Texto de Estudo

Tiago 5:15:

15 E a oração da fé salvará o doente, e o Senhor o levantará; e, se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados.

INTRODUÇÃO

Sem dúvida, a oração é um privilégio sublime e sagrado. É maravilhoso saber que, como filhos de Deus, é possível achegar-se a seu trono com liberdade e ousadia e lhe contar nossas necessidades! Tiago menciona a oração em sete ocasiões ao longo de nosso texto de estudo. Nesta passagem vemos a oração que conforta o aflito, a que levanta e conduz o doente à cura física e espiritual, a oração feita uns pelos outros, a oração eficaz e poderosa de um justo, a oração de homens que estão sujeitos a todos os tipos de paixões deste mundo, mas não são do mundo e oram com fervor. 

O cristão maduro ora em meio às tribulações da vida. Em vez de se queixar de sua situação, conversa com Deus sobre ela; e Deus ouve e responde suas orações. "Levar a Deus em oração" é, certamente, uma característica de maturidade espiritual. 

A oração é a força da Igreja de Cristo, pois os cristãos se conscientizam e creem que Deus controla o universo, que tudo está em suas mãos e que a oração move as mãos de Deus. Um cristão maduro é aquele que tem uma vida plena de oração diante das lutas da vida. Em vez de ficar amargurado, desanimado, reclamando, ele coloca a sua causa diante de Deus, que responde ao seu clamor. Tiago é uma carta prática e por isso ele começa e termina esta carta com oração. Desperdiçamos tempo e energia quando tentamos viver a vida sem oração.  

No estudo de hoje vamos entender um pouco mais sobre oração, sob a ótica da epístola Tiago, irmão de Jesus. 

 

A PREPARAÇÃO ESPIRITUAL.

A carta de Tiago fala da paciência na hora do sofrimento, preparando um pano de fundo antes de dar ênfase à oração “sede, pois irmãos pacientes até a vinda do Senhor” (5:7). Ele usa como exemplo a aflição e sofrimentos dos profetas de Deus no passado, que, falando de suas grandezas e mantendo-se firmes, são reconhecidos por bem-aventurados, ditosos, homens de fé. 

Dentro do contexto da perseverança na vida cristã surge a pergunta. “Entre vocês há alguém que está sofrendo?” (v.13). “Sofrendo” é a mesma palavra do versículo 10 (kakopathias, no grego). Inclui perseguição, acidentes, pragas, crise econômica e dificuldades. Alguns desses males externos atingem a população em geral. Mas doença derruba o indivíduo. Deus seleciona um filho dele para sofrer. “Porque acontece isto comigo, e não com os outros?” seria a dúvida suscitada. Tiago recomenda a oração. A oração abre uma janela para o céu, para falar com Deus.  

A oração serve para acalmar o espírito. Ela serve para receber do Senhor sabedoria, de perceber mais claramente que o Senhor é bom e que sua misericórdia dura para sempre, mesmo quando passamos pela tempestade. Pela petição apresenta-se pedidos pelo alívio, mas também espera-se que, por meio da aflição, será possível alcançar os propósitos de Deus na experiência do sofrimento. Uma vez que a Palavra inspirada de Deus afirma: “Sabemos que Deus age em todas as coisas para o bem daqueles que o amam, dos que foram chamados de acordo com o seu propósito” (Romanos 8:28), podemos descansar na infinita sabedoria de Deus que não pode errar.

