Mateus registra o nascimento de Jesus depois de mostrar que ele cumpre profecias concernentes ao tão aguardado Messias. Jesus era o verdadeiro filho de Abraão, na linha ancestral de Judá, e o Filho de Davi. Depois disso, a atenção de Mateus se volta para a história do nascimento de Jesus e ele é atraído primeiramente para a experiência de José.

 

Filho de Deus, Nascido Através do Homem

Enquanto o Evangelho de Mateus estabelece a linhagem familiar de Jesus através de José, uma ascendência consanguínea necessária para mostrar a conexão de Jesus a alguma das profecias messiânicas, ele também deixa claro que José, embora honrado para ser o “fim” da linha profética até o Messias, não era o pai desta criança. Jesus veio de origens divinas (1:18) e não da “vontade da carne” – os meios naturais de concepção. Deus mostra sua glória ao apresentar seu Filho em carne humana – da concepção em diante – sem herdar a maldição de Adão (o pecado), a morte espiritual que é parte de toda linhagem consanguínea humana.

José, Um Homem Justo

Mateus descreve José como um homem “justo” (1:19). A palavra traduzida como “justo” na versão Revista e Atualizada tem a seguinte variedade de significados: “igual em caráter ou ato; inocente; santo” e é traduzida como “reto” em muitas traduções modernas. A palavra pode descrever tanto pessoas [como Simeão (Lucas 2:25)] e coisas [como a Lei de Deus (Romanos 7:12)]. Mateus nos conta que José é “justo” para que entendamos que ele buscou seguir a vontade de Deus.

José, o homem “justo”, era reto, sendo o noivo de Maria. Este relacionamento ou compromisso pré-matrimonial, que era levado muito mais a sério que o noivado hodierno, era considerado em tão grande honra que se referia ao homem como marido e à mulher como sua esposa (Mateus 1:19 20). Mais tarde, uma cerimônia de casamento aconteceria para tornar oficial o compromisso matrimonial. Desfazer este noivado, ou compromisso (como no caso de infidelidade), requereria um divórcio. Maria estava provavelmente no terceiro mês de gestação quando retorna da visita à sua prima Isabel (Lucas 1:36 39 e 56), então podemos presumir que ela já estava dando “sinais” da gravidez. Mateus apresenta o dilema óbvio que José enfrentou ao descobrir a condição de Maria. Como “um homem justo” que temia a Deus e sua lei (Deuteronômio 22:13-24; 24:1-3), ele tinha o direito legal de fazer de Maria um “exemplo público” e se livrar da transgressão.

Embora nenhuma das narrativas mencione nada sobre a conversa ocorrida entre José e Maria, considere esta possibilidade: Maria falou-lhe da visita de Gabriel, cujas palavras foram confirmadas por ela depois de ver Isabel com um “filho na sua velhice” (Lucas 1:36). Ao testemunhar isto, ela teve coragem de falar a José, e embora a mensagem fosse naturalmente muito problemática, ele acredita nela. Isto explicaria a decisão dele de um divórcio em segredo (Mateus 1:19) ao invés de um “exemplo público”, uma vez que a pena de morte para ela naturalmente significaria a morte desta criança especial. Eu não acredito que José, um homem justo, tentaria enredar a lei de Deus com alguma “abertura” em um esforço de ser bom com Maria. Como as palavras do anjo revelam, José estava mais temeroso em continuar noivo dela (por respeito à obra especial de Deus) do que irado pela ‘culpa óbvia’ comunicada pela condição de Maria.

A narrativa continua até que enquanto José “ponderava nestas coisas” (Mateus 1:20), foi visitado por um anjo do Senhor (Gabriel, talvez), em um sonho, e foi assegurado de seu relacionamento com Maria; José não deveria se divorciar dela, nem se preocupar com a criança que ela carregava, esta era de fato obra de Deus. José responde recebendo Maria sem medo da possível censura, e permanece fiel ao noivado deles porque Deus desejava que eles estivessem juntos nisto, o Filho de Deus deveria nascer em uma família dedicada uns aos outros.

Em seu sonho José também é avisado:

1) Maria terá um Filho; 2) Ele deve ser chamado Jesus; 3) Seu nome é Jesus porque “Ele salvará seu povo de seus pecados” (Mateus 1:21). Jesus (do grego Iesu) é equivalente a Josué em hebraico, que significa “Yahweh é a salvação”, ou “Yahweh salva”. José, como nenhum outro judeu, entendeu o significado disto: o Messias estava aqui!

José recebe o privilégio de ser parte do plano de Deus para trazer o Salvador de seu povo ao mundo. Ele, como Maria, demonstra seu caráter e fé acreditando na mensagem que lhe fora entregue pelo anjo. Maria recebeu o anjo pessoalmente; José em um sonho. Os evangelhos registram apenas uma visita (e apenas uma mensagem) de Gabriel a Maria. José é guiado pelo anjo por três vezes, em três sonhos distintos, a respeito do cuidado para com Maria e Jesus.

Deus Com Eles

Através dos eventos cercando a vinda de Jesus, tanto a Maria como a José é manifestado o Emanuel, o Deus com eles. Ele os chama em um momento específico da vida deles para cumprir um incrível papel, para seu propósito muito especial. Deus não estava apenas com eles quando executava seu plano, ele veio muito antes deles (gerações antes) para orquestrar os outros “personagens” no drama de trazer a salvação de Deus ao mundo. O Senhor está ativo em toda a história humana para realizar o que predestinou para o povo chamado pelo seu nome.

Deus Conosco

Podemos pensar que Deus não se envolve com as pessoas como fez nos “tempos bíblicos”. Não ouvimos de muitas “grandes maravilhas”, e eu não consigo ver o que Deus poderia estar fazendo para resolver um problema pessoal específico ou uma crise nacional. Talvez haja a tentação de perder a confiança de que Deus ama e cuida de seu povo, conforme está em sua Palavra (1 Pedro 5:7). Enquanto é fácil se desencorajar e ficar ansioso por causa das más notícias que existem no mundo, nossa esperança, paz e alegria não são encontradas na fidelidade dos esforços humanos. Até mesmo “pessoas boas” têm problemas e fracassos.

Deus construiu o caminho através de seu Filho, Emanuel, para que seu povo o experimentasse como nunca antes na história humana. Isto não impede que experimentemos problemas, dor ou as consequências de nossos pecados (ou de outros), mas quer dizer que Deus se encarrega dos detalhes, os “lances” grandes e pequenos da vida sobre os quais não podemos fazer nada. Ele que é o criador e sustentador de tudo isso (Colossenses 1:16-17), é certamente confiável para cuidar de você e de mim.

Related Articles

O credor incompassivo
Assim vos fará, também, meu Pai celestial, se do coração não perdoardes, cada um a seu irmão, as suas ofensas. Mateus 18:35...
A dracma perdida
Ou qual a mulher que, tendo dez dracmas, se perder uma dracma, não acende a candeia, e varre a casa, e busca com diligência até a achar? Lucas 15:8...
A dracma perdida
Ou qual a mulher que, tendo dez dracmas, se perder uma dracma, não acende a candeia, e varre a casa, e busca com diligência até a achar? Lucas 15:8...
O bom samaritano
Qual, pois, destes três te parece que foi o próximo daquele que caiu nas mãos dos salteadores? E ele disse: O que usou de misericórdia para com ele...