Texto de Estudo

Apocalipse 2:4:

4 Tenho, porém, contra ti que deixaste o teu primeiro amor.

INTRODUÇÃO

A mensagem do Apocalipse foi enviada principalmente “às sete igrejas que se encontram na Ásia” (1:4). Este fato é frisado várias vezes no primeiro e no último capítulo (1:4,11,20; 22:16). Os capítulos 2 e 3 são direcionados especificamente às igrejas, com uma mensagem especial para cada uma delas. Estas sete cartas seguem a forma de decretos imperiais, começando a sua mensagem com a palavra “diz” (gr. legei). Estas cartas foram escritas num formato padrão (saudação, posição de Jesus, avaliação da congregação, apelo à ação, promessa de recompensa aos vencedores), mas o conteúdo de cada uma delas é específico e fala a respeito das necessidades da própria congregação citada. Hoje veremos qual é a mensagem de Jesus à Igreja de Éfeso.

 

A IGREJA EM SEU CONTEXTO

Éfeso era conhecida como a maior, a mais rica e a mais importante cidade da Ásia Menor (hoje Turquia), sendo, também, a capital da província romana naquela região. Destacava-se como centro político, comercial e religioso. A cidade estava em uma posição estratégica. Tinha um porto comercial imenso e agitado, pois a maioria dos navios tinha de passar por seu porto. 

Além de ser rica, tornou-se também um grande centro cultural e religioso. Era uma cidade mística, cheia de superstição e também um dos centros do culto ao imperador. Ali ficava o templo mais importante da deusa Ártemis (Diana dos Efésios, Atos dos Apóstolos 19:35), cujo culto era celebrado com orgias sexuais; e também o templo de Eros, deus do prazer. Éfeso era uma cidade em que a imoralidade estava fortemente presente, em consequência da mescla das mais diferentes culturas. 

Além do misticismo idólatra, havia também a perseguição implacável àqueles que buscavam ser fiéis a Deus. Naquela cidade, como hoje, Satanás usou suas duas táticas prediletas: perseguição e sedução. Oposição ou ecumenismo. Por outro lado, porém, encontrava-se ali uma das mais fortes igrejas cristãs da Antiguidade que, segundo estimativas, chegou a possuir cerca de 50 mil membros. 

Paulo visitou a cidade de Éfeso no final da segunda viagem missionária, por volta do ano 52 d.C. Em sua terceira viagem, permaneceu por três anos na cidade. Houve alguns sinais de avivamento, pois as pessoas que ouviram o evangelho e se converteram a Cristo confessavam publicamente as suas más obras e romperam totalmente com o ocultismo, queimando seus livros mágicos. Assim, o evangelho espalhou-se dali por toda a Ásia Menor (Atos dos Apóstolos 19:1-20). Durante a sua primeira prisão em Roma, Paulo escreveu a carta aos Efésios, agradecendo a Deus pelo profundo amor que havia na Igreja. Timóteo foi enviado para ser pastor da igreja. Mais tarde, o apóstolo João pastoreou aquela igreja. Agora, depois de quase 50 anos da fundação da igreja, Jesus envia uma carta à mesma, mostrando que ela permanecia fiel na doutrina, mas já havia se esfriado em seu primeiro amor. 

 

JESUS SE APRESENTA À SUA IGREJA

A carta é enviada ao anjo da Igreja. Conquanto existam várias interpretações sobre quem seria esse anjo, a interpretação mais coerente, bíblica e historicamente, é a de que o anjo é o pastor da igreja. 

O Senhor se apresenta à Igreja de Éfeso como o único que possui autoridade diante de toda a Igreja. João diz que ele “segura as sete estrelas em sua mão direita” (2:1, TEB). Jesus não só está presente, mas também está segurando a sua Igreja em suas mãos onipotentes. O verbo grego kratein significa “segurar com firmeza, ter totalmente dentro das mãos”. Significa dizer que ninguém pode arrancar-nos das mãos de Jesus (João 10:28).  Esta primeira figura é importante para despertar em nós uma certeza fundamental: o cuidado de não desviarmos nossa dependência do Senhor, confiando nas próprias capacidades pessoais ou em determinados homens. 

Jesus se apresenta como aquele que está presente e em ação no meio da sua Igreja. É aquele “que anda no meio dos sete candeeiros de ouro”. Os candeeiros representam as Igrejas (1:20). O Senhor Jesus Cristo está presente na Igreja, dando-lhe proteção e alento ao seu proceder. Ele anda no meio da Igreja para encorajar, repreender e chamar ao arrependimento. A presença manifesta do Cristo vivo no meio da Igreja é a sua maior necessidade.

