E dará à luz um filho e chamarás o seu nome JESUS; porque ele salvará o seu povo dos seus pecados.
Mateus 1:211
INTRODUÇÃO
Um dos sinônimos de salvo é “livre do perigo”. E perigo é “uma situação que ameaça a existência de alguém”. Logo aquele que é salvo é livre de alguma ameaça. Mas que ameaça? Eu me questionava sobre isso. Salvo do quê? Todos os dias e o dia todo preciso ser salvo! Quantas ameaças vêm sobre mim? Enfermidades, catástrofes, acidentes, um cisco no olho, um prego no pé, um corte de faca, uma queimadura. Isso tudo não é nada comparado ao fogo do inferno! Pesado? Pode ser, mas eu não atentava para o fato de que eu tenho uma outra vida além desta aqui, e que aquela será para sempre diferente desta que o salmista descreve: “O homem é como um sopro; seus dias são como uma sombra passageira” (Salmos 144:4 – NVI).
Ou seja, eu precisava realmente me preocupar com a minha vida após a morte! Onde eu quereria passar a eternidade? Que caminho teria que tomar? Qual a melhor decisão? Na verdade nunca havia me preocupado com isso. Vivia a minha vida de acordo com as circunstâncias, sem um Norte, sem um objetivo a alcançar, entregava-me ao destino. Quando comecei a ouvir sobre a necessidade de ser salvo, ainda me questionava se havia feito algo mau para alguém e que devesse me resguardar para não ser morto, destruído, aniquilado. Não é fácil admitir que necessita de salvação quando se tem uma situação estável. Para isso o Espírito de Deus trabalha incessantemente no coração do homem para que ele possa perceber essa necessidade.
Assim que entendi o que Deus queria me dizer, quando compreendi todo o Seu propósito na Palavra, dei-me conta de que deveria ouvir com mais atenção as mensagens divinas, estudar melhor as Escrituras e, principalmente, deixar-me ser guiado não mais pelas circunstâncias, pelo destino, mas sim pelo Espírito do Senhor! Naturalmente a vítima sabe que o bombeiro, o salva-vidas, o grupo de resgate estão ali para resgatá-la do fogo, da água, dos escombros, porém ser resgatado de uma vida de pecados por um Deus que não se vê é somente pela fé, e nunca pela força, fé ou sabedoria humana. Dessa forma foi que resolvi caminhar com Deus, deixando que Ele me ensine o que Ele quiser que eu saiba e assim vou saindo do “lamaçal” que é o mundo!
O QUE FOI QUE EU FIZ?
O que fiz já é passado, o que importa é “o que eu continuo fazendo?”. Olhando para mim, parece-me que estou dentro dos padrões morais da sociedade. Existem alguns “padrões” sociais que são aceitos como normal por manterem as “aparências”, por não ferirem a sensibilidade alheia, por relativizarem a verdade. E como todos se comportam dessa maneira, eu me deixo levar por aquilo que não me confronta com a sociedade. assim eu tenho menos problemas sociais, mais tranquilidade cotidiana e não me estresso com “coisas pequenas”. Não é assim que o mundo caminha?
Dessa forma, vou “errando em pequenas coisas”, mas o mundo aceita porque todos erramos, afinal, errar é humano. Contudo para aquele que conhece a vontade de Deus, erro é erro, (lembram-se da lição passada?, pecar é errar o alvo!), ou seja, errar é pecar, e pecar é errar o alvo! Ora, em que tenho pecado? Relendo a Palavra de Deus, vejo que muitos pecaram e conviveram até algum tempo com seus pecados de maneira que não se sentiram conscientemente incomodados até que foram confrontados com a verdade, não sentiram a necessidade de serem perdoados, libertos, salvos dos seus delitos, dos seus pecados.
A Bíblia apresenta algumas personagens que, humanas como eu, fizeram aquilo que lhes era agradável, favorável, amoral. Pensaram só em si, nos seus prazeres e nos seus quereres. Uma delas, das mais conhecidas, é Adão, criado perfeito por Deus, “Então, vendo a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento, tomou do seu fruto, comeu, e deu a seu marido, e ele também comeu. Então foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus; pelo que coseram folhas de figueira, e fizeram para si aventais” (Gênesis 3:6-7). O ato de “vestir-se” não encobriria o seu pecado diante de Deus, e mais, na continuidade não se observa uma palavra de arrependimento, muito pelo contrário, apenas há murmuração e acusação, tanto de Eva como também de Adão, como se dissessem: “O que foi que eu fiz? E se fiz a culpa é do outro!”.
