Texto de Estudo

Isaías 3:1:

1 PORQUE, eis que o Senhor, o SENHOR dos Exércitos, tirará de Jerusalém e de Judá o sustento e o apoio; a todo o sustento de pão e a todo o sustento de água;

 

INTRODUÇÃO

            A riqueza do Livro do profeta Isaías, dentre as várias mensagens e ensinos, fundamenta-se nos conceitos de justiça e de juízo. Uma justiça no Messias vindouro, que é o desfecho de uma justiça que traz salvação. Um texto que aponta para o Dia do Senhor, o Dia da Ira ou do Julgamento; não apenas uma relação de mandamentos, conselhos, proibições e consequências presentes e futuras.  Antes de tudo, é uma mensagem de cuidado e amparo do Justo Juiz ao seu povo que, muitas vezes, comportou-se de forma rebelde e teimosa; por isso, foi ensinado por meio de experiências duras e sofridas.

            Os alertas e avisos do profeta tinham o sentido de corrigir o comportamento do povo, restaurar a relação com o Senhor dos Exércitos, o Soberano da Nação. Uma correção para o bem, pois a aproximação com a vontade de Deus é para o bem do povo, para o bem de todos que “chamam pelo seu Nome”. A correção era para que as pessoas não se igualassem aos avarentos, agoureiros, idólatras e os que praticavam toda a sorte de pecados e injustiças.

            O contexto da cidade de Jerusalém sitiada não abalava o comportamento dos líderes e do povo. Uma liderança decaída, sem unção e longe da vontade de Deus levava o povo ao mesmo caminho de afastamento dos mandamentos e da queda. No caso de Jerusalém, a necessidade de justiça e justificação era clara; a vaidade e a vida pecaminosa mostravam-se como afronta a tudo que Deus havia determinado para o povo que deveria refletir a vontade do Único e Verdadeiro Deus para todos os outros povos.

 

O RESULTADO DE UM COMPORTAMENTO CONTRÁRIO À VONTADE DE DEUS

            Os primeiros versículos do capítulo 3, nos versos 3 a 5, de Isaías, trazem a primeira consequência para quem tem uma liderança afastada do Senhor. O povo tinha uma liderança inexperiente e estulta, comparável às crianças que não têm discernimento. Esses líderes seriam arrancados das suas posições, e a anarquia iria predominar (vv. 6-7).

            O povo pecava de maneira desenfreada, comparável à cidade de Sodoma. A insistência nesses comportamentos levou-o a não ter sensibilidade à Palavra; as pessoas estavam frias e sem unção. O pensamento ficou preso apenas à ostentação, aos vestuários, aos bens materiais. Os mandamentos e a devoção estavam distantes do coração do povo, conforme podemos perceber pelos versos 9 e 16 a 24, do capítulo 3.

            Se comparado o comportamento do povo com o da Igreja deste século, devemos notar tristes semelhanças. Vê-se uma igreja sitiada pelo mundo, com uma filosofia anticristã, materialista e hedonista. Ela está sendo influenciada por alguns aspectos da cultura de um mundo decaído. A teologia da prosperidade, a ideia de que Deus está sempre pronto para servir ao homem, bastando que ele ordene, afasta o homem da vontade divina, colocando-o no centro da própria vontade. Além disso, tem-se visto a liberalidade e um suposto humanismo, criando frequentadores de igreja que só pensam em seu benefício. O pensamento está centrado no homem e na sua felicidade. A felicidade é o alvo; e, não, a vontade de Deus. Acrescente-se que, para alguns cristãos deste século, a felicidade buscada pode ser contrária à Palavra, pois Deus preza a liberdade. Os mandamentos não são para nossa vida; mas apenas recomendações que podem ser mudadas pela conveniência e pelo desejo do homem que se diz cristão. Esse pensamento torto só gera afastamento e pecado, levando a Igreja a padecer de ausência de unção.

            Tomando-se como exemplo a guarda do quarto mandamento, pode-se verificar que foram inventadas teses, verdadeiros malabarismos interpretativos, para não criar o inconveniente de não se trabalhar, comprar e fazer as demais coisas ordinárias da vida no dia separado por Deus, o sábado. Mudam-se os mandamentos para justificar a ambição, a avareza, a busca pelo poder e o conforto.

