Testo de Estudo

Isaías 17:13:

13 Rugirão as nações, como rugem as muitas águas, mas Deus as repreenderá e elas fugirão para longe; e serão afugentadas como a pragana dos montes diante do vento, e como o que rola levado pelo tufão.

 

INTRODUÇÃO

É comum as pessoas observarem a violência e a opressão que as nações vêm praticando umas contra as outras e perguntarem: onde está Deus? Até mesmo nós, cristãos, não entendemos por que seus filhos, em alguns países, são perseguidos e mortos por pregar o evangelho! A impunidade predomina no cenário global; todavia, não podemos esquecer que Deus está no controle. No momento certo, ele levantará e julgará todas as nações, em especial, as inimigas do seu povo. 

Hoje estudaremos as profecias contra algumas nações que oprimiram o povo de Israel. Nada escapou dos olhos de Deus, e toda a impunidade seria sentenciada. Os inimigos, desde os mais próximos aos mais distantes ao povo de Israel, seriam julgados e punidos. Assim Deus falou; assim aconteceu.

 

PROFECIA CONTRA BABILÔNIA

Do início do capítulo 13 até o verso 23 do capítulo 14, encontramos o relato da profecia contra a Babilônia. Os babilônicos dominaram, por um bom tempo, o Oriente antigo, inclusive subjugaram o povo judeu. Por isso, as palavras proferidas pelo profeta soaram como uma consolação aos oprimidos. 

Uma sentença contra a esplêndida e famosa Babilônia dos dias de Isaías só poderia vir de um oráculo divino. A cidade, nos tempos assírios, era o maior centro de comércio e indústria no vale do Tigre e do Eufrates, tendo alcançando destaque até mesmo na época da conquista de Jericó, por Josué; pois “uma boa capa babilônica” era altamente cobiçada (Josué 7:21). Daí, reivindicava a liderança religiosa e a cultural do mundo!  Parecia impossível um reino tão poderoso e cruel ser subjugado. Porém, Deus tem todas as nações sob seu controle e chamaria seus “consagrados” de um país remoto para serem instrumentos de punição (13:3,5). 

O povo ficou sujeito, por muitos anos, ao Império Assírio. Segundo o verso 17, do mesmo capítulo, Deus despertaria os medos, que já eram aliados dos caldeus, ou neo-babilônios, até o fim do reinado de Nabucodonosor, em 561 a. C. As pessoas revoltaram-se contra a Assíria e ganharam sua independência na Batalha de Assur, em 614 a.C. Sob a direção militar de Ciáxares, capturaram a grande Nínive, a cidade capital, e o orgulho dos assírios, no ano de 612. 

Os medos dominaram a pequena nação persa até 549, quando Ciro, o Grande, estabeleceu-se como “Imperador dos medos” e dos persas. Foi um dos grandes estadistas da Antiguidade e subjugou o Império Babilônio em 539 . No capítulo 45, Ciro é chamado de “ungido do Senhor”, pois foi convocado a abater as nações.

Nos versos 19 a 22, o Senhor prediz, bem definidamente, a extinção total da Babilônia histórica. Tempos depois, a História comprova o cumprimento literal da profecia, pois a Babilônia ficou desabitada por completo. O local abandonado tem sido, por superstição, considerado terrível pelos povos de língua árabe, (v. 20), desde então.

O capítulo 14 (vv. 1-23) é uma segunda sessão da profecia. Nele encontramos um cântico triunfal que descreve a queda do rei da Babilônia, um tirano arrogante. A poesia da canção descreve-o como um personagem semelhante a satanás, uma estrela caída, alguém que queria reinar acima do trono de Deus. (vs.12 -15). Ele era conhecido por ser maléfico, oprimir as nações (v.4) e ferir os povos com furor (v.6). Alguém que parecia invencível; todavia, Deus disse que o reduziria a um cadáver abandonado (vv.15,16).

Até aqui, pudemos aprender as seguintes lições:

1 – A glória do reino terreno perecerá, mas a glória de Deus permanecerá. Durante toda a narrativa bíblica, percebemos nações e governos dominarem períodos da História: egípcios, sírios, assírios, babilônicos, persas, gregos, romanos... Cada reino teve sua glória e poder momentâneo. Todos levantaram e caíram. Na verdade, estes foram subjugados pelo Rei do universo, aquele que esteve, está e sempre estará no comando de todas as coisas. Ele é o Rei dos reis; sua glória e seu poder duram para sempre! Enquanto as nações marcam períodos individuais da História, Deus deixa sua marca em todas as épocas.  

2 – Somos chamados a confiar no poder de Deus. Algumas promessas só se tornam reais se tão somente confiarmos no poder de Deus. Foi um desafio para Isaías proferir uma sentença de destruição contra o maior reino da época. Aos olhos humanos, parecia algo inatingível. Somente alguém que confiava plenamente no poder de Deus poderia lançar tal profecia sem ter dúvida ou medo em seu coração. Nós, como Igreja, somos desafiados a crer no poder sobrenatural do Senhor. Nada é maior e mais poderoso do que o nosso Deus.