Outra personagem bíblica, e humana como eu, é Abraão, o pai da fé, diz a Palavra: “Depois o rei mandou chamar Abraão. "O que você está querendo fazer com a gente? " perguntou. "O que eu fiz contra você, para que me levasse a tamanho pecado? Esse pecado seria uma desgraça para mim e para o meu reino! Você agiu mal! Quem podia desconfiar que você ia fazer uma coisa dessas? Que você esperava ganhar, fazendo isso? "
"Bem, " respondeu Abraão, "o caso é que tive medo de ser morto por causa dela. Pensei comigo: Decerto este povo não respeita a Deus. Os homens vão querer minha mulher e me matarão por ela” (Gênesis 20:9-11 – VIVA). Abraão disse ser irmão de Sara (o que não era mentira, pois era irmão por parte de pai), mas era também marido dela, porém isso omitiu ao rei Abimeleque que tomara Sara para ser uma de suas mulheres, o que levaria Deus a castigá-lo. Humanamente pensaria eu igual a Abraão, preciso livrar a minha pele! Não é assim que o mundo pensa?
Há vários outros exemplos na Bíblia sobre pecados cometidos por conveniência, por maldade, por não compreender os preceitos divinos de Deus Pai. Mas há um que se desenrolou criando outros. E a personagem central é o famoso rei de Israel, Davi, homem segundo o coração de Deus. Coloco essas qualidades nestes homens, Adão criatura perfeita, Abraão homem de fé, Davi de acordo com o coração de Deus, para que se perceba que nenhum homem ou mulher está livre do pecado, está livre de ser tentado, e que todos estão necessitados do braço salvífico do Senhor do universo. Lendo esta passagem sobre o rei Davi, capítulo 11 e 12 de 2 Samuel, percebe-se que o rei só se deu conta do tamanho dos seus pecados (cobiça, adultério e assassinato), passado aproximadamente um ano, até então parecia que a vida transcorria normalmente, não havia aparentemente a pergunta: O que foi que eu fiz? Parecia não haver remorso.
Quantas vezes tenho pecado, propositalmente, mas minha mente se cauteriza e conscientemente me sinto tranquilo quanto aos meus atos? Porque ninguém cobra, ou ninguém viu, ou ninguém se importa. Davi, até a visita do profeta Natã, não havia sido confrontado pelos homens; por ser rei, deveria pensar que tudo que fizera estava na sua esfera de poder, logo tudo podia. Não é muito diferente no mundo atual, aquele que tem poder financeiro, autoridade constituída, conhecimento acadêmico, por vezes age erradamente e não se condena por estar imbuído de algum poder acima da média e por isso as pessoas não têm o direito de contestá-lo, visto a inferioridade delas em relação aos atributos do autoritário.
Lutar contra o pecado não é fácil quando o mundo vive em pecado, e eu vivo no mundo. Como foi observado anteriormente, Adão não se sentiu culpado, pois sua mulher o induzira ao erro; Abraão falara aquilo ao rei para que não fosse morto; Davi era rei, fizera tudo o que fez porque era rei. Todo pecado tem uma “causa”,(e muitas vezes queremos justificar!) e o pecado de Pedro, em Marcos 14 versos 68, 70 e 71, já predito no versículo 30, “Replicou-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje, nesta noite, antes que o galo cante duas vezes, três vezes tu me negarás”, do mesmo capítulo, negando conhecer o Mestre Jesus, tinha o propósito de livrar Pedro também de uma prisão, açoitamento e posterior crucificação. Embora o sanguíneo discípulo de Jesus amasse o Mestre de forma a dizer que “ele jamais se escandalizaria!” (Marcos 14:29), atemorizou-se com a violência da multidão e temeu pela sua vida, por isso negou três vezes conhecer Jesus, como o Mestre havia predito.
O que é que eu fiz que posso mudar para melhor, ou mesmo interromper as minhas más atitudes daqui pra frente? O que é que eu faço que não está de acordo com a vontade de Deus? Então olho para mim e olho para Jesus, tiro os olhos do mundo, mudo o meu foco, torno-me cada vez menos e menor, percebo-me mais nas minhas atitudes e as analiso. Não me comparo ao outro, pois assim posso ser melhor ou maior do que o outro, mas sim me comparo a Jesus e verei que serei sempre menor que Ele, então tento alcançá-lO, imitá-lO, aproximar-me o máximo possível da Sua santidade (e o Espírito Santo me empurrando nessa caminhada!). Tenho o objetivo de voltar à presença de Deus, e como só é possível por meio d’Aquele que o próprio Pai enviou, então me esforço para saber como me desvencilhar dos meus pecados!