            É de se notar que Deus, que é justiça, apresenta para o povo de Jerusalém a consequência dos seus atos e comportamentos. Os “ais” serão resultado imediato para o afastamento e a indiferença à vontade daquele que era o Senhor do povo. Os “ais” revelados ao profeta são para o povo em primeiro lugar e para toda a humanidade decaída, na vinda do Messias e no julgamento do Dia do Senhor que, neste contexto, equivalem-se.

            A devastação, a morte, a morte de homens; enfim, o luto será a marca para eles. A ausência de homens levará ao desespero as mulheres, que lutarão para ter um homem para elas, significando a ausência de amparo, provimento, proteção e deleite para o povo, como está descrito nos versos 24 e 25, do capítulo 3, e também no verso primeiro do capítulo 4. O Dia do Senhor, ou o Dia da Ira do Senhor, trará julgamento e condenação para todos que agiram levianamente, contrários à vontade divina. E, certamente, a justiça traz consequências drásticas a todos que se afastaram da sua vontade. Paradoxalmente, a Igreja cresce em número e afasta-se da Palavra simples, clara e justa do Senhor. Ela tem avançado para um alvo que não é Cristo; mas, sim, o homem. Domina a vontade dos servos; e, não mais, a do Senhor. Mais uma vez, comparando com o povo descrito em Isaías, pergunta-se: o que ocorrerá com a Igreja, com quem se nomina cristão, mas age como antagonista da vontade de Deus?

            Onde se encontra a Igreja? Onde está o “povo de Deus”, aquele que traz a marca do Espírito Santo, conforme o apóstolo Paulo fala na carta aos Efésios, no capítulo 1, nos versos 13 e 14? Resta, ainda, perguntar: como resolver uma situação tão desastrosa? Qual a solução para aquele povo diante de tamanha destruição e desolação?

 

A ÚNICA SOLUÇÃO: O MESSIAS VINDOURO, O RENOVO DO SENHOR QUE VEM DE JUDÁ (CAP. 4)

            A resposta para a pergunta do item anterior é uma só: o Messias é a única solução para a redenção e salvação do povo de Deus. É a única saída ao homem decaído em pecados e perdição, que vive na injustiça.

            A partir do verso 2 do capítulo 4, o profeta Isaías passa a descrever como serão maravilhosos o Reino e a vinda do Messias. Revela que Judá será o berço do Renovo[1] do Senhor, aquele que há de vir para trazer bênção e libertação ao povo e a todos que, crendo nele, viverem de acordo com a sua vontade. O dia será glorioso e belo; trará a alegria e a glória aos sobreviventes ou remanescentes da terra de Israel.

Eis uma alusão clara aos separados, santos, os que seriam poupados da ira e justiça do Senhor. Nesse sentido, os remanescentes herdarão a Terra, permanecerão em Jerusalém, serão chamados santos e viverão para sempre na Cidade do Senhor (4:2). O que se pode afirmar é que há uma esperança de vida e salvação. Essa revelação deve ser aplicada a todas as épocas, até a vinda do Messias. A esperança é para quem espera no Senhor, que anda nas boas obras que ele preparou, que foi salvo pelos méritos de Cristo, conforme está escrito em Efésios 2:8-10.

            O profeta continua a revelação do Dia do Senhor, afirmando a reparação e a santificação efetuadas por Deus, quando diz que “as impurezas das filhas de Sião serão limpas” por meio do Espírito de Julgamento. Do mesmo modo, todo o sangue será limpo de Jerusalém pela ação do Espírito de fogo. Essa purificação profetizada é confirmada por João Batista, no Evangelho de Mateus, quando diz que virá o que batizará com Espírito Santo e fogo (Mateus 3:11). O fogo é o purificador, uma alusão à purificação pelo fogo, como no ouro e nos demais metais preciosos.

            A salvação e a misericórdia andam sempre acompanhadas da justiça de Deus. Não há como separar! O Deus da justiça, o Justo Juiz, é o Deus de amor e misericórdia. O que adverte e admoesta é, também, o Deus que perdoa, propiciando salvação para todos que, se arrependo dos seus atos, aproximam-se da sua vontade. Tal aproximação ocorre por meio da ação do seu Espírito, que convence do pecado, da justiça e do juízo (João 16 7-11).