 

PROFECIA CONTRA FILÍSTIA E MOABE

Na sequência do texto, descrevem-se sentenças contra os filisteus e os moabitas (14:28 a 15:9). A profecia contra os primeiros ocorreu no ano em que morrera o rei Acaz, por volta de 715 a.C. (2 Reis 16:20). Na mesma época, alguns anos antes, havia perecido Tiglate-Pileser III, que tinha invadido a Filístia, subjugado a terra e exigido pesados tributos do povo. Portanto, a morte do opressor foi certamente a causa da grande alegria dos filisteus (v29). 

O rei Acaz fizera um acordo com os assírios e, por isso, pagava-lhe tributo. Após sua morte, abriu-se uma brecha para uma revolta contra os babilônicos. Os filisteus, então, procuraram unir forças com Judá para uma possível rebelião contra a Assíria. Entretanto, Deus não permitiu que o seu povo unisse forças com o inimigo (v.32). Mesmo assim, os filisteus rebelaram-se, e a profecia de Isaías cumpriu-se. 

Segundo o verso 29, levantar-se-ia do trono assírio um rei ainda mais cruel, que castigaria a Filístia. Após a morte de Tiglate-Pileser, surgiu Salmanaser V, o qual castigou severamente os revoltosos da Filístia, levando-os cativos para a Babilônia e, na sequência da História, esses deixaram de existir.

Os capítulos 15 e 16 de Isaías tratam da sentença contra Moabe, (descendentes de Ló, Gênesis 19:36-37) localizado no lado oriental do Mar Morto. Moabe foi conquistado por Davi. Depois, o reino norte de Israel controlava-o, de vez em quando. A tônica desses capítulos é a de uma lamentação. Após a morte de Jeroboão II, de Israel (753 a.C.), Moabe tomou conta de algumas das cidades que antigamente eram israelitas. 

O profeta Amós também profetizou contra tal povo (Amós 2:1-3) . O capítulo 15 descreve como seriam os ataques assírios sobre Moabe. Eles ocorreram em várias frentes, devastando inúmeras cidades moabitas. Foi algo terrível. 

Embora os moabitas fossem inimigos de Judá, os judeus deveriam lamentar o castigo de Moabe. Nos versos 3 e 4 do capítulo 16, notamos que Deus ordena aos judeus que sejam um auxílio aos moabitas, no dia da calamidade: “...escondas os desterrados e não descubras os fugitivos. Habitem entre ti os desterrados de Moabe”.

Por meio desses dois capítulos, pudemos aprender que:

1 – Não devemos fazer concessões ao mal, mesmo que isso nos traga algum benefício. Para o povo judeu, vassalo da Assíria, uma aliança com os filisteus seria benéfica, naquele momento. Entretanto, Deus não aceitou tal condição. Os filisteus sempre foram inimigos do povo de Deus, pois eram pagãos e, por muitas vezes, induziram o povo de Israel à idolatria. Somos chamados a agir da mesma maneira. Não podemos deixar o relativismo tomar conta da Igreja de Jesus. A Igreja não faz acordo de paz com satanás, mesmo que pareça lucrativo.

2 – Devemos amar os nossos inimigos e estender-lhes a mão quando necessário. Essa mensagem foi ensinada por Jesus (Lucas 6:27). A sentença contra Moabe (vizinhos de Judá) anunciava a dura opressão dos assírios. Para os judeus, seria o momento ideal para uma vingança. Mas Deus pediu o contrário; na verdade, ordenou que o seu povo ajudasse os sobreviventes da perseguição. A vingança não pertence a nós (Romanos 12:19). A parte que nos cabe é fazer o bem ao próximo, mesmo que este seja o nosso inimigo.

 

PROFECIA CONTRA DAMASCO E EFRAIM

O capítulo 17 tem como alvo a Síria, representada por sua capital, Damasco. Como nos casos anteriores, os sírios também oprimiam o povo de Deus. Com certeza, a punição não seria diferente. Assim como ocorrera com os filisteus e Moabe, os assírios seriam o instrumento usado por Deus para punir a Síria. A sentença não atingiu somente a região dos sírios, mas Efraim foi incluso. Isso ocorreu porque esta (Efraim representava as 10 tribos que reinavam no Reino do Norte) havia se unido à Síria numa investida contra Judá (2 Reis 16:6; Isaías 7:5). A mão do Senhor não poupou Damasco, povo pagão, e reduziu a cidade a um monte de ruínas (v.1). 

Da mesma forma, o Todo-poderoso não deixou de castigar o próprio povo. O Reino do Norte havia se distanciado do Senhor; e a religião fora corrompida. O sincretismo religioso tomava conta de Samaria; por isso, Deus não poupou nem mesmo seu povo. 