 

JESUS ELOGIA A IGREJA POR SUAS VIRTUDES

Jesus também está sondando a sua Igreja. Ele diz: “Eu conheço as tuas obras” (2:2). É como se ele nos dissesse: “Eu conheço a tua conduta. Eu sei tudo a seu respeito”. Jesus nos conhece e tem um conhecimento profundo sobre nós. Ele sonda o nosso coração, sabe quem somos, o que fazemos, o que estamos passando e onde estamos. Não há circunstância em nossa vida que possa escapar ao conhecimento e ao controle do Senhor Jesus Cristo. 

Nada escapa ao olhar do Senhor. Nós podemos, na aparência, demonstrar bondade, docilidade, mas o Senhor não olha para aquilo que é exterior. Ele sonda o nosso coração. Isto representa uma ameaça para os crentes hipócritas, para os fingidos, os pretensiosos, os falsos. Ao mesmo tempo, isso também traz um conforto para nós. Os homens podem não nos valorizar, podem nos desprezar, criticar, mas existe alguém que sabe como nós somos: Deus! 

Jesus destaca três grandes virtudes da Igreja de Éfeso, dignas de serem imitadas por nós:

1. Era uma Igreja fiel na doutrina. Mesmo cercada por perseguição e mesmo atacada por constantes heresias, essa Igreja permaneceu firme na Palavra, contra todas as ondas e novidades que surgiram. Essa Igreja vivia a Palavra. Era firme, zelava pela doutrina recebida dos Apóstolos e não permitia desvio algum, afastando aqueles que tentavam semear confusão ou quebrar a unidade da Igreja, apresentando doutrinas novas. O Senhor Jesus elogia e enaltece a firmeza daquela Igreja e a forma como procurava zelar pela integridade.

A Igreja de Éfeso enfrentava os falsos mestres que se autodenominavam apóstolos, ensinando à Igreja heresias perniciosas (2:2; cf. 2 Timóteo 4:3-4). Ela tinha discernimento espiritual e não tolerava a heresia (2:2) nem o pecado moral (2:6).

O verdadeiro amor por Cristo e o seu povo requer ódio para com o mal, e o Senhor elogia a Igreja de Éfeso por sua firmeza nisso: “Há uma coisa a seu favor: você odeia as práticas dos nicolaítas, as quais eu também odeio” (2:6, NVI). Os nicolaítas foram, com toda probabilidade, um grupo de cristãos que buscava a acomodação com a vida social e religiosa do Império Romano, para não ser excluído de muitas funções sociais. Eles criaram uma nova versão do cristianismo, ao pregar um evangelho liberal, sem exigências nem proibições. Eles buscavam uma vida fácil e cômoda, pois queriam gozar o melhor da igreja e do mundo. Eles viviam uma vida de indulgência desenfreada. Era um grupo que se dedicava à adoração simulada dos ídolos e à fornicação, uma espécie de “amor livre”. Eles estimulavam a imoralidade, ao incentivar os fiéis a comerem comidas sacrificadas aos ídolos e ensinavam que o sexo antes e fora do casamento não era pecado. Mas a Igreja de Éfeso não tolerou a heresia e odiou as obras dos Nicolaítas. 

A chamada igreja evangélica brasileira precisa desta mensagem. Muitos buscam experiência, mas não a verdade. Não querem pensar, querem sentir. Não querem doutrina, querem as novidades, as revelações, os sonhos e as visões. Não querem estudar a Palavra, querem escutar testemunhos eletrizantes. Não querem o evangelho da cruz, buscam o evangelho dos milagres. Prega-se em muitos púlpitos brasileiros outro evangelho, o da prosperidade material, o da cura e o da libertação, mas não se prega o evangelho que conduz à santificação e ao arrependimento.

A Igreja está perdendo a capacidade de refletir. Estamos vendo uma geração de crentes analfabetos da Bíblia, ingênuos espiritualmente. Há uma preguiça mental doentia. Os fiéis engolem tudo aquilo que lhes é oferecido em nome de Deus, porque não estudam a Palavra. Crentes que já deveriam ser mestres ainda estão como crianças agitadas de um lado para o outro, ao sabor dos ventos de doutrina. Correm atrás da última novidade. São ávidos pelas coisas sobrenaturais, mas deixam de lado a Palavra do Deus vivo.

