Texto de Estudo

16 Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado. 17 E estes sinais seguirão aos que crerem: Em meu nome expulsarão os demônios; falarão novas línguas; 18 Pegarão nas serpentes; e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e porão as mãos sobre os enfermos, e os curarão. 19 Ora, o Senhor, depois de lhes ter falado, foi recebido no céu, e assentou-se à direita de Deus. 20 E eles, tendo partido, pregaram por todas as partes, cooperando com eles o Senhor, e confirmando a palavra com os sinais que se seguiram. Amém.

Marcos 16:16-20

INTRODUÇÃO

Nesta primeira unidade do nosso livro de estudo, pedimos sua atenção às definições que serão apresentadas. Alguns termos, como “Evangelho”, “Evangelização” e “Evangelismo”, são muito decorrentes e bastante utilizados no meio cristão. Poder estudá-los e defini-los com mais clareza e atenção ajudar-nos-á na boa prática da missão suprema da Igreja: levar as boas-novas de salvação. Abordaremos também uns fundamentos bíblicos sobre a evangelização. O Desafio maior, não só desta unidade, mas de todo o livro, é não apenas fundamentar cada lição com as mais conceituadas bases teóricas, mas despertar a Igreja, ou melhor, reavivá-la para sua missão primordial.

EVANGELHO

            A palavra “evangelho” é uma tradução do termo grego evanguélion e significa, literalmente, “boas-novas”, “boas notícias”. Historicamente se diz que o seu sentido para os gregos antigos era de “boas notícias do campo de batalha”.  Proclamação que poderia chegar de navio, cavalo ou até mesmo por um mensageiro, a pé. Era anunciada a toda a cidade que se mantinha na expectativa de ouvir as novidades. Tal mensageiro era o evanguélos, que significa “mensageiro sagrado, portador das boas-novas”.

Essas definições exprimem muito bem o motivo para o chamado que temos em nossos dias, pois somos evanguélos (portadores de boas notícias) em um mundo em guerra. Embora não percebamos, ou não queiramos perceber, as pessoas estão sedentas por novas de salvação. Mais do que nunca, os meios de comunicação e os de transporte (que estão muito além de cartas, cavalos e navios) possibilitam-nos a divulgação do Evangelho.

            Conquanto temos compreendido o significado da palavra “evangelho”, sabendo que significa “boas-notícias”, precisamos destacar que notícias são essas e quais os conteúdos e objetivos. Vejamos algumas definições que poderão nos esclarecer tais aspectos.

            Segundo Damy Ferreira, é possível resumir o Evangelho e sua mensagem em quatro pontos:

            1 – Jesus veio ao mundo para buscar e salvar o que se havia perdido. Esse é o sentido histórico de Jesus.

            2 – Jesus morreu por nossos pecados. Eis o sentido teológico de Jesus. (1 Timóteo 1:15)

            3 – Jesus ressuscitou. (1 Coríntios 15:1-4)

            4 – Jesus voltará a este mundo. (Atos dos Apóstolos 1:9-11). É o sentido escatológico do Evangelho.

            Sendo assim, o Evangelho é Jesus Cristo, tudo o que Ele fez e ensinou, oportunizando a salvação dos pecadores.

  1. Mack, um grande evangelista, define que a mensagem do Evangelho responde a quatro grandes perguntas: “Quem é Deus?”, “Por que estamos neste caos?”, “O que Cristo fez?” e “Como podemos voltar para Deus?”. Assim, a mensagem inicia-se em Deus, Seu plano de redenção e como tal redenção é alcançada, ou seja, por meio de Jesus Cristo.