 

O EXERCÍCIO DA ORAÇÃO

Um cristão maduro é aquele que tem uma vida plena de oração diante das lutas da vida. Em vez de ficar amargurado, desanimado, reclamando, ele coloca a sua causa diante de Deus e Deus responde ao seu clamor. Tiago escreve uma carta prática e, por isso, ele começa e termina esta carta com oração. Desperdiçamos tempo e energia quando tentamos viver a vida sem oração . Sendo assim, Tiago diz que:

1. Devemos orar pelos que sofrem (v. 13). Ao falar sobre a importância da oração, Tiago primeiramente expõe a razão de orarmos, a saber, por aqueles que sofrem. Sofrendo é a tradução da palavra grega Kakopatheo, que significa: “Sofrer por um infortúnio, passar por problemas, suportando-os pacientemente”.  Ninguém gosta de perder, seja em um jogo, ou perder um objeto, um grande amor, e principalmente a perda pela morte. Este tipo de perda nos leva a buscar mais respostas em Deus, nos causa um sofrimento profundo e doloroso. Por isso, Tiago nos recomenda orar pelos que sofrem, porque muitas vezes eles mesmos não têm forças para orar. 

A oração pode remover a aflição, se essa for a vontade de Deus. Mas a oração também pode dar a graça necessária para suportar as dificuldades e usá-las para realizar a vontade perfeita de Deus. Deus pode transformar tribulações em vitórias, mas pode também dar maior graça para suportar as adversidades. Paulo orou pedindo que Deus mudasse as circunstâncias, mas, em vez disso, Deus deu ao apóstolo a graça de que precisava para transformar sua fraqueza em força (2 Coríntios 12:7-10). Jesus orou no Getsêmani pedindo que o cálice fosse removido, mas isso não aconteceu; no entanto, o Pai deu-lhe as forças necessárias para padecer na cruz e morrer por nossos pecados. 

2. Devemos orar pelos enfermos (v. 14-16). Tiago faz nova inquirição: “Está alguém entre vós doente?” Aqui está em foco as enfermidades físicas, as patologias do corpo. Jesus demonstrou isto claramente aos seus discípulos. Tiago, ao falar sobre orar pelos enfermos, tinha como base os ensinamentos do Mestre. Jesus nunca despediu alguém que o buscasse com fé, sem uma resposta. Nós não somos como nosso Mestre, não temos o poder que ele tem, mas a instrução é “para chamar os presbíteros da igreja, e orar sobre o enfermo, ungindo-o com óleo, em nome do Senhor Jesus” (5:14), a instrução aqui é para chamar os presbíteros, que devem ser homens de oração, para orar e ungir com óleo. 

É interessante notar que neste texto “não é dito para ficar em seu canto resmungando e pensando: vejamos quanto tempo passará até que alguém tenha a ideia de me visitar”.  Tiago quer que convidemos os visitadores da mesma forma com que chamamos um médico. Jesus conhecia exatamente o sofrimento das pessoas que o procuravam, mas ele queria que as pessoas entendessem o porquê o procuravam. 

É mister também sabermos que Tiago não está apresentando uma fórmula genérica para a cura dos enfermos. Haverá situações em que Deus curará miraculosamente; em outras, o enfermo terá de passar por procedimentos médicos, e em outras, a pessoa enferma será chamada ao descanso eterno. Quais as características específicas desse caso que Tiago descreve? 

a)A pessoa está enferma por causa de algum pecado. No caso em apreço, parece-nos que Tiago está dizendo que a pessoa está doente por causa do pecado (5.15b,16). Nem toda doença é resultado de pecado pessoal, mas o caso mencionado por Tiago parece-nos retratar uma doença hamartia gênica, ou seja, provocada por um comportamento pecaminoso.  Tiago descreve um membro da igreja que se encontra enfermo por estar sendo disciplinado por Deus. Esse é o motivo de os presbíteros da igreja terem sido chamados: o homem não pode ir à igreja confessar os pecados, de modo que pede aos líderes espirituais que venham até ele. Os líderes eram encarregados da disciplina da congregação.  

b)A pessoa confessa seus pecados (v. 16). Na igreja primitiva, os cristãos praticavam a disciplina eclesiástica. 1 Coríntios 5 é um bom exemplo. Paulo diz aos cristãos em Corinto para expulsar da congregação os membros que vivessem em pecado até que se arrependessem de suas transgressões e colocassem a vida em ordem. Algumas versões traduzem o termo “pecados” nesse versículo, por “faltas”, dando a impressão de que os atos são menos perversos. No entanto, Tiago emprega o termo grego hamartia, que significa “pecado” e é usado também em Tiago 1:15 referindo-se, sem dúvida alguma, ao pecado.  