2. Era uma Igreja envolvida com a obra de Deus. A Igreja de Éfeso não era apenas teórica, ela agia. Jesus disse: “Eu sei o que vocês têm feito” (2:2, NTLH). Havia labor e trabalho intenso. A palavra grega usada para obras é kopós, que descreve o trabalho que nos faz suar, que nos deixa exaustos, a classe de trabalho que demanda de nós toda a nossa energia e toda a nossa concentração. 

Éfeso era uma igreja que trabalhava até a exaustão. Era uma colmeia industriosa.  Os fiéis eram engajados na obra e não meramente expectadores. A congregação se envolvia, não era apenas um auditório. A Igreja não vivia apenas intramuros. Não se deleitava apenas em si mesma. Não era narcisista. Por meio dela, o Evangelho espalhou-se por toda a Ásia Menor. 

No Evangelho de João, encontramos os discípulos reunidos com as portas trancadas, com medo dos judeus (João 20:19-21,22). Eles estavam acuados, sem coragem para sair nas ruas. Haviam perdido o desejo de testemunhar. Não queriam assumir os riscos do discipulado. Esse é um retrato da Igreja hoje. Nossas igrejas têm conteúdo doutrinário, mas lhes falta ousadia. São ortodoxas, mas não têm paixão pelas almas. Têm conhecimento, mas não têm ardor evangelístico. Têm boa doutrina, excelente música, mas toda a sua atividade é voltada para dentro, não saem das quatro paredes. São verdadeiros guetos. São sal insípido. Nada fazem e pouca ou nenhuma influência exercem na sociedade em que estão inseridas.

Noventa por cento das atividades da maioria das igrejas destinam-se à própria igreja. São igrejas enroscadas e sufocadas pelo próprio cordão umbilical; igrejas narcisistas, com a síndrome do mar Morto, que só recebem, só engordam; igrejas que alumiam a si mesmas e sonegam a sua luz para o mundo, deixando-o em densas trevas.

3. Era uma Igreja perseverante nas tribulações. Ser crente em Éfeso não era algo popular, pois a cidade era um dos maiores centros do culto ao imperador. Muitos cristãos estavam sendo perseguidos e até mortos por não se dobrarem diante de César. Outros eram perseguidos por não adorar a grande Diana dos Efésios. Outros, ainda, estavam sendo seduzidos pelos ensinos dos falsos apóstolos. Mas os crentes fiéis estavam prontos a enfrentar todas as provas por causa do nome de Jesus. Eles não esmoreciam. O verbo traduzido por “não enfraqueceste” é kekepíakas, e significa que a perseverança não enfraqueceu quando eles foram perseguidos. A Igreja não perdeu a fé; apesar de tudo, não esmoreceu. 

A Igreja atual está perdendo a capacidade de sofrer pelo evangelho. Muitos fiéis querem a coroa sem a cruz. Querem a riqueza sem o trabalho. Querem a salvação sem conversão. Querem as bênçãos de Deus sem o Deus das bênçãos. A Igreja hoje prefere ser reconhecida pelo mundo a ser conhecida no céu. Perdeu a capacidade de denunciar o pecado. Esquemas de corrupção já estão se infiltrando dentro das igrejas. Já temos igrejas que se transformaram em negócios familiares. O púlpito se transformou num balcão de negócios; o evangelho, num produto; e os cristãos, em consumidores. Vemos líderes “espirituais” que não aceitam ser questionados, pois estão acima do bem e do mal, e até da verdade. Consideram-se “ungidos”. Dizem ouvir a voz direta de Deus. Nem precisam mais das Escrituras! E o povo os segue cegamente para a sua própria destruição. 

 

JESUS REPREENDE A IGREJA

Depois de elogiar a firmeza doutrinária da Igreja de Éfeso, seu labor, sua perseverança, todo o seu trabalho, o Senhor fala algo que choca: “Tenho, porém, contra ti que abandonaste o teu primeiro amor” (v. 4). Quando isso acontece?

1. Quando substituímos o amor a Jesus pela ortodoxia e pelo trabalho. A luta pela ortodoxia, o intenso trabalho e as perseguições levaram a Igreja de Éfeso à aridez. Haviam se passado quase 50 anos desde o início, e a Igreja crescera a ponto de todos dizerem: “Olha que igreja grande, bonita, abençoada! Muita gente, muito zelo, muitas obras! Esta é uma igreja de sucesso!” Aparentemente era. Mas, apesar das muitas atividades e dos muitos trabalhos que faziam, eles tinham perdido o amor por Jesus.  O amor é a marca do discípulo (João 13:34-35). Sem amor, nosso conhecimento, nossos dons e nossa própria ortodoxia não têm nenhum valor.