            O objetivo do Evangelho é persuadir, levando pessoas à conversão a fim de que se tornem seguidoras de Jesus. Cabe destacar que persuadir não é manipular, mas fazer com que a pessoa acredite em algo, ou levar à conclusão da necessidade de algo. Em relação ao Cristianismo, o Evangelho cumpre seus objetivos pelos seguintes motivos:

  1. É verdadeiro - Aquele que anuncia o Evangelho pode fazer com toda a tranquilidade, porque não está correndo risco de anunciar algo incerto, como disse Paulo: “No qual também vós, tendo ouvido a palavra da verdade, o Evangelho da vossa salvação, e tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa” (Efésios 1:13). O cristão não espalha falsas notícias. Ele é portador de uma mensagem verdadeira que mudou, muda e continua mudando a história daqueles que se submetem a tal mensagem.
  2. É o poder de Deus - O Evangelho cumpre seus objetivos porque é poderoso. Paulo também afirmou: “Pois não me envergonho do Evangelho, porque o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê” (Romanos 1:16).
  3. É obra de Deus - O Evangelho é de Deus, tendo Nele sua origem (João 1:1-5; Romanos 1:1). Sua obra continua sendo cumprida pela ação, e tão somente pela ação do Espírito Santo. Lembremos que o obtivo de persuadir é do Evangelho e, não, nosso; somos apenas os portadores da mensagem. A mudança é obra do Espírito Santo agindo pela mensagem transmitida, convencendo o homem “do pecado, da justiça, e do juízo” (João 16:8).

 

Podemos concluir o tópico afirmando que o Evangelho é um conjunto de fatos e ensinos bíblicos que nos apresentam o cumprimento da providência de Deus para a Salvação dos pecadores. E o resultado da ação do Evangelho no homem é o arrependimento, a fé em Jesus Cristo, a conversão a Deus, a obediência, a perseverança e um viver de modo digno, a ponto de dar bons frutos.

EVANGELIZAÇÃO

            Evangelização é a ação de evangelizar. Enquanto “evangelho” significa “boas-novas” ou “boas notícias”, a evangelização é o ato de anunciar essas novidade. É a ação de comunicar o Evangelho, visando levar Jesus aos perdidos para que sejam salvos, por Seu amor e graça. Disse um autor que evangelizar poderia ser definido como “um mendigo dizer a outro mendigo onde conseguir alimento”.

A Evangelização é uma ação que realiza. É a prática efetiva da proclamação do Evangelho, quer pessoal, quer coletivamente, até aos confins da Terra, levando-nos a cumprir plenamente o que Jesus nos delegou (Atos dos Apóstolos 1:8). Em outras palavras, é o “Ide por todo o mundo e pregando o Evangelho a toda a criatura”.

            É importante destacar que evangelizar não é o mesmo que pregar. Embora a pregação seja uma forma de evangelismo, nem toda a pregação é evangelização. Evangelizar vai muito além de palavras ditas; é a palavra vivida. Nenhum testemunho convence mais o próximo do que aquele que damos pessoalmente. Aldrich disse que os não cristãos são atraídos, primeiramente, pelos cristãos e, a posteriormente, por Cristo. Ou seja, é a velha história: o primeiro Jesus que as pessoas conhecem somos nós, a primeira Bíblia que elas leem é a nossa vida.

            A respeito da evangelização, Jesus fala o seguinte de si mesmo: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque Ele me ungiu para pregar as boas-novas aos pobres. Ele me enviou para proclamar liberdade aos presos e recuperação da vista aos cegos, para libertar os oprimidos e proclamar o ano da graça do Senhor”.(Lucas 4:18-19). Jesus cumpriu cabalmente seu trabalho de evangelização, por meio de Suas palavras e por intermédio de Seu testemunho. Antes de subir ao céu, comissionou Sua Igreja (Mateus 28:19-20: Marcos 16:15; Lucas 24:47-49) à prática da evangelização e capacitou-a para tal missão (Atos dos Apóstolos 1:8).

            Como vimos no tópico anterior, o Evangelho tem origem em Deus, é obra Dele e é poderoso para salvar o mais torpe pecador. Ou seja, cumpre o seu objetivo. Todavia, a evangelização é uma missão direcionada à Igreja, aos homens. Ou melhor, trata-se de obra humana, de um ministério de comunicação, no qual os cristãos tornam-se porta-vozes da mensagem de misericórdia de Deus aos pecadores.

