Ententendo e Vivendo
Cristo como Médico
- Detalhes
- Scott Hausrath
- Entendendo e Vivendo
Explanação
Continuamos com nosso estudo nos Evangelhos, buscando entender melhor os retratos de Cristo. Na semana passada vimos Jesus como mestre, uma imagem presente em Lucas. O retrato de hoje, do Evangelho de Marcos, mostra-nos Jesus como um curador.
Marcos é o mais conciso dos Evangelhos, então o capítulo um rapidamente relata os eventos que irrompem o ministério público de Jesus: seu batismo por João (versos 9-11); sua tentação por Satanás (versos 12-13); seu primeiro sermão (versos 14-15); seus primeiros discípulos (versos 16-20); e sua primeira aparição em uma sinagoga (versos 21-28), o que inclui a primeira narrativa de cura neste Evangelho (versos 23-28). A passagem bíblica de hoje, portanto, está situada no início do ministério público de Cristo.
A leitura escriturística de hoje dá-nos três exemplos de Jesus operando milagres de cura. Primeiro, restaura a saúde da sogra de Pedro (30-31). Segundo, cura muitas pessoas que estavam próximas à casa de Pedro (32-34). Terceiro, cura o homem leproso (40-45). Dentro do contexto destes episódios de cura, no entanto, faz-se necessário reconhecer que Jesus tinha outra preocupação fundamental. Sim, Ele queria que as pessoas gozassem de saúde, mas também reconheceu algo muito mais importante do que a saúde física. Qual era a preocupação primária de Jesus?
Quando começamos a investigar a passagem bíblica de hoje percebemos que ela começa com uma cura (29-34) e termina com outra (40-45). Assim como a passagem de hoje está emoldurada por curas, estas também emolduram a preocupação primária de Cristo. Além disso, o coração desta passagem (versículos 35-39) revela a preocupação do coração de Cristo: o relacionamento com Deus. Através da oração, Jesus estava conectado, em comunhão, com Deus.
Então, quando fora informado que muitas pessoas estavam à sua procura (verso 37), Jesus comportou-se de um modo que poderia ser visto com excêntrico: Ele se afastou das pessoas que vieram ao seu encontro. Posteriormente, explicou aos seus discípulos que tinha um propósito: pregar as boas novas (verso 37). Ele se apartou daqueles que estavam o buscando por curas físicas, e viajou parra a Galiléia, pregando e expulsando demônios. A preocupação primordial de Cristo era levar as pessoas a um relacionamento de intimidade com o Pai.
Exploração
Qual era a tônica da mensagem de Jesus, e por que Ele estava tão ansioso em pregá-la ao povo? Os versos 14-15 mostram-nos o cerne da mensagem que Jesus estava tentando comunicar: O Reino de Deus está próximo. É chegada a hora, portanto, de tomarmos a decisão: seremos ou não cidadãos do Reino de Deus?
Provavelmente, Jesus não ficou surpreso pela enorme multidão que viera até Ele, em busca de cura no sábado à noite (versículos 32-34). Afinal, a sua aparição na sinagoga, mais cedo nesse dia, tinha levado o povo rapidamente a espalhar a notícia acerca do seu poder (versículo 28). O que aquelas pessoas presentes na sinagoga estavam dizendo aos seus familiares e amigos sobre este homem chamado Jesus? A julgar por aquilo que haviam dito em resposta ao seu ensino na sinagoga (versículo 27), estavam provavelmente dizendo ao povo que Cristo tinha o poder para curar qualquer doença. Se você acredita que alguém pode curá-lo de qualquer enfermidade, ou expulsar demônios, caso você tivesse alguma, você não sairia ao encontro dessa pessoa? Isso é o que estas pessoas estavam fazendo: Elas iam ao encontro de Jesus, visando sua cura.
Jesus, não obstante soubesse que tinha poder para curar todas as pessoas, estava interessado em dar-lhes mais do que cura física. Ele anelava dar-lhes uma conexão direta com Deus. Porém, parece que elas não estavam muito interessadas em receberem algo além da cura. Aparentemente é assim que termina o episódio de cura da passagem bíblica de hoje.