            Assim, o Dia do Senhor é o dia em que sua presença manifestar-se-á para o povo (Isaías 4 5- 6). A glória de Deus é proteção e amparo para o seu povo. Durante o dia, manifestar-se-á como uma nuvem; à noite, mostrar-se-á como uma presença luminosa, uma coluna de fogo.

            Diante da revelação dada a Isaías, não se pode deixar de confirmar que Deus sempre é escudo e proteção para os seus. A Igreja não pode prescindir da presença divina, deixando de cultuá-lo, adorá-lo, afastando-se dos seus mandamentos e da sua vontade. Há que se estar atento ao que a Palavra ensina e exorta.

O Espírito Santo conduz os crentes em santificação. Para tanto, é necessário que os crentes no Senhor abandonem as mentiras do mundo e a dos falsos profetas que se manifestam nos tempos modernos, ou pós-modernos, como preferem alguns teóricos. A Igreja deve estar atenta para que o mundo não entre de forma sorrateira, aproximando conceitos e valores, adaptando a Palavra às vãs filosofias que colocam o homem e sua vontade no centro dos acontecimentos e da vida. O fato é que não se pode ser amigo do mundo, com seus conceitos e valores, e adorar ao Deus Todo-Poderoso, nossa Salvação, Nosso Criador, manifesto em Nosso Senhor Jesus Cristo. Aquele que é amigo do mundo é inimigo de Deus, conforme é dito pelo apóstolo Tiago (Tiago 4:4)

            As admoestações ao povo da época de Isaías são completamente aplicáveis aos nossos dias. A salvação, naquele tempo, é a mesma de hoje. Jesus é o mesmo ontem, hoje e eternamente. O Renovo do SENHOR é a fonte da nossa alegria, do regozijo, da salvação e da esperança. A Igreja deve clamar pela volta do Senhor, pelo Dia do Renovo do SENHOR. Maranata!

 

O POEMA DA VINHA E OS “AIS” - O JUÍZO CONTRA OS HOMENS MAUS E UM ALERTA PARA TODOS (CAP. 5)

Por conseguinte, analisemos o poema da vinha. O amigo da vinha, vinhateiro, fez tudo que podia pela vinha, que foi tratada da melhor forma possível. Foram elaborados os trabalhos para que ela pudesse produzir muito e bem. Nada deixou de ser feito. O amigo da vinha cuidou de todos os detalhes. No entanto, o resultado foi uvas bravas, amargas, impróprias ao uso. E surge a pergunta: “Que mais podia ter feito pela minha vinha que não tenha feito? Julgai, ó povo de Judá!”. Isso é descrito nos versos 1 a 7 do capítulo 5 do livro de Isaías. O profeta revela quem é o vinhateiro e quem é a vinha. O vinhateiro é o SENHOR; e a vinha, a casa de Israel (v. 7).

            Esse poema profético, segundo alguns comentaristas, cumpriu-se em Cristo. Há aqueles que apontam que o texto foi usado por Jesus quando falou da parábola da vinha e dos lavradores maus, no Evangelho de Mateus (Mateus 21:33-44). Aí, fez alusão a esse texto e também em Lucas 20:9-18, em relação ao Evangelho de João 15 1-17. Adotando-se essa última referência, poderíamos dizer que os ramos enxertados devem dar bons frutos, conforme ordena e adverte o Senhor Jesus, no Evangelho de João, no capítulo 15.

5. Eu sou a videira, vós as varas; quem está em mim, e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer.

6. Se alguém não estiver em mim, será lançado fora, como a vara, e secará; e os colhem e lançam no fogo, e ardem.

7. Se vós estiverdes em mim, e as minhas palavras estiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos será feito.