Qualquer um que transmita fielmente essa mensagem, não importa sob que circunstâncias, em uma grande reunião, em uma pequena conferência de um púlpito, ou em uma conversa particular, estará evangelizando. Para nós, é um privilégio! Jesus poderia ter direcionado tal missão aos anjos, ou Ele mesmo poderia continuar cumprindo-a, mas Ele responsabilizou a Igreja a fazê-lo. Vale lembrar que os resultados da evangelização estão nas mãos do Espírito Santo; e, não, do evangelista (1 Coríntios 3:6-9). Evangelização é a Igreja em ação, comunicando ao mundo as “boas-novas de salvação”.

EVANGELISMO

            A palavra “evangelismo” não aprece no Novo Testamento. A partícula final “ismo” denota “sistema”. Isso significa que evangelismo envolve princípios, métodos, estratégias e técnicas empregadas na ação efetiva de evangelizar. E também reúne os recursos e fornece as ferramentas que a evangelização utiliza para realizar o seu objetivo. Podemos definir que o evangelismo é a metodologia da evangelização.

            O objetivo da evangelização, que é levar o pecador a Cristo pela salvação, é devidamente esquematizado pelo evangelismo, que estrutura a verdadeira teologia da salvação para que esta não descambe para outros objetivos. Ou seja, o evangelismo fornece à evangelização as condições adequadas para alcançar a pessoa que precisa da salvação, com toda a bagagem cultural e no contexto em que ela está inserida.

            Muitas pessoas sabem o que é o Evangelho, entendem a necessidade de evangelizar, mas não compreendem o sentido de evangelismo. Por isso, os resultados das ações evangelísticas não surtem muitos resultados.

            Vejamos com atenção um exemplo prático. “Depois disso, o Senhor designou outros 70 e os enviou, de dois em dois, para que o precedessem em cada cidade e lugar aonde ele estava para ir” (Lucas 10:1). Notemos que Jesus tinha em mente uma grande campanha evangelística. Havia muitas cidades em que iria pregar, mas Ele não fazia nada de forma desordenada. Assim, separou um grupo, dividiu-o em duplas e, organizadamente, instruiu sua equipe. Eles sabiam aonde iam, que mensagem pregariam e que sinais fariam. Perceba a estratégia de Jesus para a evangelização daquela região. Quando Ele chegasse às cidades para pregar o Evangelho, o terreno já estaria preparado. Isso é evangelismo.

            O Evangelismo utiliza-se de métodos e estratégias para que a evangelização alcance o seu objetivo. E coloca o Evangelho dentro do contexto em que será pregado, sem perder a essência da mensagem. Vejamos outro exemplo bíblico e prático sobre isso. “Então, Paulo, levantando-se no meio do Areópago, disse: Senhores atenienses, em tudo vos vejo acentuadamente religiosos; porque, passando e observando os objetos de vosso culto, encontrei também um altar no qual está inscrito: AO DEUS DESCONHECIDO. Pois esse que adorais sem conhecer é precisamente aquele que vos anuncio”. (Atos dos Apóstolos 17:22-23) Nesse caso, Paulo estrategicamente se aproximou dos atenienses, contextualizando o Evangelho à realidade dos ouvintes. Ele não os acusa de idólatras, mas os chama de religiosos zelosos. Dessa forma, oportuniza a entrada do Evangelho naquele lugar e, como resultado da estratégia, ou seja, do evangelismo, muitos se converteram (17:34).

CONCLUSÃO

            A Igreja é chamada a evangelizar, e sua principal missão é essa. Sua arma é o Evangelho, que é o poder de Deus manifestado a toda a criatura. Somos os porta-vozes que anunciam as boas notícias em tempos de guerra e, “como está escrito: quão formosos são os pés dos que anunciam coisas boas” (Romanos 10:15).

Para isso, precisamos nos capacitar pela ação do Espírito Santo, na busca pelo conhecimento da Palavra de Salvação, exercendo, de forma sábia, toda estratégia que viabilize a divulgação do Evangelho. Conhecendo, a partir de agora, a diferença entre “Evangelho”, “Evangelização” e “Evangelismo”, poderemos colocar em prática tudo o que aprendermos nas unidades seguintes, tendo a certeza de que Deus fará frutificar o trabalho das nossas mãos (1 Coríntios 3:6-9).