Os versos 40-45 mostram-nos um homem que estava vivendo com a lepra. Por causa de suas condições, este homem não apenas estava sofrendo fisicamente, mas também emocional, espiritual e socialmente. Devido à condição de sua pele, ele era considerado “impuro”, o que requeria que fosse separado do resto da sociedade, até mesmo ao ponto de viver sozinho, fora dos muros da sua cidade, isolado de sua família e sem poder participar dos cultos a Deus (Leia Levíticos 13:46, e 14:1-32). Ele era um homem verdadeiramente solitário, então não é de se surpreender que literalmente caiu sobre seus joelhos, implorando a Jesus que o limpasse.
Cristo estava muito disposto a curá-lo. Juntamente com o restabelecimento da saúde, no entanto, Jesus exigiu que este homem fosse ao sacerdote, para que pudesse dar a Deus um sacrifício de ação de graças. Foi, afinal, o poder de Deus que tinha sarado o homem. O problema, aparentemente, foi que este homem não estava interessado em dar louvor a Deus pela sua cura. Embora aceitasse a autoridade de Jesus no reino físico, rejeitou prontamente a autoridade dele no reino espiritual. Sendo assim, ele mesmo se excluiu de receber o que Jesus de fato queria dar-lhe: comunhão com Deus.
Encorajamento
Você sabe por que as pessoas esperaram até depois do pôr-do-sol para levar os doentes e os possessos até Jesus para cura e libertação (versículo 32)? Elas precisavam obedecer à proclamação dos líderes religiosos de que nenhuma cura, exceto uma situação de risco de vida, devia ser permitida no sábado. Jesus, porém, não obedece a esta recomendação, porque isto era contrário ao propósito divino para o sábado. Deus proveu o sétimo dia como uma bênção para nós, para atrair-nos para mais perto dele e de sua graça. O sábado é um tempo de cura. O sábado não é dia para distanciar-nos de Deus, mas sim para levar-nos a uma comunhão mais intensa com Ele.
Uma vez que Jesus não obedeceu ao edito dos líderes religiosos, então, que proclamação Ele obedeceu? A sua própria de que “o Reino de Deus está próximo” (Verso 15). Sua esperança para o povo era que eles se tornassem cidadãos do Reino de Deus, o que lhes levaria a uma comunhão e uma conexão direta com o Criador.
Pensando no texto de hoje, vamos continuar jogando a parte do leproso? Será que não temos nos concentrado muito em ficarmos curados, que perdemos a oportunidade de obter plenitude? Somos chamados a vir até Jesus para que possamos ser conectados a Deus. Esta conexão com Deus nos faz completos, sendo ou não curados fisicamente.
Tudo depende de nossa perspectiva de vida: Será que vamos fugir do quebrantamento, ou vamos correr em direção à plenitude? Quebrantamento desempenha um papel crítico em nossa vida: Faz parte da nossa viagem em direção a plenitude. Às vezes, Deus permite-nos ir sem cura física, a fim de manifestar-nos sua vontade de plenitude espiritual. Ele sabe que só quando somos plenamente quebrantados é que estamos prontos a sermos moldados naquilo que Ele deseja de nós. Será que temos visto a Jesus meramente como um médico, e não aquele que pode nos fazer completos?
O que Jesus estava pregando na Galiléia também é verdade em nossa cidade: “O tempo é chegado” (verso 15). É chegado o tempo de pensarmos menos em nossos desejos e mais em nossas necessidades. Nosso desejo é ser curado; nossa necessidade é ser pleno. Uma pessoa que foi curada, tem sido tocada por Deus. Uma pessoa que tem sido plena, toca outras pessoas para Deus. Tudo tem a ver com estar conectado a Deus e levar outros a se conectarem com Deus. Jesus curou-nos, então Ele pode nos fazer plenos. “Eu vim para que tenham vida, e a tenham plenamente.” (Jesus, em João 10:10).