Essa Igreja, apesar de ter crescido bastante, perdera a vibração, o primeiro amor, a paixão por Cristo. Esse é o perigo quando não estamos atentos, e essa é uma armadilha sutil de que Satanás se vale para enfraquecer a Igreja: tornar-nos mornos, fazer com que nos sintamos alegres, porque a Igreja está repleta, ou porque estamos envolvidos com muitas atividades. Tomemos cuidado para não perdemos o primeiro amor, o entusiasmo. A presença na Igreja, a oração, a leitura da Palavra, o dízimo, as ofertas, o nosso trabalho pelo Senhor nada valem se não forem fruto do amor cada vez mais apaixonado por Deus e pelo próximo. 

2. Quando o nosso amor por Jesus é substituído por nosso zelo religioso. Defendemos nossa teologia, nossa fé, nossas convicções e estamos prontos a morrer por essas convicções, mas não nos deleitamos mais em Deus. Não nos afeiçoamos mais a Jesus. Já não sentimos mais saudades de estar com ele. Os fariseus eram zelosos das coisas de Deus. Observavam com rigor todos os ritos sagrados, mas o coração estava seco como um deserto. O amor esfria quando nosso conhecimento teológico não nos move a nos afeiçoarmos mais a Deus.  

Na busca constante pela preservação da verdade, a Igreja em Éfeso tinha perdido o amor, qualidade sem a qual todas as outras não têm sentido. É digno de nota o fato de que, somente na primeira e na última das sete cartas, as igrejas são ameaçadas de completa destruição, pela desanimadora e puramente negativa razão que é a falta de fervente devoção. 

Não há nada mais perigoso do que a ortodoxia morta. Externamente está tudo bem, mas a motivação está errada. O sistema funciona, mas não é Cristo quem está no centro. O amor à estrutura é maior do que o amor a Jesus. Cristãos fiéis, mas sem amor. Cristãos ortodoxos, mas áridos como um deserto. Cristãos que conhecem a Bíblia, mas perderam o encanto com Jesus. Cristãos que sabem teologia, mas a verdade já não mais os comove. Cristãos que morrem em defesa da fé e atacam toda forma de heresia, mas não amam mais o Senhor com a mesma devoção. Cristãos que trabalham à exaustão, mas não contemplam o Senhor na beleza da sua santidade. Sofrem pelo Evangelho, mas não se deleitam no Evangelho. Combatem a heresia, mas não se deliciam na verdade.

3. Quando examinamos os outros e não examinamos a nós mesmos. A Igreja de Éfeso examinava os outros e conseguia identificar os falsos ensinos, mas não era capaz de examinar a si mesma. Tinha doutrina, mas não tinha amor. A Igreja identificava a heresia nos outros, mas não a frieza do amor em si mesma. Ela havia caído na preocupação de julgar os erros alheios, sem o espírito de correção fraterna.

Existe sempre o risco de, em nome da fé, serem criadas leis ou estruturas que sufocam as pessoas e o próprio crescimento sadio da Igreja. Neste sentido, pode-se cair em um extremo grave: o moralismo negativo. A Igreja pode transformar-se em um lugar onde as pessoas confundem doutrina com uma simples questão de hábitos e costumes ou com uma prática fria de alguns preceitos. Este é o caminho fácil dos fracos que se escondem por trás dos falsos legalismos, ao invés de viverem de fato as exigências da conversão. As normas e as leis são necessárias para um bom andamento da convivência dentro da Igreja, mas jamais podem servir como pretexto para impedir o desenvolvimento da vida cristã. O perigo é ficarmos seguros da salvação por estarmos praticando certos gestos exteriores, e não sermos mais capazes de perceber em que de fato estamos pecando. 

 

JESUS OFERECE À IGREJA A CHANCE DE UM NOVO RECOMEÇO

A correção aos cristãos de Éfeso é um alerta para não cometermos o mesmo erro. E qual é a saída? É aquilo que Jesus disse à Igreja: “Lembra-te, pois, de onde caíste, arrepende-te e volta à prática das primeiras obras” (2:5).

