Texto de Estudo

Ageu 1:2-4

INTRODUÇÃO

Os judeus que haviam voltado do cativeiro lançaram os alicerces pra reconstruírem o templo que havia sido destruído em 586 A.C; embora fosse essa a missão primordial do povo, uma vez que a cidade já estava reedificada e devidamente organizada pelo ministério de Neemias, devido às oposições, caíram em desânimo e a obra ficou parada por aproximadamente 15 anos; é nesse cenário de indiferença religiosa e crise econômica que Ageu é levantado por Deus para falar ao seu povo, e sua mensagem com certeza tem muito a nos dizer hoje também. 

O Livro de Ageu pode ser definido como um chamado de retorno ao compromisso do povo de Deus com seu Senhor. Ele foi o primeiro profeta que Deus levantou após a volta dos judeus do exílio babilônico,e é um dos poucos profetas cujas datas de profecias podem ser determinadas com exatidão, porque Ageu registrou-as todas em seu livro.Foram, ao todo, quatro mensagens em seu ministério. 

 

O PROFETA:

O Profeta Ageu (em hebraico חַגַּי, Ḥagay),é o primeiro profeta do período pós exílio, seguido por Zacarias e Malaquias. Seu nome significa “Festivo” (ou nascido em uma festa); provavelmente ele tenha nascido em uma data que celebrava festa em Israel, mas também o nome “festivo” (e seus correlatos) pode estar relacionado com a mensagem de seu livro. Não se encontra informações sobre Ageu em outras páginas da Bíblia, seu local de nascimento, sua família, sua idade ou sua profissão secular. Além de seu livro, ele apenas aparece em Esdras 5:1 e 6:14, onde aparece junto com Zacarias e ambos são identificados como sendo Profetas, e também que eles “profetizaram aos judeus que estavam em Judá e em Jerusalém , em nome do Deus de Israel, cujo Espírito estava com eles” (Esdras 5:1) e foi também durante o ministério destes que “Os anciãos dos judeus iam edificando e prosperando em virtude do que profetizaram os profetas Ageu e Zacarias, filho de Ido. Edificaram a casa e a terminaram segundo o mandado do Deus de Israel e segundo o decreto de Ciro, de Dario e Artaxerxes, rei da Pérsia”.(Esdras 14:6). 

A tradição talmúdica alista Ageu, Zacarias e Malaquias como fundadores de “A Grande Sinagoga”, uma reunião de estudiosos judeus e rabinos que surgiu nos dias de Esdras. Vários salmos na Septuaginta são atribuídos a Ageu. Junto com estes dois profetas é contado entre os últimos mensageiros dos oráculos divinos. O Talmude declara que, com sua morte, o Espírito Santo saiu de Israel. 

 Os textos acima colocam Ageu como um profeta que teve seu ministério durante a reconstrução do templo no período pós-exílio. Embora as informações sobre Ageu sejam escassas, podemos inferir que ele era um homem de elevados propósitos, que exercia grande influência e que era dotado de profunda espiritualidade.  Se Ageu permaneceu em Jerusalém durante o cativeiro, se foi um dos exilados a ser levado para a Babilônia ou se ele já nasceu lá, não há certeza. Caso ele tenha sido levado cativo, já era bem idoso quando profetizou aos judeus e também havia conhecido de perto o primeiro templo antes que este fosse completamente destruído por Nabucodonosor em 586 A.C. Mesmo que seu nome não apareça na lista dos que voltaram do cativeiro, o que se tem até hoje são as teorias que foram passadas ou pelos judeus ou pelos cristãos. No entanto, isso em nada altera o conteúdo de suas mensagens e nem sua importância para os cristãos hodiernos. 

 

O LIVRO

Ageu é preciso na datação de suas mensagens. Nelas encontram-se registrados o dia, mês e ano de seus oráculos. Sua atuação como profeta teve lugar durante o reinado de Dário Histaspes, no ano 520 A.C e cobre os meses de agosto a dezembro e se divide em quatro mensagens dirigidas a Zorobabel, o governador de Judá e a e Josué, o sacerdote. 