A profecia da destruição de Damasco foi cumprida por meio de Tiglate-Pileser III, em 732 a.C.; e, novamente, em 728-727. Ele saqueou a cidade, deportou muitos dos habitantes e executou o rei Rezim. A campanha da Assíria, de 734-732 a.C., que tomou Damasco, também se apoderou da parte norte de Israel (referida no texto como “Efraim”). Desse modo, Israel não tinha mais defesa em sua fronteira do norte. Depois, em 722, Samaria, sua principal fortaleza, foi destruída .

Sobre esse oráculo, aprendemos que:

1 – Deus aplica justiça para os filhos. O reino de Israel era o povo de Deus; contudo, em função dos seus pecados, não seria poupado do castigo. Não podemos pensar que, por sermos filhos de Deus, seremos poupados de sua justiça. O Senhor não faz “vista grossa” aos nossos erros. Se não nos arrependermos, certamente o juízo virá sobre nós. 

2 – A lei da semeadura. Os sírios, em suas batalhas, saqueavam cidades e expulsavam seus moradores, pois assim fizeram em algumas cidades de Judá (2 Reis 16:6). Porém, receberam o castigo à altura dos seus atos, ou seja, colheram o que plantaram. O Apóstolo Paulo disse: “de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também cifará”. (Gálatas 6:7). Deus, em Cristo Jesus, perdoa os nossos pecados, mas muitas vezes sofremos as consequências. 

 

PROFECIA CONTRA ETIÓPIA E EGITO

O capítulo 18 trata da possível aproximação por parte dos etíopes, buscando uma aliança com Judá. Nos primeiros três versículos, o profeta apresenta sua mensagem aos emissários que vieram a Jerusalém da Etiópia, ou de Cuxe, situada ao sul do Egito, para propor uma aliança com Judá contra o perigoso agressor, o Império da Assíria . A mensagem do profeta esclarecia que Deus estava no controle de todas as coisas, inclusive do Império Assírio. Os mensageiros etíopes deveriam voltar para casa e esperar o dia da desolação chegar, pois não tardaria. 

A profecia contra Etiópia é um recado forte para Jerusalém, para que seus habitantes não fizessem aliança com outros povos em busca de uma vitória que não viria. Deus já escolhera os assírios para prevalecerem contra todos os povos, e ninguém poderia vencê-los. 

O próximo capítulo relata a sentença contra o Egito. Essa nação, outrora, tinha escravizado o povo de Deus e era seu inimigo. Os egípcios adoravam a muitos deuses e acreditavam que o Sol era maior que qualquer outro. Eles também louvavam o faraó. 

A profecia sobre o Egito declara que o poder de Deus faria o Egito temer Judá (19:1-17) . Isaías apresenta as aflições da guerra civil, da conquista assíria, da seca e da devastação que sobreviriam ao Egito nas décadas seguintes. Deus demonstrou sua soberania para descrédito dos falsos deuses do Egito. Os versículos 16 a 25 apresentam uma série de avisos sobre as condições de vida dos egípcios nos dias vindouros. O povo, então, viria a abandonar a idolatria e estabeleceria o culto ao Senhor. No temor de Deus, alianças de amizade e paz foram estabelecidas entre Egito e Judá. Firmou-se também amizade entre o Egito e a Assíria; juntos, egípcios e assírios passaram a adorar ao Senhor dos Exércitos com o povo de Israel .

O capítulo 20 vem confirmar os oráculos proferidos contra o Egito e a Etiópia. Deus endossou que o Egito e a Etiópia, que pareciam a esperança para alguns (v.5), certamente sucumbiriam perante o Império Assírio.

Assim, aprendemos que:

1 – Não devemos depositar nossa confiança em homens. Mesmo que o mundo caia ao nosso redor, e as nações levantem-se umas contra as outras, precisamos descansar em Deus, pois, do alto, governa tudo (Salmos 46). Não devemos depositar a esperança no homem e no seu poder militar. O Egito e a Etiópia, mesmo com o seu poderio militar, sucumbiram; afinal, quem determinou suas derrotas foi o Senhor da guerra.

2 – Deus pode mudar a história daqueles que se voltam para ele. A segunda parte do capítulo 19 mostra um Egito redimido. Bastaria a nação egípcia voltar-se para o Senhor para que este mudasse a sorte do povo. Havia uma promessa de restauração e de paz entre Israel, o Egito e a Assíria. O Senhor não é um tirano; pelo contrário, mostra-se sempre bondoso e misericordioso. E jamais negará seu amor e cuidado ao pecador arrependido.

 

CONCLUSÃO

Nas dramáticas circunstâncias da vida de Judá, Isaías declarou que seu povo deveria confiar em Deus e esperar com fé, até que o Senhor determinasse a destruição do opressor. A missão de Isaías não foi fácil. Profetizar destruição e castigo não só para os inimigos, mas também ao próprio povo, foi uma tarefa difícil. Entretanto, as profecias de repreensão e destruição sempre vinham acompanhadas de palavras de conforto e esperança para os filhos de Deus.