Texto de Estudo

Porque o SENHOR é o nosso Deus; ele é o que nos fez subir, a nós e a nossos pais, da terra do Egito, da casa da servidão, e o que tem feito estes grandes sinais aos nossos olhos, e nos guardou por todo o caminho que andamos, e entre todos os povos pelo meio dos quais passamos. E o SENHOR expulsou de diante de nós a todos esses povos, até ao amorreu, morador da terra; também nós serviremos ao SENHOR, porquanto é nosso Deus. Então Josué disse ao povo: Não podereis servir ao SENHOR, porquanto é Deus santo, é Deus zeloso, que não perdoará a vossa transgressão nem os vossos pecados.

Josué 24:17-19

 

                                                      INTRODUÇÃO

            Como você gostaria de ser lembrado, no ministério de Cristo, quando sua vida findar? Quais as marcas ou impressões que você gostaria de deixar para as próximas gerações da Igreja? Estamos ambientados em uma sociedade em que há um verdadeiro culto á vida, parece que a todo o momento devemos estar alegres, apresentarmo-nos joviais, independentemente da idade, com vidas perfeitas, famílias ideais, filhos maravilhosos a todo tempo e amigos que nunca falham, além de uma saúde de ferro. A vida que nos é proposta por esta cultura pop e todos os seus interesses, mais parece um grande comercial de margarina, de modo que mesmo dentro da Igreja, quando tratamos de assuntos sobre morte, a não ser que seja a de Cristo, problemas familiares, tristezas, tormentos e as mais variadas questões, em algumas oportunidades parecem um grande tabu.

Nossa lição de hoje é baseada na despedida de um dos grandes líderes de Israel, Josué. Sua vida é um grande exemplo para nós, pois desde a sua ascensão até o termino de seu ministério, ele sabia que todo o sucesso do povo de Deus encontrava-se fundamentado na fidelidade e confiança no Senhor. Mesmo o sendo o sucessor de Moisés e um dos únicos, juntamente com Calebe, que saíram do Egito e ingressaram na Terra Prometida, Josué tinha a consciência que sua vida e liderança, assim como de seu antecessor Moisés, eram efêmeras, todavia o Senhor de Israel e sua Aliança eram eternas. Por isso no capítulo 24 ele convoca Israel para reconhecer os  grandes feitos do Senhor e para compreender a aliança que lhes é oferecida para ser renovada em Siquém.

 

 

 

 

REMEMORANDO A GRAÇA DE DEUS

O texto dá-se início com o suserano se identificando para seus vassalos, neste caso o suserano é o Senhor, o Deus de Israel. Essas palavras também foram utilizadas na introdução da explicação divina sobre a existência do pecado em Israel quando da derrota em Ai (Josué 7:13). Mais uma vez estas palavras destacam a importância da ocasião e a lição de que uma vida futura da nação de Israel bem como nossa vida com Deus depende essencialmente de ouvir o que o nosso Senhor tem a dizer.

Josué descreve ao povo que todos os benefícios dados por Deus àquela nação demonstravam também que quando o povo era fiel ao Senhor, alcançava a proteção e o sucesso em todos os seus propósitos, neste caso alcançou conquista da Terra Prometida. A infidelidade à Deus no passado somente levou o povo do Senhor para os mais variados tormentos e perigos, um bom exemplo disto é o longo período que Israel perambulou no deserto por pecar contra o Senhor. Deste modo Josué apresenta um forte argumento em favor da fidelidade para com Deus, ao recapitular a história de Israel desde o patriarca Abraão.  Isso mostra que ser fiel ao Senhor traz muitas bênçãos.

            Josué também demonstra que a iniciativa de agir com graça e misericórdia em favor de Israel até aquele momento, foi sempre de Deus, que os manteve firmes.

O texto do capítulo de hoje mostra Deus rememorando aos Israelitas as ações dele ao longo da História. Podemos identificar, nos primeiros treze versos, quatro grandes períodos sendo destacados, e em cada um deles, Deus é apresentado como o grande protagonista da história de Israel. Sempre descrevendo as ações de livramento pela parte de Deus, cada secção contém uma repetida ênfase em Deus: “eu fiz”.

Vejamos na continuidade deste estudo cada um destes períodos narrados.