Seu ministério foi tanto de repreensão como de encorajamento, pois o povo havia dado início à reconstrução do templo, mas por pressão acabaram abandonando a obra(Esdras 5:24) e passaram a cuidar apenas de seus próprios interesses pessoais(Ageu 1:4). Quando confrontados por Ageu, recomeçaram, mas logo veio o desânimo, pois viam que o templo em nada se comparava ao antigo, que era maior e mais suntuoso(Ageu 2:3). Assim, o profeta fala novamente ao povo que a promessa de Deus seria uma glória ainda maior, e que não desanimassem porque o Senhor era com eles(Ageu 2:5-9). Desta forma, o templo foi terminado em 516 A.C, no sexto ano de Dario(Esdras 6:15).

 

O CENÁRIO HISTÓRICO

Pelo decreto de Ciro, o conquistador persa do Império Caldeu, o cativeiro na Babilônia chegou ao fim. Pelo menos os judeus já não estavam proibidos de voltar à pátria. Este rei fez uma declaração positiva ao dar-lhes a permissão de voltar para reconstruir a nação e restaurar a adoração. Muitos judeus estavam tão bem instalados na Babilônia que não tinham interesse em voltar. Mas houve um grupo de uns 50 mil que, sob a liderança de Zorobabel, voltou com o coração cheio de esperança. “A comitiva seleta que acompanhou Zorobabel deve ter sido formada dos membros mais sérios, religiosos e empreendedores da nação cativa”. 

Contudo, devido à oposição que enfrentaram na pátria, principalmente dos vizinhos samaritanos, não puderam concluir os planos de reedificação do Templo e reconstrução da cidade.Com a subida ao trono persa de Dario Histaspes, o decreto que interrompera os trabalhos foi revisado e revertido. Então, “os profetas Ageu e Zacarias exortaram veementemente  seus compatriotas a reiniciarem os trabalhos. [...] O empenho de reconstrução do Templo foi adequadamente retomado”.  Este novo ímpeto ocorreu após um período de uns 17 anos, durante os quais os trabalhos ficaram parados. E neste plano de fundo da situação histórica que devemos ver e entender o ministério de Ageu. 

 

AS MENSAGENS DE AGEU

Ageu pregou quatro mensagens, todas iniciadas com a frase “assim diz o Senhor”, salientando que o profeta foi penas o instrumento, mas o conteúdo de suas mensagens vinha diretamente de Deus. 

 Primeira mensagem: Repreensão (1:1-15). “No segundo ano do rei Dario, no sexto mês, no primeiro dia do mês, veio a palavra do Senhor, por intermédio do profeta Ageu, a Zorobabel, filho de Salatiel, governador de Judá, e a Josué, filho de Jozadaque, o sumo sacerdote”(v.1). Essa primeira mensagem ocorreu no dia 29 de agosto de 520 A.C. Já havia se passado aproximadamente 15 anos e o povo deixou cair no esquecimento a reconstrução do templo; essa mensagem chama a atenção do povo devido a sua indiferença e descaso com a reconstrução do templo do Senhor.  “Este povo diz: ainda não veio o tempo em que a casa do Senhor deve ser edificada” (v.2). Após se estabelecer em Jerusalém, o povo deixou cair no esquecimento o real propósito de estarem ali. Tão logo enfrentaram oposições, largaram de lado a construção do templo e como desculpa diziam que o tempo de construir a casa do Senhor não era ainda chegado. No entanto, o Senhor os repreende dizendo que o fator “tempo” fora aplicado em prol de seus projetos pessoais, pois enquanto o templo estava em completa ruína eles construíram e adornaram suas casas, revelando assim suas prioridades invertidas, pois durante um período de 15 anos (aproximadamente) eles nada fizeram para que a construção fosse retomada.