COMO SABER QUE PEQUEI?
Existe algo na alma que diz que cometi um erro. Quando digo que minha consciência está pesada por algo que tenha feito, é porque no íntimo entendo que aquilo que fiz não foi uma atitude correta. Aparentemente há em mim, em todo homem, um conhecimento prévio do que é certo ou errado. Há duas passagens bíblicas que me dizem que sou culpado dos meus erros, dos meus pecados; dizem que estou errado e que sei que estou errado, e por isso não sou inocente. Diz assim uma das passagens: “Do céu Deus revela a sua ira contra todos os pecados e todas as maldades das pessoas que, por meio das suas más ações, não deixam que os outros conheçam a verdade a respeito de Deus. Deus castiga essas pessoas porque o que se pode conhecer a respeito de Deus está bem claro para elas, pois foi o próprio Deus que lhes mostrou isso. Desde que Deus criou o mundo, as suas qualidades invisíveis, isto é, o seu poder eterno e a sua natureza divina, têm sido vistas claramente. Os seres humanos podem ver tudo isso nas coisas que Deus tem feito e, portanto, eles não têm desculpa nenhuma. Eles sabem quem Deus é, mas não lhe dão a glória que ele merece e não lhe são agradecidos. Pelo contrário, os seus pensamentos se tornaram tolos, e a sua mente vazia está coberta de escuridão” (Romanos 1:18-21 – NTLH, grifo nosso).
A mão do Criador está em todos os lugares e em todos os tempos! Sua Palavra confirma a ação de Deus na história, na vida do homem, no universo. Sou indesculpável quando peco, quando vou de encontro aos ensinamentos do Senhor. Outra passagem que mostra o meu pecado está também em Romanos, capítulo 3, versículo 20, “Por isso nenhuma carne será justificada diante dele pelas obras da lei, porque pela lei vem o conhecimento do pecado” (grifo nosso). Ou seja, além de Deus se manifestar na Natureza, isso inclui o homem, a Sua Palavra também nos ensina o que é certo e o que é errado. Nela vejo o quanto preciso da presença do Senhor, que é luz, para não tropeçar, para não blasfemar, para não me afastar de Deus. O mundo ao meu redor me enche de tentações, por isso preciso saber discernir de que lado estou, que caminho tenho tomado, a quem estou ouvindo.
Em seu e-book, intitulado “A Vida que vence”, Watchman Nee fala que há várias formas de se pecar, “O orgulho é um pecado espiritual. A inveja é um pecado espiritual. A incredulidade é um pecado espiritual. Apontar os erros dos outros é um pecado espiritual. Falta de oração é um pecado espiritual. Duvidar de Deus é um pecado espiritual e deixar de comprometer-se com Deus também é um pecado espiritual”[1] (grifo nosso). Percebo que posso pecar tanto em relação a mim mesmo, quanto ao próximo e quanto a Deus! Orgulho, inveja, incredulidade levam-me a tropeçar nas verdades divinas; a falta de empatia, o julgamento farisaico, contradiz o “amar ao próximo”; a falta de comunhão com Deus, o duvidar do Seu poder, só me trará trevas, ou seja, serei presa fácil para as tentações deste mundo!
Por isso é tão importante a leitura constante da Bíblia, o ouvir a Palavra de Deus, a comunhão dos santos, pois dessa forma estarei me fortalecendo no conhecimento do poder, da graça e da sabedoria divina. O Senhor me contesta quando peco, assim como contestou Adão, “Onde estás?” (Gênesis 3:9), nunca conseguirei me esconder do Criador, “Para onde poderia eu escapar do teu Espírito? Para onde poderia fugir da tua presença? Se eu subir aos céus, lá estás; se eu fizer a minha cama na sepultura, também lá estás. Se eu subir com as asas da alvorada e morar na extremidade do mar, mesmo ali a tua mão direita me guiará e me susterá” (Salmos 139:7-10 – NVI). Assim, bem próximo do Senhor, saberei onde e quando e com quem tenho pecado, tendo assim a clareza da minha responsabilidade de ser cristão e procurar a cada dia a santificação de Deus.
NÃO QUERO MAIS PECAR!
Agora que sei que preciso ser salvo, não quero mais pecar! E o verso-chave da lição me diz que Jesus me salva dos meus pecados! Então olho para a Palavra e vejo que preciso seguir o padrão de Deus, preciso observar o caminhar de Jesus aqui na terra, preciso ser humilde o bastante para entender que sem Deus nada posso fazer por mim mesmo. Não quero pecar, porém a minha carne é enganosa e resistente à mudança. O salmista confirma no Salmos 51:3 “Pois eu mesmo reconheço as minhas transgressões, e o meu pecado sempre me persegue” (NVI); sei que transgrido a Lei do Senhor e que o pecado está sempre ao meu redor, e que as minhas forças nem sempre são suficientes para resistir à tentação, o que fazer então?