 

O PERÍODO DOS PATRIARCAS (V. 2-4)

 

Naor e Terá, os ancestrais dos patriarcas, não serviam ao Senhor de Israel, mas sim  a outros deuses. Em Gênesis 31:53 Labão cita os deuses de Naor e Terá, jurando por tais deuses, garantindo que ele e Jacó não invadiriam o domínio um do outro. É possível que as divindades estejam referindo-se a ancestrais e tenham a ver com herança e direitos de propriedade. Sendo esse o caso, é talvez significativo que “dalém do rio” seja mencionado duas vezes (vv. 2,3). Esse rio é o Eufrates e refere-se à pátria dos ancestrais de Abrão. Portanto quando Deus tomou Abraão de “além do rio”, foram destituídos todos os laços das divindades ancestrais, diferentemente de Labão que permaneceu em Harã. Deus inicia a sua obra com Abraão o moldando para adora-lo exclusivamente. No versículo 14 Josué apresenta o mesmo desafio à sua geração.

O Senhor é o único responsável por cada geração dos patriarcas e, portanto, não são figuras a serem adoras ou veneradas, mas sim o Deus que esteve no controle de tudo desde o princípio, mesmo à ida ao Egito.

 

O ÊXODO (V. 5-7)

 

As ações de Deus para a libertação de Israel no Egito foram fantásticas.

Josué descreve que foi o próprio Senhor que “feriu o Egito” e protegeu Israel do exército egípcio lançando o mar sobre o inimigo. O livramento veio da parte do Senhor e foi necessário que Israel entendesse que Deus era capaz de agraciar seu povo com a vitória diante de qualquer inimigo. Talvez seja por isso que não há nenhuma menção sobre os milagres da travessia do Mar Vermelho nem o suprimento de maná, pois o intuito da narrativa em Josué é destacar os atos soberanos de Deus diante dos inimigos de Israel. O relato é concluído com o ingresso de Israel no “deserto”, preparando para a próxima fase da vida da nação israelita.

 

 

AS VITÓRIAS NA TRANSJORDÂNIA (V. 8-10)

 

Nos versículos oito a dez são narrados os acontecimentos que estão descritos em Números 21 a 24. Em Números 21 vemos que os amorreus povovam a região a leste do mar Morto. A afirmação de que Israel conquistou a terra dos que pertenciam aos amorreus (possuístes a sua terra) utiliza o mesmo verbo usado no capítulo 14 de Josué possuindo a terra a oeste do Jordão. Esses dois territórios constituem as terras das tribos de Israel. O capítulo 22 demonstra que todo Israel, de ambos os lados do Jordão, servem a um único Deus.

A narrativa sobre Balaque e Balaão é relatado também em Números 22 e destaca como Deus transformou em benção a possível maldição do profeta.

O Senhor resgatou Abraão de outros deuses, livrou Israel do poderoso exército egípcio e converteu o poder de um profeta para seus propósitos livrando seu povo.

 

A CONQUISTA DA TERRA PROMETIDA (V. 11 -13).

 

Assim como ocorreu com a narrativa dos eventos na Transjordânia, o texto demonstra que era o inimigo quem começava a batalha: pelejaram contra vós” (v.11) e mais uma vez Deus concedeu a vitória ao seu povo: “os entreguei nas vossas mãos”. O trabalho do povo foi somente ingressar em Canaã, ocupando e recebendo suas riquezas.

 A concessão da terra e de suas riquezas a Israel demonstra a graça de Deus para com seu povo. O versículo 13, à semelhança Deuteronômio 6:10-11, descreve o cumprimento de todas as promessas do Senhor que Israel recebeu gratuitamente de Deus. Algo que podemos destacar é que Josué foi testemunha viva de pelo menos três dos quatro períodos citados.

Dois fatos são enfatizados nesta recitação dos eventos passados. Em primeiro lugar, estes feitos se tornaram realidade “não com a tua espada, nem com o teu arco” (v.12). Israel não tinha base para se gloriar da bravura de seus guerreiros (cf. Deuteronômio 9:5). Tudo isso aconteceu “não por força, nem por violência, mas pelo meu Espírito, diz o Senhor dos Exércitos” (Zacarias 4:6). Por todo o relato fica claro que Deus é o agente por meio de quem o sucesso é alcançado. Qualquer derrota sofrida pelo povo foi resultante de se ignorar o plano de Deus.

Para nós cristãos, que conhecemos a Bíblia, já em sua plenitude de textos, notamos que a graça de Deus está presente em todos os momentos de seu povo, culminando com a maior dádiva que é a Salvação em Jesus Cristo.

 

O SERVIR

Após estabelecer a bases da lealdade ao Senhor por meio dos eventos passados na história de Israel, Josué apresenta de que modo aquela lealdade deveria ser manifestada. Geralmente as estipulações da aliança com Deus são encontradas nas leis, o livro de Deuteronômio nos capítulos 12  a 26 são um bom  exemplo disto, porém em Josué 24 estas estipulações assumem o formato de diálogo entre o próprio Josué e os Israelitas sobre a lealdade deles a Deus. Josué desafia o povo a escolher quem eles gostariam de servir: o Senhor ou os demais deuses.