Esta seção oferece algumas lições práticas que não podem ser ignoradas. Em primeiro lugar, a desobediência a Deus pode levar a enfermidades. Em segundo lugar, o pecado afeta a igreja como um todo. Ninguém peca sozinho, pois o pecado costuma alastrar-se e infectar a outros. Esse homem teve de confessar seus pecados à igreja, pois havia pecado contra toda a congregação. Em terceiro lugar, quando o pecado é tratado, há cura (física e espiritual). “O que encobre as suas transgressões jamais prosperará; mas o que as confessa e deixa alcançará misericórdia” (Provérbios 28:13). Tiago escreve: “Cultivem o hábito de confessar os pecados uns aos outros”. Não se deve esconder os pecados nem adiar a confissão. A “confissão” sobre a qual Tiago escreve é feita entre os santos. Os pecados devem ser confessados primeiramente a Deus (1 João 1:9), mas também aos que foram afetados por eles. O pecado privado requer confissão privada; o pecado público requer confissão pública. 

Há uma terapia divina quando há confissão, perdão e reconciliação. A confissão deve ser feita a Deus e à pessoa ou pessoas diretamente implicadas. J. A. Motyer diz que a posição bíblica acerca da confissão de pecados deve ser resumida da seguinte maneira: “A confissão deve ser feita à pessoa contra quem pecamos, e de quem nós necessitamos e desejamos receber perdão” . A mágoa adoece, a confissão traz cura. O ressentimento produz prostração; o perdão, restauração.

c)A pessoa é curada pela “oração da fé” (v. 15). A oração da fé é a oração feita na plena convicção da vontade de Deus. A cura não se dá pela unção, mas sim pela oração. O termo grego traduzido por “ungindo-o”, no versículo 14, é um termo médico e pode ser traduzido por “massagear”. Talvez seja uma indicação de que Tiago sugere que, além de se ungir com óleo e orar pedindo ao Senhor seu toque divino, o enfermo procure os meios disponíveis para a cura. 

Deus pode curar com ou sem esses meios; de uma forma ou de outra, é ele quem opera a cura. A “oração da fé” é uma oração oferecida quando estamos dentro da vontade de Deus. Os presbíteros buscaram a vontade de Deus quanto a essa questão e, em seguida, oraram de acordo com tal vontade. Os que afirmam que Deus sempre cura e que não é da vontade dele que seus filhos fiquem doentes negam tanto as Escrituras quanto a experiência. Mas quando temos a convicção interior da Palavra e do Espírito de que Deus deseja curar, podemos fazer a “oração da fé” e esperar que Deus opere. Convém ter em mente que não se trata de apenas um indivíduo orando, mas sim de todo o conselho de presbíteros – homens espirituais de Deus – buscando a vontade de Deus em oração. 

3. Devemos crer na eficácia da oração (v. 17,18). Tiago conclui o tema sobre oração falando a respeito da eficácia da mesma. A afirmação “muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo” é muito significativa. Tal súplica opera com tanta eficácia que dá lugar a grandes resultados. Tiago ilustra a oração eficaz com a figura do profeta Elias: “Elias era humano como nós. Ele orou fervorosamente para que não chovesse, e não choveu sobre a terra durante três anos e meio. Orou outra vez, e os céus enviaram chuva, e a terra produziu os seus frutos.” (vv.17-18). Elias era um homem que orava, ele conhecia muito bem a eficácia da oração. Por várias vezes, o Senhor o respondeu (cf. 1 Re 17:19-24; 18:36-39; 18:42-46).

É importante observarmos essas últimas duas orações de Elias. Na primeira, Deus o ouviu rapidamente; na segunda, teve que orar por sete vezes. Pense nisso. A oração que transcende o tempo e o espaço, a súplica que nos leva em sintonia com o criador. Não devemos apenas orar, mas ter uma vida voltada à oração.

