Uma noite depois de trabalhar até tarde, fui ao mercadinho para comprar algumas coisas. Havia umas cerejas lindas à mostra. Pareciam ótimas, então decidi comprar algumas. Cheguei ao caixa e o atendente começou a passar os produtos no leitor de código de barras, que ficavam apitando alto. Para minha surpresa, minha conta foi significantemente mais alta do que havia esperado. Não querendo atrasar a fila, calmamente peguei minhas coisas e me dirigi à porta. Em meu caminho até o carro percebi que minhas belas cerejas haviam custado cerca de oito reais o quilo! Eu era agora a orgulhosa proprietária de uma sacola de cerejas de dezesseis reais!

 

Às vezes subestimamos o custo de seguir a Jesus. Você já se surpreendeu quando Jesus lhe pediu por mais do que esperava? Muitas vezes esperamos que o custo de segui-lo seja baixo – grátis, certo? Em Lucas 14:25-33, Jesus apresenta o custo do discipulado. Ele diz que devemos abrir mão de nossa família e levar nossa cruz. O versículo 33 nos diz que não podemos segui-lo a menos que abdiquemos de todos os nossos bens!

Quão sério é Jesus? Conhecemos a passagem de Marcos 10:17-31 como “O Jovem Rico”. Contudo, vamos nos referir ao relato como “Vamos fazer um acordo.” Embora esta possa ser uma passagem familiar, espero que tenhamos uma nova perspectiva à medida que formos mais a fundo nela.

Se reescrevêssemos esta conversa, poderíamos deixála mais ou menos assim. Cara rico: “Ei, Jesus! Quanto pela vida eterna?” Jesus: “O que você tem?” Cara rico: “Tenho sido muito bom mesmo! Acho que isso signifi ca que eu tô dentro?” Jesus: “Não. Eu quero seu coração. Vejo que você tem muita coisa. Acho que você seria mais atento a Deus se não tivesse todas essas coisas tomando sua afeição. Vá e dê tudo e depois venha e me siga. Prometo que vai valer a pena.”

A parte incrível desta história é que o homem vai embora! Se havia uma dúvida de que o dinheiro dele dominava ou não sobre sua vida, a resposta é agora óbvia. Depois que o rapaz vai embora, Jesus explica: “Quão difi cilmente entrarão no reino de Deus os que têm riquezas” (v. 23)! A passagem diz que os discípulos fi caram espantados. Agora isto chamou minha atenção. Há quanto tempo eles vinham seguindo a Jesus? Ele estava sempre fazendo e dizendo coisas profundas. Ainda assim esta declaração os espantou. Por quê? Até esse ponto, muitas pessoas presumiam que as riquezas eram uma medida do favor divino. As pessoas ricas eram altamente honradas. Então Jesus chegou e disse a todos que é difícil para os ricos entrarem no Reino de Deus! Por isso eles fi caram atônitos.

No versículo 25, Jesus segue dando uma ilustração do por quê é tão difícil para o rico entrar em seu reino: “É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no reino de Deus.” Quando li isto imaginei se Jesus realmente quis dizer um camelo - o animal - e uma agulha que se usa para costurar. Já ouvi algumas pessoas sugerindo que este foi um erro de cópia e o texto originalmente dizia corda ao invés de camelo. De qualquer maneira, não é uma tarefa muito fácil de realizar.

Algumas pessoas sugerem que o camelo e a agulha referem-se a algo chamado de Portão do Fundo da Agulha. Supostamente o Portão do Fundo da Agulha era uma pequena entrada para Jerusalém que seria usada somente à noite depois que o portão principal fosse fechado. O objetivo do portão era tornar mais difícil a entrada de invasores na cidade. Se o usassem, apenas uma pessoa por vez conseguiria entrar. Se houve ou não realmente um Portão do Fundo da Agulha, a ilustração atrai alguma inferências interessantes. A fim de passar um camelo pelo Fundo da Agulha, o animal teria que ser descarregado completamente e engatinhar de joelhos.

Embora eu não mergulhasse de cabeça nesta segunda explicação, acho que a ideia nos dá uma imagem realmente interessante. Depois que Jesus diz isto sobre como era difícil para um rico entrar no Reino de Deus, os discípulos começam a perguntar uns aos outros se alguém poderia ser salvo. Jesus respondeu dizendo, “para os homens é impossível; contudo, não para Deus, porque para Deus tudo é possível” (v. 27). Usando esta imagem do camelo, temos a ideia de que o único jeito para um camelo passar pelo portão é se for descarregado de todos seus impedimentos. Da mesma maneira, Jesus pediu que o homem rico se descarregasse o que neste caso signifi cava se livrar de sua riqueza. A segunda coisa que se exigia para que um camelo passasse pelo portão seria se ajoelhar, uma posição muito desconfortável para um camelo. No contexto de nossa vida (se somos o camelo), é necessário que nos humilhemos. Esta pode ser uma posição desajeitada, desconfortável, até. Contudo, temos a promessa de grande recompensa e a entrada no Reino!

Antes de ir ao mercado, gosto de fazer uma lista do que vou precisar. Normalmente, minha lista coincide com a quantia de dinheiro estou pronta a gastar. Se eu tiver apenas cinquenta reais, tento não fazer uma lista que dará cem reais. Acredito que Jesus também pede que reconheçamos nosso orçamento. Quanto de sua vida você está disposto a gastar com ele?

Precisamos considerar este evento enquanto compartilhamos do evangelho com as pessoas. Lembro-me de fazer evangelismo de rua com meu grupo de jovens, quando estava no ginásio. Caminhando até as pessoas, meu objetivo era “vender-lhes” o evangelho em cinco minutos ou menos. Tentei atraí-las para o reino convencendo-as de que precisavam fazer este acordo: Jesus estava dando vida eterna gratuita e elas estavam abrindo mão da grana! Diferente de alguns de nós, Jesus era bondoso o bastante para pagar o preço primeiro (você já conheceu vendedor mais confi ável?). Com o passar dos anos, enquanto Jesus começou a pedir mais de mim e eu tive que fazer maiores sacrifícios, aprendi a não ser tão rápida em amarrar pessoas com a pregação da “salvação gratuita”. Quero que as pessoas que eu apresentar a Jesus sejam o tipo de seguidores que ele está procurando: amantes comprometidos sem acordos pré-nupciais. Não gostamos de admitir, mas muitos de nós temos acordos. Podemos agir mais ou menos assim: “Certo, Senhor, caso este lance de seguir você não dê certo, vou manter esta conta bancária sem o seu nome nela. É para meu uso somente – não toque.”

Quando estamos compartilhando Jesus com as pessoas, precisamos fazer com que saibam que segui-lo lhes custará tudo, que comprometer-se com ele signifi cará torná- lo o proprietário de sua vida. Ao mesmo tempo, devemos abraçar isto em nossa própria vida. Como podemos pagar um preço que não está no nosso orçamento? Examinemos nosso orçamento agora. Há o bastante para Jesus?

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