Texto de Estudo

Mateus 13:30:

30 Deixai crescer ambos juntos até à ceifa; e, por ocasião da ceifa, direi aos ceifeiros: Colhei primeiro o joio, e atai-o em molhos para o queimar; mas, o trigo, ajuntai-o no meu celeiro.

INTRODUÇÃO

O pequeno texto que estudaremos nesta semana, muito conhecido como O Joio e o Trigo, ajudar-nos-á a entender mais o mundo em que vivemos, nosso papel no mesmo e a luta entre o bem e o mal, que busca atrair cada um de nós. 

Jesus, por meio de uma linda parábola, demonstrou-nos um pouco mais do Reino dos Céus e das buscas pessoal e individual que cada um deve empreender. A porta para esse novo mundo é estreita, e devemos seguir pelo caminho reto, em meio a tantas ilusões e semeaduras feitas pelo mal. 

Aproveitemos o estudo para avaliar os diversos aspectos de nossa vida como cristãos, situando-nos nesta época tão difícil, cheia de “pós-modernismos” e de “relativismos”, abrindo ainda mais nosso coração e a mente às mensagens do Salvador. 

 

O BOM E O MAU SEMEADOR (Mateus 13:24-25)

Jesus, assentado em um barco no Mar da Galileia, ensinava a multidão, que o ouvia da praia. O assunto era novamente o Reino de Deus. Nosso Mestre usava a parábola como forma de ensinar a um povo que ele mesmo definia como de coração endurecido. 

Essas pessoas, cujo entendimento tinha sido estupidificado pela religião distorcida dos escribas e dos fariseus, de forma controversa, assistiam a todo o entendimento que tinham sobre o Reino dos Céus ser destruído e redefinido por Cristo Jesus. Era preciso ser o último para ser o primeiro; ser o menor para tornar-se o maior. Logo, a certeza que tinham do que deveria ser feito para alcançar a salvação caía por terra a cada palavra de Jesus.  

O Joio e o Trigo (Mateus 13:24-30) está intimamente ligado à Parábola do Semeador (Mateus 13:1-23) e traz certo paralelismo, iniciando-se assim: “Jesus lhes contou outra parábola, dizendo: O Reino dos céus é como um homem que semeou boa semente em seu campo. Mas, enquanto todos dormiam, veio o seu inimigo e semeou o joio no meio do trigo e se foi.” (Mateus 13:24-25 NVI) 

        Como veremos mais tarde, esta história pode ser considerada escatológica, pois traz uma alusão clara aos eventos finais. Jesus revela, uma vez mais, verdades de um quadro dramático da luta oculta entre o bem e o mal, e da forma como Satanás invade nossa vida de forma marginal, sempre buscando oportunidades de nos atacar. 

Observemos um detalhe do que nos diz Jesus: existem dois semeadores! O que semeia as boas sementes é o verdadeiro dono da terra (...em seu campo.); e o outro, que vem enquanto todos dormem, espreitando como ladrão, semeando o mal, fugindo covardemente. Satanás age assim todos os dias, como um ladrão, enquanto dormimos, ou seja, quando estamos nos momentos de “ausência”, sem o estudo diário, sem a comunhão, sem uma relação pessoal com Deus. Por intermédio de nossas feridas e fraquezas, ele tenta encontrar solo fértil e plantar o joio em nosso coração e nos pensamentos. 

 

O JOIO E O TRIGO (Mateus 13:26-28)

       O joio, ou cizânia (cujo nome científico é lolium temulentum), é uma erva daninha, extremamente parecida com o trigo. Praticamente só se diferencia do trigo por ter a espiga preta, enquanto o outro é caramelo. Por ser tão parecido, e praticamente se distinguir apenas após crescido – difícil até mesmo para especialistas –, o joio é conhecido como o “falso trigo”, em muitas regiões do planeta. Sua utilização como alimento tem propriedades deletérias; em muitas culturas, é considerado um veneno e, daí, entendemos claramente a comparação feita por Jesus Cristo. Ele explicou-nos melhor o significado desta parábola no Evangelho segundo Mateus, conforme segue: 

 

Então, ele deixou a multidão e foi para casa. Seus discípulos aproximaram-se dele e disseram: "Explica-nos a parábola do joio no campo". Ele respondeu: “Aquele que semeou a boa semente é o Filho do homem. O campo é o mundo, e a boa semente são os filhos do Reino. O joio são os filhos do Maligno, e o inimigo que o semeia é o diabo. A colheita é o fim desta era, e os encarregados da colheita são anjos. "Assim como o joio é colhido e queimado no fogo, assim também acontecerá no fim desta era. O Filho do homem enviará os seus anjos, e eles tirarão do seu Reino tudo o que faz tropeçar e todos os que praticam o mal. Eles lançá-los-ão na fornalha ardente, onde haverá choro e ranger de dentes. Então, os justos brilharão como o sol no Reino do seu Pai. Aquele que tem ouvidos ouça. (Mateus 13:36-43 NVI)

 

Apenas para resumir o que nos disse Jesus, vejamos a correlação encontrada:

O BOM SEMEADOR = O FILHO DO HOMEM (DEUS)

O CAMPO = O MUNDO

A BOA SEMENTE = OS FILHOS DE DEUS

O JOIO = OS FILHOS DO MALIGNO

O MAU SEMEADOR = SATANÁS

A CEIFA = A CONSUMAÇÃO DOS DIAS

OS CEIFEIROS = OS ANJOS

 

          Deus preparou o mundo como um grande campo e plantou apenas sementes boas, que são os filhos do Reino. Porém, o inimigo, Satanás, trouxe as sementes más, representando os filhos do maligno, que se misturaram à criação de Deus. No primeiro momento, a parábola pode nos dar a impressão de que existem dois tipos de indivíduos no mundo, os bons e os maus. Os primeiros teriam sido criados por Deus; e os outros, por Satanás. Entrementes, isso não é totalmente correto, e as Escrituras não nos ensinam que Deus criou essencialmente os homens bons. Ele criou todos nós, seres humanos! Nós somos como vasos em constante mudança, formação e construção, sob as mãos do oleiro. Somos artesanato divino e podemos ser regenerados pela obra constante do Santo Espírito de Deus em nossas vidas.  Os aqui chamados de maus são aqueles que Satanás corrompeu, usados para influenciar os que comungam com o Pai misericordioso. 

Devemos ter cuidado com as falsificações de Satanás; ele possui “falsos crentes” (2 Coríntios 11 :26) que acreditam num evangelho falso (Gil :6-9). Estimula uma falsa justificação (Romanos 10:1-3) e tem até mesmo uma igreja falsa (Apocalipse 2:9). No final dos tempos, chegará ao cúmulo de produzir um falso cristo (2 Tessalonicenses 2:1-12). Outrossim, devemos permanecer alertas para que os ministros de Satanás não se infiltrem e causem estragos na congregação dos cristãos verdadeiros. (2 Pedro 2; 1 João 4:1-6) Quando o povo de Deus cochila, Satanás põe-se a trabalhar.  

Observemos que, nos versos 26 e 27, os servos do dono da casa reconhecem o joio, que cresce em meio ao trigo, apenas após os mesmos terem produzido frutos. Assim somos todos nós, reconhecidos pelas atitudes e pelos frutos. Esses mesmos servos, porém, questionam o Senhor, por ter certeza de que não teria ele plantado aquelas sementes. De onde vem o joio, já que o Senhor utiliza apenas sementes boas? E o dono da casa responde, imediatamente: um inimigo fez isso. É interessante aplicar tal citação aos nossos dias! Muitas vezes, perguntamo-nos como Deus permite isso, ou aquilo, sem nos lembrarmos de que fomos nós que, descansadamente, permitimos que o maligno semeasse nossas vidas com desejos e pecados. No verso 28, encontramos uma pergunta interessante dos servos ao dono da casa: queres que arranquemos o joio?

 

CRESCENDO JUNTOS (Mateus 13:29-30)

       Observemos que, em resposta à pergunta dos servos, no verso 29, o dono da Terra não permite que arranquem o joio, pois não quer que o trigo seja retirado por engano (ou pisoteado enquanto limpam a plantação). Ele quer que as duas plantações cresçam juntas; no momento correto, durante a colheita, os ceifeiros ajuntarão primeiramente o joio, que será queimado, e depois o trigo, que irá para o celeiro. Na consumação dos dias, os ceifeiros, anjos, separarão os justos (trigo) que irão para os “celeiros” de Deus, dos filhos de Satanás (joio) que queimarão em uma fornalha. Ali haverá choro e ranger de dentes. A mensagem da parábola é muito clara e, uma vez mais, reafirma os momentos finais que enfrentaremos; e nós, Cristãos, devemos esperar que seja o mais breve possível. Existe, porém, um recado muito importante para nossos dias e para a Igreja atual! 

Nossa tarefa não é arrancar os falsos; mas, sim, plantar os verdadeiros (um princípio que não se refere à disciplina dentro da igreja local). Não somos detetives, mas evangelistas! Devemos nos opor a Satanás e expor suas mentiras, mas também precisamos semear a Palavra e produzir frutos onde Deus nos plantou. 

      Os servos que querem arrancar o joio refletem a impaciência de muitos cristãos atuais. Com o pretexto de separar o joio do trigo, ou de manter a pureza do Evangelho e da Igreja, cristãos zelosos têm causado um dano incalculável, julgando e causando o afastamento de outros irmãos.  Muitos alegam que quem deixa a Igreja é porque nunca veio verdadeiramente por Cristo, que não estava buscando a Deus, que não era adorador em espírito e verdade. Jesus ensinou-nos que a disciplina, a obediência às leis de Deus e à sua Palavra são importantes, porém também nos pediu que nossas atitudes sejam encharcadas de amor e de delicadeza. 

A Igreja é, antes de tudo, um hospital! Ali encontraremos pessoas com a vida arrasada pelo pecado, pela falta da presença de Deus, pelo ardil de Satanás. Julgar a beleza de uma planta pela semente, ou saber se ela dará uma linda flor, ou um delicioso fruto, é impossível para o mais experiente semeador, para o mais cuidadoso jardineiro. Apenas Deus sabe o que virá: se joio, se trigo; se será uma figueira infértil, ou um lindo lírio do vale. Sejamos pacientes com as diferenças e com as aparências diversas. Tenhamos tranquilidade com a força motivadora da juventude e com a experiência reveladora dos anciãos. Isso tudo, logicamente, sem permitir que o mal seja semeado em nosso meio. 

Assim como existem os falsos profetas e pastores, há as falsas ovelhas. Do mesmo modo, temos o joio e o trigo. Porém, não podemos ter a pressa de arrancar o que pensamos ser joio, sem a direção do Espírito Santo. Amemos uns aos outros, como Deus nos ama, e esperemos pacientemente em Cristo Jesus, orando por uma resposta divina, sempre que enfrentarmos uma situação de dúvida! 

Gosto das seguintes palavras:

 

Oh, vós cristãos, cujas vidas são boas! Vocês suspiram e bradam ser poucos entre muitos, poucos entre multidões. O inverno vai passar e o verão virá! A colheita será em breve. Anjos virão e poderão separá-los, e eles não cometem erros... Eu contar-vos-ei uma verdade, meus queridos; mesmo nos mais altos cargos, há tanto trigo quanto joio. E entre os leigos, há trigo e joio. Que o bom tolere o mau; que o mau transforme-se e imite o bom. Vamos todos, se pudermos, alcançar Deus; vamos todos escapar do mal deste mundo por sua misericórdia. Vamos procurar bons dias, pois estamos agora em maus; contudo, em maus dias não blasfememos para que possamos alcançar os bons dias.

Agostinho de Hipona 

 

CONCLUSÃO

       O que queremos ser: joio ou trigo? Queremos, mais tarde, estar juntos no celeiro de nosso Divino Semeador, ou queimar arrancados por não servirmos para nada. Assim serão os dias finais; seremos separados como joio e trigo e medidos e julgados da mesma forma que hoje fazemos. Toda a mudança de que precisamos reside apenas naquele que é, e sempre será. 

O estudo diário da Palavra, a comunhão com os irmãos, a oração diária, o “conversar” com Deus de forma íntima e constante aproximam-nos e remete-nos à vida que teremos na Jerusalém celestial “quando, então, veremos face a face”. Essa disciplina na vida espiritual e a constância em nossa relação pessoal com Deus, que nos quer antes de tudo como “amigos”, afastam-nos da semeadura de Satanás e permite que sejamos reconhecidos pelos bons frutos. Sejamos constantes e pacientes na obra e uns com os outros.

Deus abençoe-nos!