, 4).

PAZ (v. 7, 9): Pode ser confundida com um estado de ausência de provações e dificuldades, de águas calmas, sem buracos na estrada. Isso faria da paz uma resposta às circunstâncias. Mas Paulo falava da "paz de Deus" (v. 7) e "o Deus da paz" (v. 9), que nos lembra que a verdadeira paz vem somente de Deus e, como resultado, é constante e eterna. Paz NÃO é ausência de provações; é uma confiança interna - em meio às provações - de que DEUS ESTÁ NO CONTROLE.

Paulo observou dois aspectos notáveis sobre esse tipo de paz (v. 7). Primeiramente, ela "excede todo o entendimento". Isso não faz sentido para o não cristão. Em segundo lugar, ela guardará e protegerá nosso coração e mente. Vemos evidências disso na cena com Jesus e seus discípulos, no barco, em Mateus 8:18-27. Os discípulos viram a tempestade e apavoraram-se (uma tendência humana natural). Mas Jesus conhecia a realidade de que podia controlar a chuva intensa. As tempestades da vida funcionam da mesma maneira. Para o mundo, parece que deveríamos nos apavorar; mas, quando entendemos que Deus está no controle, podemos responder com uma paz confiante, e esta espanta a mente dos incrédulos.

Marcando-se

Não há fórmula mágica para se marcar como cristão. Alegria, gentileza e paz são parte do fruto do Espírito (Gálatas 5:22, 23), que Deus faz crescer em nossa vida quando nos rendemos a Ele e crescemos em nossa fé. Contudo, Paulo indicou que há algumas ações que podemos praticar para ajudar o processo, porque a marca divina em nossa vida está enraizada em seguir seus caminhos.

  1. Oração (v. 6): Podemos superar nossos medos naturais e a ansiedade rendendo nossa vida e todas as circunstâncias a Deus, em oração.
  2. Pensar no que é certo (v. 8): A batalha por sua vontade (e ações) começa em sua mente. Ao escolher pensar em pontos positivos, que honrem a Deus, você começa o processo de ser "transformado pela renovação da sua mente" (Romanos 12:2).
  3. Contentamento (v. 12, 13): Quando focamos no que não temos, abastecemos nossa natureza autocentrada. Mas, quando aprendemos, como Paulo fez, a estarmos contentes "de tudo e em todas as situações" (v. 12, NVI), levamos a carne à morte e demonstramos que confiamos em Deus para nos dar o que realmente precisamos.

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