“Acaso, é tempo de habitardes em vossas casas apaineladas, enquanto esta casa permanece em ruínas?”(v.4). Deus não condena o fato de algumas pessoas terem condições que as possibilite construírem casas confortáveis, mas sim o fato de não terem a mesma motivação com relação à obra do Senhor. Não devemos nos esquecer de que a maneira como tratamos o templo do Senhor revela muito sobre nosso relacionamento e compromisso com o Senhor do templo.

 O Senhor convida à reflexão. O povo é convidado a “considerar seu passado”, frase essa que se repete em 1:.5;7 e 2:15;18; é uma fórmula para chamar a atenção do povo para o que está acontecendo com eles. Deveriam analisar como haviam vivido e tirarem suas próprias conclusões, pois as bênçãos lhes foram retidas, “semeavam colhiam pouco, comiam mas não se fartavam, bebiam mas não saciavam a sede, vestiam-se mas não se aqueciam e o que recebia salário o recebia pra colocá-lo em um saco furado”(v.6). A miséria e a escassez não eram por falta de trabalho ou boa administração, mas sim o reflexo de que estavam distantes do Senhor. Até mesmo da terra foi retido seu orvalho, veio a seca sobre toda produção do campo(vv.10-11). Acontecimentos assim em uma nação cuja economia dependia do que a terra produz trouxe grande sofrimento, e o povo foi levado a entender que suas atitudes estavam atraindo sobre eles a maldição e não a benção(Deuteronômio 28). 

 O senhor chama seu povo ao trabalho árduo. “Subi ao monte, trazei a madeira e edificai a casa”(v.8). O povo, que até então permanecia indiferente e negligente, é exortado a aplicar esforço e recurso na construção do templo, e uma vez construído, Deus voltaria a alegrar-se, ou seja, ter prazer em seus cultos, seus sacrifícios e suas ofertas, sua adoração. 

A indiferença é mortal para o povo de Deus em qualquer época de sua história; a Palavra do Senhor nos ensina dois princípios de vida cristã que faremos bem em praticá-los: Devemos “remir o tempo”(Efésios 5:16) e sermos “fervorosos de espírito” no que diz respeito ao serviço do Senhor(Romanos 12:11); estes dois princípios são fundamentais para nosso desenvolvimento espiritual. Devemos aproveitar de forma sábia o tempo e devemos empregar força no serviço do Senhor, fazer com vontade, disposição, ânimo e zelo, e isso havia faltado aos voltaram do cativeiro.

Ainda sobre esse texto, comenta Warren Wiersbe:

Ao longo de quase cinquenta anos de ministério, tenho observado que alguns cristãos confessos compram o que há de melhor para si mesmos e dão ao Senhor aquilo que sobra. Móveis usados são doados para a igreja e roupas usadas são enviadas para missionários. Assim como os sacerdotes do tempo de Malaquias, levamos ao Senhor dádivas que teríamos vergonha de dar a nossos familiares e amigos (Malaquias 1:6-8). Ao fazê-lo, cometemos dois pecados: 1) desagradamos ao Senhor; e 2) desonramos seu nome. O Senhor disse ao povo por intermédio de Ageu: "edificai a casa; dela me agradarei e serei glorificado'' (Ageu 1:8). Deus se compraz do serviço obediente de seu povo, e seu nome é glorificado quando nos sacrificamos pelo Senhor e o servimos. 

Apesar de, hoje em dia, a casa de Deus não ser mais material, mas sim espiritual,o material ainda é um símbolo muito real do espiritual. Quando a igreja de Deus em qualquer lugar é desleixada com o ambiente físico de reunião, com seu lugar de adoração e seu trabalho, trata-sede um sinal, de uma evidência de declínio da vida dessa igreja.

 A resposta do povo à mensagem de Deus. O verso 12 diz que o povo “atendeu à voz do Senhor”e isso fez com que eles “temessem diante do Senhor”, e quando reanimados pelo Senhor reagiram e se puseram a trabalhar, e num espaço de 23 dias a obra é retomada, e sua conclusão viria 5 anos mais tarde. Assim ficou evidente o fato de que o templo ainda não estava pronto porque haviam falhado como povo de Deus. Não estariam os cristãos de hoje falhando por não priorizarem de fato o que importa? Não estariam os cristãos de hoje deixando para “amanhã”a obra que o Senhor já ordenou que fosse feita, como evangelização dos povos, por exemplo? Será que muitas dificuldades que enfrentamos hoje, sejam na economia, na vida familiar, no trabalho ou até mesmo em nossas igrejas,pode ser o resultado de nossa negligência para com a causa do Senhor?

 

Segunda Mensagem: encorajamento (2:1-9). “No segundo ano do rei Dario, no sétimo mês, ao vigésimo primeiro do mês, veio a palavra do Senhor por intermédio do profeta Ageu”(v.1). A segunda mensagem ocorreu no dia 17 de outubro de 520 A.C. O povo reanimou e iniciou a obra, mas pelas dificuldades que enfrentava, corria o risco de mais uma vez parar; então, através de Ageu, o Senhor os anima e os fortalece. 

 Deus está com seu povo. Reconstruir o templo era uma tarefa difícil, pois restavam apenas escombros do primeiro, e o fator agravante era o fato de que alguns que estavam ali conheceram o primeiro templo em sua glória e beleza, e isso era fonte de desânimo. Ageu não negou que o novo templo era"como nada" comparado com o templo que Salomão havia construído, mas isso não era importante. O que importava era que se tratava de uma obra de Deus, e o povo podia contar com o Senhor para ajudá-los a concluí-la.(v.3). 

Deus conclama seu povo a não desanimar; precisavam levar adiante a obra, pois tinham por garantia a presença do Senhor. Não deviam temer, pois o Deus que liberou seu povo do Egito estava agindo no meio deles, sua presença era baseada na aliança que uma vez fora estabelecida no Êxodo (Êxodo 19:5-6) e era animador o fato de que ali estava não apenas um templo em construção, mas a presença do Deus do templo. 

A glória do segundo templo. Além de reanimar o povo em sua presença, o Senhor os reanima com uma promessa, pois ao falar da glória do segundo templo foi dada ao povo a motivação para o trabalho, pois eles estariam investindo seu tempo e esforço em algo que traria resultados até além do que esperavam. 

Uma vez que alguns tinham em sua lembrança o templo construído por Salomão com todo seu luxo, receber a promessa que o segundo templo seria ainda mais glorioso é de fato fonte de motivação. O Senhor se responsabilizou pessoalmente pela glória do templo “Pois assim diz o Senhor dos Exércitos: Ainda uma vez, dentro em pouco, farei abalar o céu, aterra e o mar e a terra seca; farei abalar todas as nações, e as coisas preciosas de todas as nações virão, e encherei de glória esta casa, diz o Senhor dos exércitos”. (vv.6-7). 

A glória a que se refere o texto não deve ser tomada em princípio como uma profecia messiânica, mas sim como uma promessa de que Deus traria riquezas materiais ao templo para torná-lo ainda mais luxuoso. A referência à prata e ao ouro em 2:8 e o contexto da reconstrução, em que o pesar do povo era por não ter tais riquezas no templo reforça a ideia de que aqui, neste caso, a glória é a riqueza, e é provável que o texto aponte profeticamente para o tempo de Herodes, o grande, que reinou de 37-04 A.C, tendo sido responsável pela construção do segundo templo, que era maior que o de Salomão e foi uma das maravilhas do mundo antigo. 

 Um lugar de paz.“E neste lugar darei a paz, diz o Senhor dos Exércitos”. Mesmo que a glória do segundo templo deva ser tomada aqui como riquezas materiais, não se pode negar que há um paralelo entre a promessa de paz em 2:9 e a era messiânica, enquanto a aplicação material se relaciona com o templo de Herodes, o grande, a aplicação espiritual aponta para Cristo, que no cumprimento de seu ministério pôde adentrar no templo e dizer “aqui está quem é maior do que Salomão” (Lucas 11:31). 

 Terceira Mensagem: Exortação à santidade. A terceira mensagem de Ageu foi no dia 18 de dezembro de 520 A.C. O Senhor convida os sacerdotes a uma reflexão sobre a santidade, procura mostrar-lhes  que o simples fato de construírem o templo nos os tornaria por si só santos.

 A transmissão da pureza (v. 2; 12). A “carne consagrada” tornava santo tudo que tocasse, inclusive a borda de uma veste, mas nada que tocasse a borda dessa veste poderia, por sua vez tornar-se consagrada. A situação retratada aqui talvez fosse bastante comum na época. O altar fora reconstruído poucos anos depois do retorno do exílio (535), mas o templo ainda não fora reconstruído. Isso significa que a carne dos sacrifícios não podia ser comida nos recintos normais do templo, como era regra. Ao contrário, a comida teria de ser transportada a um lugar específico. 

Os regulamentos que estipulavam a transferência de santidade não se encontram na Escritura, portanto deviam fazer parte de uma tradição oral israelita. A lei em Levíticos 6:27 afirma que qualquer que tocasse a carne de uma oferta pelo pecado seria consagrado, e quando o sangue espirrasse em uma roupa, aquela roupa teria de ser lavada.  O foco do ensino de Ageu aqui é com relação aos sacrifícios e cultos realizados no templo inacabado, que anulava seu efeito purificador; não nos esqueçamos que o templo ainda estava em ruínas por negligência do povo. 

 A impureza é contagiosa e contamina. (v. 13). Após perguntar sobre a santidade, o Senhor agora questiona sobre a impureza. A contaminação ritual se dava pelo contato com algo imundo ou com cadáver (Números 19:11-13). O que se tem é o princípio didático da lei, ela nos ensina que o mal e a impureza, de forma semelhante à doença, é contagiosa.Toda oferta realizada estava impura, contaminada, porque assim estavam os que ofertavam, a condição de impureza do povo acabava contaminando também a oferta (v. 14). Afirma Ageu que não adiantava o povo oferecer sacrifícios se não havia real disposição em cortar o pecado de suas vidas, se não havia real arrependimento(Ageu 2:14). Os sacrifícios não teriam significado, não seriam suficientes, se não houvesse uma busca sincera do povoem viver segundo a vontade de Deus. 

 A obediência produz resultados (vv. 15-19). O dia 18 de dezembro de 520 A.C foi o divisor de águas para os judeus, pois até aquele dia, apesar de terem sido castigados pelo Senhor, não voltaram a ele seu coração(v. 17). Mas o Senhor lhes exorta a observarem, prestarem atenção, pois desde aquele dia o Senhor já iria abençoá-los(v.19). A grande lição que podemos aprender aqui é que quando se ouve a Deus e se coloca o coração em agradá-lo, priorizando sua vontade em nossa vida, suas bênçãos são derramadas. O mínimo que se faz para o Senhor, com sinceridade de coração, não fica no esquecimento. Jesus nos ensina que mesmo que seja um copo de água, Deus vê e recompensa(Marcos 9:41). A obediência para Deus é a mais perfeita prestação de culto. 

 Quarta mensagem. Restauração da dinastia de Davi (2.20-23). A quarta mensagem de Ageu foi no mesmo dia da terceira, 18 de dezembro de 520 A.C. A mensagem é endereçada especificamente ao governador Zorobabel, que era descendente de Davi e ancestral de Cristo segundo a carne. 

 As nações serão julgadas (vv. 21-22).“Farei abalar os céus e a terra”(v.21). Mesmo em meio aos conflitos e guerras, a promessa de Deus traria confiança a Zorobabel e ao povo com um todo. Mesmo que Judá não estivesse livre de enfrentar períodos em que o reino da Pérsia (do qual ainda eram súditos) estaria em guerra,Ageu revelou a intenção divina de subverter as nações e restaurar a sorte de Israel. Isso foi fundamental para incentivar e unificar a comunidade em sua iniciativa. A recordação que a justiça divina ainda estava em vigor na história humana reanimou o espírito do povo e despertou a fé adormecida. 

 Expectativa messiânica. “Naquele dia diz o Senhor dos Exercito, tomar-te-ei, ó Zorobabel, filho de Salatiel, servo meu”(v. 23). O Senhor chamou Zorobabel de "servo meu", um título exclusivo, reservado a pessoas especialmente escolhidas, e sem dúvida Zorobabel havia sido escolhido pelo Senhor.Deus o comparou ao anel de selar do rei. O anel de selar era usado pelos reis para colocar sua "assinatura" oficial em documentos(Ester 3:10; 8:8, 10), a garantia de que o rei cumpriria sua promessa e as estipulações do documento.“As aspirações messiânicas que dantes estavam ligadas ao reino davídico, Ageu as transfere a Zorobabel, que, em virtude desta posição nomeada, torna-se um tipo de Cristo”. 

Restauração da monarquia davídica. “E te farei como um anel de selar, porque te escolhi, diz o Senhor dos Exércitos”(v.23). Pelo fato de Zorobabel, filho de Salatiel ser herdeiro do trono davídico, já que era neto de Jeoaquim (1 Crônicas 3:14-19), havia entre os judeus uma certa expectativa de que ele teria um papel messiânico. O mais importante é que, como o cetro e a coroa, o anel de selar simbolizava a autoridade real. A designação de Zorobabel como “anel de selar do Senhor” indicava que Deus cancelara a maldição pronunciada por Jeremias sobre o rei Joaquim e seus descendentes (Jeremias 22:24-30). A restauração da autoridade real à família de Davi atribuída a Zorobabel por Ageu representava a retomada da linhagem messiânica de Judá.  Embora somente em Jesus todas as promessas feitas no Antigo Testamento se realizem, não se pode negar a importância de Zorobabel. Naquele momento históricoele foi o responsável tanto pelo início como pela conclusão da reconstrução do templo, o que era fundamental para a estrutura religiosa e serviço de culto em Israel. Sem o templo, ficavam comprometidos os rituais que prefiguravam Cristo e o serviço de adoração. 

 

CONCLUSÃO

Embora a prosperidade material não seja garantia de prosperidade espiritual, o fato de negligenciar a obra de Deus pode ser um retrocesso na vida em todos os aspectos, inclusive o financeiro. Mesmo que a adoração a Deus não esteja restrita a templos feitos por mãos humanas, faz-se necessário o mínimo de zelo com o local onde a Igreja se reúne. Os utensílios e demais itens que pertencem à igreja e são consagrados para o uso do Senhor não devem ser negligenciados uma vez que muito do que é feito pela Igreja depende de seu estado de conservação. 

É preciso compreender qual o propósito de Deus com relação a nós e qual sua missão para cada um dentro da organização religiosa onde congregamos. Não devemos cair na indiferença, mas à semelhança de Ageu precisamos cumprir nosso ministério, na certeza de que Deus sempre tem um remanescente e que suas promessas jamais falham. 

Ageu sai de cena tão bruscamente como entrou; em pouco mais de três meses entregou sua mensagem e deixou que Zorobabel ocupasse o posto para o qual estava designado pelo Senhor. Aprendamos com este profeta que não importa o quanto dure nosso ministério, o que vale são seus resultados. Não importa se outros colham os frutos, o que importa é participar do plantio. Se essa for nossa missão, sejamos, então, como o semeador que nem sempre participa da colheita, mas nem por isso fica sem seu galardão, pois a colheita jamais existiria não fosse a nobre tarefa de lançar a semente na terra. 

 

 

 

 

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