No livro do profeta Joel, capítulo 2, verso 32, uma palavra me anima: SALVO!, “E há de ser que todo aquele que invocar o nome do SENHOR será salvo; porque no monte Sião e em Jerusalém haverá livramento, assim como o SENHOR tem dito, e nos restantes que o SENHOR chamar”. Percebo que preciso invocar o nome do Senhor para ser salvo; o nome do Senhor é quem me salva e me perdoa todos os pecados, como está escrito em 1 João 2:12: “Filhinhos, eu lhes escrevo porque os seus pecados foram perdoados, graças ao nome de Jesus”.
Entendi que devo invocar o nome do Senhor, crer n’Ele para ser salvo (Marcos 16:16) e procurar afastar-me do mal, lutando contra a minha carne, pois nesta vida não alcançarei a perfeição plena, visto que todo dia há batalhas. E ninguém consegue vencer a si mesmo sempre, o próprio apóstolo Paulo (Romanos 7:15) afirma “não conseguir fazer o que quer, mas o que não quer, ele faz”. E conhecendo a história de Paulo me obrigo a ser forte e perseverante para pecar o menos possível. Diz a Palavra: “Não pretendo dizer que eu seja perfeito. Até agora ainda não aprendi tudo quanto devia, mas continuo trabalhando para aquele dia, quando finalmente eu serei tudo aquilo para que Cristo me salvou e Ele quer que eu seja” (Fl 3:12 – VIVA).
O “querer não pecar” não significa não pecar, significa que entendi que preciso mudar de rumo, preciso de Deus para isso, e só em Cristo Jesus encontro o Caminho, a Verdade e a Vida. Significa que terei muitas lutas, quase todas contra mim mesmo; significa mais tempo com Deus; significa mudança de mente, de valores, dos terrenos para os espirituais. Sabendo do que eu preciso para ser salvo e o que eu tenho feito, posso agora procurar não pecar e, com certeza, terei a noção do erro que posso cometer ou que venha a cometer contra as leis do Senhor, então posso arrepender-me e pedir perdão nomeando cada pecado cometido (Levíticos 5:5).
APLICAÇÃO
Entender a minha condição humana, compreender onde estou e para onde pretendo ir; saber da minha necessidade de ser ajudado para viver o hoje de maneira que possa ter um amanhã, buscar sempre a verdade absoluta que só há em Deus. Essas são atitudes daquele que quer voltar-se para o Criador, a fim de ser resgatado deste mundo. Para isso:
- Preciso conhecer mais as Escrituras, elas me mostrarão a vontade de Deus, os mandamentos do Senhor, o caminhar, as atitudes de Jesus Cristo;
- Preciso reconhecer os meus erros e também saber que sozinho não consigo me livrar das armadilhas do inimigo, não consigo sozinho resistir às tentações que me são lançadas;
- Preciso arrepender-me sinceramente e lutar para que não venha a repetir os mesmos pecados.
CONCLUSÃO
Houve um tempo em minha vida que não entendia o porquê da necessidade de ser salvo. A partir do momento que conheci a verdade bíblica, já não tenho mais argumento para virar as costas para Deus. O Senhor me chama para a Sua presença por meio de Cristo Jesus, Seu Filho. Mostrou-me o quanto me ama, pois o preço desse resgate foi altíssimo, para mim, impagável. E a Sua Palavra, que se renova a cada dia, vem me mostrando o quanto sou dependente do Senhor! E tenho me alegrado em Sua presença todos os dias, não porque todos os dias são bons, mas porque o Senhor, que é bom, está comigo todos os dias! E na presença de Deus entendo minha fraqueza, vejo meus delitos e também vejo que sou amado e perdoado! Por isso agora sou feliz e procuro todos os dias agradar a Deus, e Ele tem muito me ajudado! Aleluia!
QUESTÕES PARA DISCUSSÃO EM CLASSE
- Por que há a necessidade de ser salvo?
R.:
- Para ser salvo, o que mais importa, o arrependimento ou o reconhecimento?
R.:
- Como saber que estou pecando, o que me leva a ter a certeza de que os meus atos vão de encontro à vontade de Deus?
R.
- Qual a diferença entre Judas, que traiu o Mestre Jesus, e o ladrão na cruz que pediu que Cristo lembrasse dele quando estivesse no Reino?
R.: