A Grande Apostasia

No fim dos anos 70 e começo dos anos 80, do século XX, os Estados Unidos estavam no meio da última década inteira da Guerra Fria com a União Soviética e seus estados satélites na Europa Oriental. Muitos oradores e autores cristãos tentaram "ligar os pontos", comparando os eventos geopolíticos e sociais do tempo com passagens bíblicas, tais como os primeiros 12 versículos de 2 Tessalonicenses 2 Testemunhamos um aumento de cultos de negação a Cristo, mais pecados externos em uma cultura ocidental secularizada e um movimento na direção da globalização política e econômica. Muitos chamados de "profetas do fim dos tempos" prosperaram, ainda que suas previsões não tenham vindo a se cumprir.

Atualmente, é claro, o centro da gravidade deslocou-se para o Oriente Médio – especialmente desde a Primeira Guerra do Golfo Pérsico, em 1991, e os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001. Eu tenho livros em minha estante (muitos dados a mim como presentes), autografados por autores que viam os "sinais" em todos os acontecimentos geopolíticos e sociais desta era mais recente.

Olhando os detalhes deste capítulo, dois aspectos destacam-se. Primeiramente, Paulo escrevia a um grupo de crentes que experimentava eventos semelhantes, com atores diferentes, na Roma do primeiro século. Em segundo lugar, nosso encargo é não especular demais sobre o tempo da Segunda Vinda de Cristo; antes, devemos permanecer firmes em nosso chamado como filhos dele e focar na eternidade ao invés de no que está acontecendo agora.

John MacArthur argumentou:

A Segunda Vinda não deve fazer parar o que estamos fazendo para esperar o retorno do Senhor. E nem deve nos motivar a focar toda a nossa atenção nos eventos e desenvolvimentos políticos deste mundo. Ao invés disso, deve direcionar nosso coração a Cristo, cuja vinda aguardamos – e deve nos impelir a nos purificar como ele é puro (1 João 3:3). (A Segunda Vinda, p. 49).

O Relato das Escrituras

Estes cinco versículos contêm três diferentes ênfases. Em 13 e 14, Paulo destaca elementos-chave da doutrina bíblica da salvação para incluir a eleição de Deus, santificação, fé, chamado e glorificação. Em alguns pontos, a maioria dos cristãos concorda, ainda que defina os acontecimentos de forma diferente. Salvação é iniciativa de Deus, um dom gratuito que não merecemos (Efésios 2:8-9). O Espírito Santo separa-nos do pecado e purifica-nos para o serviço (1 Coríntios 6:11, 12:13; 1 Pedro 1:2). Aqueles que creem na verdade de Jesus Cristo recebem a salvação pela fé (João 3:16Romanos 1:17). É o Evangelho que salva (Romanos 1:16). A glorificação acontecerá quando Cristo vier novamente (1 Coríntios 15:35-57).

Há algumas questões em que as tradições de fé entre Reformados e Arminianos chegam a diferentes conclusões. Elas incluem (1) esta expressão, "desde o princípio", refere-se à eternidade passada ou ao tempo que Paulo pregou a eles; (2) de que maneira essa escolha/eleição tira do homem a responsabilidade e/ou habilidade de escolher a Cristo; (3) a escolha é por indivíduos ou grupos de pessoas; (4) qual é a relação entre a obra santificadora do Espírito Santo e o exercício de fé individual? Batistas do Sétimo Dia de todos os tipos podem ser encontrados dentro de nossa Conferência. Como é o caso das interpretações escatológicas nesta epístola, deve-se tomar cuidado ao discutir esses assuntos com um espírito de graça.

Estes dois versículos formam uma sentença completa com a conclusão "para alcançardes a glória de nosso Senhor Jesus Cristo." Diferente de outras partes que descrevem a importância de dar glória a Cristo, esta indica que o objetivo de Deus na salvação é levar-nos à glória com ele. Em João 17:22-24, Jesus orou pelos discípulos:

Eu lhes tenho transmitido a glória que me tens dado, para que sejam um, como nós o somos; eu neles, e tu em mim, a fim de que sejam aperfeiçoados na unidade para que o mundo conheça que tu me enviaste e os amaste como também amaste a mim. Pai, a minha vontade é que onde eu estou, estejam também comigo os que me deste para que vejam minha glória que me conferiste, porque me amaste antes da fundação do mundo.

Paulo disse que nossas aflições terrenas são temporárias e produzem "um eterno peso de glória além de toda a comparação" (2 Coríntios 4:17); ele acrescenta: "Por esta razão, tudo suporto por causa dos eleitos para que também eles obtenham a salvação, que está em Cristo Jesus, com eterna glória" (2 Timóteo 2:10).

A segunda ênfase de Paulo vem da certeza da salvação. Ele ordenou seus leitores a ficarem firmes e agarrarem-se às tradições que lhes foram ensinadas. O apóstolo não se coibiu em instruí-los a obedecer, seja em questões doutrinárias, seja em práticas (Romanos 6:17; 1 Coríntios 11:2 23; 15:3; 2 Timóteo 1:13). Parte de sua autoridade veio do chamado direto que teve de Cristo. A outra parte veio do exemplo que estabeleceu quando ministrou diretamente.

Hoje, acusamos os outros de seguirem tradições humanas no lugar do que Deus estabeleceu especificamente nas Escrituras. Várias observações cautelosas precisam ser oferecidas. Primeiramente, quando falamos sobre as tradições dos outros, abrimo-nos para a mesma discussão, seja sua tradição bíblica, ou não. Veja o debate de Jesus com os fariseus, em Mateus 15:1-9. Pode-se perder o foco muito facilmente e não lidar com questões essenciais. Ademais, o estudo completo da continuidade entre os dois testamentos cria um conjunto inteiramente novo de questões. Sabemos ser esse o caso baseado no "relatório minoritário" sobre os princípios do sábado. Além disso, alguns assuntos não são abordados especificamente na Bíblia. Finalmente, há questões que surgem, hoje, devido ao fato de que temos tecnologias modernas que têm mudado a maneira como percebemos o mundo e os acontecimentos.

O pensamento final de Paulo voltou à necessidade prática de conforto aos tessalonicenses, durante seu tempo de sofrimento e força para futuras boas obras, um tema recorrente a eles. Eu digo a meus soldados, que estão enfrentando adversidades no treinamento ou em casa, que precisam permanecer fixos em Cristo se quiserem verdadeiro conforto. Isaías 26:3 lembra: "Tu, Senhor, conservarás em perfeita paz aquele cujo propósito é firme; porque ele confia em ti". Deus é fiel e chamou-nos a um relacionamento eterno com Ele mesmo. O que mais podemos pedir?

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