 

RESGATANDO OS PERDIDOS (Tiago 5:19-20)

Quem são os perdidos? Para Tiago os perdidos são aqueles que se afastaram da verdade. Tiago, portanto, está falando de pessoas que receberam o evangelho e se perderam do verdadeiro caminho que tinham aceitado. William Barclay diz que: “a verdade cristã não é algo que devamos apenas submeter nossa mente, mas uma verdade que requer a totalidade de nossa vida”.  

Há sempre o perigo de uma pessoa se desviar de verdade. “Por isso convém atentarmos mais diligentemente para as coisas que ouvimos, para que em tempo algum nos desviemos delas” (Hebreus 2:1). O resultado desse desvio é pecado e possivelmente a morte (5.20). O pecado na vida de um cristão é pior do que na vida de um não cristão. Devemos ajudar os membros que se desviam da verdade. Essa pessoa precisa ser “convertida”, ou seja, voltar para o caminho da verdade (Lucas 22:32). Precisamos nos esforçar para salvar os perdidos. Mas também precisamos nos esforçar para restaurar os salvos que se desviam. Judas 23 usa a expressão “arrebatando-os do fogo”. 

No fim de sua epístola, Tiago fala da recompensa por perdoarmos os erros uns dos outros, e incentiva a igreja a lutar pelos seus com amor. Quantos irmãos nós conhecemos que se desviaram do evangelho, afundaram no pecado, desistiram de lutar pela verdade? Muitos. E por quantos deles nós temos lutado, feito campanhas de oração, visitas? Poucos. E destes poucos quantos se converteram de seu erro e voltaram à verdade? 

 

CONCLUSÃO

Orar é conversar com Deus, no entanto, em muitas de nossas conversas só nós falamos. Quando não ouvimos o Senhor nos frustramos porque fazemos a nossa vontade e esquecemos o “seja feita a tua vontade” (Mateus 6:10). O apóstolo Paulo orava aos Efésios para que eles atingissem uma maturidade espiritual tamanha, que o homem interior estaria arraigado e fortalecido no Senhor, e este fortalecimento os faria entender que o Senhor “é poderoso para fazer muito mais abundantemente além daquilo que pedimos e pensamos segundo o poder que em nós opera”. 

Tiago, na passagem que estudamos, deu sua última instrução: oração pelos que sofrem, pelos enfermos, e cuidado e restauração para os que se desviam. Nosso coração deve estar cheio de compaixão pelos que sofrem, pelos enfermos e pelos que se desviam, para que nossas orações possam subir ao trono da graça em favor deles.

Com isso, chegamos ao fim do estudo da Epístola de Tiago. Sua ênfase foi sobre a maturidade espiritual. Este pode ser um bom momento para examinar o próprio coração e verificar como está nossa maturidade. Eis algumas perguntas úteis: 

1.Estou me tornando cada vez mais paciente em meio às provações da vida?

2.Brinco com a tentação ou resisto a ela desde o princípio?

3.Alegro-me em obedecer à Palavra de Deus ou simplesmente a estudo e aprendo com ela intelectualmente?

4.Estou preso a algum tipo de preconceito?

5.Sou capaz de controlar a língua? 

6.Sou um pacificador, não um agitador? 

7.As pessoas me procuram em busca de orientação espiritual? 

8.Sou amigo de Deus ou do mundo?

9.Faço planos sem considerar a vontade de Deus?

10.Tratando-se de dinheiro, sou egoísta? Sou fiel no pagamento das contas?

11.Dependo naturalmente da oração quando me encontro em dificuldade?

12.Sou a pessoa que outros buscam para pedir apoio em oração?

13.Qual é minha atitude em relação ao irmão desviado? Critico, faço fofocas a seu respeito ou procuro restaurá-lo em amor?

Não devemos apenas envelhecer, mas sim crescer.