1. Lembra-te, pois, de onde caíste. O passado precisa novamente tornar-se um presente vivo. Não basta saber que é preciso arrepender-se. Precisamos nos perguntar: para onde precisamos retornar? Para o ponto do qual nos desviamos. Qual tem sido a qualidade do nosso amor para com Deus? Tem sido o mesmo do princípio?

2. Arrepende-te e volta à prática das primeiras obras. Temos aqui um imperativo, mas desta vez o verbo grego metanóeson está num tempo do aoristo, que exige uma ação imediata; ou seja, Jesus está dizendo: “Não perde tempo, age já!”.  Arrependimento não é emoção, é decisão. É atitude. Não precisa existir choro, basta decisão. Lembrança sem arrependimento é remorso. Essa foi a diferença entre Pedro e Judas. O arrependimento acontece quando permitimos que a Palavra de Deus nos convença do nosso erro, dando-nos a graça da mudança de coração, evidenciada por atitudes novas. Arrepender-se é mudar a mente; e isso é evidenciado por atitudes, pensamentos novos, despertados pelo Espírito Santo. É mudar a direção, é voltar-se para Deus. É deixar o pecado e romper com o que entristece Jesus. 

Não basta sabermos onde está o erro para recuperar a bênção, é preciso voltar à prática das primeiras obras. Ninguém se arrepende de um pecado e o continua praticando. O arrependimento apontado pelo Senhor Jesus não se confunde com a ilusão da mudança de igreja. O Senhor recomenda uma volta à graça já recebida. Ele não aponta para uma nova estrutura, mas para uma renovação interior.

3. Uma solene advertência: “... e, se não, venho a ti a removerei do seu lugar o teu candeeiro” (2:5). Candeeiro que não brilha é inútil e desnecessário. A Igreja que não demonstra o seu amor a Cristo não brilha, porque quem não ama está nas trevas.

A Igreja de Éfeso não ouviu a exortação do Senhor e deixou de existir. A cidade de Éfeso também deixou de existir. Pouco tempo depois que essas palavras lhe foram dirigidas, veio sobre a cidade uma doença que a arrasou completamente. Sua igreja maravilhosa e cheia de sucesso desapareceu, e em seu lugar restou apenas lama. Hoje, só existem ruínas; uma pequena aldeia, onde não vivem mais cristãos, e uma lembrança de uma Igreja que perdeu o tempo da sua visitação.

Repare no que a desobediência faz. A Igreja de Éfeso esfriou no amor e não aceitou a correção. A bênção lhe foi tirada. Hoje muitas igrejas também estão sendo removidas do seu lugar. Há templos se transformando em museus. Candeeiros que são tirados do seu lugar porque não têm luz, e não têm luz porque não têm amor. Fica o alerta às igrejas que não amam (1 Coríntios 13:1-3).

 

JESUS FAZ UMA GLORIOSA PROMESSA À SUA IGREJA

O Senhor faz uma gloriosa promessa à sua Igreja. Veja o que ele diz no final da carta: “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: Ao que vencer, dar-lhe-ei a comer da árvore da vida, que está no meio do paraíso de Deus” (2:7). O vencedor se alimenta da árvore da vida. Isso é ter a vida eterna. Isso nos recorda do Jardim do Éden, onde nossos primeiros pais perderam a integridade espiritual. Em Cristo, alcançamos a transformação da nossa natureza decaída, a integridade espiritual e, principalmente, a certeza da vida eterna.

Pelo poder de Deus, podemos mudar e vencer tudo. Basta aproximar-nos com toda confiança do Senhor. Ele não nos acusa, mesmo que tenhamos permanecido até hoje distantes e que tenhamos sido blasfemadores. Porém, é preciso reconhecer tudo o que fizemos, e com alegria dizer: “Eis-me aqui Senhor. Eu me lembro de ter me afastado, errado, mas sei que com a tua graça posso me levantar e, a partir de hoje, começar uma vida nova”.

 

CONCLUSÃO

Jesus está hoje no nosso meio, andando entre nós. O que ele está vendo? Que elogios ele faz a esta Igreja? Que exortações ele tem para nós? Sem amor não pode haver cristianismo. Voltar ao primeiro amor significa voltar ao ardor do início de nossa fé. Amada Igreja do Senhor, lembre-se de onde caiu e volte imediatamente ao primeiro amor. Rogue ao Pai que a reconduza ao início de tudo. Reveja seus conceitos e valores. Volva às primeiras obras. Ouça o que o Espírito diz a esta Igreja!