8. Nisto é glorificado meu Pai, que deis muito fruto; e assim sereis meus discípulos. (João 15:5-8)

            É assim que o Senhor via o povo e vê a sua Igreja e o remanescente da casa de Israel (Romanos 11): uma propriedade sua, uma vinha tratada que deve dar bons frutos. Uma vinha que é podada e cuidada pelo vinhateiro que a ama e espera o melhor. Na medida em que permanecem na videira, os enxertos devem dar frutos. Estar em Cristo é garantia de vida e frutificação. Do mesmo modo, o povo que se santificava e esperava pelo Messias era cuidado, tratado e dava frutos, os remanescentes.

            Desse modo, não há desculpa para os que rejeitam a Palavra que lhes é pregada. Estes, de forma deliberada, afastam-se dos caminhos do Senhor, quebrando seus mandamentos e adorando o deus deste mundo. Devemos obedecer a Cristo, guardando os mandamentos e dando muitos frutos. Haverá juízo para aqueles que matam os emissários do Dono da Vinha e, por último, o próprio filho do dono da vinha, na parábola dos lavradores maus.

            A sequência do texto trata dos “ais” ”- o juízo contra os homens maus e um alerta para todos. Os juízos ou “ais” começam contra os avarentos e acumuladores de bens e poder (v.8). A cobiça é de tal ordem que domina inúmeras terras, e não há mais onde alguém erguer uma casa. O absurdo da ganância e da usura anda junto. Para aqueles que buscam riquezas com esse comportamento, o Senhor admoesta e avisa: tornará desertas muitas casas.

O que se vê, atualmente, é o desespero em acumular e possuir; as pessoas põem sua confiança e esperança nos bens materiais. As expectativas giram em torno da acumulação, sem se importarem com o semelhante. O individualismo é a marca do nosso tempo.

A Igreja não escapou desse pecado, pois foram criadas teorias humanas que colocam Deus como um negociador para o bem do homem. O Deus provedor, na Teologia da Prosperidade, é um deus de barganha. A Igreja, representada por algumas denominações e correntes religiosas cristãs, virou covil de mercadores e ladrões! Ligada a essa angústia de ter, vem a frustração e o vazio de Deus. O homem sem Cristo preenche esse vazio, amortecendo a sua consciência com a embriaguez e as drogas.

            O segundo “ai” trata da embriaguez que domina o homem (v.11). Este se embriaga, desde a primeira hora do dia até a noite, quando busca a bebida para se aquecer. Aqui não se trata de mero alcoolismo, mas de uma disposição de regalar-se com as bebidas e as festas, desprezando todos os “feitos” do Senhor. Não se aplica ao doente que busca cura do alcoolismo, mas àquele que folga com as festas e as bebidas, sem se importar com a busca de Deus, em primeiro lugar.

            Os demais “ais” podem ser agrupados no grupo da soberba e da injustiça. O alerta vai para quem chama o mal de bem, e o bem de mal. São os que praticam a injustiça; pessoas que tratam a luz como trevas. Em nosso tempo, podem-se encontrar intelectuais que chamam a Palavra de Deus de livro repressor e retrógrado. Eles buscam, com todas as forças, desfazer o que é dito pela Palavra; assim, destroem os conceitos de casamento, família, honestidade, fidelidade, amor, entre outros.

            Estes são os mesmos que são sábios aos próprios olhos, que se põem acima dos outros e passam a julgar, subestimar e destruir quem não concorda com suas ideias e teses. Há um comportamento bem comum a essas pessoas altivas: proclamar que religião e religiosidade são para ignorantes. De forma desonesta, misturam conceitos e valores a fim de destruir as definições bíblicas.

O Senhor determina que o fim desses “intelectuais” será definitivo. Não restará “nem raiz nem ramo”, pois sua raiz apodrecerá; e sua flor será levada pelo vento. (v. 24)

CONCLUSÃO

            O mundo assemelha-se a uma repetição de um filme conhecido. Podemos, por meio da Palavra de Deus, vinda pelo profeta Isaías, vislumbrar o comportamento e o modo de vida do mundo atual e, em certa medida, como alguns setores da Igreja aproximam-se desse mundo.

            A devastação e a destruição são iminentes, como foram as de Jerusalém, nos tempos do profeta. O que resta à Igreja é a esperança da proteção e ajuda de Deus e, com certeza e confiança, clamar pela volta do Senhor Jesus. Maranata!

 


 

Related Articles