A proposta é a devoção exclusiva a YAHWEH.  Nesta passagem “servir” (heb. ‘bd) ao Senhor é repetido sete vezes. Quatro vezes é destinado a Israel, sendo que duas vezes Josué ordena-lhes servirem ao Deus de Israel e outras duas vezes desafia Israel a escolher a quem servirão; em outras duas vezes aos deuses ancestrais dos patriarcas de além do Eufrates aos quais serviram vossos pais dalém do Eufrates e a sétima Josué conclui entregando a si mesmo e sua casa ao Senhor independentemente da decisão dos Israelitas.

O fato de Josué propor ao povo a escolha de a quem servir pressupõe que no meio deles havia aqueles que, por um motivo ou outro, “pareceria mal servir ao Senhor” (v.15). A questão colocada por Josué, claramente sugere duas coisas: Em primeiro lugar, que é a vontade de Deus que cada um de nós faça da religião nossa escolha séria e determinada. Devemos ver a questão de maneira imparcial, pesar as coisas em uma balança, e então determinar o que realmente achamos verdadeiro e bom. Temos que nos comprometer a viver uma vida de santidade, não meramente porque não conhecemos outro caminho, mas porque realmente, após uma investigação profunda, não encontramos nada melhor. Em segundo lugar, percebemos que a religião tem motivos e equidade tão auto-evidentes, que pode ser seguramente apresentada a todas as pessoas que se permitem ter uma opinião livre para escolhê-la ou rejeitá-la. Porque os aspectos essenciais dessa questão são tão evidentes, que nenhuma pessoa ponderada pode deixar de fazer uma escolha. O caso é tão claro, que se resolve por si mesmo. Talvez .Josué tenha se proposto, ao colocá-los diante de uma escolha, investigar se havia alguém que, diante de uma oportunidade tão justa, mostraria frieza ou indiferença em relação ao serviço de Deus.

Independentemente de qual fosse a decisão do povo, o líder Josué destaca sua escolha: “Eu e a minha casa serviremos ao Senhor”.  Ou seja, com sua família, seus filhos e servos, e aqueles que estavam imediatamente debaixo do seu olho e cuidado, da sua inspeção e influência, Josué serviria a YAHWEH. 

Para nós cristãos a declaração de Josué é um exemplo de como podemos dar testemunho da nossa fé mesmo que isso seja impopular. Há no Novo Testamento os exemplos de Estêvão (Atos dos Apóstolos 7) e Paulo (Atos dos Apóstolos 9:20-25), cristãos que confessaram sua fé mesmo em situações em que eram a minoria. Como tradição, Josué erigiu uma pedra testemunha, algo já visto na travessia do Jordão (4:1-9). Era comum utilizar divindades para serem testemunhas de tratados, no entanto como Israel só reconhecia o Senhor como Deus, não podiam invocar outras divindades como testemunhas. A pedra serviu como memorial duradouro, como sinal da aliança realizada com Israel. Após a aliança feita em Siquém, o final do livro de Josué narra sua morte aos 110 anos de idade.

 

CONCLUSÃO

Josué teria muitos motivos para se enaltecer, pois teve um ministério de sucesso: o povo servia a Deus enquanto estava sob sua liderança, venceu grandes batalhas, obteve grandes conquistas e foi uma das as únicas pessoas que saíram do Egito e ingressaram na Terra Prometida. Porém, já no final de sua vida, tendo vivido experiências ímpares, reuniu o povo e humildemente reconheceu que tudo que Israel conquistou provinha de Deus.

Em 1 Coríntios 3:6-7 Paulo diz: “Eu plantei, Apolo regou; mas Deus deu o crescimento. Por isso, nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento”. Embora este texto tenha sido escrito por Paulo muito tempo depois o cerne desta mensagem já era uma realidade no coração de Josué. A declaração de que “ele e sua casa serviriam ao Senhor” nos ensina que em nosso relacionamento com Deus, devemos nos esquecer de nosso passado e caminharmos para o alvo, e não importa quantos anos de serviço você já tenha oferecido à Deus, o mais importante é o que você ainda tem a oferecer. Moisés e Josué se foram, todavia, a obra do Senhor prosseguiu e continuará prosseguindo. Nós também passaremos e nossos ministérios serão conduzidos por outros. O fato é que não importa quais sejam as nossas habilidades, o tamanho de nosso ministério ou coisas do gênero, nosso papel nesta vida é vivermos como Josué, sendo fortes, corajosos e tendo todo cuidado para levarmos uma vida de acordo com os desígnios de Deus, pois como já disse nosso Mestre: “Quem quiser ser o primeiro entre vós, será vosso servo” (Mateus 20:27)

 

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